As experiências de aprendizagem
necessitam estruturar-se de modo a
privilegiarem a colaboração, a cooperação e
intercâmbio de pontos de vista na busca
conjunta do conhecimento.
Autonomia para Piaget
No entender de Piaget ser autônomo significa estar apto a
cooperativamente construir o sistema de regras morais e
operatórias necessárias à manutenção de relações
permeadas pelo respeito mútuo.
Para Piaget (1977), a constituição do princípio de
autonomia se desenvolve juntamente com o processo de
desenvolvimento da autoconsciência. No início, a
inteligência está calcada em atividades motoras, centradas
no próprio indivíduo, numa relação egocêntrica de si para
si mesmo. É a consciência centrada no eu. Nessa fase a
criança joga consigo mesma e não precisa compartilhar
com o outro. É o estado de anomia.
Autonomia para Piaget
No desenvolvimento e na complexificação das
ações, o indivíduo reconhece a existência do outro
e passa a reconhecer a necessidade de regras, de
hierarquia, de autoridade. O controle está centrado
no outro. O indivíduo desloca o eixo de suas
relações de si para o outro, numa relação unilateral,
no sentido então da heteronomia. A verdade e a
decisão estão centradas no outro, no adulto. Neste
caso a regra é exterior ao indivíduo e, por
conseqüência, sagrada A consciência é tomada
emprestada do outro.
Autonomia para Piaget
Toda consciência da obrigação ou do caráter
necessário de uma regra supõe um sentimento de
respeito à autoridade do outro. Na autonomia, as
leis e as regras são opções que o sujeito faz na sua
convivência social pela auto-determinação. Para
Piaget, não é possível uma autonomia intelectual
sem uma autonomia moral, pois ambas se
sustentam no respeito mútuo, o qual, por sua vez,
se sustenta no respeito a si próprio e
reconhecimento do outro como ele mesmo.
Autonomia para Piaget
A essência da autonomia é que as crianças se
tornam capazes de tomar decisões por elas
mesmas. Autonomia não é a mesma coisa que
liberdade completa. Autonomia significa ser capaz
de considerar os fatores relevantes para decidir
qual deve ser o melhor caminho da ação. Não pode
haver moralidade quando alguém considera
somente o seu ponto de vista. Se também
consideramos o ponto de vista das outras pessoas,
veremos que não somos livres para mentir, quebrar
promessas ou agir irrefletidamente
Uma escola que se diz fundamentada na teoria de
Jean Piaget, deve ter sua prática pedagógica,
orientada por alguns princípios básicos:
Ação - as crianças conhecem os objetos usando-os. Um
esquema é aplicado a vários objetos e vários esquemas são
aplicados ao mesmo objeto.
Representação - toda atividade deve ser representada, de
modo a permitir que a criança manifeste o seu simbolismo.
Atividades Grupais - o desenvolvimento da criança acontece
no contato e na interação com outras crianças, daí a
necessidade da promoção de atividades em grupo. Não se
trata aqui da concepção comum do trabalho em grupo (que a
escola interpretou como um grupo de alunos obrigados a
trabalhar em conjunto). Piaget pressupõe que o grupo se
forme espontaneamente e que o tema pesquisado seja como
um verdadeiro problema do grupo. Cabe ao professor criar as
situações problemáticas, mais nunca impor um tema.
Uma escola que se diz fundamentada na teoria de
Jean Piaget, deve ter sua prática pedagógica,
orientada por alguns princípios básicos:
Organização - é adquirida através da atividade. É
fazendo a atividade que a criança se organiza.
Professor problematizador - o professor é o
desafiador da criança, ele cria dificuldades e
problemas. Em instituições com essa fundamentação,
a escola não é um passatempo, e sim, um espaço que
permite a diversificação e ampliação das experiências
das crianças, promovendo a sua autonomia.
Áreas do conhecimento integradas – um currículo
escolar de orientação fundada nas teorias piagetianas,
as diferentes áreas do conhecimento são
integradas. O eixo central desse currículo são as
atividades.
O erro na perspectiva piagetiana
Piaget interessou-se pelos erros, pois os considerava mais
importantes que os acertos para se compreender como o
indivíduo se desenvolve e aprende. Os erros mostram como
a pessoa pensa e lida com o mundo, graças aos esquemas
que tem disponíveis no momento.
Pedagogicamente, isso é muito mais útil do que saber o QI
dos alunos, porque o professor, entendendo como raciocina
o aluno, dialoga mais facilmente com ele e tenta provocar
desequilíbrios nessa estrutura, conduzindo-o ao
desenvolvimento. Assim, os erros expressam diferenças
qualitativas de apreensão da realidade por um sujeito
particular. Por outro lado, a consciência do erro deve servir
de motor para a busca de respostas cientificamente
aceitáveis.
O erro na perspectiva piagetiana
Ao responder as questões do cotidiano, num esforço de
compreender o mundo, a criança pode achar, por
exemplo, que o pensamento é a boca que pensa, as
idéias estão no cérebro e pode-se conferir, abrindo a
cabeça de alguém. Essa reação é interpretada por Piaget
como realismo – representação egocêntrica que a criança
produz em seu ambiente conforme ela pensa que este
ambiente é, sem levar outras explicações em conta.
Outra questão é considerar que tudo que se move tem
vida (animismo), daí sustentar a idéia de que é possível
ser seguido pela lua, ou seja, o movimento dos astros se
dá em função de sua intencionalidade.
O erro na perspectiva piagetiana
Nesse processo de conhecimento, o sujeito elabora
representações - um recurso que demonstra que a
inteligência não apenas reproduz, mas, sobretudo confere
um sentido, segundo os elementos que dispõe no
momento. Ao produzir estas representações, corre o risco
de errar.
Há o reconhecimento da importância do erro no processo
da aprendizagem, entretanto, Yves La Taille denuncia que
algumas interpretações a respeito do construtivismo vêm
de certa forma sacralizando o erro, colocando-o na
categoria de “intocável” afastando então a idéia da
correção.
O erro na perspectiva piagetiana