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ME FEZ PENSAR © 2009 DANIEL SANTOS

Texto lido:
MOBERLY, R. W. L. Does God lie to his prophets? The story of Micaiah ben Imlah as a test case.
Harvard Theological Journal 96:1 (2003) 1-23. (Deus mente aos seus profetas? A história de
Micaías ben Imlá como um estudo de caso).

Comentário:
O artigo examina a leitura feita por Robert Carrol e Walter Brueggemann do episódio
envolvendo o profeta Micaías em 1Rs 22.1-38, como um exemplo de uma hermenêutica sem a
sensibilidade de perceber ironia no texto. O grande dilema apresentado pela narrativa bíblica é
que tanto os 400 profetas de Josafá quanto Micaías estão falando da parte de Deus, um com
uma palavra de confronto vestida de ironia, outros com uma palavra de apoio vestida de
engano. O que Moberly tenta mostrar é o papel de Yahweh em ambos os casos.
Ao propor um modelo de leitura desta passagem, Moberly sugere três elementos que
precisam ser considerados em conjunto: 1) o elemento psicológico manifestado na primeira
tentativa de Micaías em falar o que o rei queria ouvir; 2) o elemento moral da estratégia
utilizada para confrontar o rei; 3) o elemento teológico envolvido na responsabilidade de
Yahweh na mentira dos 400 profetas.

Diz Moberly,
“É errado já iniciar assumindo que Josafá acreditava que os quatrocentos profetas não eram
verdadeiros profetas de Yahweh, mas sim profetas de Baal como os quatrocentos e cinqüenta
que contenderam com Elias no monte Carmelo” (p. 5)

“O problema do texto é realmente complicado quando você tem profetas que estão de fato
falando da parte de Deus e que, mesmo assim, temos razão de suspeitar de sua palavra” (p. 5).
Isto que Moberly fala se aplica tanto para a primeira palavra de Micaías quanto para as
palavras dos quatrocentos profetas, de certa forma.

“A história aqui pressupõe algumas dinâmicas básicas da profecia hebraica. Em essência,


profecia – pelo menos como articulada nos livros de Jeremias e Ezequiel e pressuposto na
maioria dos outros profetas – é relacional, fazendo uso de linguagem que demanda uma
resposta. Tipicamente, uma advertência de um desastre iminente esperava uma resposta de
arrependimento e mudança de atitude, a fim d que tal desastre fosse suspenso.” (p. 8)
Moberly ilustra e compara a estratégia de Micaías com aquela do profeta Natã confrontando o
pecado de Davi.

Me fez pensar.

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