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1. INTRODUÇÃO

1.1. PERÍCIA

Conceito: É o exame hábil de alguma cousa, realizada por pessoa habilitada ou perito, para determinado fim,
judicial ou extrajudicial. (GONÇALVES, 1968, p.7).

Utilidade: O conceito pacífico da perícia é que juizes e interessados pedem o testemunho e os subsídios dos
técnicos para decidir e resolver. (D´AUREA, 1962, p. 152).

Prática: Perícia é um instrumento especial de constatação, prova ou demonstração, científica ou técnica, da


veracidade de situação, coisa ou fatos. A perícia é feita para suprir a insuficiência de conhecimentos
específicos sobre o objeto da prova.

Pode-se solicitar o procedimento pericial numa ampla e variada gama de situações e para os mais
diversos segmentos do conhecimento humano. Isto pressupõe que, a priori, qualquer situação, coisa ou
fato seja factível de perícia, quando questionada perante juízo ou fora dele.
Exemplos:
- Desapropriação de terras por órgão federal, para construção de rodovia. A desapropriação se
baseia em laudo de avaliação de terras por perito judicial e assistente técnico. Com base no
laudo pericial determina-se o quantum das terras, benfeitorias etc., para a indenização
correspondente.
- Acidente automobilístico com vítimas. O juiz ou a parte interessada podem solicitar nomeação
de perito (engenheiro mecânico), para produção de laudo que constate a existência ou não de
falha mecânica, a fim de provar a quem cabe a culpa do acidente – se ao motorista, por
imperícia, imprudência ou dolo eventual, ou a uma falha mecânica do veículo.

1.2. PROVA

Conceito geral: A prova é a soma dos fatos produtores da convicção, apurados no processo (SANTOS, 1983,
p.13).

Utilidade: A prova visa, como fim último, a incutir no espírito do julgador a convicção da existência do fato
perturbador do direito a ser restaurado. (SANTOS, 1983, p.2).

Na perícia: A busca da verdade formal quanto aos fatos, interessa ao perito, já que a ele será cometida a
responsabilidade funcional de trazê-la para os autos do processo.

Na prática: A prova, no significado comum e geral, visa a demonstração da verdade ao passo que a prova
específica processual civil limita-se à produção da certeza jurídica. (BONUMÁ, João).

1.2.1. Prova Pericial

Função: A função da prova pericial é a de transformar os fatos relativos à lide de natureza técnica ou científica,
em verdade formal, em certeza jurídica.

Conceito: É a demonstração que se faz - o modo - da existência, autenticidade e veracidade de um fato ou ato.
Juridicamente, é o meio de convencer o juízo da existência do fato em que se baseia o direito do
postulante. Os recursos de que se utiliza a inteligência, para a percepção da verdade, constituem a
prova (SANTOS, Moacir Amaral).

Na prática: A prova tem por finalidade demonstrar a verdade ou não-verdade de uma afirmação. (Milhomens,
Jônatas)

A verdade negativa ou positiva, a cerca dos fatos interessa ao magistrado, quando, ao sanear
determinado processo, percebe estar envolvida matéria técnica, cuja certeza jurídica só pode ser
alcançada mediante produção de prova pericial.
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A favor: “Tendo o magistrado elementos suficientes para o esclarecimento da questão, fica o mesmo autorizado a
dispensar a produção de quaisquer provas, ainda que já tenha saneado o processo, podendo julgar antecipadamente
a lide, sem que isso configure cerceamento de defesa” (jurisprudência CPC T.Negrão, p.413 “22”).
Contra: “Não há julgamento antecipado após deferimento e produção de prova pericial, que conduz à audiência em
que, eventualmente, haverá oportunidade de esclarecimentos do laudo e debate oral de questões suscitadas no
processo”. “A nomeação do perito não é mera faculdade do julgador; é imposição legal, não podendo o juiz voltar
sobre seus passos, para considerar desnecessária a prova.” (jurisprudência CPC T.Negrão, p.414 “22”).

Restrição na perícia: Ao perito não é permitido externar, em seu laudo, sua opinião pessoal sobre o que se
questiona nos autos do processo judicial. Ao Perito cabe unicamente relatar os fatos tal
qual os observou.
Metodologia: Quando a matéria a ser periciada é parcial, alcançável, examina-se tudo, ou seja, a totalidade do
Universo sob exame.
Quando a matéria é demasiadamente ampla, sem possibilidade de alcançar-se o objetivo pela
totalidade, utiliza-se a amostragem, mas com exceção.

A prova é a concretização, técnica ou científica, do alegado. Siga os exemplos:


- Acidente de trânsito com vítima fatal = o laudo pericial constatou existência de falha
mecânica grave (rompimento de barra de direção) antes do acontecimento do evento,
podendo ser, este, o motivo do acidente; perícia acolhida e não contestada; descaracterização
do crime de dolo eventual.
- A desapropriação de terras para construção de estrada federal gerou uma indenização
considerada insuficiente, por parte do expropriado. Em contestação a essa deficiência, este
entra com solicitação de revisão do quantum definido pelo órgão federal como indenização de
suas terras. Para tanto, o juiz nomeia perito judicial (engenheiro) para que proceda à
reavaliação da propriedade e, com base no laudo, define o valor da indenização devida pelo
órgão expropriante.

1.2.2. Ônus da Prova

Aplicação: Segundo o Art. 333 do CPC, a obrigação de provar cabe: I – ao Autor, quanto ao fato constitutivo de
seu direito; II – ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito
do autor.
Fatos Jurídicos: é todo acontecimento, voluntário ou não, que pode ter conseqüências jurídicas ou de conservar,
modificar ou extinguir relação de direito.
(Segundo Amaral Santos, p. 152): FATOS CONSTITUTIVOS – São aqueles que têm a eficácia jurídica de dar vida,
de fazer nascer, de constituir a relação jurídica (ex.: propriedade imobiliária sobre a qual se reclama indenização por
desapropriação); FATOS EXTINTIVOS – são aqueles que têm a eficácia de fazer cessar a relação jurídica (ex.:
prescrição do direito reclamado; no caso do processo de apropriação indireta com indenização da propriedade, a
prescrição se dá em 20 anos, caso o autor – o expropriado – não reclame o seu direito dentro desse prazo); FATOS
IMPEDITIVOS – São aqueles que impedem que decorra de fato o efeito que lhe é normal, ou próprio, e que constitui a
sua razão de ser; FATOS MODIFICATIVOS – são aqueles que, sem excluir ou impedir a relação jurídica, à qual são
posteriores, têm a eficácia de modificá-la:

O Art. 333 do CPC distingue duas modalidade de contestação dos fatos jurídicos constitutivos:
1ª - O réu não só nega os fatos constitutivos articulados pelo autor como também alega fatos que extinguem ou
impedem aqueles.

2ª - o réu reconhece os fatos constitutivos mas alega fatos que extinguem, impedem ou modificam a relação
jurídica.

Conceito: Quem afirma ou nega determinado fato é que tem o ônus, o interesse de oferecer ou produzir as
provas necessárias que entende possam vir a corroborar com as alegações oferecidas.

Na prática: O dever de provar compete a quem alega, ou afirma determinados fatos da causa.

Constatação: Quem busca a proteção da justiça depara com a necessidade de produzir suas provas.
Quem oferece provas mais convincentes fatalmente obterá sucesso.
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LEMBRETES -Art. 339 CPC - ninguém se exime do dever de colaborar com o poder judiciário para o
descobrimento da verdade.

-Art. 335 CPC – “Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de
experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda
as regras de experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial” (grifo nosso).

Quem alega, prova. Essa é a máxima judicial, muito embora pareça injusta, às vezes. Siga os exemplos:
- Acidente de trânsito com vítima falta = processo de indenização por danos pessoais (morte);
apelante: a família da vítima; contestação do laudo pericial através de prova testemunhal de
direção perigosa e velocidade excessiva para o local do acidente; reabertura do inquérito
policial para investigação do alegado. Ao apelante cabe o ônus da prova.
- Desapropriação de terras para construção de rodovia federal. O órgão expropriante contesta a
necessidade de reavaliação das terras, por considerar sua avaliação justa com a realidade e,
para tanto, assume igualmente o ônus de provar o alegado, podendo ser mediante solicitação de
perícia judicial.

1.2.3. Meios de Prova

Conceito: São todos os meios regulares e admissíveis em lei, utilizados para demonstrar a verdade ou falsidade
de fato conhecido ou controvertido ou para convencer da certeza do ato ou fato jurídico.
Objetivamente é todo meio lícito usado pela parte ou interessado na demonstração daquilo que
alega. Subjetivamente, é qualquer meio lícito capaz de levar o juiz a convencer-se da verdade de
uma alegação da parte.

Disposições jurídicas e legais: As disposições nos diversos ordenamentos jurídicos e legais disciplinam a
seguir: “o modo de oferecimento das provas, o momento de sua produção, as linhas mestras de sua
apreciação, cercando os atos respectivos das medidas de segurança indispensáveis ao surgimento
da verdade”. (SANTOS, Moacyr Amaral. P.69).

- O artigo 332, do CPC, dispõe: “todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda
que não especificados neste código, são hábeis para provar a verdade dos fatos, em que se funda a
ação ou a defesa”.

- O Art. 136 do Código Civil, dispõe: “Os atos jurídicos, a que se impõe forma especial, poderão
provar-se mediante; I - confissão; II - atos processados em juízo; III - documentos públicos e
particulares; IV- testemunhas; V - presunções; VI - exames e vistorias; VII – Arbitramentos”.

- O Art. 122 do Código Comercial, dispõe: “os contratos comerciais podem provar-se: I - por
escritura pública; II - por escritos particulares; III - pelas notas dos corretores, e por certidões
extraídas dos seus protocolos; IV - por correspondência epistolar; V – pelos livros dos
comerciantes; VI - por testemunhas.

1.2.3.1. Comentários sobre as provas admitidas

Depoimento pessoal: Consiste no interrogatório da parte, pelo juiz, sobre os fatos da causa. Pode ser
determinado de oficio pelo juiz, ou a requerimento da parte. O não comparecimento ou
recusa em depor importa na pena de confissão. A testemunha será interrogada pelo
Magistrado e pelo advogado da parte adversa. (Art. 342 a 354 do CPC).

Confissão: É admissão da verdade de um fato, contrário ao interesse da parte e favorável ao do adversário. A


confissão poderá ser judicial ou extrajudicial. Ainda poderá ser feita pela própria parte ou por
procuradores com poderes especiais. A confissão ficta é a confissão presumida pela lei, ocorre na
revelia (CPC, Art. 319) e na falta de impugnação específica de cada fato (Art. 302).

Presunção: é a ilação e aceitação de certeza obtida de um fato conhecido e provado para se admitir como prova
a existência de um fato desconhecido ou duvidoso. A presunção, faz prova, podendo ser estabelecida
em lei, definindo como verdadeiros certos atos e fatos.
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Exibição de Documentos ou Coisas: O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, poderá determinar a exibição
de documentos ou coisas em poder da outra parte, ou de terceiros. Isso
nos próprios autos ou separados, na forma de medida cautelar. Caso a
parte se negar a exibição, serão admitidos como verdadeiros os fatos que,
por meio do documento ou da coisa, a parte contrária pretendia provar.
Se a negativa for de terceiros, o juiz ordenará a exibição, podendo
determinar a apreensão e a responsabilidade por desobediência. (Art. 355
a 362 do CPC).

Documentos: Documentos são papéis públicos ou particulares, cartas, livros etc. Também são documentos, para
efeitos probatórios, as reproduções mecânicas como fotografia, filme e gravações sonoras. A
cópia do documento deve ser autenticada. Em princípio os documentos devem ser juntados na
inicial, pelo autor, e na contestação pelo réu. (Art. 364 a 399 do CPC).

Testemunhas:Consiste na inquirição de pessoas, alheias aos autos, pelo juiz, acerca dos fatos da lide.
Geralmente ocorre a requerimento da parte. Ambos os advogados poderão manifestar-se,
iniciando-se por aquele que arrolou. Qualquer pessoa pode depor como testemunha, exceto as
incapazes, impedidas ou suspeitas. (Art. 400 a 419 do CPC).

Inspeção Judicial: Consiste na inspeção, in loco, pelo juiz da causa, de pessoas ou coisas, a fim de se
esclarecer sobre fato que interessa à decisão da causa. O juiz poderá ser assistido por
peritos. Concluída a inspeção, o juiz determinará a lavratura de autos circunstanciados,
mencionado tudo o que for útil ao julgamento da causa. (Art. 440 a 443 do CPC).

Perícia: Consiste na elaboração de um laudo sobre os fatos da causa. O laudo é preparado por perito de
confiança do juiz. O trabalho é realizado independente de compromisso (Art. 422 do CPC: “O perito
cumprirá escrupulosamente o encargo que lhe foi cometido, independentemente de termo de
compromisso. Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a impedimento ou
suspeição.”)

A Prova Pericial é disciplinada pelos artigos 420 a 439 e artigos 606 e 607 do CPC Judicial, que é
feita pelo próprio magistrado e se envolver questões técnicas poderá ser assistido por um ou mais
peritos, sendo disciplinada pelos artigos 440 a 443.

O perito não tem a obrigatoriedade de uma formação jurídica, porém para um trabalho há necessidade
em conhecer noções de direito, principalmente quanto ao intuito da prova.

1.2.4. Modalidades da Prova Pericial

As provas produzidas com a interveniência de perito são qualificadas no Art. 420 do CPC, em quatro
modalidades: a) exame; b) vistoria, c) arbitramento, e d) avaliação.

a) Exame: Envolve a inspeção de pessoas ou coisas com o objetivo de se verificar determinados fatos
relacionados com o objeto da lide.

É a espécie de perícia contábil mais comum, ou seja análise de livros e documentos, podendo
envolver também procedimentos indagativos e investigativos.

b) Vistoria: É o trabalho desenvolvido pelo perito para constatar in loco o estado ou a situação de determinada
coisa, geralmente imóveis.

É a espécie não muito usada na perícia contábil, mais adotada em perícia médica ou engenharia.
Poderá envolver a verificação ou a constatação de situação, coisa, ou fato, de forma circunstancial.

c) Arbitramento: Consiste na fixação de valor, determinado pelo perito para coisas, direitos ou obrigações: é a
estimação do valor em moeda, podendo envolver quantitativos e qualitativos.

“Todo arbitramento pode achar-se cumulado com o exame ou a vistoria, sempre que haja a
necessidade de parecer sobre a qualidade ou a quantidade das coisas, direito ou obrigações
sobre os quais ele versa” (Santos, Moacyr Amaral).
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d) Avaliação: Tem por finalidade a fixação de valor “recebendo essa denominação quando feita em inventário,
partilha ou processos administrativos e nas execuções para estimação do valor da coisa a
partilhar, ou penhor.”

Envolve, a valorização ou estimação em moeda de coisa, de acervos patrimoniais ou bens,


direitos e obrigações.

Ex. haveres em processo de inventário e de dissolução ou liquidação de sociedade.

1.2.5. Admissão da Prova Pericial

Ordenamento: O Inciso VI do Artigo 282 do CPC determina ao Autor que indique na inicial as provas que
pretende produzir. O Art. 300 do CPC determina que o réu indique as provas que pretende
produzir na sua contestação.

Na prática: Quando as partes não explicitarem as provas que pretendem produzir, mas apenas indicando
genericamente “protestos pela produção de todas as provas em direito admitidas”, o juiz marca
prazo para que especifiquem as provas que pretendem produzir.

Admissibilidade: A prova pericial é admitida:

a) Na fase de instrução do processo

São as perícias desenvolvidas no sentido de trazer para os autos a prova


técnica contábil que convalide as alegações oferecidas. (discute-se o
direito)

b) Na fase de liquidação

As perícias desenvolvidas são as necessárias no sentido de trazer para os autos a


quantia de direito. (apura-se o quantun) que poderão ser :

- Liquidação por sentença - apuração do quanto é devido ao autor de acordo com o


determinado em parâmetros explícitos na própria sentença.

- Liquidação por arbitramento – exige do profissional poder criativo e domínio


profissional amplo e profundo, de modo que lhe permita construir premissas técnicas
plausíveis que suportem os critérios adotados na solução da controvérsia ou fixação de
valores. Sempre temos que suportar o resultado ou juízo técnico de forma coerente
com o que se postula na demanda.

- Perícia Contábil em liquidação por artigo - poderá envolver a aplicação de novo


exame e avaliação. Fatos novos provocarão a necessidade de examinar livros e
documentos. Feitos os exames, a perícia contábil desenvolve procedimento
avaliatório. Comum nas decisões trabalhistas ( art. 608 CPC).

Fases de um Processo Judicial:

Petição inicial: Peça escrita na qual o autor formula seu pedido a autoridade judiciária, expondo os fatos e sua
fundamentação legal contra o réu, dando início ao processo.

Citação: Ato processual pelo qual a autoridade judiciária competente dá conhecimento a pessoa contra a qual é
proposta ação ou que nela tem interesse.
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Contestação: Forma de resposta do réu, na qual este impugna a pretensão do autor formulada na petição inicial.

Audiência de Instrução e Julgamento: Ato solene e público, no qual o juiz instrui o feito e apura as provas,
ouvindo partes, testemunhas e peritos, assiste os debates orais e
profere sentença definitiva, depois, no prazo legal, por escrito ou
verbalmente.

Sentença: Decisão proferida por juiz competente que põe termo ao processo, julgando ou não o mérito da causa.

Recurso: Poder que se confere à parte vencida, ou a outrem, para invocar nova decisão judicial, de órgão
jurisdicional hierarquicamente superior ou obtenção de novo julgamento que revogue o anterior.

De acordo com o Art. 496 – CPC – São cabíveis os seguintes recursos:

I) Apelação: Recurso interposto junto ao juiz da causa, pela parte que se considera prejudicada por sentença
definitiva ou com força igual, proferida por juiz de instância inferior.

II) Agravo: Recurso que se interpõe à instância superior contra decisões proferidas no processo, visando seja
modificada ou reformada a decisão recorrida.

III) Embargos infringentes: Recurso cabível contra acordo proferido em apelação ou ação rescisória, se o
julgamento não foi unânime.

IV) Embargos de declaração: Pedido que se faz ao juiz ou tribunal para que esclareçam dubiedades,
contradições, obscuridades e omissões contidas na sentença, referindo-se o
pedido apenas a sua forma.

V) Recurso ordinário: Recurso interposto ao STF e ao STJ em matérias como “hábeas corpus”e o mandado de
segurança. É o meio pelo qual o vencido pode ter a anulação ou reformulação da
sentença.

VI) Recurso especial: Recurso interposto ao STJ nas causas decididas em única ou última instância da justiça
comum em matérias não constitucionais.

VII) Recurso extraordinário: Recurso interposto ao STJ nas causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida apresentar ofensa a Constituição Federal.

VIII) Embargos de divergência em resumo especial e em recurso extraordinário:


Os que se opõem no STJ ou STF contra decisão de Turma que diverge no julgamento de outra ou do
Plenário.
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QUADRO DE HIERARQUIA DA

JUSTIÇA ESTADUAL

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

TRIBUNAL DE JUSTIÇA COMUM

TRIBUNAL DE ALÇADA JUSTIÇA MILITAR

JUÍZES DE DIREITO CONSELHO DE JUSTIÇA MILITAR


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HIERARQUIA DA JUSTIÇA DA UNIÃO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

STJ TSE STM TST

TRF TRE TM TRT

JUÍZES JUÍZES JUÍZES


ELEITORAIS MILITARES JCJ
FEDERAIS

JUNTAS
ELEITORAIS
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1. Verificação de Absorção de Conhecimentos

Use o CPC e o CC, e, sempre que necessário embasar a resposta, cite e transcreva o artigo correspondente
para sua sustentação.

