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A Revolução Industrial iniciou-se em finais do século XVIII e foi considerada, pela grandeza
e importância dos processos envolvidos, o ponto de viragem para a idade contemporânea.
Deu-se primeiramente na Ing lat er ra que reunia um conjunto de condições favoráveis a tal
acontecimento. Elas foram:
• A inv enção da máqui na a vapor - inicialmente usada para bombear água das
minas e, mais tarde, aplicada aos teares e aos meios de transporte. Surge-nos a
locomotiva, que dá origem ao comboio, ao barco a vapor, aos tractores, ás
debulhadoras automáticas, enfim, todo um conjunto de engenhos que permitiu a
redução da mão-de-obra e esforço humano.
Ana Seara 1
Exame Nacional História
Ana Seara 2
Exame Nacional História
O Crescimento do comércio, do século XIX, substanciava-se no aume nto da var ieda de,
do volu me e do valor da s me rcador ias transaccionadas, como também no maior
núme ro de paí se s e re giõ es envol vido s nessas trocas de carácter mundial e
multilateral.
• A maior parte dos tráfegos estava nas mãos dos europeus que desenvolveram o
comércio mundial ao procurarem mercados externos para escoamento da sua
produção excedentária e ao aumentarem a procura de matérias-primas e produtos
alimentares juntos dos outros continentes.
As necessidades europeias no que respeita aos produtos alimentares básicos exerceram uma
tal procura nos outros continentes que impulsionaram, por arra sta me nto , o
desenvolvimento da economia agrícola nos Estados Unidos, no Canadá, na austrália e na
Argentina. Ou seja, os países menos desenvolvidos procuraram adequar as suas economias ás
necessidades e ás pressões dos mercados, atenuando a sua dependência em relação aos países
industrializados e catapultando-se para o sucesso económico.
Ana Seara 3
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A Inglaterra exerceu, durante quase todo o século XIX, um papel hegemónico sobre a
economia europeia e mundial. Foi, aliás, o seu si st em a eco nómi co lib era l-cap ita li st a
que estimulou a concorrência de outros países que, ao se modernizarem, expandiram
mundialmente a industrialização.
Com efeito, esta hegemonia económica da Inglaterra resultou dos seguintes factores:
• Da antecipação do seu de se nvol vi me nto téc nico- cie ntíf ico , marcado pela
mecanização das suas fábricas e na exploração dos sectores primeiramente
industrializados (indústria têxtil, metalurgia, construção naval, indústrias química e
eléctrica);
• Da rac iona li zação e or gani zação do traba lho indus tr ial , o que rendeu altos
níveis de produtividade;
• Da mod er ni zação e eficácia do seu apare lho fina nce iro , que foi o primeiro a
criar associações capitalistas.
Ana Seara 4
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• A última década do século XVIII e as primeiras do século XIX foram para a França
um período agitado por revo luçõe s polí ti co-soc iai s e por guerras civis e
externas que remeteram para segundo plano as preocupações económicas dos
franceses;
• As con diçõ es es tru turais era m rudim en tar es - o sector agrário era
largamente dominante mas evoluía muito lentamente, não havia mercado interno e
o estímulo á inovação técnica desaparecia com o excesso de mão-de-obra.
Ana Seara 5
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Com estruturas arcaicas e quase feudais até meados do século XIX, o país conseguiu
ultrapassar estas limitações subordinando a aristocracia e unificando-se, iniciando uma nova
época de liberalização. As condições para o seu desenvolvimento industrial foram:
A industrialização japonesa iniciou-se pelo sector têxtil (sedas e algodão) cujas empresas se
mecanizaram e racionalizaram prontamente. Na última década do século XIX surgiram a
construção naval, a siderurgia, a indústria de armamento e de químicos.
Ana Seara 6
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A indus tria li zação acarre tou impo rtan te s alt eraçõ es pa ra a vi da económ ica e
para o proc es so produt ivo. As pr in ci pai s inovaçõ es foram:
Tudo isto veio a incentivar o consumo de massas, uma vez que a população dispunha agora
de um maior poder de compra, resultante dos baixos preços dos produtos fabris.
• Soci edad e por acçõ es - em que se reúne o capital através da emissão de acções
compradas por particulares que se tornavam sócios da empresa (accionistas).
Ana Seara 7
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• Soci edad es anóni mas - organismo económico com individualidade jurídica que
representa um grupo de accionistas cuja identidade se desconhece.
-Trust s - quando formam uma única gestão e uma única sociedade; Hold in gs - quando cada
uma mantém a sua autonomia, sendo controladas superiormente por uma gestão comum.
• Con glo me rados - aglomerados industriais que têm origem num banco que compra
empresas que, por sua vez, compram outras empresas que nada têm em comum.
Ao contrário do que aconteceu no Antigo Regime, as crises do século XIX têm origem na
produção excedentária- su pe rpro dução - e no caráct er exc es si vam en te lib era l de que
a economia parecia beneficiar. Os produtores desta época incrementaram, sempre, novas
técnicas de produção (modernização dos modelos, redução dos custos) que vieram a originar
uma série de problemas como:
• O dec ré sc imo da s ven das e dos preço s impedia o retorno do capital, o que
obrigava a cortes nas despesas. Assim, reduzia-se a mão-de-obra, o valor dos salários
e a compra de matérias-primas, o que originou o desemprego e a crise noutros
sectores;
Estas cri se s eram, assim, cíc lica s e perigosas ás economias uma vez que ora os preços
baixavam, o desemprego crescia, as fábricas paravam a produção (Fase depressiva), ora as
empresas aumentavam a produção e empregavam novo pessoal conduzindo novamente, á
superprodução.
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Entre os anos de 1800 e 1914, a população mundial duplicou dando origem a uma intensa e
rápida “explosão demográfica” que podemos caracterizar em dois momentos:
1º Mo me nto - Recuo da Mor tal idad e e Aum en to da Fecund idad e e Nata li dade ,
resultantes das melhores condições de vida, originadas:
• Pela melho ria das di eta s alim en tar es que fortaleceram o organismo humano
contra as doenças e epidemias;
• Pela inovação téc nico- cie nt if ica que permitiu o avanço da Med ici na , com a
descoberta das vacinas, da esterilização etc., que contribuíram para o recuo da taxa
de mortalidade infantil e juvenil;
• Pela preocu pação do Estado para com a saúde públ ica e ass is tê nc ia socia l,
construindo mais escolas, asilos e hospitais;
• Pelos pro gre ss os da higi en e ind ividua l e col ec tiva , com o uso do são e a
legislação de regras se saneamento público.
Ana Seara 9
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• Á redução do fervo r re li gio so - uma vez que a Igreja apoiava a politica natalista;
• Ao iso lam en to da famí lia que leva os jovens casais a não arriscarem a ter muito
filhos;
• Ao em pr ego mac iço da s mu lher es que deixaram de ter tempo para os filhos e,
assim, preferiam o celibato;
• Á ace itação da “procr iação res pon sáv el ”, que aumentou as obrigações dos pais
quanto ao futuro dos filhos, tornando-se preferível ter poucos filhos e assegurar-lhes
uma conveniente formação.
Assim, o crescimento demográfico do século XIX exerceu um importante papel no
progresso da vida no mundo ocidental: estimulou o desenvolvimento técnico-científico,
accionou o crescimento económico, despoletou movimentos migratórios á escala
mundial e favoreceu a aglomeração urbana.
A EXPANS ÃO URBAN A
Factor es
No século XIX, após 1850, surgem giga nt es cas aglo me raçõe s popu lacio nai s que
coincidem com as zonas mais industrializadas e capitalistas como a Europa, Japão e
algumas cidades do continente americano. Este crescimento foi de tal modo grande que a
taxa de natalidade foi, pela primeira vez, maior na cidade que no campo. Isto deveu-se a
factores como:
• As al te raçõe s eco nóm icas e soc iai s provocadas pelas industriais que se
instalavam nas cidades por aí se encontrarem os organismos de administração
pública, os bancos, mercados e feiras, mão-de-obra e de se situarem em zonas de
cruzamento de redes de transportes;
• A imi gração vi nda das zo nas rurais circunda nt es , visto que os camponeses
eram atraídos pelos salários, empregos e serviços existentes nas cidades;
• A imi gração e st ran ge ira - que vinha como forma de mão-de-obra excedentária de
países mais pobres. Paris e Londres eram as cidades mais procuradas.
• O fascí nio que as mod ern idad es e comod idad es da vida citadina exerciam
sobre as populações. Com efeito, estas cidades eram símbolos de progresso cultural,
recreativo, técnico e económico.
