Até quando vamos ter condutas irracionais? Sabe-se que não se deve misturar álcool e
direção veicular, mas muitos misturam. Sabe-se que não é recomendável exceder a
velocidade, mas muitos excedem. Sabe-se que não é correto transportar pessoas na parte
de carga do veículo, mas muitos transportam.
Por qual razão se desrespeitam tanto as normas de trânsito? Então, chega-se a uma
resposta óbvia, falta de ética. Falta de ética? Sim, exatamente a ética, no nosso
cotidiano, no nosso dia-a-dia. Quando falamos em ética, temos uma noção do que se
trata, mas efetivamente, temos algumas dificuldades de explicar, pois ela pode ser tão
ampla quanto os desejos e anseios do ser humano. Ser ampla no sentido da liberdade do
que pensamos e do que fazemos no nosso cotidiano. Muitas vezes, dizemos que fulano
ou beltrano não tem ética, que é falta de ética determinada ação de um colega de
trabalho, de um político e assim por diante. Criticamos duramente condutas que
refutamos incorretas ou inadequadas em determinadas situações concretas.
E as nossas condutas no trânsito? E por qual razão apontamos falhas dos outros e
esquecemos as nossas? Talvez por ser mais fácil apontar as falhas dos outros do que as
nossas. Ética é questão de atitude, é questão do nosso cotidiano, como explica o filósofo
australiano Peter Singer “A ética é um exercício diário, precisa ser praticada no
cotidiano. Só assim ela pode se afirmar em sua plenitude numa sociedade. Se uma
pessoa não respeita o próximo, não cumpre as regras de convivência, não paga seus
impostos ou não obedece às leis de trânsito, ela não é ética. Num primeiro momento,
pequenas infrações isoladas parecem não ter importância. Mas, ao longo do tempo, a
moral da comunidade é afetada em todas as suas esferas. Chamo a isso de círculo ético.
Uma ação interfere na outra, e os valores morais perdem força, vão se diluindo. Para
uma sociedade justa, o círculo ético é essência
A Câmara dos Deputados aprovou ontem (17) o projeto de lei que altera o
Código de Trânsito Brasileiro para proibir o motorista de ônibus ou de caminhão de dirigir em
rodovias por mais de quatro horas seguidas. A medida segue agora para aprovação do
presidente Lula. A matéria já havia sido aprovada no Senado.
Pelo projeto, o motorista deve parar para descansar por pelo menos 30 minutos seguidos ou
de forma descontínua após quatro horas dirigindo. Além disso, o motorista tem direito a 11
horas de descanso entre duas jornadas e prevê também que o motorista dirija por até mais
uma hora a fim de chegar a um local de descanso adequado.
Quem desobedecer a legislação e permanecer por mais tempo seguido na direção, sem os
intervalos de descanso, cometerá uma infração gravíssima (7 pontos na carteira) e está
sujeito a multa, de R$ 191,54. O valor será dobrado no caso de reincidência. Como medida
administrativa, a autoridade fiscalizadora poderá reter o veículo pelo tempo de descanso que
deveria ter sido cumprido pelo condutor. O problema é como vai ser feita essa fiscalização,
pois o texto não é claro quanto a essa situação.
Eu, distante da realidade dos caminhoneiros e motoristas de ônibus, acredito que essa
medida só vem em benefício deste profissional, pois muitos acidentes ocorrem devido a
cansaço e jornadas extras de trabalho. Além de preservar o profissional, leis como esta tem
como objetivo proteger também a vida dos demais usuários das rodovias brasileiras. E você
o que acha?
O voo AF 447
quarta-feira, junho 3rd, 2009
Decidi escrever hoje sobre o trágico acidente ocorrido
esta semana no Brasil. O vôo AF 447 que seguia do Rio a Paris desapareceu no meio do
oceano e, até hoje, as notícias não trazem esperanças de que haja sobreviventes. Não se
sabe o que ocorreu e talvez nunca se chegue a uma conclusão, o que fica é a tristeza por
acompanhar o sofrimento dos parentes e amigos das vítimas.
Em primeiro lugar gostaria de prestar minha homenagem às pessoas que estavam
naquele voo e a seus familiares que perderam pais, mães, filhos, irmãs e etc…e que
certamente carregaram essa dor por toda a vida.
Gostaria também de fazer um paralelo. Acidentes com aviões realmente acontecem por
uma junção de fatores. Tenho certeza que não foi apenas um raio, ou uma forte
turbulência que derrubou o avião. Uma série de erros, falhas e até mesmo a combinação
deles com uma forte tempestade pode ter ocasionado essa tragédia. O que quero deixar
claro é que é muito pouco provável que um acidente aéreo aconteça, sem a combinação
de vários fatores. Uma porque os pilotos são extremamente preparados, antes de sair
voando pelo oceano passam por um milhão de treinamentos, horas de vôo e etc. A
comunicação entre as torres e os pilotos é eficiente e rigorosa. A manutenção das
aeronaves é essencial, nenhum deles levanta voo se há algum problema técnico.
E o nosso trânsito? É igualzinho …Os motoristas que estão em nossas estradas são
extremamente preparados também, antes de pegar a estrada passam por horas de
treinamento. Os veículos então, todos que rodam por aí são novos ou estão em ótimo
estado de conservação. Ah…e as estradas…essas são planejadas e monitoradas para que
acidentes não aconteçam. É isso mesmo? Se fosse assim, certamente teríamos uma
realidade diferente da atual.
De qualquer forma, a morte de um ente querido seja de acidente aéreo ou de trânsito é
uma perda irreparável e abrupta. Desejo que os familiares das vítimas tenham forças e
consigam superar esse momento de muita dor…Que Deus os abençoe.