Questões:

1. Comente em termos gerais o que é a Perícia.

2. Qual o papel da prova e a quem cabe o ônus de apresentá-la?

3. Comente o que são: Fatos Jurídicos, Fatos Constitutivos, Fatos Extintivos, Fatos impeditivos e Fatos
Modificativos.

4. O que estatui o Art. 332 do CPC e onde se insere a perícia como meio de prova?

5. O que é Prova Pericial e quais os artigos do CPC que a disciplinam?

6. Quais o tipos de prova produzida com participação de perito? Exemplifique cada tipo.

7. Em que fases do processo é admitida a prova pericial?


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2 O PERITO JUDICIAL

Conceito geral: Perito, de acordo com a etimologia da palavra, significa: “o que é sabedor ou especialista em
determinado assunto”.

Na prática: É toda pessoa que, por seu reconhecido saber (técnico ou científico), ou por ter titularidade
acadêmica específica em determinado tema, se constitui em expert sobre o mesmo, após a prática
comprovada no mesmo.

Conceito específico: Perito Judicial é aquele que, reconhecido o seu saber, é chamado a prestar seus serviços de
expert em determinado assunto, por solicitação ou nomeação da Justiça.
É portanto um profissional habilitado (legal, cultural e intelectualmente) a exercer virtudes
morais e éticas com total compromisso com a verdade.

2.1. A ESCOLHA DO PERITO JUDICIAL

A quem cabe: A escolha do Perito ESTADO DE SANTA CATARINA


Judicial é privativa do PODER JUDICIÁRIO
Juiz de Direito
Autos nº
Presidente do Processo, Embargos
é função de confiança
do juiz. Não é lícito as Nomeio o perito o Sr. Manfredo Krieck, podendo ser
partes indicarem o encontrado junto a empresa Actus Auditores Independentes S/C.
perito do juiz, sob pena As partes deverão indicar, querendo, em 05 (cinco) dias,
da parte contrária alegar assistentes técnicos e apresentar quesitos.
a suspeição do perito. Intime-se o Sr. Perito para que apresente proposta de
honorários. Apresentada, intime-se os requerentes para depositá-los em
05 (cinco) dias.
Quando cabe: O momento da
Da data do depósito dos honorários, já tendo sido
nomeação apresentados quesitos e indicados assistentes, terá o perito 30 (trinta)
normalmente, se dá por dias para entrega do laudo. Somente após a entrega será permitido
ocasião do despacho levantar os valores.
saneador, ou seja,
quando o juiz considera Intime-se. Cumpra-se.
o processo em ordem e
decide sobre a Blumenau, ___ de ___________________ de 200X.
necessidade de produzir
JUIZ DE DIREITO
prova pericial.

Normativas: Esta matéria está RECEBIMENTO


disciplinada no art. 331 Foram-me entregues estes autos em ___/___/___
do CPC, que diz: “Se não A Escrivã _______________________________
se verificar nenhuma das
hipóteses previstas nas
seções precedentes, o juiz ao declarar saneado o processo: I - decidirá sobre a realização de
exame pericial, nomeando perito e facultando às partes a indicação dos respectivos assistentes
técnicos.”

O Art. 130 diz: “Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas
necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências inúteis ou meramente
protelatórias.”

O Art. 145 diz: “Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou científico, o juiz
será assistido por um perito, segundo o disposto no art. 421.”

O Art. 421. Diz: "0 juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a entrega do laudo."
(redação dada pela lei nº 8.455, de 24-08-92)."
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A Lei 8.455, de 24 de agosto de 1992, que modificou o art. 427, do Código de Processo Civil, fez
surgir a possibilidade da elaboração de pareceres técnicos contábeis que podem ser requisitados
pelas partes, de modo a instruir a propositura da ação ou da contestação. O art. 427 diz: “0 juiz
poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial e na contestação, apresentarem
sobre as questões de fato pareceres técnicos ou documentos elucidativos que considerar
suficientes.”

Neste caso, o magistrado pode aplicar o disposto no artigo 330, inciso II, CPC, que diz: "Art. 330.
O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença: I - quando a questão de mérito for
unicamente de direito, ou, sendo de direito e de fato, não houver necessidade de produzir prova
em audiência; II - quando ocorrer a revelia (art. 319).
O art. 319 diz: "Se o réu não contestar a ação, reputar-se-ão verdadeiros os fatos afirmados pelo
autor."

2.2. DEVERES DO PERITO JUDICIAL


ESTADO DE SANTA CATARINA
PODER JUDICIÁRIO
Conceito: O exercício da função pericial, seja
como perito do Juízo, seja como Comarca de Blumenau – SC
assistente técnico, envolve deveres e Terceira Vara Cível e Feitos da Fazenda
direitos que devem ser respeitados.
Blumenau, ___de __________de 200X.
Deveres: O dever de cumprir o prazo determinado Of. nr.
pelo magistrado previsto no art. 146 e Senhor Perito Nomeado,
433. O art. 146 diz: “O perito tem o
Pelo presente, a fim de instruir os autos de
dever de cumprir o ofício, no prazo que Embargos à Execução nr.________________, em que são
lhe assina a lei, empregando toda a sua partes, ____________________________________________
diligência; pode, todavia, escusar-se do ________________, informo que V.Senhoria foi nomeado
encargo, alegando motivo legítimo.” perito judicial nos autos supra mencionados, conforme
r.despacho de fls. 121, cuja cópia segue anexa, devendo
O dever de esclarecer a matéria técnica proceder da seguinte forma;
se requerido pelas partes e o de
comparecer em audiência é o que 1) Dizer em 05 (cinco) dias, se aceita o encargo, caso positivo,
determina o CPC no artigo 435 e apresentar proposta de honorários, através de requerimento a
este Juízo.
respectivo parágrafo único, que diz: "A
parte, que desejar esclarecimento do 2) Após depositados os honorários, em Juízo, será então
perito e do assistente técnico, requererá comunicado para que informe a data, local e hora para
ao juiz que mande intimá-lo a realização da perícia.
comparecer à audiência, formulando
desde logo as perguntas, sob a forma de 3) Deverá entregar laudo (resposta dos quesitos) no prazo de
quesitos.” 30 (trinta) dias, a partir da realização da perícia, oportunidade
em que terá o direito de levantar a quantia depositada.

Sem mais para o momento, reitero a Vossa


Prazos legais: O art. 433, que diz: "O perito
Senhoria, protestos de estima e consideração.
apresentará o laudo em cartório,
no prazo fixado pelo juiz, pelo Escrivã Judicial
menos vinte dias antes da
audiência de instrução e Ao
julgamento. (redação dada pela lei ILMO SENHOR
nº 8455/92). Parágrafo único. Os MANFREDO KRIECK
assistentes técnicos oferecerão mpm
seus pareceres no prazo comum de
dez dias após a apresentação do laudo, independentemente de intimação.”

Percebe-se, portanto, que pelo atual CPC, não há obrigatoriedade do perito realizar a perícia e
elaborar o laudo em conjunto com os assistentes técnicos, devendo estes ficarem atentos a
conclusão do trabalho e entrega do laudo.
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Perfil legal: O perito goza de fé pública, é lhe pois exigido que ofereça análise e opiniões técnicas no interesse
exclusivo da justiça, sendo sincero, leal e deve espelhar-se no magistrado e lembrar-se que é o
braço direito do juiz na função pericial e deve, por conseguinte ser reto, imparcial, sereno e
verdadeiro.

Qualidade do trabalho: Os requisitos essenciais para que uma perícia seja considerada de qualidade são
basicamente os seguintes: objetividade, precisão, clareza, fidelidade, concisão,
confiabilidade baseada em fatos materiais e pleno atendimento a sua finalidade.

Direito de recusa: O perito deve recusar sua nomeação ou indicação pelos motivos de impedimento e de
suspeição previstos no art. 138, inciso III, do CPC e item 2.6, da NBC-P-2. (os
impedimentos e a suspeição são tratados nos artigos 134 e 135 do CPC).

Sigilo: O perito deve ter o cuidado para não manifestar sua opinião às partes ou a seus representantes legais
durante as diligências, deixando para manifestá-las no laudo.

2.3. PENALIDADES DO PERITO JUDICIAL

Substituição: O art. 424 do CPC, diz: "O perito pode ser substituído quando: I - carecer de conhecimento
técnico ou científico; II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que lhe foi
assinado. Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a ocorrência à
corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor multa ao perito, fixada tendo em vista
o valor da causa e o possível prejuízo decorrente do atraso no processo.”

Penalização: O art. 147, do CPC, diz: "0 perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas,
responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado por dois (2) anos, a funcionar
em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.”

Dever de sigilo: O item 2.4 da NBC-P-2 diz: "0 perito contábil deve respeitar e assegurar o sigilo do que
apurar durante a execução de seu trabalho, não o divulgando em nenhuma circunstância,
salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo, dever que se mantém depois de entregue o
laudo ou terminados os compromissos assumidos.”

Dolo ou má fé do perito: Se for comprovado dolo ou má fé do perito, serão aplicadas a ele sanções de natureza
civil, criminal que resultarão em graves conseqüências de natureza material e ética.

3. HONORÁRIOS PERICIAIS

3.1. HONORÁRIOS PRÉVIOS

Normas: O Juiz, Presidente do processo, ao intimar o perito concede-lhe prazo para apresentação de proposta de
honorários e manifestação de aceitação ou não do encargo, que, normalmente, é de 5 dias, mas
também pode ser em prazo superior.

Aceito o encargo de realizar a perícia, o Perito deve formular seu pedido de honorários e pleitear o
depósito prévio.

Conteúdo: O pedido de honorários deve ser fundamentado, indicando o número de horas que o trabalho
demandará, as despesas de viagem se a perícia tiver que ser realizada em outra localidade (fora da
sede da Comarca) e a citação da tabela de referência de honorários periciais do órgão de classe.

A falta da apresentação de um planejamento detalhado do trabalho pericial, incluindo planilha de


custos justificada, é uma das principais dificuldades enfrentadas pelos juízes no arbitramento de
honorários de peritos judiciais.
14

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3º VARA CÍVEL E FEITOS DA FAZENDA DA


COMARCA DE BLUMENAU

MANFREDO KRIECK, brasileiro, casado, contador registrado no CRC-SC sob nª 4.324/O-4, residente e domiciliado
a Rua Itália, 65 em Blumenau-SC, infra assinado, tendo sido nomeado perito nos autos de EMBARGOS À
EXECUÇÃO Nª __________________(_____) em que são partes ________________________, vem a presença de
Vossa Excelência para expor o seguinte:

1. Que aceitamos o honroso encargo de realizar a perícia determinada nos autos.


2. Estima-se em 45 (quarenta e cinco) horas/homem o tempo a ser dispendido para a realização dos trabalhos periciais,
considerando o volume de operações a serem analisadas e o número de quesitos formulados nos autos.
3. Para permitir a confrontação e análise detalhada dos dados e informações requeridas nos quesitos formulados pelas
partes existe a necessidade de constar dos autos, todos os documentos comprobatórios da evolução das operações.
(demonstrativo anexo)
Pelas razões expostas REQUEREMOS:
1. Seja determinada a juntada nos autos:
a) cópia do extrato de conta corrente do ________________________;
b) cópia do cronograma físico – financeiro;
c) cópia do memorial descritivo do ____________________________;
d) cópia do contrato de financiamento;
e) cópia dos contratos de abertura de crédito e de adiantamento;
f) comprovante de repasse do numerário à ______________________.

2. Sejam arbitrados os honorários em R$ 3.150,00 (Três mil, cento e cincoenta reais), conforme demonstrativo (anexo
I).
3. A intimação dos autores para efetuar o depósito prévio dos honorários periciais.

Blumenau, _____ de _________________________ de 200X.

Nestes Termos
Pede Deferimento

______________________
Manfredo Krieck
CRC Nº SC-004.324/ O-4

DEMONSTRATIVO DA COMPOSIÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS ANEXO I

ESPECIFICAÇÃO DOS TRABALHOS HORAS TRABALHADAS


1. Compromisso e carga do processo 1,0
2. Análise dos autos 3,0
3. Diligências 5,0
4. Elaboração de planilhas e cálculos 8,0
5. Elaboração de cálculos 20,0
6. Reuniões com representantes das partes 4,0
7. Elaboração do laudo final 3,0
8. Revisão e entrega do laudo 1,0
TOTAL 45,0

HONORÁRIOS: 45 horas x R$ 70,00 = R$ 3.150,00 (Três mil, cento e cincoenta reais).

_____________________
Manfredo Krieck
CRC Nº SC-004.324/O-4
15

3.2. VINCULAÇAO DOS HONORÁRIOS PRÉVIOS

Norma: Os honorários prévios depositados pela parte em Juízo, ficarão vinculados ao órgão judicial até a
conclusão dos trabalhos periciais.

3.3. LEVANTAMENTO PARCIAL DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

Adiantamento: O Perito, quando a perícia implicar em dispêndios de locomoção para outras localidades para
sua realização, ou depender de contratação de auxiliares, pode peticionar ao Juiz requerendo o
levantamento parcial dos honorários previamente depositados para custear a perícia.
EXMO.SR.DR. JUIZ FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO
ESTADO DE SANTA CATARINA
3.4. LEVANTAMENTO TOTAL DOS
HONORÁRIOS PRÉVIOS
FULANO DE TAL, brasileiro, solteiro,
Norma: Concluída perícia, o Perito elabora engenheiro civil, residente à rua ABC, n. 123, nesta cidade de
uma petição ao Juiz pedindo a Florianópolis – SC, nomeado por V. Excia. como perito para a
juntada do laudo pericial ao avaliação provisória dos bens constantes do processo no 0000/80,
processo, oportunidade em que Classe V, vem mui respeitosamente requerer se digne determinar o
também pede o levantamento dos pagamento de seus honorários uma vez que o referido laudo foi
honorários prévios. entregue nesse juízo em data de 2X/1X/200X.

N. Termos
Conclusão: A perícia é considerada P. Deferimento
efetivamente concluída, após a
manifestação das partes e eventuais esclarecimentos ou correções por parte do Perito que forem
solicitados pelas partes ou pelo Juiz.

Remuneração: Os honorários podem, portanto, dependendo do critério do Juiz, serem liberados imediatamente
após a entrega do laudo, ou após a manifestação das partes, satisfeitos os esclarecimentos e
correções acima referidas, mediante emissão do competente Alvará Judicial.

ESTADO DE SANTA CATARINA


PODER JUDICIÁRIO
Comarca de Blumenau
3ª Vara Cível e Feitos da Fazenda

ALVARÁ JUDICIAL
Ação: Declaratória

O(A) Doutor(a) ______________________________, Juiz(a) de Direito,


AUTORIZA a pessoa abaixo indicada que, em cumprimento ao presente,
EFETUE o levantamento dos valores depositados na conta poupança judicial nº ______________, com as cominações
legais, na agência do BESC S/A, desta cidade, conforme decisão prolatada no processo acima descrito.
Beneficiário e Complemento
MANFREDO KRIECK, perito contável, A/C ACTUS AUDITORES INDEPENDENTES S/C, com endereço à Rua
Assunção, 43, Ponta Aguda, Blumenau, SC.
Eu, ________________, o digitei, e eu, ________________, Escrivã(o)
Designada (o), o conferi e subscrevi. Comarca de Blumenau (SC), 12 de Julho de 1999.

Juiz de Direito
16

3.5. HONORÁRIOS PROVISÓRIOS

Norma: Quando o Perito constatar que o trabalho é por demais complexo e ser difícil a estimativa dos
honorários previamente, pode pedir honorários prévios provisórios e ao concluir seus trabalhos
peticionar ao Juiz o arbitramento dos honorários definitivos, requerendo, na oportunidade a intimação
da ou das partes para efetivação do depósito complementar.

3.6. HONORÁRIOS A FINAL

Previsão: Existem situações em que o Perito nomeado é solicitado a realizar a perícia as suas expensas e receber
os honorários a final, quer dizer quando o processo for concluído, prática adotada pela Justiça do
Trabalho onde não existe a possibilidade de requerer honorários prévios a não ser em situações
especiais.

Na prática: Os honorários a final são comuns nos processos onde o autor não tem condições de arcar com o
ônus da perícia. Neste caso, se o autor for vencedor da demanda o réu arca com o custo dos
honorários que são incluídos na conta final em nome do Perito. Em caso de insucesso do autor o
Perito não receberá seus honorários.

Facultatividade: Não existe obrigatoriedade do Perito realizar a perícia sem depósito prévio, mas isto pode
fazer com que o Juiz deixe de nomeá-lo para outros trabalhos.

3.7. PARCELAMENTO DE HONORÁRIOS

Norma: É normal nas demandas onde a parte, que deve arcar com o ônus da perícia e não tiver condições de
efetuar o depósito prévio integralmente, ser concedido, pelo Juiz, ouvido o Perito, o parcelamento dos
honorários. Este parcelamento, normalmente é feito em duas ou três parcelas, sendo a primeira como
honorários prévios, a segunda na entrega do laudo e a terceira após 30 dias.

3.8. HONORÁRIOS PAGOS DIRETAMENTE AO PERITO PELA PARTE

Excludente: O Perito não deve aceitar receber os honorários periciais diretamente da parte, mas sim sempre
através de depósito judicial comprovado nos autos. O recebimento dos honorários direto da parte
pode abalar a credibilidade do Perito.

Norma: O Perito pode e deve requerer que os honorários finais sejam creditados diretamente em sua conta
bancária pela parte, mas com comprovação nos autos. Esta comprovação é feita pela parte mediante
petição dirigida ao Juiz comprovando a satisfação dos honorários periciais.

3.9. IMPUGNAÇÃO DE HONORÁRIOS

Quando: Surgem situações em que há impugnação do valor dos honorários periciais. Isto também ocorre, às
vezes, quando a parte que deve arcar com o ônus da perícia não tiver interesse na sua realização.
Na prática: Antes de decidir a questão o Juiz, normalmente, ouve o perito, devendo este reavaliar o seu pedido
retificá-lo, se for o caso, ou ratificá-lo. O pedido de honorários deve, portanto, ser elaborado com
muito zelo, com estudo do processo, avaliação do que efetivamente deve ser feito, a fim de que
possa em qualquer momento justificar seu pedido e não sofrer desgastes por ter feito uma proposta
sem os cuidados necessários.

3.10. GUIA DE RECOLHIMENTO DO JUDICIÁRIO – GRJ

Norma: O Poder Judiciário implantou uma sistemática de recolhimento de custas e valores judiciais através da
denominada GRJ - Guia de Recolhimento do Judiciário e é através desta guia que os honorários devem
ser depositados, ou na conta vinculada do órgão judicial, ou na conta do Perito, conforme o caso. Esta
guia será o comprovante da satisfação dos honorários no processo.
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Na prática: Os Juizes também tem aceitado o depósito diretamente em conta de poupança, vinculada ao Juízo
respectivo, nos casos de honorários prévios ou na conta bancária do Perito, nos casos de honorários
pagos após a conclusão da perícia. As normas do Tribunal, contudo, determinam que todo e
qualquer pagamento deve ser feito através da GRJ.

4. PLANO DE TRABALHO DO PERITO

Conceito: Plano de Trabalho em perícia contábil é a previsão, racionalmente organizada, para a execução das
tarefas, no sentido de garantir a qualidade dos serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião ou
resposta.(A Lopes de Sá)

Método: O plano de trabalho consiste em planejar, meticulosamente, o que deve ser pesquisado para produzir o
laudo, tendo portanto estreita relação com a proposta de honorários.

Etapas: O plano de trabalho deve, portanto, atentar as seguintes etapas:


- Total conhecimento da questão/processo.
- Total conhecimento de todos os fatos que motivam o trabalho.
- Identificação prévia dos recursos disponíveis para exame.
- Prazo/tempo destinado a execução das tarefas e entrega do laudo/parecer.
- Pleno acesso aos dados.
- Conhecimento amplo dos sistemas adotados e confiabilidade na documentação.
- Determinação dos apoios necessários.