Ana Seara 10
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• A de sor gani zação dos subúrbios - originada pela construção ao acaso e sem
regras de novos bairros pobres, normalmente junto ás indústrias e ás centrais de
transportes (bairros operários);
• Os prob le mas de abas tec im en to no que concerne aos bens alimentares, água e
combustíveis
Ana Seara 11
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Mas a grande maioria dos patrões insistia na exploração brutal dos seus trabalhadores.
Assim, aumentam os movimentos de protesto e a luta operária sai à rua. A luta era
desorganizada, pelo que facilmente as autoridades policiais do estado Burguês as reprimiam,
prendendo os agitadores que eram então encarcerados, condenados a trabalhos forçados e até
à morte.
Era necessária organização a nível dos complexos industriais e depois, a nível nacional.
O sindicalismo, originário da Inglaterra, estende-se por toda a Europa e restantes
continentes do mundo. Vencido o medo, a ignorância, a desconfiança, a falta de
solidariedade e a ausência de consciência de classe, os sindicatos organizavam-se em
federações laborais e são reconhecidos como parceiros sociais pelos governos.
As acções de luta passam a ser conscientes e organizadas, e assim conseguem-se alguns
resultados importantes:
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Na maioria das vezes estas conquistas não passavam do papel, já que as inspecções eram
anuladas pela corrupção generalizada.
Marx defendia que o movimento operário devia ser internacional e único. É sob a sua acção
que, em 1884, se reúnem em Londres trabalhadores e sindicalistas de vários países para o 1º
grande congresso operário. Formou-se a Associação de Trabalhadores, a I Internacional.
Marx pretendia unir partidos socialistas e forças sindicalistas à escala do globo e lançar o
operariado na luta política. Os progressos do movimento operário resultaram numa maior
consciencialização dos problemas laborais e na extensão e intensificação da luta sindical.
Ex. Importante – 1º de Maio de 1890 (defesa da jornada de 8 horas)
No geral, na Europa do Sul, o arranque da Revolução Industrial foi mais lento. No nosso país,
devido à dependência dos produtos coloniais, ás invasões francesas (1807) e a independência
do Brasil, o arranque industrial foi ainda mais retardado. O fim da Guerra Civil (1834) e o
triunfo do Liberalismo foram o marco do início do processo de modernização.
Mas a instabilidade política causada pelas divisões entre Vintistas (Constituição de 1822) e
Cartistas (Carta Constitucional de 1826) não permitia que primeiros tempos do Liberalismo
triunfante fossem pacíficos.
A 9 de Setembro de 1836, depois de novas eleições, os deputados do porto chegam a Lisboa e
são recebidos com vivas à Constituição de 1822, pelo que causou constrangimento suficiente
para se proceder à demissão do governo cartista.
Nomeado outro, pelos princípios vintistas, foi elaborada uma nova Constituição em 1838.
Este governo foi apelidado de Se te mbri sta, e o termo Setembrismo designa os tempos
vividos entre 1836 e 1842.
Durante os seis anos de setembrismo, o Governo adoptou e praticou uma política económica
de doutrinas proteccionistas, especialmente visando o desenvolvimento industrial. Pass os
Manue l foi a imagem desta tentativa.
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Em 1851, após mais um golpe de Estado, Portugal vê que é altura de haver um entendimento
na governação.
É o período da Regeneração, o reconhecer da necessidade de instaurar a paz, a fraternidade e
a tranquilidade indispensáveis ao bom funcionamento das instituições capazes de lançar o
reino no progresso. É um período de menor vitalidade ideológica e de acalmia partidária. Os
dois partidos existentes alternavam no poder em consequência de eleições pouco claras. Era
um rotativismo monárquico que se manteve até à crise e derrube da monarquia, em 1910.
O rotativismo conferiu um certo triunfo à burguesia, que estando dividida pelos dois
partidos, estava sempre instalada no poder, gerindo o país de acordo com os seus interesses
económicos. Defendia-se o mod el o livr e-camb is ta como única forma de promover o
fomento da indústria, protegendo, ao mesmo tempo, o comércio.
Font es Per ei ra de M el o, que detinha a pasta das obras públicas, comércio e indústria, era
a imagem da Regeneração. Aproveitou a política de fomento de Passos Manuel, mas deu-lhe
um novo alento abrindo as fronteiras ao capital estrangeiro.
Assistiu-se:
Também a educação era importante e foi tida em conta segundo o princípio liberal de
instruir e formar civicamente o Homem para o desenvolvimento imposto pelos novos
tempos. Assim:
Ana Seara 16
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Na agr icul tura , as primeiras tentativas de introdução de práticas capitalistas passaram pela
modernização de algumas produções. Foi este o sector que mais suscitou o interesse do
conservador capitalismo português.
A grande novidade foi o facto do governo de F. Pereira de Melo perceber que não poderia
haver um verdadeiro mercado nacional, se não houvesse uma revolução nas comunicações.
Assim, ficou conhecida a política de fome nto das via s de co municação , na 2ª metade
do século XIX, como Fontismo:
⋅ A era do comboio teve início em 1856, ficando Portugal coberto por uma extensa
rede de vias-férreas;
⋅ A rede de circulação interna é melhorada com a construção de estradas
macadamizadas, complementada com a intensificação da navegação fluvial;
⋅ Foram levantadas pontes metálicas para que não houvesse obstáculos que
levantassem problemas;
⋅ Foram construídos novos portos, e os já existentes foram renovados;
⋅ Foi organizado o serviço regular de correios, o telégrafo eléctrico é aberto ao público
(1857) e a rede telefónica arranca (1882).
Portugal caía na de pe nd ênc ia do cap ita li smo int er nacio nal , aumentando os
investimentos estrangeiros e a dívida externa. A importação de capitais estrangeiros
implicava a importação das crises do capitalismo, como se sentiu entre 1873 e 1896 devido:
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Assistia-se ao fomento económico ao mesmo tempo que a uma actividade financeira intensa
que favorecia as actividades financeiras. A liberalização da criação de sociedades anónimas,
em 1867, garantiu a proliferação de bancos e casas bancárias, sociedade de capitais.
No final do século, os investimentos são canalizados para as áreas coloniais (transportes
ultramarinos e exploração agrícola). Constituem-se grandes companhias coloniais.
O sector industrial, em segundo lugar, motivou a criação da exploração (Companhia dos
Tabacos e Companhia União fabril).
Em terceiro lugar, o sector dos transportes e comunicações, o sector dos seguros, serviço de
abastecimento de água, electricidade e gás, originaram a formação de companhias para a
exploração dos respectivos sectores económicos.
A burguesia foi de facto o grupo social que mais vantagem teve no século XIX. Politicamente
pela instituição de um regime parlamentar e com a publicação da constituição;
economicamente com a apropriação da maioria dos bens nacionalizados e outras medidas
legislativas favoráveis aos seus interesses; e socialmente pela construção de uma burguesia
activa e empreendedora. O triunfo do Liberalismo deixou transparecer o seu carácter
conservador, com a formação de uma elite de burgueses donos de propriedades rurais que
lhes garantiam títulos de nobreza. Eram a nova aristocracia, uma oligarquia de barões do
liberalismo que o estado incentivava através da concessão de títulos nobiliárquicos.
Concorria com a nobreza tradicional, chegando a mesmo a se impor devido à transferências
políticas. A Regeneração também alentou a criação desta elite, concedendo-lhe novas áreas
de investimento. O caciquismo era frequente entre esta aristocracia, mais no mundo rural,
onde os proprietários dominavam o poder local e se aproveitavam da população pobre e
analfabeta para conseguir votos que garantissem lugares políticos de maior relevância.
O Êxodo Rural foi lento. A partir da década de 70, verificou-se algum crescimento em
cidades como Lisboa ou Porto, mas nada a que se possa chamar “explosão demográfica”.
A classe média tinha as mesmas características e modos de vida das classes médias europeias
– um grupo social urbano, acomodado em tempos de prosperidade, e reivindicativos em
tempos de dificuldades económicas.
Ana Seara 18
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Para a maior parte da população rural, o liberalismo foi mais desvantajoso que vantajoso.
Enquanto a burguesia liberal crescia, os pequenos proprietários e vendedores agrícolas caíam
em declínio. A solução que se apresentava era a emigração, sendo o Brasil o país que se
apresentava mais atraente para lavradores e camponeses, especialmente do norte do país.
