Você está na página 1de 18

RECONSTITUIÇÃO DA POPULAÇÃO DE ESCRAVOS E SEUS

DESCENDENTES
POR MODELAGEM DEMOGRÁFICA

Heitor Pinto de MOURA FILHO1

RESUMO
Discutimos, neste texto, as vantagens da modelagem demográfica no estudo da
demografia da escravidão em situações com fontes incompletas. Comentamos
rapidamente sobre a evolução da demografia histórica em geral, listando algumas
técnicas conhecidas de reconstituição de populações. Mostramos como o estudo da
população cativa e seus descendentes, no Brasil, tem a ganhar pela incorporação de certos
macro resultados que não podem ser obtidos de forma direta a partir das fontes
disponíveis, mas podem ter seus contornos delineados através de modelagem
demográfica.
PALAVRAS-CHAVE: ESCRAVIDÃO, MODELO DEMOGRÁFICO,
RECONSTITUIÇÃO DE POPULAÇÃO

ABSTRACT
This text discusses the advantages of demographic modeling in the study of the
demography of slavery in situations of incomplete sources. We rapidly comment on the
evolution of historical demography in general, listing some well-known techniques of
population reconstruction. We show how the study of the Brazilian slave population and
its descendants can benefit from incorporating certain macro results which cannot be
obtained directly from available sources, but can have their limits delineated through
demographic modeling.
KEY-WORDS: SLAVERY, DEMOGRAPHIC MODEL, POPULATION
RECONSTRUCTION

1
Uniconsult, Rio de Janeiro; e-mail: heitormoura@yahoo.com.br
Discutimos, neste texto, as vantagens da modelagem demográfica no estudo da
demografia da escravidão em situações com fontes incompletas. De início, comentamos
rapidamente sobre a evolução da demografia histórica em geral, analisando algumas
técnicas conhecidas de reconstituição de populações. Em seguida mostramos como o
estudo da população cativa e seus descendentes, no Brasil, tem a ganhar pela
incorporação de certos macro resultados que não podem ser obtidos de forma direta a
partir das fontes disponíveis, mas podem ter seus contornos delineados através de
modelagem demográfica.
Em pouco mais de meio século de existência como uma disciplina acadêmica
estruturada, a demografia histórica expandiu-se em várias dimensões: a) sobre tipos
diversos de fontes; b) sobre períodos que remontam, com abrangência, a cinco séculos e,
pontualmente, a milênios; c) sobre temas que extrapolaram o estritamente demográfico
para abranger variados aspectos das relações familiares e sociais; d) sobre técnicas que
extrapolaram a simples reconstituição de famílias, para acompanhar a evolução
metodológica da demografia moderna; e e) sobre contextos sociais os mais diversos, e
todas as regiões do planeta.
Quanto a fontes, temos presenciado nos últimos anos uma importante ampliação
do leque de fontes utilizadas, para além dos registros demográficos de batismos,
casamentos e sepultamentos. Têm sido regularmente empregadas tanto fontes com
registros múltiplos, como (no Brasil) as listas nominativas ou livros de movimentação de
pacientes em hospitais, quanto fontes massivas de registros individuais, como arquivos
notariais e judiciais. Fontes pontuais, como registros de associações, fazendas e empresas
também vêm sendo pesquisadas. A disponibilidade de uma ampla gama de informações
nessas fontes levou ao inevitável cruzamento de dados até então desconexos, fortalecendo
estudos multi-geracionais ou prosopográficos, além de tornar mais abrangentes os bancos
de dados acumulados em pesquisas sucessivas.
Quanto ao período de estudo, a disponibilidade de fontes ainda é o principal
determinante dessa escolha. É difundida a periodização, segundo a qualidade das
estatísticas coevas disponíveis, em épocas estatísticas, proto- e pré-estatísticas. Embora
esta periodização reflita a realidade das estatísticas compiladas e agregadas na época, não
traduz adequadamente as possibilidades dos métodos da demografia histórica, pois foi
exatamente o foco de Louis Henry sobre os registros paroquiais que lhe permitiu
retroceder seus estudos a épocas proto- e pré-estatísticas e, ainda assim, gerar, através da
reconstituição de famílias, estatísticas modernas sobre estes registros passados. Paul-
André Rosenthal afirma “...a produção, por Louis Henry, em 1958, de uma periodização
contínua, que se estendia do século XVII ao século XX, marcou o nascimento da
demografia histórica como disciplina”. E mais: “O que Henry realizou foi obter a
aceitação para a idéia de uma absoluta neutralidade e continuidade, estatística e
demográfica; isto significava que os resultados obtidos pelos historiadores demógrafos a
partir dos registros paroquiais podiam ser combinados com as estatísticas publicadas dos
séculos XVIII e XIX e com as estatísticas contemporâneas estabelecidas pelo INSEE,
para formar séries estatísticas homogêneas (ROSENTHAL 1997:5,26).”2
Quanto a temas e contextos sociais, os historiadores têm-se desdobrado na busca
de indícios e medidas, nessas mesmas fontes, para os mais variados comportamentos
sociais: arranjos nupciais, práticas conjugais e maternais, compadrios, distribuição de
atividades econômicas por sexo e idade, nível de alfabetização e de “numerização”, entre
outros. Os estudos cobrem comunidades de tamanhos e estruturas variadas, sejam elas
vilarejos tradicionais, grupos de oriundi de certas regiões deslocados para outros espaços
ou ainda comunidades conceituais, definidas por sua origem, sua atividade ou mesmo
pelos destinos de seus descendentes. Ao se reunirem múltiplos estudos monográficos,