Na prática: O mais prático é montar a estrutura do laudo pericial e na resposta dos quesitos colocar o que e
como deve ser efetuada a pesquisa, que livros devem ser consultados, que documentos devem ser
juntados, etc.

Esta cautela agilizará o trabalho e evitará que o perito efetue a pesquisa e depois tenha que refazê-la
por falta de dados.

Cuidados: O perito não pode errar, tem para isto que precaver-se de todos os meios a seu alcance. O erro do
perito pode levar a falsa prova e prejudicar um dos demandantes.

4.1. DOMÍNIO TÉCNICO DO OBJETO DA PERÍCIA

Norma: O perito quando tiver alguma dúvida técnica deve antes de efetuar a diligência (pesquisa) procurar
dominar a matéria objeto da perícia, nem que para isto busque auxílio de colegas e faça uma parceria
para executar o trabalho.

Prevenção: O que não deve fazer é dirigir-se ao estabelecimento para efetuar as diligências sem estar seguro do
que vai pesquisar e como vai fazê-lo, esta precaução é necessária para não perder a autoridade como
perito.

Preparo: Antes de iniciar os trabalhos o Perito deve estudar o processo para que domine a tese que está sendo
demandado, isto fará com que ao dirigir-se ao estabelecimento para efetuar as diligências mostre
autoridade sobre o assunto, o que lhe facilitará o trabalho.

4.2. DILIGÊNCIA

Conceito: É a fase do trabalho pericial que consiste em buscar os elementos necessários a produção do laudo
pericial.

Retirada dos autos: É feita diretamente em cartório mediante petição ou controle do próprio cartório. Há
situações onde o advogado retira os autos e os cede ao perito, em confiança.
18

5. O LAUDO PERICIAL

Conceitos: É a peça técnica, pela qual o Perito faz o seu pronunciamento dos fatos e eventos que foram
submetidos a sua apreciação, propiciando certeza jurídica quanto a matéria fática. É a peça técnica
pela qual comunica ao Juiz e as partes o resultado de seu trabalho.

Segundo Moacyr Amaral Santos, Laudo Pericial: “consiste na fiel exposição das operações e
ocorrências da diligência, com o parecer fundamentado sobre a matéria que lhe foi submetida.”

5.1. ESTRUTURA DE UM LAUDO PERICIAL

Conteúdo: O laudo pericial é um peça técnica que não segue um padrão rígido, a sua forma e estrutura
dependem muito da capacidade criativa do Perito, mas deve ter, no mínimo, a seguinte estrutura:

1. Identificação do Órgão de Justiça onde tramita o processo


2. O número do processo
3. O nome das partes
4. Considerações iniciais
5. Os quesitos formulados pelas partes e/ou Juiz
6. As respostas aos quesitos formulados
7. Conclusão do Perito

5.2. REQUISITOS DE UM LAUDO PERICIAL

Características: O Perito, ao escrever o laudo, precisa usar de todo seu poder de síntese, já que o laudo não deve
ser uma peça de leitura cansativa, deve ser didático e de visual agradável. As respostas aos
quesitos não devem ser lacônicas, mas sempre bem fundamentadas e alicerçadas em
documentos e/ou registros contábeis, evitando-se, desta forma, dúvidas na leitura.

Conclusividade: Não basta o Perito responder aos quesitos das partes, há necessidade que faça a sua conclusão.
A conclusão do Perito, não deve adentrar ao mérito da demanda, mas sim, fazer uma síntese do
que comprovou na perícia para facilitar o entendimento do laudo e do que está sendo
questionado e, trazer a luz informações atinentes a demanda mas que não foi abordado pelos
quesitos.

Complementaridade: Muitas vezes os quesitos não são suficientes para esclarecer, tecnicamente, a demanda,
devendo o Perito, em suas conclusões, prestar os esclarecimentos adicionais necessários,
sem, contudo, extrapolar sua pesquisa além do que está sendo questionado nos autos, ou
seja, deve manter seu trabalho circunscrito ao objeto da perícia.

Independência: O Perito é o auxiliar do Juiz, não podendo, por conseguinte, intimidar-se em oferecer a sua
conclusão técnica. Deve sempre ter em mente que a competência dele está adstrita ao
levantamento da verdade fática, que seu laudo transformará em verdade jurídica. O laudo pode
ser comparado a uma sentença, sempre levantará os fatos que, quase sempre, beneficiará
apenas uma das partes.
19

5.3. QUESITOS
Fulano de Tal, já qualificado
Conceito: Quesitos são indagações de natureza etc., etc., vem respeitosamente
técnica ou científica efetuadas pelas Partes à presença de Vossa
Excelência para apresentar os
e/ou pelo Magistrado a serem respondidos
quesitos abaixo para que o
pelo Perito com objetividade, justificação, ilustrado Perito os responda,
rigor tecnológico, precisão e clareza. para esclarecimento do
requerente, acerca do exato
valor de sua propriedade
5.3.1 QUESITOS IMPERTINENTES expropriada:

Conceito: São indagações efetuadas pelas partes, que QUESITOS:


abordam, geralmente, aspectos não
1.- Qual o valor total da área pertencente ao expropriado?
relacionados com a demanda judicial, ou
2.- Do valor total da área de propriedade do expropriado
então são perguntas que buscam do perito quais as partes atingidas pela desapropriação?
opinião fora de sua competência 3.- Dada a sua localização, sofre o imóvel processo de
profissional e/ou o induzem a adentrar ao intensa valorização?
mérito, para a qual não tem competência 4.- Existem construções, casas de comérco e residências na
legal. localidade, além de escolas, igrejas, bens públicos etc.?
5.- Qual o preço médio por metro quadrado na região?
Norma: O Perito não deve oferecer resposta aos 6.- Qual o preço médio por metro quadrado para uma casa
quesitos impertinentes, mesmo que tenha de madeira e também de alvenaria, na região?
7.- Qual o valor atual das obras civis, benfeitorias e culturas
capacidade profissional para fazê-lo. Se tiver
que existiam ou existem no terreno?
dúvidas em afirmar que determinado quesito 8.- Qual o valor total da indenização – TERRENO –
é manifestamente impertinente, deve dirigir- OBRAS CIVIS – BENFEITORIAS – CULTURAS, para
se ao magistrado, por escrito ou não, para que possa ser considerada justa, humana, capaz de satisfazer
que este o oriente sobre a questão. à aquisição de outra igual propriedade inclusive com todas
as benfeitorias?
Cuidado: O perito deve tomar muito cuidado ao
analisar os quesitos impertinentes, haja Nestes Termos
vista que um quesito pode ser impertinente
Pede Deferimento!
a ciência contábil, mas ser pertinente a
demanda. Quando o Perito, então pode, ou (assinaturas)
melhor deve, contratar um profissional
daquela área de conhecimento para respondê-lo, ou afirmar em seu laudo que aquele quesito não é de
competência do contador oferecer a resposta.

5.3.2 QUESITOS SUPLEMENTARES

Conceito: Quesitos suplementares (artigo 425 do CPC) são indagações efetuadas pelas partes e/ou pelo
Magistrado, no curso da diligência pericial, ou seja, enquanto a perícia não estiver concluída. Após a
conclusão da perícia não podem mais ser feitos quesitos suplementares mas apenas esclarecedores.

Complemento: Os quesitos suplementares, geralmente, são provocados pelo Assistente Técnico de uma das
partes, uma vez que este, quando acompanha de perto o trabalho pericial, pode constatar que os
quesitos formulados pelo seu cliente não esclarecem adequadamente determinada questão,
quando então sugere a quesitação suplementar.

5.4. LAUDO

5.4.1 CONSENSUAL

Conceito: Laudo consensual é aquele elaborado em conjunto com os Assistentes Técnicos, ou uma equipe de
peritos e assinado por todos sem ressalvas, ou seja, chegam a um consenso sobre a matéria objeto da
perícia.
20

5.4.2 DIVERGENTE (PARECER DISCORDANTE)

Conceito: Com o advento da Lei 8.455/92, surgiu o denominado parecer do Assistente Técnico, que pode ser
concordante com o laudo pericial ou discordante. Este parecer, contudo, nada mais é do que o laudo
do Assistente Técnico, onde demonstra e comprova os eventuais equívocos ocorridos no laudo do
perito e procura defender seu cliente. Este laudo é denominado de laudo discordante ou parecer
discordante.

5.4.3 INSUFICIENTE

Conceito: É aquele onde as opiniões não são satisfatoriamente esclarecedoras para quem requereu ou dele vai
necessitar como prova, neste caso é aconselhável outra perícia – neste caso a segunda perícia rege-se
pelas mesmas formalidades da primeira, não anulando esta.

5.5. ESCLARECIMENTOS SOBRE A PERÍCIA

Requerimento: CPC – “Art. 435. A parte, que desejar esclarecimento do perito e do assistente técnico,
requererá ao juiz que mande intimá-lo a comparecer à audiência, formulando desde logo as
perguntas, sob forma de quesitos.”

Prazo: “Parágrafo único. O perito e o assistente só estão obrigados a prestar os esclarecimentos a que se
refere este artigo, quando intimados cinco (5) dias antes da audiência.”

LEIS E DOUTRINAS - A lei permite, nesta oportunidade, quesitos elucidativos, destinados a esclarecer as
respostas dadas; não quesitos novos, sobre matéria não suscitada anteriormente (RT
649/135, JTA91/287).

Art. 452. As provas serão produzidas na audiência nesta ordem: 1 - O perito e os


assistentes técnicos responderão aos quesitos de esclarecimentos, requeridos no prazo
e na forma do art. 435.

Os esclarecimentos não podem ser prestados por precatória (RT 649/135, JTA
92/287).

RECOMENDAÇÕES PRÁTICAS - Sempre que o perito não estiver absolutamente seguro sobre o pedido de
esclarecimentos das partes, deve exigir o cumprimento do parágrafo único
do artigo 435, que lhe faculta silenciar se não foi intimado no prazo de 5
(cinco) dias antes da audiência.

Importante: O pedido de esclarecimento das partes deve sempre ser respondido por escrito para que não haja
insegurança do perito na audiência. Vale lembrar que os procuradores das partes estão
acostumados ao ambiente do judiciário (austeridade da sala de audiências com presença do juiz,
das partes e seus procuradores), o mesmo não acontecendo com o perito, que raramente é intimado
a comparecer às audiências, o que pode trazer-lhe desconforto e provocar insegurança das suas
respostas, razão pela qual deve sempre levar as respostas por escrito.

Como a perícia contábil tem que fundamentar seu trabalho em fatos, os esclarecimentos em
audiência são normalmente difíceis de serem atendidos, haja vista, que na maioria das vezes há
necessidade de nova pesquisa e averiguações.

Na maioria das vezes os esclarecimentos sobre o laudo é feito sob a forma de diligência, ou seja, o
juiz remete o processo com o laudo ao perito para que este se manifeste sobre as “impugnações
e/ou pedido de esclarecimentos das partes”.

Muitas vezes o perito no afã de ver-se livre do desconforto da audiência procura responder às
partes sem a necessária fundamentação, o que pode comprometer a sua imagem profissional.
21

Postura: O perito deve sempre ter em mente que: primeiro, a parte não beneficiada pelo laudo procurará
desacreditar seu trabalho, razão pela qual deve utilizar-se de toda formalidade que a lei lhe faculta
para prestar os esclarecimentos; segundo, da sua atuação na audiência dependerá as novas nomeações
para funcionar como perito. O Perito não deve ficar preocupado em provocar, se for o caso, uma nova
audiência, é melhor isto do que prejudicar-se profissionalmente, perante as partes que podem ser seus
futuros clientes e perante o juiz que o nomeará ou não para futuras perícias.

5.6. IMPUGNAÇÃO DE LAUDO PERICIAL

Quando: A impugnação de laudo pericial pode ocorrer por ter o Perito incorrido, efetivamente, em equívoco,
levantado pela parte que esse erro prejudica. Muitas vezes a impugnação ocorre, porque o laudo
demonstra a inexistência do direito de uma das partes. É normal o Juiz ouvir o Perito em qualquer
uma das situações acima, quando há a oportunidade de retificação e/ou ratificação do laudo pericial.

5.7. LAUDO FORA DO PRAZO

Norma: O Juiz, em observância ao artigo 427 do CPC estabelece o prazo em que o laudo deve ser entregue. O
Art. 433 (alterado pela Lei 8.455/92) estabelece: “o perito apresentará o laudo em cartório no prazo
fixado pelo juiz pelo menos vinte dias antes da audiência de instrução e julgamento.”

Condição: A entrega do laudo com atraso, contudo, não elimina seu poder de prova, conforme julgados de
nossos Tribunais, não pode ser obstada a juntada do laudo pericial nos autos, embora já decorrido o
prazo fixado pelo magistrado. Esclareça-se, contudo, que o seu poder de prova somente existirá se
juntado antes da realização da audiência de instrução e julgamento.

Penalidade por atraso: A entrega do laudo com atraso, pode, acarretar sérias penalidades ao Perito, tais como: I
- multa arbitrada pelo Juiz; II - comunicação ao órgão de classe.
22

2. Verificação de Absorção de Conhecimentos

1. Conceitue Perito Judicial.

2. Qual o artigo do CPC que prevê prova pericial e nomeação do perito?

3. Quem está investido do direito legal de nomear o perito judicial?

4. Cabe ao perito judicial recusar o encargo profissional a ele solicitado pelo juiz? Com base em que?

5. Cabe ao perito esclarecer em juízo sobre eventuais dúvidas, quando solicitado a fazê-lo sobre matéria
do seu conhecimento, comparecendo em audiência? Que art. do CPC embasa sua resposta?

6. Pode um perito judicial manifestar opinião às partes (ou a seus representantes), sobre a matéria em
questão, antes da emissão do seu laudo?

7. Cite os artigos e seus respectivos teores, no que tange a: (1) substituição do perito; (2) penalização do
perito por dolo ou culpa.

8. O que é “Laudo Pericial”?

9. Qual a estrutura básica do conteúdo de um laudo pericial?

10. Quais os requisitos de um laudo pericial?

11. O que significa “Quesito” e quais suas duas formas tipificadas? Ilustre sua resposta.

12. O que são: Laudo Consensual e Laudo Divergente (ou Discordante)?

13. Em que situações e quais os esclarecimentos que podem ser solicitados ao perito, após a emissão do seu
laudo? E qual o prazo legal da intimação antes da audiência de oitiva do perito e/ou assistente técnico?

14. Quando da solicitação de esclarecimentos ao perito (e/ou ao assistente técnico), estes devem responder
àqueles verbalmente ou por escrito? Fundamente sua resposta.

15. Pode haver impugnação do laudo pericial? Se pode, com base em que argumentos?

16. O perito deve fazer um Plano de Trabalho antes de iniciar a perícia solicitada? Se positivo, quais seus
principais passos (cite suscintamente).

17. Pode o perito, em caso de dúvidas técnicas (ou científicas), valer-se do auxílio de colegas para elucidar
essas dúvidas?

18. Qual o significado de “Diligência” em perícia?


23

6. PERÍCIAS CONTÁBEIS

6.1. INTRODUÇÃO

Contexto: Perícia contábil é um dos gêneros de prova pericial, ou seja, uma das provas técnicas à disposição das
pessoas físicas ou jurídicas, que serve como meio de prova de determinados fatos contábeis
controvertidos.

“É o exame hábil de alguma coisa realizada por perito, para determinado fim judicial ou
extrajudicial”.

Objetivo: “A perícia é pois, o exame hábil com objetivo de resolver questões contábeis, ordinariamente
originárias de controvérsias, dúvidas e de casos específicos determinados ou previstos em lei”
(Reinaldo de Souza Gonçalves).

Aplicação: A perícia contábil, além de ser de aplicação usual na solução de controvérsia é aplicação obrigatória
em determinados casos como Processos judiciais que demandam apuração de haveres.

Característica: A Perícia contábil se caracteriza como incumbência atribuída a contador, para examinar
determinada matéria patrimonial, administrativa e de técnica contábil e asseverar seu estado
circunstancial.

6.1.1. PERÍCIA X AUDITORIA

Comparativos: São as duas especializações da ciência da Contabilidade, exigindo por isso mesmo, uma
diversificada gama de conhecimentos por parte dos profissionais, conhecimentos esses que
estejam acima da média dos demais.

Embora haja alguma semelhança nos procedimentos, a auditoria e a perícia são bem diferentes
quanto aos seus objetivos e finalidades.

Finalidades distintas: A auditoria tem por finalidade principal a Certificação dos Registros Contábeis quanto a
sua veracidade, expondo os resultados a que chegou em RELATÓRIO DE
AUDITORIA.

A finalidade da Perícia , no entanto é Segundo A. LOPES DE SÁ1, Laudo Pericial


buscar a verdade dos fatos a serem é: "É o julgamento ou Pronunciamento,
comprovados. Seus resultados são baseado nos conhecimentos que tem o
expresso através de um LAUDO profissional da contabilidade, em face de
PERICIAL. eventos ou fatos que são submetidos a sua
apreciação.”

6.2. A PERÍCIA CONTÁBIL

Conceito formal: “A perícia contábil é o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de
laudo sobre questões contábeis, mediante exame, vistoria, indagação, investigação,
arbitramento, avaliação ou certificação.” (Resolução nº 858 de 21.10.99 do CFC).

6.3. O PERITO CONTÁBIL

Atuação: O exercício profissional de perito contábil pode realizar-se sob duas formas: a primeira quando o
profissional é nomeado perito do juízo pelo magistrado e a segunda quando é indicado como
assistente técnico de uma das partes.