Em caso de sucesso, estes emigrantes contribuíam com as suas remessas de capitais para
financiar grande parte dos empréstimos contraídos no estrangeiro e compensar os défices da
balança comercial.
Ana Seara 19
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• A adopção do voto cen si tár io ma scul ino , que excluía a grande maioria da
população, como as mulheres e aqueles cujo rendimento fosse inferior a uma
determinada verba (operários, burguesia empobrecida, camponeses). Assim, mais de
80% da população ficava impedida de votar;
• A dif iculda de na for mação de part ido s, pois só com o apoio de poderosas
estruturas organizativas e verbas elevadas é que os partidos se poderiam implantar
junto dos eleitorados. Assim, apenas as ideologias dos mais ricos obtinham o apoio á
sua propaganda.
• A existência de uma câmara não ele ct iva , constituída por nomeação real ou
governamental, representativa da Nação e que dominava claramente os deputados
eleitos pela soberania popular.
Uma vez que as classes inferiores estavam privadas da vida politica, a maioria dos regimes
liberais europeus praticava o bi part idar is mo , com uma facção conservadora e outra facção
liberal que alternavam no poder (ro tativ is mo ). No entanto, as ideias provenientes de cada
facção não se opunham verdadeiramente nem estabeleciam grandes alterações em relação
uma á outra pelo que os governos se apresentavam letárgicos e passivos.
Ana Seara 20
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• A re mune ração do s car gos po lít icos pelo Estado, abrindo ás classes mais pobres
o exercício de mandatos políticos;
• A con st itu ição dos pri me iro s par ti dos de mas sa s (dependem da adesão
popular para se instituir), que substituíram os partidos de quadro (associações de
personalidades para fins eleitorais), e que se sentiam mais comprometidos perante as
populações no cumprimento dos seus programas políticos;
• A abolição das câmara s ele ct iva s, que foram substituídas por câmaras electivas
e assim melhor representativas da vontade da nação;
As Reforma s Socia is
Para diminuir e acalmar a agitação social, muitos governos empreenderam algumas reformas
da legislação laboral e da assistência social, tais como:
Ana Seara 21
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• Formam-se os del ega dos si ndi cais que, em cada empresa, velavam pela qualidade
e justiça no trabalho; (Inglaterra)
• O ens ino pri már io passa a obri gató rio , fundam-se mais universidades e escolas.
Em 1911 aprova-se uma nova Con st itui ção , cujas ideias principais são:
Ana Seara 22
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- O Min is té rio era formado pelos ministros nomeados pelo presidente da República e
responsáveis perante o Congresso pela gestão da sua pasta política. O Ministério era chefiado
por um primeiro-ministro, igualmente nomeado pelo presidente da República, e que
respondia pela politica global dos seus ministros.
O Part ido repub lica no po rtugu ês apresentou, logo nos primeiros anos de república,
divergências resultantes de questões entres seus dirigentes e a dificuldade em cumprir o seu
programa. Destes desentendimentos resultou a desagregação do Partido republicano
português em novos partidos rivais:
Ana Seara 23
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Pais que assume o Governo sob a forma de uma ditadura que faz grandes restrições
ás liberdades individuais.
Apesar da expansão das ideias liberais, alguns Estados e nações europeias, principalmente do
Leste da Europa continuaram no antigo Regime: o Império Austro-húngaro, o Império
Otomano, o Império Russo e o Império Alemão. Todos estes impérios vivem situações
semelhantes em termos políticos, económicos e sociais que levarão, posteriormente, á
Primeira Guerra Mundial:
Ana Seara 24
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• Socialmente, a maior parte da população era rural e havia poucas cidades e poucos
operários fabris. Predominavam as el it es trad icio nai s- a aristocracia, a nobreza e
o clero que continuavam social e politicamente dominantes.
- Os monarcas, apoiados pela Igreja e pela nobreza armada, exerciam uma forte repressão
ideológica e uma apertada fiscalização politica.
Imp ér io Russo
Ana Seara 25
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Inicialmente tradicional e atrasado, sob a alçada de uma mo narquia duali sta (1867), o
império Austro-Húngaro iniciou a sua industrialização com ajuda de capitais franceses e
alemães, aumentando o equipamento fabril, construindo bancos e desenvolvendo novos
sectores. Isto fez aparecer as massas burguesas, enriquecidas pelo comércio e indústria, e
também o operariado cujas reivindicações se fizeram sentir de imediato. Contudo, o império
sofria de problemas internos agravados:
• Era composto por checos, romenos, húngaros, polacos, sérvios, croatas, bósnios etc.,
povos unidos pela figura do imperador, mas que queriam a independência e o
reconhecimento da igualdade pela transformação do império numa confederação de
Estados (Congresso de Viena- 1815). As gentes pediam também a institucionalização
da liberdade e da democracia liberal.
Imp ér io Al emão
Unificado pelo chanceler prussiano Otto Bismarck (1871), o império Alemão constituía-se
numa Co nfe de ração de 22 Esta dos mo nárquico s e 3 cida de s livr es dirigidos pelo
Estado prussiano. Aqui, o imperador e o chanceler, apoiados pela aristocracia, Igreja,
Exército e pela alta burguesia, exerciam o poder executivo controlando a vida pública,
fiscalizando a acção politico-partidária, censurando a imprensa e a oposição, mesmo apesar
da existência da Re ich sta g (Assembleia de deputados federais) e do Rei chsra t (Conselho
do Estado Federal). O império tornara-se na segunda potência mundial, munindo-se do
crescimento do sector dos serviços e da modernização industrial/comercial que
condicionaram o aparecimento de um proletariado numeroso e de uma numerosa população
urbana mas, em 1909, eclodem os problemas:
• Viviam-se inúmeras grev es e ten sõe s pol ít icas violentas resultantes do avanço
da esquerda socialista.
A grande responsável pela Guerra será a Áustria, visto que a família Austro- húngara será
assassinada. Desconfiou-se que o responsável pelo atentado fosse um sérvio e a Áustria
apresentou á Sérvia um Ultimato que resultou numa guerra que seria fácil de ganhar se não
Ana Seara 26
Exame Nacional História
O socialismo surge no século XIX como uma ideologia politica em resposta aos problemas
sociais surgidos com a industrialização: os excessos capitalistas, o poder burguês e o
liberalismo económico que dificultavam a vida dos trabalhadores. Assim, o socialismo tinha
como principais inovações:
• O princípio de que a lib er dade ind ividua l não se deve sobrepor ao bem comum,
o que significa submeter o individuo á sociedade;
• A abol ição da pro pr ieda de privada e a col ec tiv ização do s ben s como meio
de obter uma distribuição das riquezas mais justa e estabelecer uma sociedade mais
igual;
• Sain t-Si mon - nobre e liberal francês que propões uma sociedade sem exploradores
nem explorados e em que a hierarquização se fizesse de acordo com as capacidades
de cada trabalhador. “O Estado deve ser o regulador da economia”.
Ana Seara 27
Exame Nacional História
Desenraizado da realidade económica e política vivida na época, e demasiado teórico para ser
entendido pelos operários, o socialismo utópico não teve grande adesão juntos dos
trabalhadores e as experiências concretizadas falharam ou acabaram na falência.
O Socialismo cientifico teve como principais teorizadores Karl Marx , filósofo, político e
historiador, e Fri edr ich En ge ls que reuniram as suas ideias na obra O Manifesto do
Partido Comunista, em 1895 . Denomina-se de socialismo científico porque as suas bases são
racionais e os seus objectivos e meios de luta são claros.
As suas ideias partem do principio a que chamou de ma te ria li smo dial éc tico , cuja
principal conclusão é a de que a sobrevivência humana depende sobretudo da economia
(motor da História) e que é ela que determina as relações sociais e politicas de determinada
sociedade, pelo que a melhor maneira de manter as classes em harmonia, assegurando a
sobrevivência de todos, seria a abolição do ca pi tal is mo (pela ditadura do proletariado) e
a ado pção do comuni smo que, através da concentração dos meios de produção no Estado,
asseguraria a boa relação sistema produtivo-politico. Só assim o Homem seria finalmente
livre e todas as diferenças e antagonismos sociais se extinguiriam.
