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6 e 8. O Portugal de Quinhentos.

Consolidação da atitude renascentista

1. O dinamismo e esplendor do Portugal quinhentista


Em 1415, com a Tomada de Ceuta, começa a expansão portuguesa:
1) 1487: Bartolomeu Dias atinge o Cabo de Boa Esperança.
2) 1494: Tratado de Tordesilhas
3) 1498: Vasco da Gama chega à Índia (a Calecut).
4) 1500: chegada ao Brasil, ainda que o objectivo seguia a ser a Ásia.
5) 1509-1515: Afonso de Albuquerque cria as bases do Império Português. Na
Ásia Goa é a capital do Estado Português da Índia desde 1510 e Lisboa torna-se
uma das cidades com mais população do mundo com 165.000 habitantes.

2. Os conceitos de Humanismo, Renascimento e Classicismo


A) Humanismo (séculos XV-XVI): crise do espiritualismo medieval e auge do
materialismo renascentista. Assim, para os humanistas o indivíduo é o mais
importante, um indivíduo de existência temporal. Ademais o privilégio da
nobreza de sangue é substituído pelo talento e o estudo.
B) Renascimento (séculos XV-XVI): recuperação do esplendor greco-romano.
C) Classicismo (séculos XV-XVI): foi aplicado por primeira vez à literatura por
Aulo Gélio, escritor latino do século II no seu livro Noctes Atticae, acunhando
os termos scriptor classicus e scriptor proletarius para diferençar a literatura
dirigida às elites da dirigida às massas. Assim, no Renascimento as obras
clássicas eram consideradas as melhores de jeito que o Classicismo passou a
ser todo um movimento de volta às formas da Antiguidade Clássica (formal,
significação universal e humana)

3. A prosa quinhentista
Neste momento há prosa de diferentes tipos:
1) Prosa de ficção: na que se incluem as novelas de cavalarias, como é o caso de
Menina e moça de Bernardim Ribeira, a Crónica do Imperador Clarimundo de
João de Barros ou Memorial das proezas da segunda Tauola Redonda de Jorge
Ferreira de Vasconcelos.
2) Prosa historiográfica: Fernão Lopes, Rui de Pina.
3) Prosa de viagens: Peregrinação de Mendes Pinto.
4) Prosa doutrinária: prosa religiosa de tipo místico.

4. O vasto labor literário de João de Barros (1496 – 1570)


4.1. Obra didáctica
Cortesão, historiador, romancista, filósofo, humanista, mas é conhecido
sobre tudo como linguista pela sua Gramática da língua portuguesa1:
 Começa o português clássico de Camões e senta as bases do actual.
 É uma cartinha para aprender a ler em português, não em latim, o qual é
muito revolucionário.
 Tem muito claro que as línguas românicas são uma evolução do latim e acha
que a mais perfeita é o italiano, e em segundo lugar o português.

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A gramática de Fernão de Oliveira é publicada com posterioridade a esta, mas possivelmente fosse
escrita antes.
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Introdução à Literatura Portuguesa
2006/2007
USC
6 e 8. O Portugal de Quinhentos. Consolidação da atitude renascentista

4.2. Obra historiográfica e geográfica

Dentro deste tipo de obras temos de nomear as Décadas de Ásia, nas que
se narram os feitos dos portugueses na Índia. São chamadas décadas por agrupar os
acontecimentos por livro em períodos de dez anos. Escreve quatro décadas, a quarta
inacabada (seria completada por João Baptista de Lavanha). Estas décadas são
traduzidas muito rapidamente a outras línguas europeias.

4.3. A novela de cavalarias2. Crónica do Imperador Clarimundo


A Crónica do Imperador Clarimundo é escrita por João de Barros em 8
meses, como um exercício de estilo.
 Faz crer que tem um manuscrito húngaro que traduz ao português e a partir
do qual elabora a história. Usa o mesmo esquema épico que Camões em Os
Lusíadas.
 O espaço não é todo fantástico.