Atribuição exclusiva: A função de Perito Contábil é privativa de bacharel em ciências contábeis e dos
equiparados legalmente (antigos guarda-livros, equiparados a contadores).
24

Base legal
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
da
atribuição: Anteriormente a vigência do Decreto Lei nº RECURSO ESPECIAL NO 5.302 – SÃO PAULO (90.0009666-9)
9.295/46, a matéria era disciplinada pelo RELATOR: MINISTRO EDUARDO RIBEIRO
Artigo 72 do Decreto nº 20.158, de 30 de RECORRENTE: H T MENEZES E CIA/LTDA/E OUTROS
junho de 1931, dispunha: “Somente os RECORRIDO: BANERJ – BANCO DE INVESTIMENTOS S/A

peritos-contadores e os contadores que


tiverem os seus diplomas, títulos ou
atestados registrados na Superintendência EMENTA: Perícia contábil – Artigos 145
do Ensino Comercial, e bem assim para § 1o do C.P.C. e 26 do Decreto-lei
9.295/46.
balanços e exames em falências e A perícia contábil deverá ser feita por
concordatas.” profissional de nível superior, qualidade que
não tem o técnico em contabilidade.
A contar de maio de 1946, a matéria é Igualmente não está legalmente
habilitado para essa tarefa o administrador.
disciplinada pela letra "c" do artigo 25 do
Decreto-lei nº 9.295, maio de 1946, que
VOTO
dispõe: "perícias judiciais ou
extrajudiciais, revisão de balanços e de O SR. MINISTRO EDUARDO RIBEIRO: -
contas em geral, verificação de haveres, Está a questão em saber se a perícia foi realizada por pessoa
revisão permanente ou periódica de legalmente habilitada, tendo em vista o disposto no artigo
escritas, regulações judiciais ou 145 § 1o do Código de Processo Civil. Aí se estabelece
extrajudiciais de avarias grossas ou devam os peritos ser escolhidos entre profissionais de nível
comuns, assistência aos Conselhos Fiscais universitário, incscritos no órgão de classe competente.
das sociedades anônimas e quaisquer Obviamente, e resulta, aliás, do disposto no § 2o do mesmo
artigo, não será qualquer profissional, com formação
outras atribuições de natureza técnica superior, que poderá oficiar, mas o da área de especialização
conferidas por lei aos profissionais da pertinente.
contabilidade.” Trata-se, no caso em exame, de perícia, tendente a
verificar a correção de lançamentos, para apurar a existência
O art. 26 do mesmo Decreto diz: "salvo de saldo. O acórdão entendeu que não houve propriamente
direitos adquiridos ex-vi do disposto no perícia contábil, e que o trabalho do perito “se resumiu em
artigo 2º do Decreto nº 21.033, de 08 de respostas ao quesitos formulados pelas partes tendo por base
fevereiro de 1932, as atribuições definidas extratos de movimentação bancária, apontando quais os
valores pagos e qual o saldo devedor em aberto; não houve a
na alínea c do artigo anterior são
perícia contábil que o agravante quer atribuir ao trabalho
privativas dos contadores diplomados e realizado.”
daqueles que lhes são equiparados, Difícil de aceitar-se, data venia, a distinção
legalmente.” acolhida pelo julgado. Parece-me claro que se trata
exatamente de perícia contábil. E o técnico em
O Decreto nº 20.158, de 30 de junho de contabilidade, não tendo nível superior, não a poderia
1931, já disciplinava, em seu artigo 72, a efetuar, conclusão que se reforça com a leitura do disposto
função pericial contábil, quando no artigo 26 do Decreto-lei 9.295/46, que r eserva aos
determinava: “somente os peritos- contadores diplomados a realização de perícias judiciais.
Certo que o experto tem o título de administrador,
contadores e os contadores que tiverem os
estando inscrito no Conselho Regional de Administração.
seus diplomas, títulos ou atestados Entretanto, não se incluem, na atividade profissional desse,
registrados na Superintendência do Ensino as perícias da natureza de que se cogita nos autos. Nem
Comercial poderão ser nomeados ex- outra coisa se haverá de concluir da consulta do artigo 3o do
offício, pelos juizes, para os exames de Decreto 61.934/67.
livros exigidos pelo Código Comercial, e Salientou o MM Juiz que não houve oportuna
bem assim para balanços e exames em impugnação, por parte da agravante, que só a apresentou
falências e concordatas.” após oferecido o laudo desfavorável. Incidiria o disposto no
artigo 245 do Código de Processo Civil. Assim não entendo.
Aplica-se o contido no parágrafo único do mesmo artigo.
O Conselho Federal de Contabilidade na
Colocou-se, por fim, em relevo, que de há muito
Resolução CFC nº 107, de 13 de dezembro vem o perito prestando relevantes serviços à Justiça,
de 1958, assim dispôs: “6. Apuração de gozando de grande confiança por parte do magistrado que o
haveres em virtude de entrada, retirada, nomeou. Infelizmente, entretanto, não se pode afastar a
exclusão e falecimento de sócios, quotistas necessidade da habilitação legal para a tarefa. E esta ele não
ou acionistas: liqüidação, falência e a tem.
concordata de quaisquer entidades, Conheço do recurso, pela letra “a”, e dou-lhe
inclusive a liquidação extrajudicial de provimento, já que contrariado o disposto no artigo 145 § 1o
estabelecimentos bancários ou de qualquer do C.P.C., anulando-se a perícia feita.
(assinatura do Ministro)
outro tipo.”
25

Este dispositivo pode ser correlacionado com os artigos 381, 993 e 1003, do CPC, dispõem:
“Art. 381. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibição integral dos livros
comerciais e dos documentos do arquivo.” “Art. 993. Parágrafo único: o juiz determinará que
se proceda: I - ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era comerciante em nome
individual; II - a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade que não
anônima. “Art. 1003. Parágrafo único: No caso previsto no artigo 993, parágrafo único, o juiz
nomeará um contador para levantar o balanço ou apurar os haveres.”

O Decreto-Lei nº 7.661, de 21 de junho de 1945, diz: “Art. 63 Cumpre ao síndico:... V- designar,


comunicando ao juiz, perito contador, para proceder ao exame da escrituração do falido, e ao
qual caberá fornecer os extratos necessários à verificação dos créditos, bem como apresentar,
em 2 (duas) vias, o laudo do exame procedido na contabilidade.” “Art. 169. Ao comissário
incumbe:... VI - designar perito contador, para os trabalhos referidos no art. 63, nº V ...”

Norma legal vigente: Atualmente o Conselho Federal de Contabilidade disciplina a perícia contábil através da
NBC-T-13 e normas profissionais de perito contábil através da NBC-P-2, aprovadas pelas
Resoluções 857 e 858, ambas de 21 de outubro de 1999.

6.3.1 A PERÍCIA CONTÁBIL NO PROCESSO DE FALÊNCIAS E CONCORDATAS

Na prática: Em processos que versam sobre falências e concordatas, o julgador apela para as perícias contábeis
como embasamento para seus julgados. Tal prática tem fulcro na previsão contida na Lei no 7.661,
de 21 de junho de 1945 e suas alterações posteriores, cujos teores reforçam o uso do contador como
expert para ditas perícias.

6.3.1.1 Falência
Sá destaca, ainda, as seguintes fontes de
Conceito: De acordo com Lopes de Sá (1997:142), a falência é insolvência: “problemas de desvio e ocultação de
decorrente de um estado de insolvência ou total bens, simulações de dívidas, administrações
incapacidade do empresário em pagar suas ruinosas por incompetência, administrações
obrigações. Tal situação de incapacidade tem propositadamente feitas para prejudicar sócio ou
variadas fontes, dentre elas se destacando a intenção terceiros, locupletamento ilícito, em suma, causas
de fraude contra terceiros. de força maor, fortuitas, propositadas, etc.”.

Quem pode requerer: qualquer credor, independentemente de sua qualificação (pessoa física ou jurídica), desde
que possuidor de garantias reais, penhor, hipoteca; e os possuidores de crédito
privilegiado (o fisco e os empregados da empresa).

Processo de Falência solicitado por Credor (com base em Lopes de Sá, 1997:145)

Título de
Crédito
Petição
Protesto Crédito da
Procuração Junta Comercial
Sentença
Transitada

Juiz da Jurisdição

Credor Nomeação
Dois Peritos

Escrita do Escrita do
Devedor Credor
Laudo Pericial
26

Quem escolhe o Perito Contador: Dentre outras tantas atribuições, cabe ao Síndico a escolha pelo Perito
Contador, embora deva manter-se, sempre, o princípio da confiança do
juiz no Perito escolhido (como é a praxe em todos os casos de escolha do
Perito).

Origens dos créditos: O Perito Contador, nos casos de falência promovida por credores, deverá analisar a
veracidade dos créditos, sua escrituração, os documentos vinculados aos registros, e
datas (de emissão e vencimento). Alguns fatores que originam créditos, segundo Sá
(1997:144):

“Créditos operacionais
• venda de mercadorias
• venda de equipamentos
• venda de serviços
• venda de imobilizações utilizadas
• venda de direitos de produção, etc.
Financiamentos
• empréstimos a curto prazo
• empréstimos a longo prazo hipotecários
• arrendamentos mercantis
• debêntures
• empréstimos mediante cauções de títulos
• suprimento de caixa ou para fornecimento de materiais
• suprimentos por conta de aumento de capital, etc.”

Autofalência: Quando solicitada pelo devedor, situação em que também o Perito Contador possui essencial
importância, principalmente na constatação de crime falimentar. De acordo com Lopes de Sá
(1997:146), são os seguintes os documentos a serem juntados pelo devedor, nestes casos:

“a petição inicial é assinada pelo devedor, acompanhada de balanço, discriminativo


(exceto as dívidas prescritas), avaliações e uma relação nominal bem discriminada
dos credores (nomes, endereços, natureza dos títulos, vencimentos, etc.) mais o
contrato social e a ata da assembléia dos sócios que determinou a decisão; neste ato,
o devedor também deixa em cartório seus livros contábeis obrigatórios, que ficarão à
disposição do síndico que vai o juiz nomear para a fase seguinte à decretação da
falência e que é a da administração da massa falida, em que, então, vai, logo de
início, necessitar de uma perícia ampla sobre tudo o que existe e que se pode
efetivamente dispor.”

6.3.1.2 Concordata

Conceito: “é um processo pelo qual um comerciante ajusta com seus credores o modo de pagaar-lhes o que
lhes deve, quando não há condições para efetuar os pagamentos como anteriormente havia sido
convencionado” (Ramalho, 1993:263).

Uso da Perícia Contábil: De acordo com Ornelas (1992:07), dentre as atividades que podem ser executadas
pelo Perito Contador (por designação do comissário/síndico da concordata), podem
ser listadas as seguintes:

“certificar o efetivo montante dos créditos declarados, porventura


impugnados, oferecendo com base na escrituração do Concordatário,
extrato de conta de cada crédito impugnado, indicando e esclarecendo os
motivos das divergências, de modo que o Comissário e o Concordatário
possam se pronunciar;
assistir tecnicamente o Comissário, desde que por este solicitado;
examinar a escrituração do Comissário, quanto à sua atualização e no que
se refere aos registros mercantis da produção, vendas, compras e despesas;
opinar sobre a correta elaboração da demonstração de receita e despesa
mensal de responsabilidade do comissário prevista no inciso IV, artigo 169,
27

com a redação dada pela Lei no 4.983, de 18 de maio de 1966.


Poderá também atender a solicitações específicas do Comissário, da
Curadoria Fiscal de Massas Falidas ou do MM. Juiz do feito.”

Laudo Contábil na Concordata: De acordo com Coimbra (1979:78), o perito, ao elaborar o laudo contábil,
“deverá fazê-lo o mais circunstanciado possível, demonstrando, afinal, se a
concordatária possui ou não condições patrimoniais e econômico-
financeiras que lhe proporcionem os meios necessários para cumprir a
promessa feita a seus credores. [...] Deverá apresentar a posição econômico-
financeira e patrimonial, com os respectivos índices de liquidez, sem levar
em conta o valor global do seu ativo imobilizado, pois grande parte dele, ou
mesmo a sua totalidade, é composta de bens imprescindíveis às atividades
industriais e comerciais da concordatária”.

6.3.2 OUTRAS APLICAÇÕES DA PERÍCIA CONTÁBIL

6.3.2.1 Alimentos (Ação Ordinária)

Deriva da necessidade da apuração de haveres de cônjuge ouU responsável pela manutenção de


dependentes.

O perito fará a averiguação de posse material ou patrimonial, visando mensurar uma pensão.que será-
atribuída.

6.3.2.2 Apuração de Haveres

Pode ocorrer em razão de morte de sócio, morte de mulher de sócio, dissolução de sociedade, em suma,
nos casos em que se torna necessário apurar os direitos” de alguém em uma massa patrimonial.

Pode se dar, também, quando um sócio se retira ou é expulso da sociedade ou tem outros direitos
decorrentes de amortização de suas quotas de capital ou ações.

A ação do perito é complexa e não se limita apenas às contas do sócio mas também as da sociedade em
seu comportamento comparativo e prospectivo.

6.3.2.3 Avaliação de Patrimônio Incorporado

A avaliação de incorporação pode ser questionada.

Nas ações que visam discutir o prejuízo da minoria sobre uma incorporação, cujos valores são
contestáveis, discutíveis, o perito deve começar pelo valor da escrita, pelo valor do critério empregado para
avaliar bens patrimoniais.

6.3.2.4 Busca e Apreensão

O juiz pode determinar a “Busca e Apreensão”, como exemplificado nos seguintes casos:

• Violação de estatuto.
• Liberalidades excessivas.
• Suspeitas de irregularidade.
• Ausência prolongada de distribuição de resultados.
• Avaliação de bens.

Cabe ao perito examinar a irregularidade ou suspeita indicada; e se necessário, ampliar seus trabalhos
de modo a conhecer as razões e realizar exames de balanços de empresas congêneres da mesma praça.
28

6.3.2.5 Consignação em Pagamento

A ação de consignação de pagamento é um “procedimento especial” e consiste em que o devedor ou um


terceiro possa requerer com efeito de a amento a consignação da quantia, ou da coisa devida. O papel do perito
é a verificação do cumprimento da consignação e sob que condições isto foi feito, no interesse da parte
reclamante.

6.3.2.6 Cominação de Pena Pecuniária

Quando o autor de uma causa pede a condenação de uma pessoa a abster-se de algum ato, ou tolerar
uma atividade, ou a prestar fato que não pode ser realizado por terceiro, pode fazer constar da petição inicial a
“cominação de pena pecuniária”, caso não venha a cumprir a sentença exarada.

O perito tem que dar relevância aos fatos tanto do réu como do autor, partindo de pesquisas distintas,
uma vez que essa matéria comporta contestação.

6.3.2.7 Cambiais – Ações Cambiárias – Notas Promissórias

Embora as notas promissórias sejam consideradas como um autêntico “contrato aberto”, onde
dificilmente se discute a causa debendi, ou seja, a origem da dívida, elas são geradoras de perícias contábeis.
Como a prova testemunhal não é aceita para a prova da dívida, apela-se para outro tipo de prova, em que,
naturalmente, a perícia tem seu campo de importância.

6.3.2.8 Compensação de Créditos

É estabelecido pelo Código Civil Brasileiro que se duas pessoas forem, ao mesmo tempo, devedor e
credor uma da outra. as duas obrigações extinguem-se até que se compensem. Esta lei motiva, discussões e
ensejam perícias para que se estabeleçam as provas da possibilidade, da justiça ou da irregularidade de
compensações pretendidas.

Tais perícias envolvem muitos aspectos particulares quanto às formalidades e possibilidades de fraudes
e abusos de diversas naturezas.

6.3.2.9 Consignação e Depósito para Pagamento

Questões em juízo motivam perícias freqüentes sobre os pagamentos feitos por “consignação”, ou
“entrega de valores para garantir pagamentos”. Isto porque, se feito legalmente, o depósito extingue a obrigação.
As perícias exigem do perito não só o exame da conta e do valor depositado, mas também de todas as
formalidades pertinentes e estabelecidas em lei claramente.

6.3.2.10 Desapropriação de Bens

A lei regula os casos em que a desapropriação é autorizada.

A desapropriação pode, por exemplo, atingir imóveis comerciais, “em prosperidade”, como também
imóveis muito valorizados que, como investimento em fábrica ou loja, se tornam inadequados para fornecer uma
taxa de retorno do capital condizente com o tipo de mercadoria ou produto que representa sua atividade.

O perito, com sua capacidade de trabalho, tem condições de realizar estudo sobre as questões.
29

6.3.2.11 Dissolução de Sociedade

A dissolução de uma sociedade ocorre de acordo com o previsto em lei e a mesma pode dar-se
automaticamente ou pode ser requerida.

O trabalho pericial exerce uma função importante, principalmente em dois aspectos:

• Levantamento competente para que possa passar pela dissolução e liquidação:


• Argumentação que se apresenta para requerer-se a dissolução (geralmente, provando a
inviabilidade da manutenção).

6.3.2.12 Exclusão de Sócio

Quando um sócio sai da sociedade por interesse dos demais, precisa ressarcir-se do que lhe é impedido,
mesmo que tenha contribuído para o impedimento.

Nesse caso ocorre a apuração de haveres e pode, também, incluir cálculos de fundo de comércio
imaterial, se provada que a exclusão beneficia mais aos remanescentes.

Ao perito cabe avaliar a “quota” do sócio expulso, com o rigor necessário.

Pode ocorrer, também, do próprio sócio acautelar-se e requerer a produção antecipada por exibição de
meios que levem à avaliação de sua parte, antes que os fatos amadureçam e a escrita possa ser preparada para
prejudicá-lo na exclusão.

Há casos em que a sociedade exclui apoiada apenas em suposta omissão e desinteresse do sócio, mas
nem sempre os Tribunais aceitam e dão provimento a pedido de anulação de assembléia onde se deu a exclusão.

Os efeitos sobre a riqueza são medidas que só a Contabilidade, com segurança, pode oferecer meios de
prova e, por isso, a perícia se torna imprescindível.

6.3.2.13 Embargos de Impedimento de Consumação de Alienação

A perícia pode ser requerida para impor embargo à alienação de bens, para que não se consumem as
vendas em prejuízo, especialmente em processos falimentares.

O objetivo é comprovar o evento e seus danos através de exame contábil. É possível detectar,
contabilmente, todas as ocorrências, a partir de exames de valores (preços) e de funções dos bens como garantia
ou uso adequado.

6.3.2.14 Estima de Bens Penhorados

O patrimônio empresarial é objeto de estudos e da especialização do contador e, portanto, esse é o


profissional mais habilitado para o exame de avaliação pericial.

A penhora pode recair sobre estabelecimento e tantos bens quanto necessário para garantir o pagamento
de dívida. Um avaliador comum provavelmente não terá a competência necessária para determinar avaliações
patrimoniais que demandam conhecimentos específicos de Contabilidade.

Ao perito, conhecedor da ciência patrimonial, conhecedor dos objetos que se visa alcançar com sua
tarefa, deve esclarecer, de forma enfática, o “critério de avaliação” e quais as restrições que podem ser opostas
aos diversos aspectos do mesmo valor.
30

6.3.2.15 Exibição de Livros e Documentos

A ação cautelar para o produção de provas, baseada na exibição de livros e documentos é um vigoroso
meio auxiliar encontrado no trabalho do perito contábil.

O requerimento de exame de livros e documentos pode visar a produção de “prova antecipada” ou para
convencer-se sobre dúvidas que um sócio possui. Cabe esclarecer que, todo sócio, mesmo minoritário (a partir de
5% de participação no capital social), tem direito a exigir a exibição de livros e documentos que comprovam os
registros contábeis.

A exibição dos livros pode também ocorrer para provar negócios realizados, fornecimentos, liquidez,
certeza de créditos, legitimação de falência, entre outras necessidades.

6.3.2.16 Extravio e Dissipação de Bens

A conservação de um bem é direito que se protege legalmente e a possibilidade de extravio ou


dissipação pode ensejar pedido de “arrolamento” ou “listagem” por “inventário” ou “verificação de existência”.
Quem requer, precisa provar:

• seu direito nos bens:


• os motivos do receio de extravio ou dissipação.

O papel do perito é a verificação de todos os aspectos, recebendo, para tanto, a proteção necessária e
devendo garantir-se de que não ocorrerão riscos durante o processo de levantamento, sugerindo, posteriormente,
medidas de conservação necessárias e advertindo sobre os riscos que estão ameaçando os bens.

6.3.2.17 Falta de Entrega de Mercadorias

A falta de cumprimento do fornecedor pode gerar causa ou ação ordinária para compelir ao
cumprimento do prometido.

As prerrogativas do comprador podem gerar processos na Justiça, sendo a perícia necessária para
comprovar toda a transação e, geralmente, para calcular as perdas decorrentes.

6.3.2.18 Fundo de Comércio

É um valor “imaterial” ou de “ágio”, fundamentado na capacidade de lucros de uma empresa, mas de


lucros que se espera obter. Não se trata de “avaliar a empresa”, mas de determinar “seu maior valor sobre o
patrimônio”. Esse maior valor é o de expectativa de lucros.

O perito convocado ou designado deverá induzir uma fórmula de cálculo a partir dos fatores que devem
ser considerados como componentes do valor imaterial de um capital e que lhe garante lucros futuros.

Trata-se de um trabalho pericial delicado, uma vez que visa a produção de provas onde tudo repousa no
campo da prospecção.

6.3.2.19 Impugnação de Créditos Fiscais

Em tese, uma autuação fiscal deriva de um trabalho de verificação contábil, mas nem sempre tal
verificação está fundamentada em critérios que a própria lei determina.

Os quesitos de uma perícia, neste caso, devem ser orientados no sentido de contestar e buscar anular as
conclusões que motivaram as notificações de lançamentos.
31

6.3.2.20 Indenização por Danos

A perícia é aceita, em juízo, como prova nas ações que reclamam indenização pertinente das mesmas.

A natureza do dano deve orientar o perito sobre a metodologia do exame.

A causa do dano enseja a análise dos efeitos e estes a mensuração das indenizações, objetos básicos de
um laudo pericial em tais questões.