Porém, haviam alguns entraves á identificação entre socialismo e movimento operário que
atrasaram muito o processo:
• A fraca pre paração esco lar e in te le ctual das camadas operárias limitava a
compreensão e adesão dos trabalhadores;
Ana Seara 28
Exame Nacional História
1ª fas e- A 22 de Fevereiro de 1917 alguns burgueses apoiados por parte das forças do
czar e pelo povo, tomaram a cidade de Petrogrado e forçaram Nicolau II a abdicar da
coroa- Revo lução Burgu esa . Criou-se um governo provisório liberal parlamentar
constituído por deputados dos soldados e operários da cidade, e por um comité
Executivo, eleito entre eles, liderado por um menchevique e um socialista- o Soviete. As
principais medidas tomadas foram a separação do Estado em relação á Igreja, a
introdução do júri nos tribunais, a eleição por sufrágio universal, a adopção da jornada de
8 horas para o operariado.
Ana Seara 29
Exame Nacional História
• A adopção de um único part ido pol ít ico o Partido Comunista russo (ex-
bolchevista), e a constituição da policia e da censura politica;
Em 1924 Lenine morre e Estaline, beneficiando dos poderes que os cargos de Comissário das
Nacionalidades, da Fiscalização do Estado e Secretário-geral do Comité Central do Partido
Comunista lhe conferiam, ascende e afasta os seus opositores políticos. Em 1927 controla
sozinho o Partido Comunista da União Soviética (PCUS) e acumula mais poderes. Ainda que
de modo repressivo e autoritário, Estaline vai ser o responsável pelo progresso russo:
Ana Seara 30
Exame Nacional História
Finda a guerra de 1914-18, a economia mundial entrou num período de grande instabilidade
que se deveu á difíc il recon st rução e reco nve rsão eco nóm icas , que trouxeram o
en div idam en to , a desva lor ização mon etá ria e a infla ção . A conjugação destes
factores gerou graves crises nos países que entraram na guerra e levou também á
de sor gani zação do com érc io int er nacio nal atingindo, assim, mesmos os países
neutros.
Nos Estados Unidos da América, a economia sofreu quando os países da Europa deixaram de
importar produtos para se regenerarem da guerra. Então, conjugando a subida dos preços
Cri se
com as ajudas monetária dos E.U.A á Europa, a diminuição do consumo gerou, logo em
1920-21 , uma pr im eira cri se mo ne tár ia (acumulação de stocks, falências, desemprego,
deflação…).
Seguiu-se um período de recuperação pela es tabi li zação das moe das (Conferência
Internacional de Génova), pelo abandono do esta lão-ouro (convertibilidade da moeda
Recup eraçã
em ouro) e pelo paga me nto esca lona do das dívi das de guerra. Assim, na segunda
o
Ana Seara 31
Exame Nacional História
rural e a acumulação de desempregados nas cidades. Dá-se, então, a crise bolsista de 1929
o
(“Quinta-Feira Negra”), devido á sobr eaval iação da s acçõ es , que deu início á Gran de
Dep re ss ão do s ano s 30 , afectando todo o globo devido ás ligações comerciais e
dependências económicas entre os países.
• Surgem nova s for ças pol ít icas radi cal is tas que se implantam junto do
eleitorado: os novos partidos comunistas ocidentais que, no poder, conseguem
concessões para os sindicatos e trabalhadores; e os novos partidos de direita,
constituídos pelas clas se s mé dia s des con te nt es pelas regalias concedidas ás
classes menores e pela ruína dos seus negócios comerciais/industriais, que temem o
radicalismo de esquerda por pôr em causa o direito á propriedade privada, bem como
o avanço do comunismo.
Foi a conjuntura vivida neste século que levou a que a Itália monárquica parlamentar, bem
como outros países, sucumbissem ao fascismo. De facto:
• Suportou grandes pre juízo s mat er iai s e humano s agravados pela recu sa das
ind em ni zaçõ es e compensações territoriais pedidas aquando dos tratados de paz,
que geraram um clima de nacionalismo humilhado;
Ana Seara 32
Exame Nacional História
• Viu-se a braços com uma grav e cr is e econó mi ca marcada pela volu mosa
dívida ext er na , pela queb ra da produção e pela inca paci dade de
inv es ti me nt o na reconstrução e reconversão económica, que condicionaram o
aparecimento da miséria social e da agitação interna;
Assim, instala-se o medo e as classes médias, desfavorecidas pela crise económica e temendo
o avanço do socialismo-comunismo, aliam-se ás populações católicas, que condenavam o
anticlericalismo esquerdista, constituindo-se na grande força radicalista de direita. Então, em
1921 , Ben ito Mu sso li ni forma o Par tido Nac ional- Fasc is ta , derivante dos ex-
combatentes da Primeira Guerra, que se propôs a restaurar a ordem e afastar o comunismo-
socialismo. Depois, em Outubro de 1922 , vendo-se impossibilitado de resolver a crise, o
rei Vítor Emanuel III convida Mussolini a formar governo, acto consagrado pela “Marcha
sobr e Roma ” das forças fascistas. Uma vez no poder, Mussolini toma algumas medidas que
ditarão o carácter ditatorial do seu regime:
• Cria os Fas ci (“Camisas Negras”) que constituíam a milícia armada do Partido e que
tinham como função reprimir as manifestações e puniras organizações sindicais;
Tal como na Itália, são os problemas sociais e económicos que fazem com que este partido
chegue ao poder. Tudo começa com a crise de 1929, altura em que o Par tido Naz i começa
a ganhar adeptos e a tornar-se bastante poderoso devido:
Ana Seara 33
Exame Nacional História
Adol fo Hit le r, ex-combatente na 1ª Guerra Mundial, era chefe do Part ido Naciona l
Socia li sta do s Traba lhadore s Ale mãe s , mais tarde Par tido Naz i Ale mão , cuja
proposta era “Trabalho, Liberdade, Pão, Ordem e Segurança” mas também a garantia de
propriedade para os camponeses, a defesa dos pequenos comerciantes, a luta contra o
socialismo-comunismo, o controlo do grande capital e a expansão territorial da Alemanha.
Hitler chega ao poder em 1933 , a convite do presidente Hinderburg, e logo toma medidas
radicais: em vez de convocar eleições, declara-se pr es id en te e chance le r da Alemanha,
dissolvendo o Parlamento e incendiando o Palácio da Assembleia, de modo a culpar os
comunistas, principais opositores políticos, de quem se tentou libertar com o sangrento golpe
de Estado da “Noit e das facas lo nga s ” (30 de Junho).
Uma vez no poder Hitler procede á realização dos ideais expostos na sua obra “Mein Kampf”
(“A Minha Luta”), auxiliado pelas suas forças privadas- as SS (Secções de Segurança) que se
distinguiram do fascismo italiano nas seguintes medidas:
• O inc en tivo ao sen ti me nto raci st a- que se baseava na convicção da
superioridade da raça ariana, de que os alemães eram os mais perfeitos
representantes. Para esta tese recorreu á teoria da selecção natural das espécies de
Darwin e ao mito do super-homem proposto pelo filósofo Nietzsche. Daqui resultou
a vio le nta pe rs egu ição dos jud eus nos campos de concentração, a rigoro sa
se le cção da po pulação segundo os cânones arianos, pelos quais se pretendia o
cruzamento de indivíduos com os melhores genes (eugenismo) e a esterilização dos
“degenerados”, bem como a eutanásia no caso de doentes incuráveis e deficientes, a
cargo do Instituto de Raça Superior.
• Baseiam-se no To tal ita ri smo - vêem o Estado como representante da Nação e não
apenas da maioria, como um único corpo que incorpora todos os indivíduos, todos os
interesses e absorve todos os conflitos. Como tal, o Estado sobrepõe-se a todos os
interesses privados (negação dos direitos individuais) e a todos os particularismos e
regionalismos, daí que proíbam as lutas sindicais livres.
Ana Seara 34
Exame Nacional História
predestinado dotado de dons especiais, cuja palavra tem força de lei, pelo que as
populações têm que lhe obedecer acima de qualquer outra fé.
• Servem o cul to da viol ên cia - a violência era saudável, útil e justifica a História.
Afirma-se a desigualdade entre as pessoas e aceita-se a ideia de que os melhores
devem dominar os fracos.
Ana Seara 35
Exame Nacional História
• A adopção do cato li ci smo como re li gião ofic ial dos portugueses, proibindo-
se o casamento e divórcio civis e instruindo-se os mais jovens de acordo com os
ideais da Igreja: “Deus, Pátria e Família”.
• A formação dos Tribunai s Pl enár ios - específicos para crimes políticos com juízes
escolhidos pela policia política;
• A exa ltação da Hi st ória da pá tria e dos seus heróis e a pre se rvação das
trad içõe s cultura is e artí st icas de cada re gião do país- através do SPN
(Secretariado da Propaganda Nacional) que organizava numerosas exposições,
concursos e prémios públicos que promoviam a arquitectura portuguesa regional, as
“aldeias portuguesas”, o folclore, o fado e todas as artes e letras que exprimissem e
valorizassem o “sentir português”.
