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INTRODUÇÃO
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- ANTONIALLI, Fabio (2008). EMPREENDEDORISMO E CULTURA FAMILIAR: UMA
ABORDAGEM EXPLORATÓRIA NO MUNICÍPIO DE SÃO JOÃO DEL REI. Relatório Final
da Pesquisa do PIBIC-UFSJ-CNPq, Edital 2007, sob a orientação do Prof. Bezamat de
Souza Neto (DxECAC) e co-orientação do Prof. Waldir Dias Filho (DEPEB).
2. REFERENCIAL TEORICO
2
- Tradução nossa.
necessariamente ligado à atividade empresarial. Ele pode também estar relacionado ao
mundo social de maneira geral.
Para Louis Jacques Filion, professor canadense e um dos mais conceituados
pensadores sobre o tema na atualidade, diferentemente do “dirigente-operador”, que se
encontra na maior parte do tempo ocupado com tarefas rotineiras, preocupado com
questões mais concretas, acreditando ser o planejamento e as análises das tendências de
mercado pura teoria, o “dirigente-empreendedor” apresenta um modelo de gestão
pautado no planejamento, na análise do contexto, visando detectar oportunidades de
negócios para realizá-las. Para Filion, “um empreendedor é uma pessoa que imagina,
desenvolve e realiza visões”. (FILION: 1999, 2000a, 2000b)
Por fim, pode-se detectar traços de ações empreendedoras das engenharias à
psicologia, passando pela administração e economia, ciências das computações,
sociologia, antropologia e direito, dentre várias outras. A abordagem é transdisciplinar.
Mas duas perspectivas são marcantes em sua abordagem, uma “econômica” que, em
suma, enxerga o empreendedor como aquele que gera e distribui riquezas a partir da
inovação constante em novos produtos e/ou serviços; e a outra “comportamentalista”,
que afirma que, em suma, ninguém nasce empreendedor e que ele “se forma” a partir do
meio em que vive – das influências da família, religião, escola, amizades etc.
Conforme David Landes (2002: p. 39), “Max Weber tinha razão. Se a história do
desenvolvimento econômico nos ensina alguma coisa é que quase toda a diferença está
na cultura”. Uma vez que empreendedorismo se trata de um fenômeno cultural (Dolabela,
2003), sua ancoragem epistemológica deverá – ou deveria – ser a cultura brasileira na
medida em que as ações empreendedoras ocorrem com implicação dos cidadãos no
quadro de seu território local, pois estes não reagem de maneira idêntica em todos os
lugares (Souza Neto, 2008) – suas racionalidades se constróem socialmente “in situ”. E
essas racionalidades “situadas” são diversas, compósitas, flexíveis, complexas e abertas
(Zaoual, 2003).
A literatura, como vimos acima, coloca como questão definitiva a de que ninguém
nasce empreendedor – “Entrepreneur are made, not born” (McClelland, 1961) –, ele é
fruto de seu entorno. Para Etzioni (1972, apud BERNARDES, 1993) “os empresários
desejam ocupar os cargos que decidem “o que” fazer por um traço de personalidade,
provavelmente aprendido na infância”. Ou seja, a influencia da família na construção de
um empreendedor é muito importante, mesmo não sendo fundamental, já que mesmo
sem o apoio da família ele pode vir a ser um empreendedor. Segundo Bernardes(1993,
p.81) se a criança for condicionada, a estar sempre buscando a realização, tornando isso
um traço de personalidade, isso pode facilitá-la a se tornar uma empreendedora
futuramente. Dolabella (1999b) vê como importante para uma pessoa se interessar em
ser um empreendedor a presença de um padrinho, que seria um empreendedor
experiente de quem "ele possa extrair conselhos e orientações".
Nota-se que na América latina, para o contexto que nos interessa, no Brasil, a
família é vista como um reduto de confiança, como observa Fukuyama (1999), e como
uma fonte muito grande de capital social, o que pode fazer muitas vezes com que essa
confiança seja estendida até o campo empresarial, no Brasil existem muitas empresas de
caráter familiar, onde a gestão é compartilhada com os familiares.
Ser empreendedor deve ser uma qualidade e característica durante toda a vida do
indivíduo. O grande problema, de acordo com Souza Neto (2008), é que o brasileiro
somente utiliza dessa sua habilidade em casos de necessidade: quando perde o emprego
e sofre a redução de seus rendimentos, por exemplo. Nesse momento ele se torna
bastante empreendedor, isto é, monta um negócio e começa a geri-lo. Ainda segundo
Souza Neto (2008), devido a essas características ele define o empreendedor brasileiro
como um "virador", ou seja, aquele que empreende por necessidade, se adequando as
diversas situações. Alias, esta característica de empreender só perante a necessidade,
pode ser apontada como um dos motivos para a alta de mortalidade das novas empresas.
Assim, ele deve ser empreendedor sempre que possível e despertar em sua equipe de
trabalho tal característica e comportamento. Pois a atividade empreendedora não se
refere somente à abertura de um negócio ou de uma empresa, mas de todas as fases de
sua vida pessoal, social e profissional, tendo reflexos maiores ou menores, dependendo
da situação.
2.3 - ESTILOS GERENCIAIS
Através dos dados obtidos por ANTONIALLI (2008), que foram usados como ponto
de partida, buscou se entender mais essa influência familiar, com o objetivo de saber até
que ponto ela interfere no estilo gerencial do empreendedor. Para tal também se tornou
necessário entender o estilo gerencial do empreendedor, para assim poder mensurar
efetivamente a influência exercida por seus familiares.
BERNARDES, Cyro, Teoria Geral das Organizações. São Paulo: Editora Atlas S.A.,
1993.
DEMO, P. Metodologia Científica em Ciências Sociais. São Paulo: Editora Atlas, 1985.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo: Editora Atlas, 1987.
McCLELLAND, David. The Achieving Society. New Jersey: Princeton, Van Nostrand,
1961.