2
Maria Luiza Marcílio expressou idéia semelhante: “A Demografia Histórica começou, em suas primeiras
análises, testando o método da Reconstituição de famílias de uma paróquia ou de conjunto de paróquias, e
com a finalidade expressa de calcular taxas gerais e especiais de fecundidade, de nupcialidade e de
mortalidade, para populações pré-estatísticas (sem dados censitários ou quantitativos sobre sua
população).” (MARCÍLIO 2004)
eventualmente complementados por registros massivos, tornou-se possível analisar a
demografia de regiões maiores e até de populações inteiras, em espaços nacionais.
Em decorrência dessa possibilidade de obtenção, pela demografia histórica, de
estatísticas fidedignas, cobrindo épocas pré- e proto-estatísticas, houve uma natural
extensão dos interesses, dos métodos e das técnicas demográficas modernas aos dados
levantados por pesquisadores interessados em épocas mais remotas. Formou-se, assim,
um contínuo estatístico e explicativo que se expande para trás, a períodos anteriores
àqueles para os quais dispomos de levantamentos censitários e dados estatísticos
confiáveis. Talvez seja essa a principal realização extra-muros do projeto original de
Henry: seus métodos e as extensões que geraram foram capazes de extrair do passado
estatísticas suficientemente precisas para se acoplarem, em pé de igualdade, àquelas
obtidas modernamente por censos e pesquisas amostrais detalhadas. As pesquisas
desenvolvidas no último meio século gerou, na Europa, impressionante densidade de
estudos monográficos e de análises de registros com cobertura nacional, resultando, de
imediato, num conhecimento detalhado da transição demográfica europeia, o que hoje
talvez seja o carro-chefe dos resultados demográficos.
A situação dos estudos de demografia histórica no Brasil, entretanto, ainda não
permitiria proclamarmos conclusões gerais e pluri-seculares, pela falta de suficiente
cobertura geográfica e temporal e devido a nossa impressionante diversidade social.
Fazendo um apanhado da demografia histórica no Brasil, Bacellar, Scott e Bassanezi
(2005) identificaram desequilíbrios claros em nossos estudos: um viés geográfico, com
predomínio de foco na região Sudeste; um viés relativo às fontes, com predomínio de
foco nas listas nominativas em oposição à recuperação de arquivos paroquiais; um viés
quanto ao tipo de abordagem, em favor da história da população em oposição a
abordagens estritamente demográficas; e, por fim, um desequilíbrio temporal, com
concentração de estudos nos períodos para os quais há disponibilidade de listas
nominativas. Embora possamos compreender estas concentrações de pesquisas em função
das preferências dos pesquisadores, da facilidade de trabalho com certas fontes em
oposição a outras e até em decorrência das regras dos programas de pós-graduação, é fato
que o universo de fontes demográficas brasileiras permanece desigualmente estudado e
longe de ser conhecido na abrangência com que se conhecem os registros paroquiais e
outras fontes demográficas europeias.
Além desses vieses das pesquisas, devemos ter em conta que existem
características próprias da sociedade brasileira – como a ausência de regras fixas para a
nomeação dos filhos e os altos índices de natalidade ilegitima3 – que reduzem
significativamente, aqui, a eficiência da rígida aplicação do método Henry-Fleury, além
das importantes limitações à qualidade do dados aproveitados que já impõe usualmente4.
Em Portugal, onde se encontram dificuldades semelhantes, importantes adaptações foram
acrescidas ao método de reconstituição de famílias, ampliado para a reconstituição de
vidas individuais, a partir da combinação de múltiplas fontes documentais (AMORIM
1995). Assim, além dos registros paroquiais, fontes precípuas para o método Henry-
Fleury de reconstituição de famílias, tornou-se imperativo examinar uma variedade de
outras fontes, igualmente trabalhosas de serem compiladas.
Como proposta de trabalho coletiva para ampliar os horizontes da demografia
histórica no Brasil, aqueles autores sugerem tanto o redirecionamento de fontes, com
maior ênfase no levantamento de registros vitais, como providências práticas, tais como a
padronização dos critérios de agregação. Além disso, consideram importante a realização
de comparações com as experiências americanas do norte e hispânica e com as dos países
ibéricos. Com relação à demografia da escravidão no Brasil, embora esses
redirecionamentos de pesquisas, sem dúvida, possam trazer novas fontes para o
conhecimento coletivo, não serão capazes de resolver em curto prazo duas dificuldades
de monta. A primeira é o enorme tempo e volume de recursos humanos e financeiros
necessários para analisar e digitalizar as informações existentes em arquivos públicos e
privados – estes, religiosos e laicos – disponíveis no Brasil, para que se atinja uma massa
crítica suficiente para a agregação dos resultados em análises sintéticas. E mais, como
notou Wrigley (1966), embora gerando dados bem mais complexos, o esforço de