O for te cunho int erv en tivo do Esta do verificava-se, assim, na econom ia , onde
fomentou o lançamento de novas infra- estruturas, dinamizou os meios de transporte e
aumentou a produção de energia; na famíl ia , onde se ocupou da educação e preparação das
mulheres para a sua função de esposas dedicadas e mães extremosas; na educação e no
en si no , onde seleccionou os programas a leccionar, fiscalizou a acção dos professores, e
organizou a Mocidade Portuguesa, e na vida socia l e cultura l, onde promovia
actividades para os tempos livres e entretenimento de modo a cativar os cidadãos e a tornar o
trabalho feliz.
Ana Seara 36
Exame Nacional História
O crescimento dos núcleos urbanos foi de tal ordem, ao longo da segunda metade do século
XIX e na primeira do século XX, que teve consequências irreversíveis até hoje:
• Anom ia soc ial - conceito utilizado por Durkheim para caracterizar certos
comportamentos desviantes em relação aos objectivos e ás normas geralmente
aceites; ausência de normas ou leis.
A evolução das técnicas e dos sistemas de produção e de consumo obrigou as pessoas a
conformarem-se maciçamente com as normas, os padrões e as práticas da sociedade
industrial, dando origem á al ie nação do traba lho - separação do produto relativamente ao
produtor: os resultados do trabalho não são obras próprias, mas sim mercadorias estranhas
que escapam ao operário e beneficiam outros (os donos das máquinas).
Ana Seara 37
Exame Nacional História
Nos princípios do século XIX, com a industrialização, as mulheres passaram a ser utilizadas
como mão-de-obra mais barata, sendo exploradas sobretudo nas fábricas têxteis, não
deixando, além disso, de ter a seu cargo as tarefas domésticas. No entanto, a mulher foi
progressivamente alcançando uma certa ind ep en dê nc ia econó mica que a levou a
reivindicar os mesmos direitos que o homem. Assim, a emancipação da mulher vai fazer-se
através de duas formas distintas:
• Na moda , onde adoptou estilos e com por tame nto s mai s ousado s como
símbolo do seu desejo de emancipação: as saias curtas, as calças e a maquilhagem (até
aí destinadas aos homens), o corte de cabelo curto e mesmo actos como sorrir e falar
em voz alta, guiar, montar a cavalo e fumar e, especialmente, o desenvolvimento de
actividades físicas e intelectuais.
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Exame Nacional História
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Exame Nacional História
O fauvis mo (franc ês )
O cubis mo
O cubismo surge em 1907, em França, e teve como figuras principais Pablo Picasso e Georges
Braque. O grande objectivo dos cubistas era o de dar prioridade á forma em detrimento da
cor, de modo a sim pl if icar a re pr es en tação da s coisa s e in troduz ir uma quar ta
dim en são (o espaço-tempo), por meio de visões simultâneas dos objectos, reduzindo-se o
pormenor e cingindo a pintura a sólidos comuns. Pablo Picasso, por exemplo, destrói a
realidade e substitui-a por outra inteiramente subjectiva, em que os quadros não conservam
qualquer relação com o mundo visível.
Por volta de 1909 surge, com o Manifesto futurista, o futurismo artístico e literário, que
recusava a harmonia e o bom gosto convencionais, o geometrismo intelectual dos cubistas e
o sensualismo cromático dos fauvistas, defendendo a or ig inal idad e, a força, o
dina mi smo, a vel oci dade, a té cn ica, o maquin is mo , ou seja, tudo aq ui lo que
Ana Seara 40
Exame Nacional História
exp ri ma a vida mod er na . Na pintura futurista, as imagens aparecem com formas e cores
dinamizadas pela repetição, numa tentativa de representação do movimento através das suas
consequências: “representar as diversas posições estáticas de um corpo em movimento”. Teve
como principais impulsionadores Marcel Duchamp e Umberto Boccioni.
Surgido de dentro do cubismo, por volta de 1916, o movimento Dada insurge-se contra os
conceitos de arte e de objectos e técnicas artísticas, apoiando a ant i-art e, ou seja,
procuravam desva lor izar al go a que norma lm en te se atribui valor, exal tando
um obje cto comum que não te m valo r, como um chafariz em forma de urinol. Assim,
segundo o movimento Dada, o que det er mina o valo r es té ti co de algo já não é um
proc ed im en to t éc nico mas s im um acto me nta l. Exemplos disto são os “ready made”,
como a Fonte, de Marcel Duchamp, e a Gioconda com bigodes, do mesmo autor.
O surr eal is mo
Ana Seara 41
Exame Nacional História
• O recurso á tec nolo gia indus tr ial , á est andar di zação e á prefab ricação em
série, ou seja, á progressiva industrialização da produção de objectos da vida diária
(de si gn industrial);
O funcionalismo orgânico surge nos E.U.A com Frank Loyd Wright, arquitecto que defendia
que a construção deveria partir de dentro para fora, ou seja, que pe lo es paço in te rio r da
casa é que se deve ria de te rmi nar a sua for ma ex te rior . Wright preocupava-se com
o jogo das alturas, as divisões do espaço interno e com os vidros, que deveriam filtrar a luz e
abrir a casa para o exterior sem contudo quebrar a sua intimidade. Para ele, a casa deve ser
um abrigo e local de meditação inserindo-se perfeitamente no ambiente que a rodeia.
A ge ne ral ização do ens in o como im po sição de uma nova dis ci pl ina socia l
Ana Seara 42
Exame Nacional História
Actualmente, a opinião pública encontra-se muito condicionada pelos mass media que
utilizam técnicas poderosas, recorrendo a mitos, símbolos, temas passionais e técnicas
psicológicas de persuasão para tocar as grandes massas constituindo-se, assim, em
in st rume nto s d e gran de influ ên cia po lít ica, indu st ria l, finan ce ira e rel ig ios a.
Destinada, essencialmente, à ocupação dos tem po s li vre s das grandes massas, esta
“indústria cultural” foi criada para “compensar” as multidões trabalhadoras da monotonia e
da solidão características das sociedades desenvolvidas. Ao contrário da cultura elitista, a
cultura de massas:
• É elaborada e pensada tendo e vista as grandes massas;
• Direcciona-se para a acção, compreensão e transmissão dinâmicas do presente, para o
“cul to da novida de ”, para a “fuga” aos prob le mas do quot idia no (cultura de
evasão)
• É de duração efé me ra e aborda os temas de modo sup erf ic ial ;
• Tende a formar um tipo de pes soa méd ia , através de modelos de
comportamento, atitudes, valores, crenças, para que se integrem passivamente no
sistema económico, social e cultural vigente.
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Exame Nacional História
A grande difusão e importância dos jornais do século XIX, deve-se a factores como:
A Rádio
Em 1896 Marconi descobre o princípio da comunicação via ondas de rádio, que possibilitou a
difusão cultural de forma audível. Em 1908, por exemplo, instalou-se em Paris um grande
emissor que transmitia para toda a Europa. Foi também muito utilizada pelos regimes
ditatoriais da década de 1930 que, assim, impunham as suas ideologias. Esta inovação
possibilitou ainda mais a adesão de um público cada vez mais vasto e permitia, de certo
modo, circundar o problema do analfabetismo.
O cin ema
A primeira câmara de filmar e máquina projectora foram concebidas pelos irmãos Lumiére
em 1895 e vieram a possibilitar o cinema. A principio, constituía-se como um divertimento
análogo ao circo e era dirigido a um público popular, andando de feira em feira. No entanto,
as várias descobertas que se foram fazendo possibilitaram ao cinema o es ta tuto de ar te e
revestiram-no de extrema importância enquanto ent idad e di fusora de cultura . Em 1920
iniciou-se a produção de filmes dirigidos ás massas como os filmes de Charlie Chaplin que já
exprimiam criticas sociais. Posteriormente, o cinema foi também utilizado com função de
pro pagan da e im pr eg nação ideo lóg ica , centrando-se em temas como a
sentimentalidade, o erotismo e a violência, transformando-se num poderoso meio de difusão
de modelos socioculturais.