5. Outros historiadores e prosadores doutrinário


Outros historiadores e prosadores doutrinários quinhentistas são:
1) Fernão Lopes de Castanheda: é um dos grandes historiadores do século XVI.
Vive em Goa durante dez anos, onde recolhe informação sobre o descobrimento
e a conquista da Índia para a sua História do Descobrimento e Conquista da
Índia pelos Portugueses. As amplas informações geográficas e etnográficas
fazem que a sua obra ainda esteja vigente. Usa o mesmo método que Fernão
Lopes.
2) Francisco d’Olanda: humanista, pintor, ensaísta, arquitecto e historiador que
destaca por tratados como Da pintura antiga, que tem como objecto de estudo a
obra de Miguel Ângelo ou pelo ensaio Da fábrica que falece a cidade de
Lisboa, o primeiro ensaio urbanístico da Península Ibérica.
3) Jerónimo Osório: humanista e teólogo autor de obras como Civile et Christiana
(1542), De Justitia Coelesti (1564) ou De Vera Sapientia (1578). É político e
contra-reformista, o que se observa nas suas obras históricas, pedagógicas e
de interpretação da Bíblia.
4) Pero Vaz de Caminha: escrivão de Pedro Álvares Cabral e considerado o autor da
carta enviada ao rei para comunicar-lhe o descobrimento do Brasil.
5) Pero de Magalhães Gândavo: escreve obras sobre o Brasil (História da
Província de Santa Cruz).
6) Álvaro Velho: explica o roteiro da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia.
7) Damião de Góis.

6. Diogo do Couto

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A fama das novelas de cavalarias tem a sua origem no sucesso de Amadis de Gaula.

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Introdução à Literatura Portuguesa
2006/2007
USC
6 e 8. O Portugal de Quinhentos. Consolidação da atitude renascentista

Contemporâneo e amigo de Camões, recebe uma boa educação e é o autor


de:
1) O diálogo do soldado prático: considerado um dos livros mais “honrados” da
Literatura Portuguesa já que é uma crítica muito dura aos funcionários da
Índia. Não foi publicado na época, mas divulgaram-se manuscritos.
2) Nove décadas: é o prosseguidor de João de Barros, embora a linha que segue
seja totalmente oposta à de João de Barros. Diogo do Couto escreve as décadas
que vão da IV à XII, mas a VI arde na casa de imprensa, as VIII e IX foram
roubadas e a XI perdeu-se.
3) É também autor de poesia e dum comentário de Os Lusíadas, obras hoje
perdidas.

6.1. Sucessores de Diogo do Couto


1) Francisco de Andrada: foi cronista-mor de Portugal.
2) Frei Bernardo de Brito: sucessor de Francisco de Andrada que inicia o projecto
para redigir uma História de Portugal em 8 volumes (a Monarchia Lusitana),
que seria continuada por Frei António de Brandão. Foi também o principal
discípulo de Paulo Osório e critica-se-lhe a interpretação lendária dos
feitos históricos e a que mesmo pudesse chegar a falsificar documentos da
época.
3) Frei António de Brandão: é considerado o primeiro historiador em tentar uma
histórica científica de Portugal. Redige a terceira e quarta parte da
Monarchia Lusitana .
4) Frei Francisco de Brandão.
5) António Bocarro.

7. A prosa hagiográfica e a historiografia clerical. Frei Luís de Sousa

8. Prosa doutrinal religiosa


1) Samuel Usque: judeu de origem espanhola autor da Consolação às Tribulações
de Israel, obra inspirada em textos bíblicos e clássicos. Conta a história de
Israel mártir e perseguido e anuncia uma certa esperança dos judeus de atingir
a Terra Santa.
2) Frei Amador Arrais: autor duma vasta obra entre a que destacam os Diálogos
(1589), começados pelo seu irmão Jerónimo Arrais:
 São conversas ao pé dum doente que é visitado por dez amigos e que
tratam sobre assuntos históricos e preocupações políticas.
 O seu estilo é equilibrado e sóbrio, mas tem um grande domínio da
linguagem e reflexa uma grande erudição.
3) Heitor Pino.
4) Frei Tomé de Jesus.

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Introdução à Literatura Portuguesa
2006/2007
USC

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