3
Sobre ilegitimidade, ver, por exemplo, (NAZZARI 1996) e (KUZNESOF 1990).
4
"However impressive the technique of collecting parish register data into individual and family life
histories, Henry's analytical methods are often employed in ways that are rigid in their use of demographic
measures, highly selective in the portion of the data collected that can be used, and extremely awkward for
multivariate analysis."(GUTMANN e ALTER 1993: 159)
levantamento de famílias é pelo menos cem vezes maior do que o de meramente contar
eventos vitais, para ser anotados em planilhas. Além do esforço de levantamento, a
cobertura de famílias efetivamente reconstituídas, relativamente à população total de uma
região, é usualmente pequena. No caso de populações cativas no Brasil, além do mais, a
abrangência dos eventos vitais registrados relativamente ao universo desses eventos para
todos os escravos e descendentes, mesmo em pequenas regiões, é ainda mais reduzida do
que para a população livre.
A segunda dificuldade, mais restritivas e definitiva, é como substituir a grande
quantidade de informações perdidas no passado ou, mesmo, que nunca chegaram a
existir, mas que seriam essenciais para os estudos demográficos5.
Ao avaliar, a situação da demografia histórica latino americana, Pérez Brignoli
(2004) propõe uma programação talvez mais centrada na América hispânica, com
primasia para o exame das consequências do encontro demográfico entre europeus e
populações indígenas. Quanto à escravidão, considera que “Se conoce bastante bien la
trata pero falta mucho que investigar en cuanto a la demografía de la esclavitud,
particularmente en el siglo XIX”. Em termos metodológicos, é taxativo ao rejeitar a
aplicação sistemática de métodos europeus (“Salvo excepciones como la “inverse”y la
“back-projection”, los métodos propuestos obedecen a fuentes y problemáticas muy
específicas, y resultan difícilmente aplicables en otros contextos.”). Concordamos que
não se podem aplicar impensadamente métodos criados em contextos históricos tão
diversos dos nossos, mas discordamos que sejam, ipso facto, dificilmente aplicáveis ou
que, por essa razão, devam ser descartados. Os problemas enfrentados pelos estudos de
demografia histórica são variados e muitos deles talvez únicos, mas os métodos têm, cada
qual, seus objetivos, vantagens e desvantagens, que vale a pena ter na algibeira, para
enfrentarmos as dificuldades que nos aguardam atrás da próxima esquina. De modo a

5
Este problema é uma unanimidade. Citamos dois estudiosos: “Uncertainty as to the size of the Brazilian
population at the beginning of the nineteenth century makes it difficult to establish a benchmark for
analysis of trends in the period prior to 1872.”(MERRICK e GRAHAM 1979:26) e “Os dados conhecidos
para a demografia do passado colonial brasileiro são, em geral, fragmentários e descontínuos, além de se
apresentarem revestidos de pouca credibilidade. Deste modo, não se tem a visão integral das suas
estruturas demográficas e muito menos da dinâmica da sua população [nosso grifo].” (BALHANA
1986:21)
esclarecer como são de difícil aplicação à demografia da escravidão no Brasil,
relacionamos rapidamente, a seguir, os principais métodos difundidos para a
reconstituição de populações. Isto não significa, contudo, que devam ser abandonados,
pois, cada qual, traz importantes soluções eventualmente aproveitáveis nos estudos sobre
o Brasil.
Em termos de requisitos de dados estatísticos, os principais métodos de
reconstituição agregada de populações dependem, além da proximidade de algum
levantamento censitário, da existência de pelo menos uma série de óbitos bastante
completa, para gerarem resultados confiáveis. Mais usualmente, exigem também a
disponibilidade de uma série de nascimentos/batismos. Tendo em mãos essas séries
temporais, os historiadores demográficos (através de métodos variados, como projeção
retroativa, projeção inversa, projeção inversa generalizada ou método das tendências)
podem reconstituir os tamanhos e as distribuições etárias das respectiva populações,
atingindo, assim, a possibilidade de calcular taxas demográficas e outros indicadores
fundamentais para a análise populacional.
A “projeção retroativa” (back projection), sugerida por Wrigley e Schofield, para
dados ingleses entre 1541 e 1871 (quando houve um censo), exige as duas séries, de
batismos e óbitos anuais, e um censo ao final do período. O sistema de equações que
utiliza, no entanto, é indeterminado, tendo uma infinidade de soluções possíveis
(BONNEUIL 1993:57). A projeção inversa (inverse projection), desenvolvida por
Ronald Lee, pede as mesmas séries, mas com o censo no início do período em vez de no
final, o que usualmente é mais difícil, dado que se trata de época ainda mais remota.
Sendo as séries vitais completas e de qualidade, a projeção inversa consegue reconstituir
populações inteiras em grande detalhes. Robert McCaa é bem claro ao explicitar a
necessidade de boas estatísticas vitais para a aplicação do método6 (McCAA 1993:55).