A concertação da paz começou em 1943, muito antes de a guerra acabar, quando se começou
a esboçar a vitória dos Aliados. Os Três Grandes (EUA, URSS e Inglaterra), representados
pelo presidente americano Roosevelt, o dirigente soviético Estaline e o primeiro-ministro
inglês Churchill, começaram a preparar o pós-guerra, reunindo-se em sucessivas
conferências.
Ana Seara 44
Exame Nacional História
Em 1943 deu-se uma das mais decisivas conferências- a Co nfe rê ncia d e T ee rão - em que
se decidiu o futuro desmembramento da Alemanha, se debateu a questão das fronteiras da
Polónia e se formulou o propósito de criar uma organização internacional de todas as
Nações.
Em 1945, na Co nfe rê ncia de Ial ta , os Três Grandes acordaram, basicamente, a divisão do
Mundo em áreas de influência dos EUA e da URSS, através:
• O desmembramento da Alemanha;
• A convocação de uma conferência em São Francisco, fixando-se as directrizes
essenciais da futura Carta das Nações Unidas;
• O reconhecimento de Tito como legítimo governante da Jugoslávia;
• A fixação das fronteiras da Polónia;
• A obrigatoriedade dos países libertados de formarem governos democráticos;
• A divisão da Coreia em duas zonas de influência (O Norte com a URSS e o Sul com
os EUA);
• A subtracção da Indochina á França, para confiá-la á tutela da china.
• A des mi li tar ização e dis so lução das indús tr ias bé li cas ale mãs , bem como
de todos os grandes trusts que haviam financiado o nazismo;
Ana Seara 45
Exame Nacional História
zona s de inf luê ncia . Deste modo, verificaram-se também algumas alterações de
fronteiras (acompanhadas de deslocações de populações), sendo as mais significativas:
A ideia da fundação da ONU, encabeçada pelos EUA , URSS , In gla te rra e China , nasceu
ainda em plena Segunda Guerra Mundial, em 1942, e reunia os propósitos de prosseguir a
luta contra os países do Eixo, bem como o de encontrar um “sistema mais amplo e
permanente de segurança geral”. Assim, a ONU nasce a 26 de Junho de 194 5, na
conferência da cidade de S. Francisco, e assenta nos seguintes organismos e instituições
especializadas:
• O Secr et ariado - parte administrativa das ONU que garante o funcionamento desta
instituição através do controlo de equipamento e de pessoal. O secretário-geral é
eleito pelo período de 5 anos, com direito a reeleição, cabendo-lhe a chefia de toda a
ONU.
• Con se lho de Segura nça -. Integrado pelos “5 Grand es ”- 5 países que desde a
fundação até hoje, fizeram parte da ONU e têm direito a estar presentes (Rússia,
E.U.A, França, China, Inglaterra). Estes 5 países vencedores da Guerra são os Estados
permanentes e são os únicos que têm poder de veto sobre as decisões de outros países
não fundadores. Fazem também parte deste órgão mais 10 países eleitos por 2 anos.
O objectivo é manter a paz.
• Con se lho Econó mico e Social - é por este órgão que passa toda a cooperação
internacional, desde o sistema de correios até ao de viagens. Há 6 organismos ligados
a este conselho constituído por 27 membros, eleitos para um mandato de 3 anos:
Ana Seara 46
Exame Nacional História
- FMI (Fundo mone tár io Int er nacio nal)- ajuda o desenvolvimento dos países mais
pobres;
Aquilo que principalmente distingue a ONU da sua antecessora (Sociedade das Nações) é,
por um lado, o maior universalismo geográfico da ONU (a SDN era formada por nações
europeias) e, por outro, uma maior eficácia. Para além da ajuda a nações carenciadas, a
actuação da ONU tem sido muito importante, sobretudo na criação de zonas livres de armas
nucleares e no impulso ao desarmamento, no apoio ao processo de descolonização e na
defesa das liberdades sem qualquer discriminação.
Apesar de durante a guerra, países comunistas e capitalistas terem reunido esforços, o fim do
conflito mundial significou uma nova “antagonização”, resultante na diferença da forma,
natureza e interesses das sociedades capitalista e socialista, que resultou no bipo lar is mo , ou
seja, na divisão do mundo em dois pólos de influência, um americano e outro soviético.
A “Guerra Fria”, expressão que designou o confro nto pol ít ico, id eo lóg ico, mil itar e
eco nómi co ent re os EUA e a URSS , teve início em 1947 quando Truman recusa a
tentativa de tomada do poder da Grécia e da Turquia por Estaline, que visava expandir os
ideais comunistas:”Os EUA comprometem-se a prestar auxílio económico e militar á Grécia
e á Turquia e a todos os Estados que estão a resistir ás tentativas de subjugação promovidas
por minorias armadas e por pressões externas”.Deste modo, os EUA converteram-se em
líderes da oposição dos Estados ocidentais á política soviética, recorrendo a alguns
mecanismos que alargassem e consolidassem a sua influência norte-americana no mundo,
como foi o caso do Plano Marsha ll (1947), ajudas económicas aos países atingidos pela
guerra, e do Pacto do Atlâ nt ico Nort e em 1949 (OTAN).
Na sequência, a URSS respondeu com duas medidas:
Ana Seara 47
Exame Nacional História
1º Mo me nto
2ª Mo me nto
A OTAN e o Pac to de Va rsóv ia
Para preservar as suas influências na Europa Ocidental a nível militar, os EUA criaram a
Orga ni zação do Tra tado do At lân tico Nor te , em 1949 , que previa que uma agressão
armada contra um ou mais signatários seria considerada como uma agressão a todos.
Aderiram a Grécia, a Turquia, a América do Norte, a Europa Ocidental e do Norte, as ilhas
do Mediterrâneo e do Atlântico Norte. A resposta dos soviéticos consistiu numa aliança com
os mesmos fins militares- o Pacto de Var sóv ia - em 1955 , que englobava a URSS e as
democracias populares do Leste.
A partir daqui verificou-se uma corr ida aos armame nt os nuc lea re s (bomba atómica e
de hidrogénio) que iria acentuar a desconfiança e ameaçar ainda mais a paz global. Para além
disto, a “Guerra-fria” manifestou-se de várias formas: interferências nas políticas internas de
outros países, espionagem, manobras diplomáticas hostis, interferências nas organizações
internacionais, mundiais ou regionais. Estava criada a “co rt ina de fer ro” que dividiria a
Europa em duas e que, mais tarde, teria repercussões a nível global.
Ana Seara 48
Exame Nacional História
A perseguição dos judeus pelos nazis, durante a guerra, acarretou uma crise que envolveu a
Inglaterra, a Palestina e as nações árabes do Próximo Oriente.
A Inglaterra, que dominava então a Palestina, viu-se obrigada a receber centenas de milhar
de judeus para essa região que a consideravam a “te rra pro me ti da” , desencadeando a
oposição das populações árabes e palestinianas sob a forma de acçõ es ter rori st as e
violentos conflitos. O problema foi levado á ONU que acordou em 1947 um plano de
partilha da Palestina em dois Estados. Mas, assim que a Inglaterra abandonou a região, os
judeus proclamaram-na a sua nova Nação-Estado: Isra el .
Porém, Israel ficaria com dois grandes problemas que ainda hoje subsistem: a difícil
convivência com os Palestinianos no interior do Estado judaico e a difícil convivência com
os países árabes vizinhos, o Egipto e a Síria, pelo que, mais tarde, ainda se deram alguns
conflitos como a Guerra do Sue z (1956), a Guerra do s Se is Dia s (1967), a Guer ra do
Yon Kip pur (1973) em que americanos apoiavam israelitas e soviéticos ajudavam os estados
árabes.
A guer ra da In dochi na
A guerra da Indochina foi uma das mais longas e violentas lutas de libertação de povos
asiáticos, relativamente a potências coloniais (1953 ). Os comunistas chefiados por Ho Chi
Min tiveram um papel importante na derrota da França, pelo que constituíram o primeiro
regime comunista num dos novos Estados independentes da Indochina: O Vi et nam e do
Nort e (os outros Estados passaram a ser o Vietname do Sul, o Laos e o Camboja). Os EUA
iriam, mais tarde, apoiar o Vietname do Sul na luta contra o do Norte, apoiado pelos
soviéticos e chineses, donde saem derrotados em 1973, numa das mais sangrentas guerras da
história.
Em 1945, as forças de ocupação soviética e americanas haviam dividido a Coreia entre si.