6.3.2.21 Inventários na Sucessão Hereditária

A perícia é aplicada nos levantamentos de haveres partilháveis. por efeito de morte de sócio ou de
titular de firma individual. A partilha pode ocorrer com normalidade ou gerar litígios.

6.3.2.22 Inquérito Judicial para Efeitos Penais

São objetos de perícias contábeis os atos delituosos, notadamente as fraudes contra o patrimônio.

As perícias são realizadas para formar prova, em processo de natureza penal, para apurar
responsabilidades sobre danos a serem ressarcidos.

6.3.2.23 Liquidação de Empresas

Trata-se do procedimento para “liquifazer” o Ativo, de modo a pagar-se o “passivo” e o “patrimônio


líquido”, aquele a terceiros, este aos sócios.

Na liquidação, quando evocados direitos em juízo, quer contra o liquidante, quer de herdeiros de sócio
falecido contra os demais sócios ou a própria sociedade, quer por terceiros que se sentem prejudicados pela
formação de liquidação, ocorre freqüentemente, a necessidade da perícia.

O método a ser adotado na perícia das liquidações depende do tipo de prova que se quer produzir e se o
interesse é do credor ou dos sócios ou seus herdeiros.

6.3.2.24 Lucros Cessantes

Perícias de alta qualidade técnica são necessárias quando as questões judiciais envolvem a indenização
por lucros que uma pessoa deixa de ter, em razão de impedimentos que outra lhe impôs.

Os lucros cessantes podem ser gerados por ação do Poder Público, por ações de outras empresas
fornecedoras ou clientes, por ação de uma associada e, principalmente em ressarcimento de seguros específicos,
na ocorrência de sinistro.

A perícia precisa provar “o que se deixou de ganhar em determinado tempo em razão de um ou mais
atos praticados por terceiros e que infringiram tais danos”.

6.3.2.25 Medidas Cautelares

Nas medidas cautelares a metodologia da perícia contábil deve seguir o interesse de verificar qual o
direito ameaçado ou qual o receio de lesão a direito que tem o postulante.

A perícia pode ser requerida para produzir provas.


32

Muitas são as medidas e também as perícias em matéria sobre:

• alimentos provisionais
• arrolamentos de bens
• busca e apreensão
• caução real ou fidejussória
• homologação de penhor legal
• protesto e apreensão de títulos
• seqüestro
• etc.

6.3.2.26 Medidas Coercitivas

Quando partes competentes elegem alguém (também capaz) para decidir sobre questões de natureza
patrimonial (e só sobre elas), dá-se o poder de um Juiz Togado a uma pessoa — nisto consiste a medida
coercitiva do Juízo Arbitral. Nesse caso, a perícia se rege pela forma normal de produção de prova.

6.3.2.27 Prestação de Contas

A ação de Prestação de contas é proposta quando alguém tem o direito de exigir que outrem lhe preste
contas, porque tem o direito assegurado de exigi-las, e tal prestação não ocorre, ou ocorre com defeitos e
simulações.

O perito contábil é necessário para a “produção de provas”, diante da exibição ou apresentação das
contas.

6.3.2.28 Ação Rescisória

Quando a rescisão contratual provoca danos, a perícia é fundamental para a apuração dos mesmos.

6.3.2.29 Perícia Contábil Na Justiça Do Trabalho

6.3.2.29.1. Introdução:

Em aspectos gerais, a perícia contábil na Justiça do Trabalho se assemelha com outros tipos de perícia.
Em relação à operacionalização da Justiça do Trabalho, além de se levar em consideração que cada caso é um
caso e exige técnicas e procedimentos diferenciados, é o aspecto dos honorários periciais que recebem o
tratamento diferenciado em relação às outras Justiças, como veremos mais adiante.

As reclamações que são postuladas nas escritas das empresas, normalmente são vinculadas aos registros do
empregado, salários e direitos inerentes às relações trabalhistas. Este é um grande campo de atuação pericial,
embora, em geral, sejam perícias relativamente simples.

6.3.2.29.2. Habilitação:

O perito contábil, como discorremos, na esfera judiciária é um profissional de confiança do magistrado, portanto,
a este compete a sua nomeação nos autos, necessário assim, como condicionante, que o mesmo esteja habilitado
para tanto.

O profissional para ser nomeado pelo juízo, nas Juntas de Conciliação e Julgamento, necessita encaminhar seu
currículo à Secretaria, na pessoa do seu diretor, que o arquiva em uma pasta, e a coloca a disposição do
magistrado, o qual quando da necessidade da prova pericial escolhe o profissional de sua confiança nesta.

Necessário expor que formalmente, tal procedimento bastaria para o profissional ser nomeado e começar a
realizar a atividade pericial, entretanto, na prática é muito difícil o Juiz nomear um profissional sem conhecer o
seu trabalho. Este ciclo inicial na Justiça de Trabalho é muito difícil de ser superado. Assim, ao iniciante cabe,
em primeiro lugar, ter calma e paciência, e esperar uma oportunidade de mostrar o seu trabalho, o que pode ser
abrandado mediante o exercício de atividades que o tornariam mais conhecido, como a de assistente técnico, por
exemplo.
33

6.3.2.29.3. Conhecimentos Específicos:

O perito contábil necessita estar sempre em constante atualização do seu saber e, para responder os quesitos
formulados ou então elaborar os cálculos de liquidação deve, ainda, possuir conhecimentos mais específicos
sobre os seguintes assuntos:

a) Consolidação das Leis do Trabalho;


b) Legislação Complementar;
c) Súmulas do Supremo Tribunal Federal;
d) Enunciados do Tribunal Superior do Trabalho;
e) Enunciados do Tribunal Regional do Trabalho da Região em que estiver atuando;
f) Documentação em poder das empresas, em especial, as relacionadas com o Departamento de
Contabilidade e de Recursos Humanos.

Destes assuntos citados, destacam-se os seguintes documentos:

a) Folhas ou Recibos de Pagamento;


b) Controles de Horários (Cartões-Ponto, Guias Diárias, etc.);
c) Planos de Cargos e Salários / Quadro de Carreira;
d) Mapas de Comissões e/ou Produção;
e) Guias de Recolhimento e Relações de Empregado do FGTS;
f) Reajustes salariais, bases legais para aumento de qualquer natureza ou específicos a uma categoria
profissional;
g) Previsão legal para o pagamento de adicionais de qualquer natureza;
h) Critério legal para atualização dos débitos trabalhistas;
i) Critério legal para o cálculo dos juros de mora.

Salutar, afirmar que é relevante e indispensável o exame detalhado do conteúdo dos autos - inicial, contestação,
documentação anexada - para que se possa obter subsídios a elaboração do plano de trabalho a desenvolver no
momento das pesquisas, diligências e verificações que serão realizadas a fim de executar o laudo pericial.

6.3.2.29.4. Situações em que é requerida a Perícia Contábil na Justiça do Trabalho:

As situações mais freqüentes nos quais é requerida a Perícia Contábil:

a) Nomeação para apresentação do cálculo de Liquidação de Sentença

Ocorre após o trânsito em julgado (em outras palavras, quando encerra o prazo para qualquer recurso da decisão,
que pode ser Sentença - 1ª Instância - ou Acórdão - 2ª Instância - ou Recurso de Revista - 3ª Instância) da
decisão proferida pelo juiz.

A partir do ano de 1994, as partes passaram a ser intimadas para apresentarem o cálculo de liquidação de
sentença, graças à Lei 8898 de 29 de junho de 1994, que reformulou o CPC.

Antes desta Lei, o cálculo era efetuado pela contadoria da Unidade Judiciária, o qual, conforme conhecimento de
todos, na maioria das vezes, não é bacharel em Ciências Contábeis. Este fato tinha como conseqüência, sem
considerar o aumento do volume de trabalho, a demora no cumprimento dos atos processuais, sendo a maior
finalidade desta lei, resolver este problema.

Apresentado o cálculo por uma das partes, a outra é intimada para se manifestar no prazo de dez dias, sob pena
de preclusão (em outras palavras, o silêncio será interpretado como concordância).

Se nenhuma das partes apresenta o cálculo, o perito será nomeado.

Vimos aí, que o perito pode auxiliar o autor, o réu, ou ainda ser nomeado pelo Juízo.

b) Nomeação para diligência junto à empresa ré

Ocorre ainda na fase de instrução do processo.


34

O perito poderá ser nomeado para diligenciar junto à empresa ré, matriz ou sua filial, para na verificação de
documentos, observar a existência da incidência de Comissões sobre Vendas, Comissões sobre Produção,
ocorrência de Horas Extras, bem como se este valores devidos foram pagos devidamente, devendo inclusive
apresentar o cálculo do valor da diferença a ser paga, caso desta forma ocorra.

6.3.2.29.5. Honorários Periciais na Justiça do Trabalho:

A Remuneração dos peritos é um dos aspectos mais espinhosos no estudo do procedimento do dissídio
individual de cognição, graças a uma conjunção perversa de fatores, que seriam fáceis de remover, mas
persistem até hoje. São eles as omissões da lei trabalhista e civil, em matéria de despesas obrigatórias das partes,
a ausência de busca de soluções para os impasses que surgem.

A CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) é a Lei que rege a Justiça do Trabalho.

E nos casos não previstos na CLT, deverão ser seguidos a Constituição Federal, o Código do Processo Civil,
Código Civil, Penal e outros.

Na CLT, não há menção de como seriam pagos ou quem seria o responsável pelos honorários periciais, logo, em
relação aos honorários, segundo o CPC, deveria ocorrer o depósito dos honorários antes do início dos trabalhos
periciais.

Porém o TST (Tribunal Superior do Trabalho), emitiu o Enunciado TST 236, que é uma súmula jurisprudencial:

“A responsabilidade pelo pagamento dos honorários periciais é da parte sucumbente na pretensão relativa ao
objeto da perícia.”

Desta forma, seria necessário esperar o resultado da perícia para se determinar quem seria o responsável pelos
honorários do perito.

O art. 789, § 4º, da CLT esclarece: “As custas serão pagas pelo vencido depois de transitada em julgado a
decisão ou, no caso de recurso, dentro de cinco dias de sua interposição.”

Ou seja, quem determina quem é a parte sucumbente na perícia, é o Juiz. E essa determinação só estará na
Sentença. E só após o trânsito em julgado desta decisão bem como das decisões dos recursos que porventura
possam ser interpostos, é que se iniciará a cobrança dos créditos apurados, honorários e demais despesas
processuais.

Em suma, o perito só será remunerado juntamente com o autor da ação.

Na interpretação deste Enunciado, percebe-se que mesmo que a parte seja vencedora na lide, mas sucumbente no
objeto da perícia, deverá suportar os honorários periciais.

Não deixando ainda de mencionar que se a parte é assistida por sindicado, terá a assistência judiciária gratuita.
Isto significa que a empresa pode ser vencedora na perícia, mas se ao autor for deferido pelo menos um dos seus
pedidos, a ré deverá arcar também com os honorários do perito.

Vale salientar que cada caso é um caso e que não há nada definido sobre o assunto, podendo as partes recorrerem
a decisões do TRT e do TST, cada caso será analisado individualmente. E neste aspecto há de se frisar que o
resultado da decisão depende do posicionamento da autoridade judicial que irá decidir a questão.

Em alguns casos isolados, a autoridade judicial deferiu honorários provisórios ou antecipação de honorários, mas
sobre estas decisões foram interpostos recursos, que ao serem julgados, abriram jurisprudência para os casos
semelhantes.

Um caso muito comentado em relação a este assunto é o julgamento do RO 2888/86 no TRT 9ª Região (Paraná),
onde a 1ª Turma, não conseguindo definir de quem seria a responsabilidade de pagar os honorários de perito do
juízo, concluiu por excluí-los da condenação.

Este recurso foi interposto pela ré, onde ela afirmava que não deveria arcar com os honorários periciais, visto
que o autor fora o sucumbente no objeto da perícia.
35

Já o autor afirmava que o que conta para a determinação da sucumbência seria o resultado da decisão da causa,
sendo ela Procedente em Parte, logo a ré deveria arcar com os honorários.

É um resultado até humorístico visto que até gerou o artigo, publicado por João Fassbender Teixeira, “E o perito
foi condenado a suportar os próprios honorários.”

O que se pode afirmar com certeza é que não há nenhuma certeza absoluta quanto à responsabilidade do
pagamento dos honorários do perito na justiça do trabalho.

6.3.2.29.6. Mudanças Recentes na Justiça do Trabalho

Nos últimos anos (no máximo dois), ocorreram mudanças nas legislações que são aplicadas à Justiça do
Trabalho, que de certa forma, ou melhor, conseqüentemente, aumentaram o campo de atuação do perito
contador.

a) Rito Sumaríssimo

Introduzido pela Lei 9957 de 12/01/2000, determina que em todas as ações cujos valores das causas sejam
inferiores ao resultado de quarenta salários mínimos, o autor, na sua peça inicial, deverá quantificar e informar o
valor correspondente a cada pedido.

Isto significa que o autor deverá apresentar o cálculo já ao ingressar com a ação.

Como a grande maioria dos advogados não têm noção de cálculos, acabam recorrendo a um perito e este por sua
vez, como não foi nomeado pelo juízo, receberá seus honorários no momento da entrega dos cálculos ao
advogado, que anexará o cálculo à petição inicial.

Nos processos onde o valor da causa é superior a quarenta salários mínimos, o rito se chama ordinário, e o
cálculo será efetuado depois do trânsito em julgado das decisões proferidas.

b) Execução Fiscal da Parcela Previdenciária

A Lei 10.035, de 25 de outubro de 2000, instituiu que a parte ou perito que apresentar o cálculo deverá calcular
também, a contribuição fiscal e previdenciária incidente. Antes dessa lei, nos autos em que não haviam a
comprovação de tais recolhimentos, simplesmente os órgãos responsáveis eram cientificados. Como na maioria
das vezes, não havia muito o que fazer por parte destes órgãos, o governo então instituiu esta lei, que visa a
execução da parcela que não foi comprovada nos autos, principalmente a previdenciária.

Em tempo, quanto ao Imposto de Renda ainda não segue tal procedimento, mas, segundo o pensamento dos
juristas mais experientes, isto é só uma questão de tempo.

Desta forma, o perito ficou mais valorizado, visto que mesmo com o cálculo das verbas deferidas em sentenças e
acórdãos com razoável grau de simplicidade, as partes, ou seja, os advogados das partes ficam receosos ao ter
que calcular o IR e o INSS e então peticiona ao juiz para que este designe um perito para tal.

c) Prazo para Embargos/Impugnação ao Cálculo

Na fase de execução trabalhista, o prazo para embargar a penhora efetuada era de cinco dias.

Com a Medida Provisória 2.180-35 de 24 de agosto de 2001, este prazo aumentou para trinta dias, sendo desta
forma, maior o prazo da empresa executada impugnar os cálculos, tendo tempo inclusive para recorrer a um
perito contábil.
36

6.3.3 A FRAUDE E A PERÍCIA CONTÁBIL

Conceito: “A fraude é um termo genérico e envolve uma


Normas Brasileiras de Contabilidade
série de diferentes significados considerando-se
NBC T11, ITEM 11.1.4.1
a ingenuidade humana, que é utilizada por um
indivíduo, para obter vantagem sobre a outra
por uma falsa representação da realidade.”
O termo “fraude” aplica-se aos atos
(INPG, Gomes in “Perícia Contábil”, 1999).
voluntários de omissão e manipulação de
transações, adulteração de documentos,
Classificação: A fraude pode ser um crime corporativo ou
registros e demonstrações contábeis.
um crime de gestão. Como crime
corporativo, “é qualquer fraude cometida
por, para ou contra uma entidade”. Como crime de gestão, “é qualquer não representação
intencional da situação dos resultados da Entidade ou seus níveis cometida por gestores
buscando promoções, bônus ou outros incentivos e status” (idem, ibidem).

Na prática: Fraude se refere a “um ato intencional por parte de um ou mais indivíduos da administração,
empregados, ou terceiras partes, que resulta em uma representação errônea das demonstrações
financeiras. A fraude pode implicar: manipulação, falsificação ou alteração de registros ou
documentos” (idem, ibidem).
Norma: De acordo com a Norma Internacional de Auditoria emitida pelo IAPC, Declaração NIA11, item 3, a
fraude pode identificar: a) malversação de ativos; b) supressão ou omissão de efeitos de transações nos
registros ou documentos; c) registro de transações sem substância; d) Má aplicação de políticas
contábeis (idem, ibidem).

Na perícia: O perito contador, a pedido do juiz, procede ao exame das demonstrações financeiras,
fundamentando na prova pericial, a existência ou não de qualquer uma das características de
fraude (manipulação, falsificação ou alteração de registros ou documentos).

Na prática: Ocorrente em casos de falência, a prova pericial contábil pode auxiliar o convencimento do juiz
quanto a provável crime falimentar (falência fraudulenta), o que, em ocorrendo, muda a seara de
julgamento do pleito (do cível para o criminal).

Texto legal: O Código Penal aborda a fraude em seus


Art. 171 (CP). “Obter, para si ou para outrem,
artigos 171 a 180: estelionato: disposição
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo
de coisa alheia como própria; alienação
ou mantendo alguém em erro, mediante artifício,
ou oneração fraudulenta de coisa própria;
ardil ou qualquer outro meio fraudulento: [...].”
defraudação de penhor; fraude na entrega
de coisa; fraude para recebimento de
Art. 187 (CC). “Será punido com reclusão de um
indenização ou valor de seguro; fraude
a quatro anos o devedor que, com fim de criar ou
para pagamento por meio de cheques;
assegurar injusta vantagem para si ou para
duplicata simulada; abuso de incapazes;
outrem, praticar, antes ou depois da falência,
induzimento à especulação; fraude no
algum ato fraudulento de que resulte ou possa
comércio; outras fraudes; fraudes e
abusos na fundação ou administração de resultar prejuízo aos credores.”
sociedade por ações; fraude à execução e
receptação.

Também no Código Civil a fraude é Art. 147 (CPC). “O Perito que, por dolo ou culpa,
anotada, como consta na Lei de prestar informações inverídicas, responderá pelos
Falências, Título XI, art. 187 – veja prejuízos que causar à Parte, ficará inabilitado, por 2
página anterior – (dos crimes (dois) anos, a funcionar em outras perícias e
falimentares). incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer.”

Na legislação tributária, é oportuno Art. 342 (CP). “Fazer afirmação falsa, ou negar ou
citar o dispositivo que se refere ao calar a verdade, como testemunha, perito, tradutor
Perito pela ocultação da verdade ou ou intérprete em processo judicial, policial ou
fuga ao cumprimento do dever em administrativo ou em juízo arbitral”.
face da possibilidade de resultarem
daí danos a alguém ou à sociedade, como prevê o art. 147 do CPC, o qual, por sua vez, é
37

complementado pelo teor do art. 342 do Código Penal. A lei penal considera cúmplices as pessoas
que, direta ou indiretamente, prestarem auxílio para a execução de crimes originários de fraude,
impondo as sanções. De acordo com Rizzo (INPG, “Fraudes em Contabilidade”, 2001, p. 29),
“Via de regra, uma grande fraude envolve várias pessoas, quase sempre de serviços correlatos e,
quando isso ocorre, a fraude tende a perdurar, caso não existam controles adequados de revisão
(auditoria)”.

Na prática: Não deve se confundir “erro” com “fraude”. Enquanto o primeiro é uma ação involuntária (sem
intuito de causar dano), a segunda é tipificada pela premeditação (o dolo), constituindo-se, ambos,
de características diferentes.