6
Noutro texto explica: “Inverse projection is a logical inversion of conventional
projection techniques. The method is used to infer refined demographic statistics –
mortality, fertility, and population age structures – from crude data –annual totals of
births and deaths and an estimate of initial population size. Instead of deriving counts
from age-specific rates as with conventional cohort projection, inverse projection
estimates age-specific rates from counts. The technique is particularly suited for studying
Jim Oeppen (1993), em seguida, generalizou estas duas abordagens, no que chamou de
projeção inversa generalizada (generalized inverse projection), de modo a fugir da
mencionada indeterminação matemática, pela minimização de certos indicadores. Seu
modelo, no entanto, é extremamente dependente de bons dados sobre migrações.
Complementando esse conjunto de modelos de reconstituição, Noël Bonneuil
(1993) desenvolveu modelo para dar conta da situação em que se dispõe de séries para
óbitos e nascimentos, porém não se tem informação censitária. Baseia-se na tendência da
esperança de vida ao nascer.
Um pouco mais próximo do nosso contexto no Brasil, surge a situação em que os
dados da série de óbitos são claramente defeituosos. Para tratar deste caso, que estudaram
na Nova Castilha dos séculos XVII a XIX, onde os registros de óbitos se mostravam
demasiadamente falhos, Livi Bacci e Reher desenvolveram métodos indiretos para
estimar tamanho, fertilidade, mortalidade e nupcialidade, mas sempre baseados na
existência de, pelo menos, a série para batismos. “O que fizemos foi basear nossa
estimativa inteiramente nos dados de nascimentos, utilizando mortalidade e migrações
estimadas. Ou seja, a população num momento qualquer é composta pelos que foram
batizados nos 82 anos anteriores, sumetidos a um fator de sobrevivência e a uma taxa de
emigração intrínseca” (LIVI BACCI e REHER 1993:68).

Em que a modelagem demográfica se distingue desses diversos métodos de


reconstituição? A diferença fundamental é não depender de séries temporais de óbitos ou
nascimentos. Mas, se não dispomos destas séries, de que adianta fazermos cálculos
baseados em hipóteses soltas no ar? É exatamente neste ponto que a modelagem traz
vantagens próprias, podendo introduzir, de modo logicamente concatenado, em qualquer
momento do período modelado, qualquer parâmetro sobre taxas vitais ou sobre
populações que se queira. Trata-se, de certa forma, de uma projeção inversa (que começa
do momento mais antigo caminhando em direção ao mais recente), baseada não em séries

populations of the past where age details are scarce (...) The inverse method requires
good vital registration data, which for historical studies limits its usefulness primarily
to the European cultural area.” (McCAA 2001) [Nosso grifo]
de eventos vitais, mas em distribuições de taxas demográficas hipotéticas, que podem ser
adaptadas pontualmente aos dados históricos.
Embora, não disponha de estatísticas seriais equivalentes às existentes noutros
países, a historiografia sobre escravidão no Brasil já dispõe de um importante acervo de
populações analisadas e é bastante clara sobre diversas questões demográficas. Assim,
mesmo pontuais, referentes a pequenos contingentes e regiões limitadas, temos
informações sobre taxas vitais, de natalidade e mortalidade, além de composições da
população por sexo, origem e condição social. A modelagem recorre – como qualquer
outro modelo de reconstituição de população – à lógica da equação demográfica, para
recriar uma evolução populacional que se sujeita às restrições que quisermos impor –
quanto à população total inicial, final ou intermediária, quanto a distribuições etárias e a
parâmetros de fecundidade, de natalidade e mortalidade. Os problemas decorrentes da
falta de dados sobre fluxos migratórios, como nos demais métodos, continuam de grande
importância.
Como exemplo do tipo de flexibilidade possível, mostramos a seguir alguns
resultados obtidos por modelo apresentado no Congresso da ABEP-Associação Brasileira
de Estudos Populacionais de 2008, em que combinamos uma série para o número anual
de escravos importados para Pernambuco, do século XVI até 1850, com taxas de
natalidade e fertilidade plausíveis, de modo que a população de escravos e descendentes
de africanos calculada para 1872 corresponda ao total enumerado pelo censo7.