Quando estas se retiraram, formaram-se do is gove rno s coreano s: um comun is ta , na
Core ia do Nort e, e outro an tico muni sta , na Core ia do Sul . Em 1950 a Coreia do
Ana Seara 49
Exame Nacional História
No entanto, estes países iriam empreender refo rma s pol it ica s e so cio econó mica s que
evi de nciava m pr eocupaçõ es com a pla nif icação , a pa rt ici pação e a se gura nça
soc ial . Mesmo os Estados capitalistas adoptaram algumas me dida s soc ial iz ant es , que
faziam do Estado um Es tado-p rovid ên cia , que deveria assumir três funções:
• Na Itália, outra nação favorecida pelo Plano Marshall, o atraso tradicional do Sul do
país e a carência de energia foram atacados conseguindo-se, em pouco tempo,
superar os problemas criados pela devastação da guerra.
Ana Seara 50
Exame Nacional História
Entre os anos de 1951 e 195 4, surge nos EUA um movi me nto de pro paga nda
nacio nal is ta e an tico muni sta, gerado pela vitória de Mao Tsé Tung na China, pela
explosão da primeira bomba atómica soviética e pelos problemas da guerra da Coreia, ou
seja, o avanço soviético, incentivado pelo Sena dor do Estado do Wisconsin- Jose ph
MacCar thy . Este senador empreendia movimentos de ce nsura aos escritos comunistas
bem como per se guiçõ es a membros do partido comunistas e seus simpatizantes. A situação
tendeu a agravar-se de 1957 a 58 com o aum en to do de se mp re go e do déf ic e
orçam en tal . Os probl ema s soc iai s e rac iai s agravaram-se: a segregação dos negros e a
perseguição levada a cabo pela Ku-Klux-Klan originaram uma atmo sfe ra de pâni co e de
repressão nos EUA pelo que, invocando motivos de segurança, os dir ei tos, lib er dade s e
garan tia s dos cidadão s foram sen do l im itado s.
No período entre 1955- 1973 , as grandes potências (EUA e URSS) empreenderam uma
pol ít ica de d is te nsão (détente), entendimento e cooperação, com o objectivo de aliviar as
tensões e os conflitos da “guerra-fria”. Os principais factores que contribuíram para esta
mudança foram:
• O equi líbr io das for ças militares que se enfrentaram na guerra da Coreia;
• O conflito entre a China e a URSS, que provocou a divi são nos part ido s
comuni st as , retirando assim á URSS a condição de dirigente único do movimento
comunista internacional (1962);
• O movi me nto de de sco lon ização que, a partir da Co nfe rê ncia de Ban dung
(1955), projectou o Terceiro Mundo na cena da política mundial, desenvolvendo-se
no seu seio o “Movimento dos Não-Alinhados” que procuravam primeiramente a
coexistência pacífica.
Ana Seara 51
Exame Nacional História
• Estabeleceram o “te le fon e ve rme lho ” directo entre o Kremlin e a Casa Branca;
• Proib iram as exp er iê ncia s nucl ear es na atmosfera;
• Efectuaram o acordo para diminuir o risco de uma guerra nuclear por acidente- NAA
(1971);
• O tratado para li mi tação dos si st ema s de mís se is (SALT-ABM Treaty, 1972 );
• O tratado para a lim itação de ex pe ri ênc ias subte rrân eas com arma s
nucl ear es (1974 );
• O tratado de Moscovo, que proibiu explosões que pudessem afectar outros países que
não possuíssem experiência nuclear (1963);
• O Tratado do Espaço Exte rio r, que proibiu a colocação de qualquer tipo de
armas na órbita da Terra (1967 );
• O Trata do de Não-Pro lif eração de Arma s Nuc lear es , em que os signatários
se comprometeram a não transferir armas para qualquer outro país (1968).
Na Reunião do XXIII Con gr es so do Part ido Co muni sta da URSS (1966) reafirmaram-
se os princípios da “coexistência pacífica”: recur so a ne gocia çõe s para soluc ionar
div erg ên cia s; recusa da gue rra, de se nvo lvi me nto da coo pe ração económ ica e
cultura l em pé de igualdad e e prove it o mútuo.
Ana Seara 52
Exame Nacional História
• As revo lta s viol en tas como o “Maio de 68” , em Paris, em que os jovens
académicos franceses exigiam uma melhor formação e oportunidade de emprego e
propunham uma sociedade assente na Igualdade de direitos para todos.
Ana Seara 53
Exame Nacional História
1. A guerra abalou a solidez dos impérios: o Japão, antes de ter sido derrotado, ocupou a
Indochina, a Malásia, as Índias Ocidentais Holandesas (Indonésia), a Birmânia, sem
reacção eficaz dos colonizadores europeus – era o desprestígio da Europa na região;
5. A ONU, fundada sob o signo da igualdade entre todos os povos, recomenda a abolição de
todas as políticas discriminatórias nas colónias e, em 1960, aprova a Resolução 1514, que
consagra o direito à autodeterminação dos territórios dominados e condena as potências
que continuam a reprimir os movimentos independentistas.
Depois, surgem os mov im en tos nac ional is ta s, que visam a recuperação da identidade
cultural e nacional dos povos colonizados. Estes movimentos adquirem rapidamente uma
dimensão política, constituem-se em partidos que, quer por via negocial, quer pela força das
armas, lutam pela autodeterminação dos territórios coloniais. Os seus líderes, muitos deles
educados nas metrópoles, lutam pela independência política, mas também contra o
subdesenvolvimento económico, visto como uma consequência da dominação colonial,
como foi o exemplo de Mohandas Gandhi, ou Mahatma (alma grande). Muitos deixam-se
seduzir pelo socialismo soviético ou pelo maoísmo, como foi o exemplo de Kwame
Nkrumah, responsável pelo primeiro Estado independente da África Negra, o gana, em 1957,
que, depois da revolução, adoptou um regime totalitário, marcado por um forte culto da
personalidade e por uma corrupção generalizada.
Ana Seara 54
Exame Nacional História
* A Ing lat erra foi a potência que melhor aceitou a independência das suas colónias,
graças, em grande parte, à qualidade do trabalho dos seus administradores, conseguindo
reunir grande parte dos seus antigos territórios na Commonwealth, uma comunidade de
Estados ligados pelo símbolo comum da Rainha Isabel II, e por laços económicos, culturais,
de amizade...
A segu nda vaga ocorre entre 1960 e 198 0, e significa o despertar da África, com o
surgimento de 17 novo s Es tados inde pe nd en te s no continente, como consequência da
Resolução 1514. Em 1963 , constitui-se a Or gan ização de Un idade Afr icana (OUA),
com o objectivo de reforçar os laços entre os novos Estados, numa perspectiva pan-
africanista, e de lutar contra as potências colonialistas que teimavam em não descolonizar,
como era o caso de Portugal, contra o qual a OUA desenvolveu uma intensa actividade
diplomática.
Portuga l viu-se obri gado a alt erar a sua polí tica ult ramar ina e a sua imagem,
tendo em conta que até a sua velha aliada britânica se preparava para a transferência pacífica
de poderes nas suas colónias. No entanto, para Portugal, não havia possibilidade de abdicar
dos seus territórios. Então, opta-se por uma “operação de cosmética” que elimina as
expressões colónia e império colonial, revogando-se o Ac to Co lon ial em 1951. Deste
modo, Portugal deixa legalmente de ter colónias, que a partir de então passam a ser
chamadas Proví ncia s Ul tramar ina s.
Ana Seara 55
Exame Nacional História
Nas décadas de 50 e 60, após vários anos de preparação de múltiplas organizações políticas e
sindicais clandestinas, organizaram-se os movimentos que, pela via da luta armada, mais
contribuíram para a independência dos nossos territórios, como a UNITA (União para a
Independência Total de Angola), que surge pela mão de Jonas Savimbi; a FRELIMO (Frente
de Libertação de Moçambique), criada por Eduardo Mondlane; como o PAIGC (Partido
para a Independência da Guiné e Cabo Verde), fundado por Amílcar Cabral.
• Na Rodé sia do Sul , os colonos brancos, liderados por Ian Smith, proclamam, em
1965, a independência desta colónia inglesa, contra a vontade da Inglaterra e da
ONU, que se recusam a reconhecê-la como um Estado, dado o seu carácter
segregacionista, mas com o apoio dos EUA, da vizinha África do Sul e de Portugal,
que vê nela um aliado contra a transferência de poderes. São estas as forças que
permitem a Ian Smith resistir contra a pressão internacional e às guerrilhas de
libertação negras.