Tipos mais comuns:

a) Capital Circulante (são as mais freqüentes e fáceis de praticar; a maioria passa pelo Caixa da empresa;
b) Ativo Permanente (imobilizações técnicas e de rendimento; redução ou aumento de valores, seja qualitativa
como quantitativamente; as fraudes no Ativo Permanente são de menor freqüência; o perito deve observar
esta possibilidade especialmente em casos de falência e concordata);
c) Passivo de Dívidas (direcionadas ao prejuízo de credores, como: fornecedores, bancos, financiadores, sócios e
associados; o perito deve pesquisar a origem e a aplicação desses recursos supostamente fraudados);
d) Patrimônio Líquido (geralmente falsas integralizações de capital; fraude onerosa em decorrência do
pagamento de tributos, a não ser quando é feito com intuito de compensar perdas, caso em que fica livre de
ônus);
e) Custos (intentam a alteração de lucros ou a sonegação de cargas tributárias; alteração de custos para
“mascarar” preços; valores aplicados em bens duráveis e imputados como custos indevidamente, já que se
referem a imobilizações);
f) Despesas (de ampla abrangência – despesas administrativas, comerciais, financeiras, tributárias e
extraordinárias – praticamente são as mesmas que se processam no caixa, para extravio de dinheiro).
g) Vícios documentais:
✓Falsidade: O vício praticado por falsidade refere-se a existência simbólica do documento, sem a ocorrência
da transação.
✓Adulteração: Consiste em “alterar-se” um documento verdadeiro, de transação verdadeira.
A competência de um documento está em sua autenticidade, quer como documento em si, quer
perante a realidade dos fatos.
h) Vícios de registros: Há a possibilidade do documento ser autêntico, mas o registro ser viciado, como por
exemplo, os registros duplos, entrelinhas, omissão de registro, etc.
Nos caso dos registros por computação, o uso de códigos facilita a prática dos vícios de registros.
i) Vícios de Demonstrações Contábeis: O perito deve acautelar-se quanto aos vícios que podem ser cometidos
nas demonstrações contábeis (Balanço e Apuração de Resultados, basicamente). São, geralmente, de
classificação de grupos.
Ao periciar a situação da empresa por análise de balanços e demonstrações, deve-se produzir seus próprios
demonstrativos, pois tanto a lei quanto a empresa podem estar colaborando para obtenção de falsas medições
de riquezas.
j) Defeitos de Individualização: E a particularização, ou seja, descrever algo em todas suas particularidades de
modo que seu todo seja inconfundível.
Os problemas na individuação ocorrem quando, propositadamente com o interesse de confundir, se omitem
dados importantes à identificação.
O perito precisa verificar se os dados dos documentos estão de acordo com os dados dos registros (porque,
por falhas de individuação, podem não estar).
k) Defeitos de Clareza: Clareza é “evidência” aquilo que é “inteligível”. A clareza exige que o registrado esteja
ao alcance de quem o consulta, com compreensão sem dificuldades.
Obstrui-se a clareza adotando-se termos de interpretação duvidosa, utilizando-se de expressões que são
inventadas ou criadas para suprirem uma situação de dúvida, em suma, prejudicando o entendimento fácil.
l) Defeitos de Codificação: A fraude é usual na troca de códigos.
O perito deve estar atento na identificação correta do Código que representa, ao fato que é objeto de seu
exame e para a qual foi requerida a sua opinião.
Códigos semelhantes facilitam a ocorrência de fraudes.
38

3. Verificação de Absorção de Conhecimentos

1) Conceitue e ilustre “perícia contábil”.

2) Qual a diferença fundamental entre perícia e auditoria? Exemplifique.

3) Quem pode ser perito contábil? Fundamente com o histórico legal dos diplomas regulamentadores.

4) De acordo com a NBCP – 2, em quais casos o perito contador está impedido de executar perícia
contábil?

5) Quais os principais fatores que embasam o estabelecimento de honorários, por parte do perito contador?

6) De acordo com a Resolução no 858/99, os quais os fatores relevantes que devem ser considerados no
planejamento para execução dos trabalhos periciais?

7) Que norma da Resolução no 858/99 define os procedimentos de perícia contábil? (Cite a norma e o
conteúdo da mesma).

8) Conceitue “Laudo Pericial” e indique em que norma da Resolução no 858/99 está contido esse conceito.

9) A quem cabe, com exclusividade, a preparação e a redação do parecer pericial contábil e qual a norma
da Resolução no 858/99 que a institui?

10) O que estatui a norma 2.6.1. da Resolução no 858/99?

11) Qual a norma que determina o uso do contador como perito nos processos que versam sobre falências e
concordatas?

12) Em caso de falência, a quem cabe a escolha do perito-contador e qual é o princípio que permanece em
validade, independentemente do responsável por tal escolha?

13) Conceitue “Fraude”, de acordo com a NBC T11, item 11.1.4.1, e cite os artigos do Código Penal que a
abordam. Ilustre com um exemplo de fraude.

14) Quais as fraudes contábeis mais comuns?

15) Qual a diferença fundamental entre “erro” e “fraude”? Ilustre, ambos, com exemplos.
39

7. ARBITRAGEM

7.1. O QUE É ARBITRAGEM

É um método de resolução de conflitos prevista na Lei nº 9307/96, que pode ser utilizada para a solução dos
impasses decorrentes da interpretação dos contratos, onde um terceiro, neutro e imparcial, e que não esteja
vinculado a qualquer das partes em conflito, decidirá a controvérsia fundamentando-se nas regras de direito.

De acordo com a lei da arbitragem, qualquer conflito ou controvérsia relacionada a direitos disponíveis, ou seja,
direitos que as partes possam livremente dispor, pode ser resolvido por meio da arbitragem.
Apesar da necessidade da inclusão no contrato da cláusula que prevê que os futuros litígios dele originados serão
solucionados por arbitragem, a lei permite que mesmo sem essa previsão a arbitragem pode ser utilizada. Basta
que as partes concordem com esta alternativa de solução de conflitos, e assinem um compromisso arbitral, na
presença de duas testemunhas ou por escritura pública, e estipulem a convenção de arbitragem.

7.2. COMO OPERA A ARBITRAGEM

A arbitragem pode ser operacionalizada de forma institucional, ou seja, quando a cláusula compromissória, ou o
compromisso arbitral, prever que o procedimento arbitral será administrado por uma instituição arbitral,
seguindo seu regulamento preestabelecido ou, então de forma "ad hoc" ou seja, quando as partes fixarem de
comum acordo as regras e formas de administração do procedimento arbitral naquele caso específico, ou as
regras determinadas pelo próprio árbitro, independentemente das regras de uma instituição arbitral.

Porém, em ambas as formas, serão sempre respeitados os princípios jurídicos determinados pela lei, tais como:
igualdade das partes, independência e imparcialidade do árbitro, etc., ressaltando-se, ainda, que o
procedimento poderá ser conduzido por árbitro único (arbitragem expedita) ou por tribunal (03 ou mais árbitros,
porém sempre em número ímpar).

O processo de Arbitragem é mais analítico e formal que a Mediação. Entretanto, nunca com a formalidade do
Judiciário, por essência há que ser muito mais simples, caso contrário não faria sentido. Este processo é
conduzido também por uma terceira parte - neutra - chamada para decidir o impasse - o Árbitro. Na Arbitragem
há pelo menos uma audiência em que as partes apresentam testemunhas, relatos, depoimentos, provas e
acusações.
O Árbitro limita-se a conduzir a sessão, ouvir as partes e recolher as evidências para a sua decisão que pode
ocorrer em até 06 meses. Dessa decisão não cabe recurso. A decisão de um Arbitro somente poderá ser
impugnada em raríssimos casos em que fique comprovado que o Arbitro tenha cometido alguma falta na
condução do processo arbitral, mas nunca em relação ao mérito da sua decisão. No Brasil, a Lei 9.307 permite, a
possibilidade de Ação de Nulidade, junto ao Judiciário, porém não permite o recurso, o que significa que o juiz
não julgará o mérito, ele poderá inclusive mandar arbitrar novamente e até nomear o Arbitro.
1

7.3. VANTAGENS DA ARBITRAGEM

7.3.1. RAPIDEZ (CELERIDADE):

a) As partes em litígio escolhem JUIZES (Árbitros) com ampla liberdade.

b) Os LITIGANTES fixam o prazo para que a Sentença Arbitral seja proferida.

c) Quando as partes não estipulam PRAZO, (o artigo 23º) convenciona o prazo de 6 (seis) meses para ser
proferida a Sentença Arbitral.
d) PRORROGAR o prazo estipulado inicialmente da Sentença Arbitral de comum acordo entre as partes em
litígio e o Juiz Arbitral.

e) CONCILIAÇÃO (artigo 21º parágrafo 4º): O Juiz Arbitral antes do início do procedimento, tentará a
CONCILIAÇÃO das partes em conflito, aplicando-se no que couber, o artigo 28º desta Lei.

f) ARBITRAGEM INSTITUCIONAL quando o Juízo Arbitral e Processado conforme as regras e normas


próprias de uma Instituição ou Entidade especializada, possibilitando que as partes em LITÍGIO possam
40

redigir uma CONVENÇÃO Arbitral Simples, se convir, inclusive dispensar a Eleição dos Árbitros, a escolha
do local de JUÍZO ARBITRAL, LEI SUBSTANTIVA APLICÁVEL, Idioma, poder JULGAR por
eqüidade, o Direito, estipular o Rito Processual.

7.3.2. ECONOMIA:

a) As partes em litígio negociam acertando os honorários de Juizes Arbitrais, Advogados e outras CUSTAS
decorrentes do Juízo Arbitral.

b) A maior economia representa o tempo fixado pelas partes para ser proferida a Sentença Arbitral ou pelo
(artigo 23º), esse prazo será no máximo de 6 (seis) meses. O maior ÔNUS imposto as partes em litígio
Judicial Comum (ESTATAL) tem sido exatamente o tempo de Duração dos Processos.

c) Na JUSTIÇA ESTATAL os custos são pagos pela sociedade.

RUI BARBOSA anotou que “A Justiça atrasada não é Justiça, senão injustiça, qualificada e manifesta porque
a dilação ilegal nas mãos de julgador contraria o direito escrito das Partes, e assim, as lesa no Patrimônio,
Honra e Liberdade”.

(Elogios Acadêmicos e Orações de Paraninfo. Edição da REVISTA DE LÍNGUA PORTUGUESA, 1924, p.


38).

7.3.3. SIGILO:

a) Somente as partes em litígio interessa se o Processo pode se tornar Público ou não.

b) A característica principal de um Juízo Arbitral e o SIGILO sendo uma regra universal para os LITÍGIOS DE
NATUREZA COMERCIAL de grande monta.

c) Na Justiça Estatal a publicidade é uma regra para os processos.

d) Num JUÍZO ARBITRAL o processo é sigiloso, preservando as informações reservadas de maneira exclusiva,
as partes em litígio com Laudos Periciais, Laudos Técnicos, etc.

7.3.4. JUIZES ESPECIALISTAS (ÁRBITROS):

a) COMPETÊNCIA: porque, nenhum JUIZ (Árbitro) será se não for dentro de sua absoluta especialidade e
experiência de trabalho, ao Contador conhecimentos de Contabilidade, ao Médico de Medicina, ao
Engenheiro Civil de Construções, ao Economista de Finanças, e outros profissionais com conhecimentos e
experiências em Importação, Exportação, e assim por diante.

b) Os CONFLITOS patrimoniais disponíveis quando submetidas a JUSTIÇA COMUM são decididas ao final
de penosas e prolongadas práticas de prova pericial técnica, adotando-se o chamado laudo desempatador do
"Perito do Juiz" muitas vezes de competência discutível porque simplesmente o perito em menção e de
inteira confiança do Juiz Togado, em vista que exigir do magistrado que, para decidir os processos de sua
alçada, tivesse que ter conhecimentos relativos a Contabilidade, Medicina, Construções, Economia,
Importação, Exportação, etc., isso seria desumano.

c) As partes em conflito poderão escolher, cada um, Juizes (árbitros) com conhecimentos exclusivos ou
específicos da matéria em conflito.

7.3.5. DEMOCRACIA:

a) As partes em litígio convencionam com liberdade se o Juízo Arbitral será de Direito ou eqüidade nos usos e
costumes e nas leis internacionais de comércio.
41

b) Ou ainda conforme Regulamentos de uma entidade Institucional ou órgão arbitral e sendo processado o
litígio de acordo com tais Regras.

c) Quando as Partes estabelecem na cláusula compromissória, ou em outro contrato a forma especifica para o
início de Juiz Arbitral (ARBITRAGEM).

7.3.6. INFORMALIDADE E FLEXIBILIDADE:

a) Porque as coisas do comércio devem ser tratadas sem a liturgia, paramentação ou ainda Protocolos próprios
nos Processos do Judiciário Comum, excelências e majestades a parte, o que se busca numa relação
comercial é o resultado. Trata-se de Processos absolutamente desburocratizados, sem autuações, vistas,
carimbos, prazos e recursos desnecessários.

7.3.7. TOLERÂNCIA:

a) As partes em conflito podem e devem adotar os meios pacíficos e civilizados, com isso obtém-se
imparcialidade e capacidade técnica no conflito em questão.

b) PRESERVA as relações entre as partes em Conflito mesmo se tratando de direito disponível e de Juízo
insujeito as regras do processo tradicional, são grandes as possibilidades das partes serem um tanto mais
tolerantes, inclusive optando por uma CONCILIAÇÃO no curso do processo, é muito grande.

7.3.8. CONFIANÇA:

a) Para os contratantes de países diferentes afasta a perplexidade de se submeter a legislação e ao sistema


judiciário do Estado nacional do Outro contratante, além de permitir a escolha da lei aplicável e resulta em
uma sentença válida e executável nos demais países que ratificaram a mesma convenção internacional.

b) Homologação única pelo Supremo Tribunal Federal de Sentenças Estrangeiras.

c) Maior compromisso e por conseqüência cria maior confiança entre as partes em conflito.

d) Aponta para frente em lugar de se deter no passado, apresenta-se como porta de entrada do Brasil para a
Política Mundial da "GLOBALIZAÇÃO" da economia, ou seja, a “internacionalização” dos muitos
interesses comerciais num mundo sem fronteiras.

e) O Juízo Arbitral (ARBITRAGEM) é também sob certos aspectos, uma claríssima resposta para neologismos,
como, por exemplo, o chamado "direito alternativo" tão órfão de conceitos como a conhecida incerteza de
sua receptividade pelo sistema Jurídico Tradicional Brasileiro. Ainda nesta linha de observação, a opção
pelo Juízo Arbitral (ARBITRAGEM) certamente será a melhor alternativa que as partes em conflito vão
procurar para fugir da eventual adoção de um ameaçador "efeito vinculante", eufemismo adotado pelo Poder
Judiciário estatal para desafogar o sistema arcaico sobre os casos novos da mortalha sempre fria da
Jurisprudência Velha.

f) Para efeitos de legislação Penal os Juizes (árbitros) ficam equiparados aos funcionários públicos logicamente
no exercício de suas FUNÇÕES ou em conseqüência delas.

g) DISPENSA: A homologação do Laudo (ou decisão) Arbitral na Justiça Comum (artigo 18º) o controle do
laudo se dá por ação de nulidade ou embargos do devedor (art. 33º e seu parágrafo 3º).

h) A SENTENÇA: Proferida pelo Juiz Arbitral de fato e de direito não fica sujeita a recurso a Justiça Comum
(artigo 18º) uma vez condenatária constitui título executivo judicial igualando-se à sentença de Justiça
Comum (Artigo 31º).
42

7.4. COMO RECORRER A UMA ARBITRAGEM INSTITUTICIONAL

Ao elaborar os mais diversos contratos incluir sempre uma cláusula compromissória que torne compulsória a
utilização Arbitral e Solução de futuros conflitos, acatando desde já os regulamentos de um ÓRGAO
ARBITRAL INSTITUCIONAL ou uma Entidade especializada previamente escolhida.

Exemplo de como redigir a mencionada cláusula:

A) JUÍZO ARBITRAL INSTITUCIONAL SEM MULTA:

Qualquer conflito decorrente do presente contrato inclusive no que tange a sua execução ou interpretação serão
resolvidos definitivamente conforme os regulamentos de ARBITRAGEM de uma Entidade ou Instituição
legalmente constituída.

B) JUÍZO ARBITRAL INSTITUCIONAL COM MULTA:

Qualquer conflito decorrente do presente contrato inclusive no que tange a sua execução ou interpretação serão
resolvidos definitivamente conforme os regulamentos de ARBITRAGEM de uma Entidade ou Instituição
legalmente constituída. A parte que não ACATAR a instituição do Juízo Arbitral, havendo concordado e
assinado a cláusula compromissória, inclusive levando a outra parte a tomar providência legal determinada no
Artigo 7º da Lei nº 9.307, de 23/09/96, arcando com uma multa de 10% dos, valores acertados ou contratados,
sem prejuízo de assistir a parte prejudicada, o direito de exigir o cumprimento exclusivo dessa obrigação nos
termos dos artigos 273 e 461 do Código de Processo Civil, inclusive mediante nomeação de terceiro como
representante do ausente, às expensas deste, e/ou da instauração de Juízo Arbitral à sua revelia.

7.5. ASPECTOS DA LEI 9.307/96

O mecanismo da arbitragem, cujo benefício econômico é indiscutível, tem sido considerado como a maneira
mais eficiente para a solução de disputas, evitando os entraves típicos dos processos judiciais, que normalmente
implicam na necessidade de vários anos de tramitação de uma ação judicial para que se tenha a decisão
definitiva, passível de execução.

A lei nº 9.307/96 de 23 de setembro de 1996, veio modificar substancialmente o Código de Processo Civil,
colocando à disposição da sociedade um meio ágil de solucionar controvérsias, através de árbitros escolhidos
pelas partes, de forma independente, conferindo ao processo brevidade, sigilo, além de evitar a apreciação do
tema pelo Judiciário, algo muitas vezes desnecessário, para a resolução de conflitos ou disputas oriundas de
negócios contratados por particulares.

A lei de Arbitragem será utilizada em conflitos que tenham por objeto Direito Patrimonial e concede às partes a
faculdade de escolher as regras do Direito a serem aplicadas no processo arbitral, tais como princípios gerais do
Direito, usos e costumes e regras internacionais de comércio, respeitados os bons costumes e a ordem pública .

Com o advento da Lei não há mais distinção, em termos contratuais, entre "cláusula arbitral ou compromissória"
e "compromisso arbitral", já que ambos podem ensejar a instauração do juízo arbitral. Ao contrário do que
ocorria anteriormente, quando só se reconhecia a eficácia do compromisso arbitral, hoje, ao contratar, as partes
podem estipular convenção de arbitragem tanto numa "cláusula arbitral", tendo em vista serem, cada qual,
isoladamente, dispositivos suficientes para constituir a arbitragem, já que ambos são autônomos em relação ao
contrato no qual estão inseridos, permitindo, assim, a execução específica.

Pela nova Lei, a sentença arbitral, que deverá ser proferida em 6 meses (se outro prazo não for estipulado pelos
contratantes), produz efeitos idênticos ao de uma sentença judicial transitada em julgado e a condenação de uma
delas pode ensejar, de imediato, um processo de execução perante o Judiciário. O mesmo conceito aplica-se às
arbitragens internacionais, as quais estão sujeitas , pela nova Lei, ao reconhecimento e execução no Brasil, uma
vez homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, sendo desnecessária a homologação pelo juiz do país onde a
sentença arbitral foi proferida, como ocorria anteriormente.
43

Outro aspecto de relevância diz respeito à pessoa do árbitro, cuja nomeação cumpre às partes, que poderão optar
por um ou mais, desde que em número ímpar . Deverá ser pessoa de reconhecida capacidade técnica e,
evidentemente, gozar da confiança das partes.

A sentença arbitral é passível de argüição de nulidade perante o Poder Judiciário nos casos de comprovada
irregularidade do procedimento, como, por exemplo, nos casos em que os árbitros estiverem impedidos de atuar
em decorrência de conflito de interesses ou em casos de prevaricação, concussão ou corrupção passiva, e ainda,
se verificado o desrespeito aos princípios do contraditório e da igualdade das partes.