7
Este trabalho foi desenvolvido como extensão da análise das fontes demográficas sobre Pernambuco no
século XIX, através de modelagem da população, exposta em (MOURA FILHO 2005) e do
desenvolvimento de um modelo de uma população genérica submetida ao tráfico de escravos, apresentado
em (MOURA FILHO 2006). Esses modelos não são estocásticos, nem simulam micro-eventos. Foram
construídos para reproduzir a evolução de populações, através da equação demográfica parametrizada,
modelada por funções contínuas. Em Anexo, mostramos esquematicamente as interrelações entre variáveis
e parâmetros utilizadas no modelo de tráfico (2006) .
12.000 PERÍODO 1 PERÍODO 2 PERÍODO 3
Períodos com dados Períodos com dados 1.000.000
estimados detalhados por viagem
Número de escravos desembarcados

10.000

8.000
100.000

População
6.000

4.000 10.000
População de africanos
2.000 População de brasileiros
População total
0 1.000
1560 1590 1620 1650 1680 1710 1740 1770 1800 1830 1560 1610 1660 1710 1760 1810 1860

Figura 1 – Pernambuco (1560-1850). Figura 2 – Modelo-Pernambuco (1560-


Evolução anual de escravos 1872). Evolução da população masculina,
desembarcados. segundo a nacionalidade.
Fonte: Silva e Eltis (2008) Fonte: H.Moura (2008)

3.500 10.000
1670 1670
9.000
3.000 1770 1770
8.000
1800 1800
Composição etária

2.500
Composição etária

1830 7.000 1830


2.000 1860 6.000 1860
5.000
1.500
4.000
1.000 3.000
2.000
500
1.000
0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100

Figura 3 – Pernambuco-modelo. Composição Figura 4 – Pernambuco-modelo. Composição


etária etária
da população africana masculina da população brasileira masculina
Fonte: H.Moura (2008)

Computada este evolução geral da população fictícia, podemos obter “estatísticas”


totalmente impossíveis de serem conseguidas de outra forma, como a evolução das
distribuições etárias, de africanos e de brasileiros ao longo de três séculos! Estes
resultados – hipotéticos, é claro – apresentam, contudo, a enorme vantagem de se
amoldarem sucessivamente a novos dados, novas restrições, que surjam das pesquisas de
campo. Se acreditamos nos parâmetros que estas pesquisas nos fornecem, podemos ter
certeza de que os limites que o modelo calcula para os demais parâmetros – como taxas
de natalidade e mortalidade, por exemplo – traçam um contorno lógico inescapável para
os valores desconhecidos.
Para melhor explicitar o interesse da modelagem demográfica ao estudo da
demografia da escravidão no Brasil, diante das falhas das fontes de que dispomos sobre
população escrava e seus descendentes, é interessante avaliarmos estas fontes quanto as
características que julgamos fundamentais para a elaboração de estatísticas seriais: seu
grau de cobertura sincrônica do universo e de disponilidade diacrônica. Para isso,
partimos de três categorias: fontes agregadas, onde não há referências a indivíduos;
fontes individualizadas, porém massivas, isto é, que pretende descrever um conjunto de
tamanho próximo ao do universo; e fontes pontuais, que podem referir-se a indivíduos ou
a agregados, mas somente dentro de seu ambiente restrito. A relação abaixo não pretende
ser exaustiva, sendo, antes, indicativa dos elementos das respectivas classes.

Fontes agregadas:
a) o recenseamento geral de 1872
b) levantamentos provinciais de população
c) os relatórios do registro de matrículas de escravos (possivelmente com
registros detalhados, por paróquia)
d) relatórios de alfândegas e consulados
e) estimativas coevas para a população total de certa região
2) Fontes individualizadas porém massivas
a) listas nominativas
b) registros paroquiais
c) registros notariais
d) arquivos judiciais
3) Fontes pontuais
a) registros de instituições, principalmente de saúde e caridade
b) arquivos de empresas, fazendas e famílias
c) notícias de chegada ou apreensão de navios negreiros (relatórios de portos e
autoridades sanitárias, arquivos consulares e diplomáticos, jornais etc.)
Uma primeira questão que desejamos levantar é o fato de que a simples existência
de dados não nos garante bases depuradas ou aproximação de cobertura de certo universo
regional. Cada tipo de fonte traz qualidades e desvantagens próprias. Assim, as fontes
individuais, por sua especificidade, costumam apresentar um grau de confiabilidade mais
alto, bem como costumam indicar maior gama de informações sobre cada pessoa, ao
passo que as fontes agregadas são menos confiáveis quanto à qualidade de dados e
raramente cobrem todo o universo nomeado.
As estatísticas agregadas mais representativas de que dispomos sobre escravos (o
censo de 1872, os levantamentos provinciais e a matrícula de escravos) apresentam sérios
problemas de qualidade e de cobertura para serem empregadas “no estado” em estudos
macro-demográficos, conforme demonstrou Robert Sleenes, entre outros8. Requerem,
assim, ajustes bastante detalhados e técnicos. Não obstante essas dificuldades, estas
estatísticas, devidamente ajustadas, ainda representam as melhores informações
agregadas de que dispomos sobre a população cativa e descendente de africanos, no
Brasil da época. Os relatórios de alfândegas e consulados, por sua vez, referem-se a
universos menores, dos eventos sujeitos a fiscalização ou tributação. Quanto às
estimativas, constituem em geral meras repetições de um número oficial ou da opinião de
terceiros, não acrescentando informação demográfica valiosa, além de nos informar sobre
a difusão do conhecimento estatístico.
As fontes individualizadas, porém de caráter massivo, representam o maior
potencial de dados, mas ainda exigem, como comentado acima, enorme esforço de
catalogação e levantamento primário, antes de adquirirem uma “massa crítica” que
autorize sua agregação como representativa da população de escravos no Brasil. Os
muitos estudos pontuais já realizados, contudo, podem fornecer importantes marcos sobre
taxas demográficas (fecundidade, natalidade, mortalidade), sobre composição da
população de escravos e seus descendentes (por sexo, condição social, origem) e, até,
sobre as distribuições etárias dessas subpopulações em certos momentos. Estes pontos de
referência são essenciais à modelagem demográfica.
As fontes pontuais, semelhantemente às fontes individualizadas acima, ainda não