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Exame Nacional História
Derrotado na II Guerra Mundial, o Japão é ocupado pelos EUA até 1950, que lhe concede
ajuda financeira e apoio no sentido de se democratizar: dá-se uma reforma no ensino, de
modo a preparar os cidadãos para vida democrática e assiste-se à distribuição da terra pelos
camponeses (70% tornam-se proprietários). Os resultados económicos foram de tal modo
surpreendentes que deram origem à expressão “milagre económico japonês”, que resultaram:
• Da im por tação de tec nolo gia s es tra ng ei ras , em especial, para a indústria eléctrica
e electrónica, que forma aperfeiçoadas pelos japoneses, possibilitando um elevado ritmo
de produção;
No final da década de 70, o Japão não tem analfabetos, 75% da população terminou o
ensino secundário, tornando o Japão na 3ª potência mundial, em directa concorrência pela
liderança da economia mundial, com os EUA.
A CE E
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• Em 1957, núcleo inicial, Europa dos seis – faixa do Mar do Norte ao Mediterrâneo –
prioridade na integração aos países com elevada taxa de emprego nos sectores de
serviços e indústria, e reduzida na agricultura;
Pedido de entrada de Portugal para a CEE em 1977 – “opção europeia”: integração do país no
concerto das nações democráticas; afastamento da tradicional relação privilegiada com áreas
extra-europeias; tentativa de aproximação ao processo de desenvolvimento comum à Europa
Ocidental.
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A partir de 1975, inesperadamente, pois até aí, o modelo capitalista imperava em toda a sua
plenitude, abate-se uma cr is e no s país es indus tria li zado s, com acentuadas descidas dos
respectivos PIBs, encerramentos de empresas, afectando, em especial os sectores siderúrgico,
da construção naval e automóvel, e o têxtil, subindo em flecha o desemprego. Paralelamente,
e ao contrário do que se verificou nas crises anteriores, a inflação tornou-se galopante. Este
fenómeno inédito recebeu o nome de estagflação, termo que aglutina as palavras estagnação
(da produção) e inflação. Esta crise económica nos anos 70 deu-se, sobretudo, à conjugação
de dois factores:
• A cri se en er gé tica – nos finais da década de 60, o petróleo era a fonte de energia
básica de que dependiam os países industrializados. Em 1973, os países do Médio
Oriente, membros da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), que
até aí tinham mantido baixo o custo do barril de crude, fazem deste recurso natural
uma arma política, quadruplicando os preços, como retaliação à ajuda ocidental a
Israel na Guerra do Yon Kipur, impondo-se mesmo um boicote total aos EUA, à
Holanda e à Dinamarca, “inimigos da causa árabe”. Em 1979, a situação agravar-se-ia
ainda mais com novas subidas de preço devido à crise política no Irão (segundo
maior exportador mundial) e à posterior Guerra Irão-Iraque.
Estes “choques petrolíferos” provocaram um acentuado aumento dos custos de produção dos
artigos industriais, e consequentemente, o encarecimento dos artigos junto do consumidor,
gerando uma quebra no consumo.
• A ins tabi li dade mon etá ria , provocada pela suspensão, em Agosto de 1971, da
convertibilidade do dólar em ouro. A excessiva quantidade de moeda posta em
circulação pelos Estados Unidos, cujo dólar se tinha tornado numa espécie de moeda-
padrão, em virtude da hegemonia económica americana, obrigou o presidente Nixon
a decretar a suspensão da sua convertibilidade em ouro, o que desregulou o sistema
monetário internacional dando origem a um fenómeno de inflação galopante.
A agi tação soc ial do s anos 70 é caracterizada pelos prob le mas polí tico s do
Te rce iro Mu ndo .
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Num tal contexto, os regimes políticos tendem para a ditadura, porque mesmo os reputados
líderes nacionalistas, que orientam a sua luta sob o signo da liberdade política, se acabam por
tornar, uma vez no poder, chefes de um Estado totalitário. Mas, em muitos países, os líderes
carismáticos das lutas de libertação não se conseguiram manter no poder, sendo rapidamente
derrubados por golpes militares que estabeleceram regimes ainda mais tirânicos e corruptos e
que, por sua vez, foram também vítimas de novos golpes de força: só entre 1960 e 1980
ocorrem 60 golpes de Estado na África Negra, 2/3 dos quais foram bem sucedidos.
Neste contexto, a guerrilha alastra, patrocinada ora pelos soviéticos, ora pelos americanos
e, com ela, alastra a instabilidade e a violência política.
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A QUEDA DOS ÚLTI MOS REGI MES AU TORI TÁRIOS NA EUR OPA
OCID ENTAL
Apesar de ter recuperado do abalo que foi a queda dos regimes fascistas europeus após a 2ª
Guerra Mundial, a mesma recuperação não foi conseguida face ao “terramoto” provocado
pela candidatura de Humberto Delgado às eleições presidenciais de 1958.
A campanha do “General Sem Medo” superou, em impacto e apoio, todas as previsões, quer
do Governo quer da Oposição.
A “vitória” do candidato do regime, o almirante Américo Tomás, permite a Salazar
sobreviver à crise, que procura extinguir com uma severa repressão: o general Humberto
Delgado, demitido das suas funções, parte a caminho do exílio, logo seguido do bispo do
Porto (pela carta de críticas que enviou a Salazar, no rescaldo das eleições); a PIDE
desencadeia uma ofensiva de grande envergadura contra o Partido Comunista (na
clandestinidade) que perde, num ano, 2/3 dos seus militantes; reprimem-se com feridos e
mortos, as manifestações do 5 de Outubro, do 1º de Maio e do 31 de Janeiro.
Em 1962, agudiza-se uma crise estudantil que põe em pé de greve as universidade de
Lisboa e Coimbra.
Toda esta agitação rompeu a apatia dos media internacionais face à ditadura portuguesa,
até aí considerada um regime paternalista e quase benévolo. A projecção internacional vai
reforçar-se com o célebre “caso do Santa Maria”: um navio português no mar das Caraíbas é
tomado de assalto, a 22 de Janeiro de 1960, pelo exilado capitão Henrique Galvão, à frente de
um comando do DRIL (Directório Revolucionário Ibérico de Libertação) Esta sua acção é
considerada pelas potências estrangeiras como um acto de protesto contra um regime
repressivo e, aquando da descoberta do navio pelos americanos, estes entregam os rebeldes,
são e salvos, ao exílio que o Brasil lhes oferece.
A grave crise interna que o regime enfrenta complica-se com a eclosão da guerra colonial,
em 1961, mas o velho ditador a tudo resiste. Só a inevitável morte de Salazar parece ser a
solução.
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conjunto de medidas, que gerou um clima de optimismo e esperança num real liberalização
do regime, ficou conhecido por “Pri mavera ma rce li st a”.
No entanto, o teor destas medidas chocava com a continuação da guerra colonial,
defendida pelo novo governante, um claro apoiante dos interesses das populações brancas no
ultramar. Isto provocou uma forte contestação, por parte do Exército e dos portugueses, que
Marcello Caetano viu necessidade de reprimir, desencadeando uma vaga de prisões e
remetendo para o exílio personalidades ainda agora de regresso ao país, como foi o caso de
Mário Soares.
A partir de 1970, a credibilidade do marcellismo deteriora-se rapidamente:
O 25 de Abr il de 1974
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A cr is e econó mica dos ano s 70 pôs em evid ên cia as debi li dade s do sis te ma
eco nómi co e soc ial do Ocid en te : ao mesmo tempo que diminui o investimento privado
e abranda o crescimento produtivo, as finanças públicas acusam um enorme défice
orçamental gerado, em grande parte, pelos pesados encargos que lhes impõe o Estado-
Providência.
Para ultrapassar a crise, os Estados optaram por uma via pragmática que os conduziu a uma
menor interferência do Estado nas questões económicas e sociais, sendo esta uma inversão do
modelo keynesiano, à qual chamamos neo lib era li sm o, em vigor durante os anos 80. O
neoliberalismo caracteriza-se:
• No comércio externo, pela manutenção por parte dos estados de taxas aduan eira s
redu zida s, capazes de evitar a retracção do comércio mundial que se verificou nos anos
30;
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EUA [Partido Republicano], foram, nesta época, os mais decididos defensores desta
política neoliberal).
A tendência neoliberal dos anos 80 contribuiu para refo rçar a onda de cont es tação
que, no s paí se s de Les te, se diri gia à eco nom ia col ec tiv izada e ao Esta do
soc ial is ta em ge ral .
Uma segu nda vaga pac ifi sta sucedeu na Europa e dá-se o re iníc io das neg ociaçõ es
sobr e armam en to porque:
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