A lei de Arbitragem não eliminou o Poder Judiciário da solução de conflitos .


Contudo, criou condições para que as disputas entre particulares possam ser apreciadas de maneira célere,
respeitando e privilegiando a vontade dos interessados diretos, minimizando, por conseguinte, o potencial de
prejuízo de uma longa disputa judicial, que muitas vezes paralisa a atividade empresarial.

7.6. MEDIAÇÃO

7.6.1. INTRODUÇÃO

Mediação é um método extra-judicial de resolução de conflitos onde um terceiro, neutro e imparcial, mobiliza as
partes litigantes para acordo. O mediador ajuda as partes a identificar, discutir e resolver as questões do conflito,
transformando o paradigma adversarial em cooperativo.

Por meio de técnicas específicas, dividindo características com a psicologia e negociações legais, o mediador
ajuda as partes a reestabelecerem o processo de comunicação e a avaliarem objetivos e opções, conduzindo a um
termo de entendimento para mútua satisfação. Desta forma, não é um procedimento impositivo, não tendo o
mediador, ao contrário de outros métodos (arbitragem ou tribunais, por exemplo), nenhum poder de decisão
sobre as partes. Estas decidirão todos os aspectos em questão, facilitadas pelo mediador, mantendo assim
autonomia e controle das decisões pertinentes ao seu caso. O acordo resultante, de mútuo consentimento, poderá
ser formalizado em termos de contrato legal. Ainda, o acordo engloba pautas relacionais no presente e no futuro,
bem como compõe e dispõe de aspectos particulares de cada caso em várias dimensões.

7.6.2. INÍCIO DO PROCESSO

Mediação inicia-se a qualquer momento. Pode ser aplicado preventivamente, durante o conflito ou em casos de
procedimentos judiciais já instalados, como também para readequar posições resultantes de acordos previamente
estabelecidos que não estejam sendo satisfatórios para uma ou ambas as partes.

7.6.3. APLICAÇÃO

É aplicável em vários campos de conflito, tais como: familiar, divórcio, comercial, empresas familiares,
sucessões, empresarial, trabalhista, educacional, comunitário, hospitalar, meio ambiente, Mercosul, etc. Ainda,
pode ser realizada em contextos específicos como prisões, casas para menores, sistema judiciário, drogadição,
violência, algumas situações criminais, etc. As pesquisas mundiais de resultados da utilização da mediação
apontam para um número cada vez maior de campos e atuações.

7.6.4. VANTAGENS

É rápido, ágil, econômico, flexível e particularizado a cada caso, possibilitando às partes manterem autonomia e
controle do procedimento; viabiliza acordos onde todos "ganham" e o sentimento de justiça; possibilita dispor
de pendências do passado e promover reposicionamento para construção de futuro mais harmônico, evitando
desgastes, novas ações judiciais e aumento do conflito.

O método da mediação requer treinamento específico para qualificar profissionais para o exercício desta prática,
uma vez que a mediação pode ser exercida por profissional oriundo de qualquer profissão. É totalmente
desaconselhável sua realização por profissionais sem o devido treinamento.
44

TABELA COMPARATIVA DAS PRINCIPAIS FORMAS DE RESOLUÇÃO DE DISPUTAS

PROCESSO MEDIAÇÃO ARBITRAGEM LITÍGIO

Quem decide Partes Árbitro Juiz

Advogados-
Quem controla Partes Árbitros/ advogados
tribunal

Informal - algumas regras Regras do Conjunto de


são designadas para proteger procedimento são regras
Procedimentos
confidencialidade e comunicação acordadas e seguidas formais e
entre as partes complicadas

Dois anos ou
Tempo Poucas semanas Poucos meses
mais
Custos Nominais ou baixos Moderado Substancial
(disputas comerciais podem custar
mais)

Regras de Nenhuma Estabelecidas mas Complexas


evidências relativamente informal
Publicidade Privativa Privativa Pública

Relacionamento entre Esforços cooperativos Antagônico Antagônico


as partes
Método de Negociação Compromisso Difícil negociação Difícil
negociação
Comunicação Melhorada Bloqueada Bloqueada
Resultados Ganho/ganho Ganho/perda Ganho/perda
Acordo Geralmente mantido Comumente Comumente
resistido ou resistido ou
apelado apelado
Fonte: Mediation Quartely, nº 18, 1987, pág. 74
45

4. Verificação de Absorção de Conhecimentos – Arbitragem

Responda corretamente a questão e mencione também o dispositivo da Lei 9.307 de 23.09.96 que dispõe
sobre arbitragem (artigo, parágrafo e item).

1) Quem poderá ser árbitro?

2) Quem nomeará os árbitros e em que número?

3) Quem poderá valer-se da arbitragem ? e para que finalidade?

4) Como será eleito o presidente do tribunal arbitral?

5) Como deverá proceder o árbitro no desempenho de suas funções?

6) A sentença proferida por árbitro fica sujeita a recurso ou homologação?

7) O árbitro ou tribunal arbitral poderá determinar a realização de perícia?

8) A ausência de uma parte, impedirá que o árbitro ou juízo arbitral profira a sentença?

9) Qual o prazo para que o árbitro profira sua sentença?

10) Este prazo poderá ser prorrogado?

11) Quais são os requisitos obrigatórios da sentença arbitral?

12) Qual o prazo que a parte interessada tem para pedir esclarecimentos sobre a sentença arbitral?

13) A sentença arbitral tem o mesmo efeito de uma sentença proferida pelo Judiciário?

14) Qual o prazo para demandar contra uma sentença judicial para vê-la anulada?

15) Quem homologará a sentença arbitral estrangeira?

16) O que se entende por cláusula compromissória?

17) Como deverá ser estipulada a cláusula compromissória?

18) O que se faz necessário para que uma cláusula compromissória tenha eficácia em um contrato de adesão?

19) Conceitue cláusula compromissória.

20) Conceitue compromisso arbitral.

21) Qual o artigo da Lei 9.307/96 que estabelece o que deve constar do compromisso arbitral?

22) Quando poderá ser instituída a arbitragem?

23) O que deverá ser necessariamente respeitado no procedimento arbitral?

24) No procedimento arbitral é possível a conciliação das partes ? Fundamente.

25) A revelia de uma parte impedirá que seja proferida a sentença arbitral?
46

ANEXO 1

NORMAS DO CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE

Normas Profissionais do Perito – Resolução nº 857

RESOLUÇÃO CFC Nº 857/99, DE 21 DE OUTUBRO DE 1999.

Reformula a NBC P 2, denominando-a Normas Profissionais do Perito.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC, no exercício de suas atribuições legais e


regimentais;

CONSIDERANDO a necessidade de reformulação da NBC P 2 – Normas Profissionais de Perito Contábil,


frente aos aspectos técnicos da norma aprovada pela Resolução CFC nº 733, de 22 de outubro de 1992;

CONSIDERANDO que o Grupo de Estudo de Perícia Contábil recebeu inúmeras colaborações coletadas dos
Contabilistas que participaram das Audiências Públicas realizadas em diversos Estados e Capital do País;

CONSIDERANDO que o Grupo de Estudo de Perícia Contábil obteve do Grupo de Trabalho das Normas
Brasileiras de Contabilidade a aprovação de sua proposta de reformulação da NBC P 2 – Normas Profissionais
de Perito Contábil;

CONSIDERANDO a decisão da Câmara Técnica no Relatório nº 061/99, de 20 de outubro de 1999, aprovado


pelo Plenário deste Conselho Federal de Contabilidade.

RESOLVE:

Art. 1º - Reformular o teor da NBC P 2 – Normas Profissionais de Perito Contábil, conforme anexo a esta
Resolução.

Art. 2º - Denominar a referida norma de NBC P 2 – Normas Profissionais do Perito.

Art. 3º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua assinatura.

José Serafim Abrantes


Presidente do Conselho

NBC P 2 - NORMAS PROFISSIONAIS DO PERITO

2.1. CONCEITO

2.1.1 Perito é o Contador regularmente registrado em Conselho Regional de Contabilidade, que exerce a
atividade pericial de forma pessoal, devendo ser profundo conhecedor, por suas qualidades e
experiência, da matéria periciada.

2.2. COMPETÊNCIA TÉCNICO-PROFISSIONAL

2.2.1 O Contador, na função de perito-contador ou perito-contador assistente, deve manter adequado nível de
competência profissional, pelo conhecimento atualizado de Contabilidade, das Normas Brasileiras de
Contabilidade, das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia, da legislação relativa à
profissão contábil e das normas jurídicas, atualizando-se permanentemente, mediante programas de
capacitação, treinamento, educação continuada e especialização, realizando seus trabalhos com a
observância da eqüidade.
47

2.2.1.1 O espírito de solidariedade do perito-contador e do perito-contador assistente não induz nem justifica a
participação ou a conivência com erros ou atos infringentes das normas profissionais e éticas que regem
o exercício da profissão.

2.2.2 O perito-contador e o perito-contador assistente devem comprovar sua habilitação mediante


apresentação de certidão específica, emitida pelo Conselho Regional de Contabilidade, na forma a ser
regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade.

2.2.3 A nomeação, a escolha ou a contratação para o exercício do encargo de perito-contador deve ser
considerada como distinção e reconhecimento da capacidade e honorabilidade do Contador, devendo
este escusar-se dos serviços, por motivo legítimo ou foro íntimo, ou sempre que reconhecer não estar
capacitado a desenvolvê-los, contemplada a utilização do serviço de especialistas de outras áreas,
quando parte do objeto da perícia assim o requerer.

2.2.4 A indicação ou a contratação para o exercício da atribuição de perito-contador assistente deve ser
considerada como distinção e reconhecimento da capacidade e honorabilidade do Contador, devendo
este recusar os serviços sempre que reconhecer não estar capacitado a desenvolvê-los, contemplada a
utilização de serviços de especialistas de outras áreas, quando parte do objeto do seu trabalho assim o
requerer.

2.3. INDEPENDÊNCIA

2.3.1 O perito-contador e o perito-contador assistente devem evitar e denunciar qualquer interferência que
possam constrangê-los em seu trabalho, não admitindo, em nenhuma hipótese, subordinar sua
apreciação a qualquer fato, pessoa, situação ou efeito que possam comprometer sua independência.

2.4 IMPEDIMENTO

2.4.1 O perito-contador está impedido de executar perícia contábil, devendo assim declarar-se, ao ser
nomeado, escolhido ou contratado para o encargo, quando:

a) for parte do processo;


b) houver atuado como perito-contador assistente ou prestado depoimento como testemunha no
processo;

c) o seu cônjuge ou qualquer parente seu, consangüíneo ou afim, em linha reta, ou em linha colateral
até o segundo grau, estiver postulando no processo;

d) tiver interesse, direto ou indireto, imediato ou mediato, por si ou qualquer de seus parentes,
consangüíneos ou afins, em linha reta ou em linha colateral até o segundo grau, no resultado do
trabalho pericial;

e) exercer função ou cargo incompatíveis com a atividade de perito-contador; e

f) a matéria em litígio não for de sua especialidade;

2.4.2 Quando nomeado em Juízo, o perito-contador deve dirigir-lhe petição, no prazo legal, justificando a
escusa.

2.4.3 Quando indicado pela parte, não aceitando o encargo, o perito-contador assistente deve comunicar ao
Juízo, a recusa, devidamente justificada.

2.4.4 O perito-contador e o perito-contador assistente não devem aceitar o encargo quando:

2.4.4.1 Constatarem que os recursos humanos e materiais de sua estrutura profissional não permitem assumir o
encargo, sem prejuízo do cumprimento dos prazos dos trabalhos nomeados, indicados, escolhidos ou
contratados; e
48

2.4.4.2 Ocorrer motivo de força maior.

2.5 HONORÁRIOS Serviços sem remuneração – Há casos em que não


existe a figura dos honorários, na perícia, a exemplo
2.5.1 O perito-contador e o perito-contador dos casos de gratuidade judicial (pessoas que se
assistente devem estabelecer previamente seus socorrem do judiciário, mas não têm condições de
honorários, mediante avaliação dos serviços, manter a causa). Nestes casos, prevalece o critério da
considerando-se entre outros os seguintes compensação: para compensão o trabalho do perito
fatores: em causa de justiça gratuita, o juiz procurará indicá-lo
ou nomeá-lo em outro caso que tenha repercussão
a) a relevância, o vulto, o risco e a econômica um pouco maior (Artur Marques da Silva
complexidade dos serviços a Filho, presidente da Associação Paulista de
executar; Magistrados).

b) as horas estimadas para realização de Negociação dos honorários do perito – Há casos


cada fase do trabalho; (notadamente na Justiça do Trabalho) em que os
c) a qualificação do pessoal técnico que irá advogados das partes ‘negociam’ a redução do
participar da execução dos serviços; honorário do perito em homologação de acordos. Este
tipo de negociação não é observado na Justiça
d) o prazo fixado, quando indicado ou Comum. “Neste caso, toda vez que há acordo, é
escolhido, e o prazo médio habitual de preciso que o perito concorde, porque quem fixa os
liquidação, se nomeado pelo juiz; honorários periciais é o juiz. Não fica a critério das
partes. Ou seja, as partes não podem negociar”
e) a forma de reajuste e de parcelamento, se (idem, ibidem).
houver;
(“Honorários de perícia - Juizes sem parâmetros”. Entrevista
f) os laudos interprofissionais e outros com o Dr. Artur Marques da Silva Filho. Revista Fenacon
inerentes ao trabalho; e em Serviços – Edição 63 – pág. 11).

g) no caso do perito-contador assistente, o resultado que, para o contratante, advirá com o serviço
prestado, se houver.

2.5.2 Quando se tratar de nomeação, deve o perito-contador:

2.5.2.1 Elaborar orçamento fundamentado nos fatores constantes do item 2.5.1 desta Norma;

2.5.2.2 Requerer por escrito o depósito dos honorários, conforme o orçamento ou pedido de arbitramento;

2.5.2.3 Requerer a complementação dos honorários, se a importância previamente depositada for insuficiente
para garanti-los; e

2.5.2.4 Requerer, após a entrega do laudo, que o depósito seja liberado com os acréscimos legais.

2.5.3 O perito-contador requererá a liberação parcial dos honorários, depositados em Juízo, sempre que
houver a necessidade, devidamente justificada.

2.5.4 O perito-contador pode requerer o custeio das despesas referentes ao deslocamento para a realização
do trabalho fora da comarca em que foi nomeado.

2.5.5 Quando se tratar de indicação pelas partes, escolha arbrital ou contratação extrajudicial, devem o
perito-contador e o perito-contador assistente formular carta-proposta ou contrato, antes do início da
execução do trabalho, considerados os fatores constantes no item 2.5.1 desta Norma e o prazo para a
realização dos serviços.
49

2.6 SIGILO

2.6.1 O perito-contador e o perito-contador assistente, em obediência ao Código de Ética Profissional do


Contabilista, devem respeitar e assegurar o sigilo do que apurarem durante a execução de seu
trabalho, proibida a sua divulgação, salvo quando houver obrigação legal de fazê-lo. Este dever
perdura depois de entregue o laudo pericial contábil ou o parecer pericial contábil.

2.6.1.1 O dever de sigilo subsiste mesmo na hipótese de o profissional se desligar do trabalho antes de
concluído.

2.6.1.2 É permitido ao perito-contador e ao perito-contador assistente esclarecer o conteúdo do laudo


pericial contábil e do parecer pericial contábil somente em defesa da sua conduta técnica
profissional, podendo, para esse fim, requerer autorização a quem de direito.

2.7 RESPONSABILIDADE E ZELO

2.7.1 O perito-contador e o perito-contador assistente devem cumprir os prazos estabelecidos no processo ou


contrato e zelar por suas prerrogativas profissionais, nos limites de suas funções, fazendo-se respeitar e
agindo sempre com seriedade e discrição.

2.7.2 O perito-contador e o perito-contador assistente, no exercício de suas atribuições, respeitar-se-ão


mutuamente, vedados elogios e críticas de cunho pessoal ou profissional, atendo-se somente aos aspectos
técnicos do trabalho executado.

2.8 UTILIZAÇÃO DE TRABALHO DE ESPECIALISTA

2.8.1 O perito-contador e o perito-contador assistente podem valer-se de especialistas de outras áreas na


realização do trabalho, desde que parte da matéria objeto da perícia assim o requeira.

2.8.2 O perito-contador pode requerer ao juiz a indicação de especialistas de outras áreas que se fizerem
necessários para a execução de trabalhos específicos.

2.9 EDUCAÇÃO CONTINUADA

2.9.1 O perito-contador e o perito-contador assistente, no exercício de suas atividades, devem comprovar a


participação em programa de educação continuada, na forma a ser regulamentada pelo Conselho
Federal de Contabilidade.

Normas Profissionais do Perito – Resolução nº 858

RESOLUÇÃO CFC Nº 858/99, DE 21 DE OUTUBRO DE 1999.


Reformula a NBC T 13 – Da Perícia Contábil.

O CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE - CFC, no exercício de suas atribuições legais e


regimentais;

CONSIDERANDO a necessidade de reformulação da NBC T 13 – Da Perícia Contábil, frente aos aspectos


técnicos da norma aprovada pela Resolução CFC nº 731, de 22 de outubro de 1992;

CONSIDERANDO que o Grupo de Estudo de Perícia Contábil recebeu inúmeras colaborações coletadas dos
Contabilistas que participaram das Audiências Públicas realizadas em diversos Estados e Capital do País;

CONSIDERANDO que o Grupo de Estudo de Perícia Contábil obteve do Grupo de Trabalho das Normas
Brasileiras de Contabilidade a aprovação de sua proposta de reformulação da NBC T 13 – Da Perícia
Contábil;

CONSIDERANDO a decisão da Câmara Técnica no Relatório nº 062/99, de 20 de outubro de 1999, aprovada


pelo Plenário deste Conselho Federal de Contabilidade.
50

RESOLVE:

Art. 1º - Reformular o teor da NBC T 13 – Da Perícia Contábil, conforme anexo a esta Resolução.
Art. 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua assinatura.

José Serafim Abrantes


Presidente do Conselho

NBC T 13 - DA PERÍCIA CONTÁBIL

13.1 CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS

13.1.1 A perícia contábil constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à
instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante
laudo pericial contábil, e ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e
profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.

13.1.1.1 O laudo pericial contábil e ou parecer pericial contábil têm por limite os próprios objetivos da perícia
deferida ou contratada.

13.1.2 A perícia contábil, tanto a judicial, como a extrajudicial e a arbitral, é de competência exclusiva de
Contador registrado em Conselho Regional de Contabilidade.
13.1.3 Nos casos em que a legislação admite a perícia interprofissional, aplica-se o item anterior
exclusivamente às questões contábeis, segundo as definições contidas na Resolução CFC n.º 560/83.

13.1.4 A presente Norma aplica-se ao perito-contador nomeado em Juízo, ao contratado pelas partes para a
perícia extrajudicial ou ao escolhido na arbritagem; e, ainda, ao perito-contador assistente indicado ou
contratado pelas partes.

13.2 PLANEJAMENTO

13.2.1 Disposições Gerais

13.2.1.1 O planejamento pressupõe adequado nível de conhecimento específico do objeto da perícia contábil
deferida ou contratada.

13.2.1.2 A perícia deve ser planejada cuidadosamente, com vista ao cumprimento do prazo, inclusive o da
legislação relativa ao laudo ou parecer.

13.2.1.2.1 Na impossibilidade do cumprimento do prazo, deve o Contador, antes de vencido aquele, requerer
prazo suplementar, sempre por escrito.