8
A análise crítica realizada por Robert Sleenes (1976) demonstrou as dificuldades de se extrairem dados
completos e “limpos” de incoerências do recenseamento de 1872 e das matrículas de escravos.
foram analisadas em número suficiente para adquirirem representatividade por si só.
Tornam-se igualmente importantes, no entanto, como provedoras de parâmetros e
referenciais para a modelagem. É importante, aqui, distinguirmos parâmetros
demográficos reais, obtidos de estudos de caso, mesmo que relativos a pequenos
universos, de cálculos aproximados sobre números genéricos e desvinculados de fontes
primárias.
Ao cruzarmos as características de cobertura do universo de cada um desses tipos
de fonte com sua disponibilidade temporal, vemos que hoje dificilmente temos a
possibilidade de construir séries temporais bastante longas e abrangentes
geograficamente para autorizar análises análogas às que vemos publicadas sobre regiões
européias e da América do Norte. Se combinamos essa restrita oferta de fontes com nossa
demanda ótima, das informações de que gostaríamos idealmente de dispor para uma
análise demográfica precisa, compreendemos a imensidão e possivelmente a irrealidade
desta tarefa. Poderíamos relacionar, como requisitos para um conjunto completo de dados
demográficos o seguinte:

a) referir-se ao universo de pessoas em certo âmbito geográfico, no período em


estudo;

b) relacionar o total de pessoas residentes (ou presentes) nessa região em certo


momento, distribuídas por idade e sexo e, se possível, segundo outras
características, tais como estado civil, nacionalidade, condição social e
classificação de cor/origem étnica;

c) indicar o número de nascimentos e falecimentos, bem como de casamentos,


ocorridos num período logo anterior ou logo subsequente ao momento de corte
acima, distribuídos segundo as mesmas classificações e com anotações
suplementares, como a idade dos falecidos e dos noivos; modernamente passamos
a exigir também informações adicionais sobre a mãe, como sua idade ao dar a luz
e sua paridade naquele parto;

d) indicar o número de pessoas entradas ou saídas nessa região em caráter


permanente, isto é, imigrantes e emigrantes, igualmente distribuídos por idade e
sexo e pelas categorias acima; o tráfico de escravos, de chegada de africanos ou
doméstico, constitui situação especial dessas estatísticas; sendo os movimentos
migratórios cíclicos, intra- ou inter-anuais, importantes, caberia pedirmos também
dados sobre eles;

e) no caso de dados demográficos sobre escravidão, haveriam ainda de indicar as


trocas de condição social ocorridas nesse mesmo período, tais como alforrias,
fugas e eventuais retornos à escravidão.
Percebem-se, deste elenco, as dificuldades de se conseguirem dados regulares e
confiáveis com todas essas características ou mesmo somente com algumas delas.
Embora sujeitas a problemas de várias ordens, as estatísticas agregadas mencionadas
acima nos fornecem marcos relevantes para totais populacionais em certos momentos. A
maior dificuldade quanto a estatísticas demográficas no Brasil colonial e imperial refere-
se, sem dúvida, a dados agregados sobre os movimentos vitais e, sem dúvida, sobre
migração9. Embora constantes dos registros paroquiais, não temos garantias da amplitude
de cobertura dos registros de eventos vitais e, pelo contrário, sabemos das muitas
exceções que ficaram de fora dos livros paroquiais. Sobre esta questão, é interessante
lembrarmos que, além das falhas, erros e exceções explicitadas pelos estudos sobre o
Brasil, a comparação internacional relativa a registros vitais e a levantamentos censitários
em sociedades pouco desenvolvidas só nos faz supor, para o Brasil dos séculos XVIII e
XIX, níveis de erro e falta de cobertura iguais ou piores aos conhecidos no próprio Brasil
e em outros países de cultura e desenvolvimento econômico semelhante, no início do

9
M.L.Marcílio explicita o caráter obrigatório e universal dos registros vitais no Brasil,
mas escreve “O grande problema, no entanto, foi o da conservação desses livros
paroquiais, particularmente em um País como o Brasil, onde pouco se cultivou a prática e
o valor da arquivística. Boa parte dos registros paroquiais brasileiros não existe mais:
sofreram a ação predatória conjugada do tempo, dos insetos e especialmente do Homem
(MARCÍLIO 2004).” Sérgio O.Nadalin enfatiza a importância das migrações internas e
ultramarinas na colonização do Brasil, lembrando que “As lições de Martius traduzem-se
numa primeira apreensão, na perspectiva da história demográfica: a história do Brasil é
uma história de migrações.” Entretanto, “Também há que se observar a complexidade do
problema posto não só pela tese de Martius, mas pela própria realidade colonial e,
finalmente, a ausência quase absoluta de dados empíricos que sustentem uma melhor
abordagem da problemática (NADALIN 2003).”
século XX, por exemplo, período sobre o qual já encontramos grande número de
estudos10. Quanto a estatísticas sobre a população cativa, tais problemas claramente se
amplificam. Tratando especificamente da escravidão no Brasil, Livi-Bacci (2002)
resume: "É quase impossível verificar a (...) confiabilidade [de taxas demográficas sobre
escravos], pois na equação entram muitas variáveis tais como: a idade ao chegar ao
Brasil; o término da vida ativa pela invalidez e doença ou morte; as alforrias; a fuga
(muito freqüente); a eventual perda de observação (por venda ou fuga) etc.".

Procuramos mostrar, neste texto, a utilidade dos recursos de modelagem


demográfica para enfrentar um problema inerente ao estudo da escravidão no Brasil, que
é a inexistência de fontes para certos tipos de dados demográficos. A modelagem não tira
dados do chapéu, mas, baseada sobre dados presentemente disponíveis e considerados
confiáveis, consegue determinar faixas logicamente plausíveis para os valores dos dados
inexistentes. Ao restringir, numericamente, o campo das opções possíveis, fornece ao
historiador um instrumento forte, que até autoriza o cálculo de séries temporais de dados
para os quais não existem fontes diretas. Esses mesmos resultados poderão confirmar ou
corrigir valores obtidos em fontes coevas. Como principal vantagem desta metodologia,
vemos a possibilidade de se acompanhar em detalhes as múltiplas dinâmicas
demográficas, algo quase impossível de se fazer sobre dados históricos, quando
estudamos a demografia da escravidão no Brasil.
Rio de Janeiro, março de 2009

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMORIM, Maria Norberta (1995). Demografia histórica. Um programa de docência.
Viseu, Universidade do Minho-Instituto de Ciências Sociais. 113.p.
BACELLAR, Carlos de Almeida Prado, et al. (2005). "Quarenta anos de demografia
histórica." Revista Brasileira de Estudos de População 22(2): 339-350.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbepop/v22n2/v22n2a09.pdf
BALHANA, Altiva Pilatti (1986). A população. in Maria Beatriz Nizza da SILVA. O
Império luso-brasileiro, 1750-1822. Lisboa, Editorial Estampa. p. 19-62.

10
Sobre os problemas encontrados em recenseamentos em geral e em países pouco desenvolvidos ver, por
exemplo, Barclay (1958:56-92), Shryock & Siegel (1976), Willigan & Lynch (1982:79-108) e Francis
Gendreau (1988).
BARCLAY, George W. (1958). Techniques of Population Analysis. New York, John
Wiley & Sons, Inc. 311.p.
BONNEUIL, Noël (1993). The Trend Method applied to English Data. in David S.
REHER e SCHOFIELD, Roger. Old and New Methods in Historical
Demography. Oxford, Clarendon Press. p. 57-65.
GENDREAU, Francis (1988). La qualité de l'observation: erreurs, contrôles, évaluation
(Ch.6). in Louis LOHLE-TART e CLAIRIN, Rémy. De l'homme au chiffre.
Réflexions sur l'observation démographique en Afrique. Paris, CEPED.
GUTMANN, Myron P. e ALTER, George (1993). Family Reconstitution as Event-
History Analysis. in David S. REHER e SCHOFIELD, Roger. Old and New
Methods in Historical Demography. Oxford, Clarendon Press. p. 159-177.
KUZNESOF, Elizabeth Anne (1990). Ilegitimidade, raça e laços de família no Brasil do
século XIX: uma análise da informação de censos e de batismos para São Paulo e
Rio de Janeiro. in Sérgio Odilon NADALIN, MARCÍLIO, Maria Luíza e
BALHANA, Altiva Pilatti. História e população. Estudos sobre a América
Latina. São Paulo, ABEP, IUSSP, CELADE. p. 164-174.
LIVI BACCI, Massimo (2002). "500 anos de demografia brasileira: uma resenha."
Revista Brasileira de Estudos de População 19(1): 141-159.
http://www.abep.nepo.unicamp.br/docs/
rev_inf/vol19_n1_2002/vol19_n1_2002_8pontodevista_141_159.pdf
LIVI BACCI, Massimo e REHER, David S. (1993). Other Paths to the Past. From Vital
Series to Population Patterns. in David S. REHER e SCHOFIELD, Roger. Old
and New Methods in Historical Demography. Oxford, Clarendon Press. p. 66-83.
MARCÍLIO, Maria Luíza (2004). "Os registros paroquiais e a história do Brasil." Varia
Historia 31: 13-20.
McCAA, Robert (1993). Benchmarks for a New Inverse Population Projection Program.
England, Sweden, and a Standard Demographic Transition. in David S. REHER e
SCHOFIELD, Roger. Old and New Methods in Historical Demography. Oxford,
Clarendon Press. p. 40-56.
____ (2001) "An Essay on Inverse Projection."
http://www.hist.umn.edu/~rmccaa/populate/ipessay.htm
MERRICK, Thomas e GRAHAM, Douglas H. (1979). Population and Economic
Development in Brazil. 1800 to the Present. Baltimore The Johns Hopkins
University Press. 385.p.
MOURA FILHO, Heitor Pinto de (2005). Um século de pernambucanos mal contados.
Estatísticas demográficas nos oitocentos. Rio de Janeiro: Universidade Federal do
Rio de Janeiro - Programa de Pós-graduação em História Social: 197p.
____ (2006). Demografia da escravidão. Um micromodelo dos efeitos do tráfico XV
Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP-Associação Brasileira de
Estudos Populacionais. Caxambu - MG, ABEP. Disponível em:
http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2006/docspdf /ABEP2006_147.pdf
____ (2008). Escravos em Pernambuco, 1560-1872. Ensaio de reconstituição
macrodemográfica XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais ABEP-
Associação Brasileira de Estudos Populacionais. Caxambu - MG, ABEP.
Disponível em: http://www.abep.nepo.unicamp.br
/encontro2008/docsPDF/ABEP2008_1035.pdf
NADALIN, Sérgio Odilon (2003). "A população no passado colonial brasileiro:
mobilidade versus estabilidade." Topói 4(7): 222-275.
NAZZARI, Muriel (1996). "Concubinage in Colonial Brazil: the Inequalities of Race,
Class, and Gender." Journal of Family History 21(2): 107-124.
OEPPEN, Jim (1993). Generalized Inverse Projection. in David S. REHER e
SCHOFIELD, Roger. Old and New Methods in Historical Demography. Oxford,
Clarendon Press. p. 29-39.
PÉREZ BRIGNOLI, Héctor (2004). Los caracteres originales de la demografia histórica
latinoamericana. i Congreso de la Asociación Latinoamericana de Población-
ALAP. Caxambu-MG.
ROSENTHAL, Paul-André (1997). "Thirteen Years of Debate: From Population History
to French Historical Demography (1945-1958)." Population: An English Selection
9: 215-241. http://www.jstor.org/stable/2953832
SHRYOCK, Henry S. e SIEGEL, Jacob S. (1976). The Methods and Materials of
Demography. New York, Academic Press. 577.p.
SILVA, Daniel B. Domingues da e ELTIS, David (2008). The Slave Trade to
Pernambuco, 1561-1851. in David ELTIS e RICHARDSON, David. Extending
the Frontiers: Essays on the New Transatlantic Slave Trade Database. New
Haven, Yale University Press.
SLENES, Robert W. (1976). The Demography and Economics of Brazilian Slavery:
1850-1888. Stanford: Stanford University - Dept. of History Ph.D.: 728p.
WILLIGAN, J.Dennis e LYNCH, Katherine A. (1982). Sources and Methods of
Historical Demography. New York, Academic Press. 505.p.
WRIGLEY, E.A. (1966). Family Reconstitution. in D.E.C. EVERSLEY, LASLETT,
Peter e WRIGLEY, E.A. An Introduction to English Historical Demography.
London, Weidenfeld and Nicolson. p. 96-159.
ANEXO – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DE RELAÇÕES MODELADAS
Modelo de uma população de escravos e seus descendentes

COMPOSIÇÃO ETÁRIA E
MORTALIDADE MASCULINA
POPULAÇÃO INICIAL
Distribuição etária
Razão de dos homens
masculinidade dos chegados
chegados
Número de homens
chegados

Número total de
Distribuição de
chegados
mortalidade dos
homens

População masculina

Razão de
Número de mulheres Número de homens
masculinidade ao
em idade fértil nascidos
nascer

Distribuição etária da Número de Número de mulheres


Populaçao feminina
fecundidade total nascimentos vivos nascidas

Fecundidade total
por mulher
Distribuição de
mortalidade das
DETERMINANTES DA mulheres
FECUNDIDADE

Distribuição etária
das mulheres
chegadas
Parâmetros
Número de mulheres
chegadas
COMPOSIÇÃO ETÁRIA E
Variáveis
MORTALIDADE FEMININA

Figura 5 – Interrelações entre parâmetros e variáveis num modelo de evolução de uma


população de escravos e seus descendentes. Os parâmetros são determinados a partir de
taxas demográficas conhecidas e podem ser alterados para que os totais de grupos da
população atinjam números históricos desejados.
Fonte: H.Moura (2006).

Você também pode gostar