13.2.1.3 O planejamento deve considerar, ainda, os seguintes fatores relevantes na execução dos trabalhos:
a) o conhecimento detalhado dos fatos concernentes à demanda;
b) as diligências a serem realizadas;
c) os livros e documentos a serem compulsados;
d) a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos de perícia a serem aplicados;
e) a equipe técnica necessária para a execução do trabalho;
f) os serviços especializados, necessários para a execução do trabalho;
g) os quesitos, quando formulados; e
h) o tempo necessário para elaboração do trabalho.
51

13.2.1.4 O planejamento deve ser revisado e atualizado sempre que novos fatos o exigirem ou recomendarem.

13.2.1.5 Quando do planejamento dos trabalhos deve ser realizada a estimativa dos honorários de forma
fundamentada, considerando os custos e a justa remuneração do contador.

13.2.2 Na Perícia Judicial

13.2.2.1 Nos casos em que não houver publicação oficial da concessão do prazo suplementar, deve o perito-
contador comunicá-la aos peritos-contadores assistentes.

13.2.3 Na Perícia Extrajudicial e na Perícia Arbrital

13.2.3.1 O contrato de honorários deve ser elaborado com base no planejamento realizado.

13. 3 EXECUÇÃO

13.3.1 O perito-contador assistente pode, tão logo tenha conhecimento da perícia, manter contato com o perito-
contador, pondo-se à disposição para o planejamento e a execução conjunta da perícia. Uma vez aceita
a participação, o perito-contador deve permitir o seu acesso aos trabalhos.

13.3.2 O perito-contador e o perito-contador assistente, enquanto estiverem de posse do processo ou de


documentos, devem zelar pela sua guarda e segurança.

13.3.3 Para a execução da perícia contábil, o perito-contador e o perito-contador assistente devem ater-se ao
objeto do trabalho a ser realizado.

13.3.4 Nas diligências, o perito-contador e o perito-contador assistente devem relacionar os livros, os


documentos e os dados de que necessitem, solicitando-os, por escrito, em termo de diligência.
13.3.5 A eventual recusa no atendimento de diligências solicitadas, ou qualquer dificuldade na execução do
trabalho pericial devem ser comunicadas, com a devida comprovação ou justificativa, ao Juízo, em se
tratando de perícia judicial ou à parte contratante, no caso de perícia extrajudicial ou arbitral.

13.3.6 O perito-contador e o perito-contador assistente utilizar-se-ão dos meios que lhes são facultados pela
legislação e das normas concernentes ao exercício de sua função, com vista a instruírem o laudo pericial
contábil ou parecer pericial contábil com as peças que julgarem necessárias.

13.3.7 O perito-contador e o perito-contador assistente manterão registros dos locais e datas das diligências,
nomes das pessoas que os atenderem, livros e documentos examinados ou arrecadados, dados e
particularidades de interesse da perícia, rubricando a documentação examinada, quando julgarem
necessário.

13.3.8 A execução da perícia quando incluir a utilização de equipe técnica, deve ser realizada sob a orientação
e supervisão do perito-contador e ou do perito-contador assistente que assumiram a responsabilidade
pelos trabalhos, devendo assegurar-se que as pessoas contratadas estejam profissionalmente capacitadas
à execução.

13.3.9 O perito-contador e o perito-contador assistente devem documentar, mediante papéis de trabalho, os


elementos relevantes que serviram de suporte à conclusão formalizada no laudo pericial contábil e no
parecer pericial contábil.

13.3.10 O perito-contador assistente que assessorar o contratante na elaboração das estratégias a serem
adotadas na proposição de solução por acordo ou demanda cumprirá, no que couber, os requisitos
desta Norma.

13.4 PROCEDIMENTOS

13.4.1 Os procedimentos de perícia contábil visam fundamentar as conclusões que serão levadas ao laudo
pericial contábil ou parecer pericial contábil, e abrangem, total ou parcialmente, segundo a natureza e
52

a complexidade da matéria, exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração,


avaliação e certificação.

13.4.1.1 O exame é a análise de livros, registros das transações e documentos.

13.4.1.2 A vistoria é a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma
circunstancial.

13.4.1.3 A indagação é a busca de informações mediante entrevista com conhecedores do objeto da perícia.

13.4.1.4 A investigação é a pesquisa que busca trazer ao laudo pericial contábil ou parecer pericial contábil o
que está oculto por quaisquer circunstâncias.

13.4.1.5 O arbitramento é a determinação de valores ou a solução de controvérsia por critério técnico.

13.4.1.6 A mensuração é o ato de quantificação física de coisas, bens, direitos e obrigações.

13.4.1.7 A avaliação é o ato de estabelecer o valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas.

13.4.1.8 A certificação é o ato de atestar a informação trazida ao laudo pericial contábil pelo perito-contador,
conferindo-lhe caráter de autenticidade pela fé pública atribuída a este profissional.

13.4.2 Concluídas as diligências, o perito-contador apresentará laudo pericial contábil, e os peritos-


contadores assistentes, seus pareceres periciais contábeis, obedecendo aos respectivos prazos.

13.4.2.1 Ocorrendo diligências em conjunto com o perito-contador assistente, o perito-contador o informará


por escrito quando do término do laudo pericial contábil, comunicando-lhe a data da entrega do
documento.

13.4.2.2 O perito-contador assistente não pode firmar em laudo ou emitir parecer sobre este, quando o
documento tiver sido elaborado por leigo ou profissional de outra área, devendo, nesse caso,
apresentar um parecer contábil da perícia.

13.4.2.3 O perito-contador assistente, ao apor a assinatura, em conjunto com o perito-contador, em laudo


pericial contábil, não deve emitir parecer pericial contábil contrário a esse laudo.

13.5 LAUDO PERICIAL CONTÁBIL

13.5.1 O laudo pericial contábil é a peça escrita na qual o perito-contador expressa, de forma circunstanciada,
clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências
realizadas, os critérios adotados e os resultados fundamentados, e as suas conclusões.

13.5.1.1 Havendo quesitos, estes são transcritos e respondidos, primeiro os oficiais e na seqüência os das
partes, na ordem em que forem juntados aos autos.

13.5.1.2 As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, não sendo aceitas aquelas como “sim” ou “não”,
ressalvando-se os que contemplam especificamente este tipo de resposta.

13.5.1.3 Não havendo quesitos, a perícia será orientada pelo objeto da matéria, se assim decidir quem a
determinou.

13.5.1.4 Sendo necessária a juntada de documentos, quadros demonstrativos e outros anexos, estes devem ser
identificados e numerados, bem como mencionada a sua existência no corpo do laudo pericial contábil.

13.5.2 A preparação e a redação do laudo pericial contábil são de exclusiva responsabilidade do perito-
contador.
53

13.5.3 O laudo pericial contábil será datado, rubricado e assinado pelo perito-contador, que nele fará constar a
sua categoria profissional de Contador e o seu número de registro em Conselho Regional de
Contabilidade.

13.5.4 O laudo pericial contábil deve sempre ser encaminhado por petição protocolada, quando judicial ou
arbitral. Quando extrajudicial, por qualquer meio que comprove sua entrega.

13.6 PARECER PERICIAL CONTÁBIL

13.6.1 O parecer pericial contábil é a peça escrita na qual o perito-contador assistente expressa, de forma
circunstanciada, clara e objetiva, os estudos, as observações e as diligências que realizou e as
conclusões fundamentadas dos trabalhos.

13.6.1.1 O parecer pericial contábil, na esfera judicial, serve para subsidiar o Juízo e as partes, bem como para
analisar de forma técnica e científica o laudo pericial contábil.

13.6.1.2 O parecer pericial contábil, na esfera extrajudicial, serve para subsidiar as partes nas suas tomadas de
decisão.

13.6.1.3 O parecer pericial contábil na esfera arbitral, serve para subsidiar o árbitro e as partes nas suas
tomadas de decisão.

13.6.2 A preparação e a redação do parecer pericial contábil são de exclusiva responsabilidade do perito-
contador assistente.

13.6.3 Havendo concordância com o laudo pericial contábil, ela deve ser expressa no parecer pericial contábil.

13.6.4 Havendo divergências do laudo pericial contábil, o perito-contador assistente transcreverá o quesito
objeto de discordância, a resposta do laudo, seus comentários e, finalmente sua resposta devidamente
fundamentada.

13.6.5 Havendo quesitos não respondidos pelo perito-contador, o perito-contador assistente a eles responderá
de forma circunstanciada, não sendo aceitas respostas como “sim” ou “não”, ressalvando-se os que
contemplam especificamente este tipo de resposta.

13.6.6 Não havendo quesitos, o parecer será orientado pelo conteúdo do laudo pericial contábil.

13.6.7 Sendo necessária a juntada de documentos, quadros demonstrativos e outros anexos, estes devem ser
identificados e numerados, bem como mencionada sua existência no corpo do parecer pericial contábil.

13.6.8 O parecer pericial contábil será datado, rubricado e assinado pelo perito-contador assistente, que nele
fará constar a sua categoria profissional de Contador e o seu número de registro em Conselho Regional
de Contabilidade.

13.6.9 O parecer pericial contábil deve sempre ser encaminhado por petição protocolada, quando judicial e
arbitral, e por qualquer meio que comprove sua entrega, quando extrajudicial.
54

ANEXO 2

MODELOS DE PETIÇÕES

LAUDOS
55

PROPOSTAS DE HONORÁRIOS
56

Modelo – 1 Ofício de Aceitação do Encargo e Proposta de Honorários Prévios

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA E


ACIDENTES DO TRABALHO DA COMARCA

NÚMERO DO PROCESSO :
AUTOR (ES, A, AS) :
RÉU (RÉUS, RÉ, RÉS) :

FULANO DE TAL, brasileiro, casado, contador, estabelecido à Rua ___________________________, tendo


sido nomeado perito nos autos acima identificados, vem à presença de Vossa Excelência para expor e a final
requerer o seguinte:

1. Que aceita o honroso encargo de realizar a perícia determinada nos autos;

2. Que a perícia, face à sua complexidade, demandará, aproximadamente,


conforme está espelhado na demonstração da formação dos honorários, 122 (cento e vinte e duas) horas de
trabalho;

3. Que a Tabela Referência de Honorários Mínimos do Sindicato das Empresas de


Serviços Contábeis, aprovada em reunião do dia 29 de julho de 1996, estabelece em R$ 91,20 (noventa e um
reais e vinte centavos), a hora de trabalho do Perito.

Pelas razões expostas Requer:

a) o arbitramento de honorários periciais em R$ 9.364,00 (nove mil, trezentos e


sessenta e quatro reais).

b) a concessão do prazo de 60 (sessenta) dias para conclusão dos trabalhos e entrega


do laudo pericial, há vista ser a matéria extremamente complexa.

c) a intimação das partes para efetivação do depósito prévio.

Florianópolis,

Perito do Juízo
57

DEMONSTRAÇÃO DA COMPOSIÇÃO DOS HONORÁRIOS PERICIAIS

PROCESSO:
ÓRGÃO:
REQUERENTE:
REQUERIDO:

1. HONORÁRIOS

ESPECIFICAÇÃO HORAS TOTAL


Estimadas Aplicadas R$/HORA R$
Pedido de honorários e início perícia/carga/devolução/carga 1,00 - 76,00 76,00
Análise dos Autos/Documentos e Relatórios 5,00 - 76,00 380,00
Diligências 12,00 - 76,00 912,00
Elaboração dos cálculos 80,00 - 76,00 6.080,00
Reuniões com Representantes das Partes 8,00 - 76,00 608,00
Elaboração do Laudo 12,00 - 76,00 912,00
Revisão e entrega do Laudo 4,00 - 76,00 304,00
TOTAL 122,00 - - 9.272,00

2. MATERIAL

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE VALOR TOTAL


Estimada Aplicada Unitário R$
Folhas de Papel 1000 - 0,04 40,00
Disquetes 2 - 1,00 2,00
Cópias Xerográficas 50 - 0,10 5,00
Cartuchos de tinta da impressora 1 - 45,00 45,00
TOTAL - - - 92,00

3. OUTROS CUSTOS

ESPECIFICAÇÃO QUANTIDADE VALOR TOTAL


Estimada Aplicada Unitário R$
Despesas de Viagem - - - -
TOTAL - - - -

RESUMO
Honorários 9.272,00
Material aplicado 92,00
Outros custos -
TOTAL 9.364,00
58

Modelo – 2 Proposta de Honorários Provisórios

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA ___________ DA COMARCA


DE __________________ - ________

Requerente: (autor)

Requerido: (réu)

FULANO DE TAL, perito contábil nomeado no


processo ______________________________, vem, mui respeitosamente, submeter à apreciação de V. Excia.,
em atendimento ao determinado às fls. _____, a estimativa de honorários periciais provisórios no montante
de R$ ______________ (_________________________________________)

Para a oferta da estimativa da verba honorária, foram


levados em consideração os procedimentos técnicos a seguir enumerados:

1. procedeu-se à leitura dos autos do processo e ao exame da documentação juntada, no sentido de buscar
elementos que permitissem identificar o que demandam as partes;

2. os trabalhos periciais, como emana do que consta dos autos, abrangerão o período de ______,
envolvendo aspectos técnicos e contábeis;

3. portanto, para cumprir o mandato de perito judicial, consubstanciado em laudo pericial contábil a ser
oferecido, será necessário realizar diligências à sede _______, onde serão compulsados os livros
mercantís e respectivo suporte documental e demais procedimentos periciais inerentes ao
desenvolvimento do trabalho pericial contábil;

4. as horas profissionais estimadas nas várias fases do trabalho pericial, como demonstrado em anexo, que
redundou na presente proposta de honorários provisórios, foram valorizadas levando em consideração
os padrões estabelecidos pelo Conselho Regional de Contabilidade deste Estado.

Finalmente, se aguardará o depósito, em conta judicial,


da verba honorária estimada, para então se dar início aos trabalhos periciais.

Termos em que

P. Juntada e Deferimento

Blumenau, ____ de ___________ de 200X

Perito Judicial – CRC-(estado) _______________


59

OFÍCIO DE ENCAMINHAMENTO
DO LAUDO PERICIAL

PEDIDO DE LIBERAÇÃO DOS


HONORÁRIOS PRÉVIOS
60

Modelo – 1 Apresentação de Laudo Pericial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA __________________ DA


COMARCA DE ______________________, ________

PROCESSO NO _______________

RECLAMANTE: ______________

RECLAMADO: _______________

FULANO DE TAL, perito contábil nomeado nos autos


da Reclamatória trabalhista processo no ____________, vem, mui respeitosamente à digna presença de V.Excia.,
apresentar Laudo Pericial, colocando-se a disposição para quaisquer esclarecimentos que se façam necessários.

Outrossim, requer que sejam arbitrados seus honorários,


cujos custos vão em evidência.

Termos em que,

Pede Deferimento.

Blumenau _____ de _________ de 200X

Perito __________________

CRC-(estado) ________
61

Modelo – 2 Apresentação de Laudo Pericial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS DA


FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL – 1º CARTÓRIO

Natureza do Processo:
Número do Processo:
Requerente:
Requerido:

MANFREDO KRIECK, Perito do Juízo, já qualificado nos autos acima identificados,


tendo concluído os trabalhos, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência requerer o que segue:

1. a juntada do LAUDO PERICIAL, que segue incluso;

2. a liberação dos honorários periciais previamente depositados.

Nestes termos aguarda deferimento.

Blumenau,

Perito do Juízo
62

LAUDO PERICIAL – PESQUISA CONTÁBIL


63

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO


DA 6a VARA CÍVEL DA COMARCA DA CAPITAL.

Natureza do Processo: Embargos à Execução


Número do Processo:
Requerente:
Requerido:

MANFREDO KRIECK, Perito do juízo, já qualificado nos autos acima identificados,


tendo concluído os serviços, vem à presença de Vossa Excelência apresentar o Laudo Pericial.

A) OBJETO

O presente laudo tem como objetivo apresentar o resultado da perícia realizado nos livros e documentos
Contábeis dos Litigantes.

B) RESPOSTA AOS QUESITOS

B.1 - QUESITOS DO EMBARGANTE

1. Podem os senhores peritos informar se nos livros, papéis e documentos da Embargada


existe registro de outras dívidas da Embargante, oriundas do consumo de combustível, além do total anotado em
papel de máquina calculadora "grampeado" nas notas fiscais e correspondentes ao período daquelas notas
fiscais?
R. Não. Vide conclusões do Perito.

2. Podem os senhores peritos informar se nos livros, papéis e documentos da Embargada


existe registro de outras dívidas da Embargante, oriundas de consumo de combustível, correspondente a período
posterior ao “acerto de contas” a que se refere o papel de máquina calculadora antes mencionado?
R. Sim. Vide conclusões do Perito.

3. Podem os senhores peritos informar se o valor constante da nota promissória objeto da


execução corresponde a débitos da Embargada referentes ao consumo e/ou fornecimento de combustíveis?
R. Não. Todo o reabastecimento feito pela Embargante no Posto do Embargado, se não
fosse feito nenhum pagamento, ascenderia a 97.570,31 (noventa e sete mil, quinhentos e setenta vírgula trinta e
um) litros de óleo diesel, o que corresponderia, nesta data, a R$ 32.198,20 (trinta e dois mil, cento e noventa e
oito reais e vinte centavos). Isto com o preço de R$ 0,33 (trinta e três centavos de reais). Logo, pode-se afirmar,
sem medo de errar, que a Nota Promissória acostada aos autos não corresponde ao valor devido, pelo
fornecimento de combustíveis, na data da sua emissão.

B.2 - QUESITOS DO EMBARGADO

Não foram apresentados quesitos pelo Embargado


64

C) CONCLUSÕES DO PERITO

As contabilidades dos Litigantes não se prestaram ao exame pericial, tendo a perícia que
ater-se aos dados dos autos e outros, avulsamente conseguidos, com as partes, obrigando o Perito a processar, em
computador, todo o fornecimento de combustíveis feito pelo Embargado ao Embargante.

Todo o fornecimento de combustíveis foi transformado em equivalência de litros de


diesel, para permitir a comparabilidade dos diversos valores.

Na ausência de escrituração contábil dos fatos administrativos ora em litígio, utilizou o


Perito, como indexador, o litro de diesel pelo preço praticado pelo Embargado, concluindo:

1. Todo o fornecimento de combustíveis feito pelo Auto Posto Ltda. à Empresa Agência
de Viagens e Turismo Ltda., conforme está demonstrado no anexo 1, ascendeu a 97.570,31 (noventa e sete mil,
quinhentos e setenta vírgula trinta e um) litros de óleo diesel, o que corresponde, nesta data, a R$ 32.198,20
(trinta e dois mil, cento e noventa e oito reais e vinte centavos), adotando-se o valor do litro de diesel praticado
pelo Embargado de R$ 0,33 (trinta e três centavos).

2. O somatório dos pagamentos feitos pelo Embargante, ascende a 69.640,64 (Sessenta e


nove mil, seiscentos e quarenta vírgula sessenta e quatro) litros de óleo diesel, conforme está explicitado no
Anexo nº II.

3. O valor da Nota Promissória constante às fls. 06 do processo nº 639/93, corresponde,


hoje, a R$ 88.383,84 (oitenta e oito mil, trezentos e oitenta e três reais e oitenta e quatro centavos).

4. Nenhum controle contábil da venda de combustíveis a prazo foi feito pelo Auto Posto
Ltda., limitando-se a juntar as Notas Fiscais, somá-las e subtrair os valores pagos pela Embargante, sem indicar
de que forma foram feitos, se em cheque ou em dinheiro. A contabilidade registrava o fornecimento de
combustíveis como sendo à vista;

5. Também pela Embargante nenhum controle contábil foi feito. Nem sequer a dívida
com o Posto foi contabilizada, sendo usual repassar cheques de terceiros ao Embargado para amortização parcial
da dívida, sem exigência de qualquer recibo correspondente, recebendo apenas as Notas Fiscais brancas, sem que
estas, no entanto, indicassem a sua quitação;

c) Para levantar os pagamentos feitos, na falta de documentos formais, teve a perícia que
socorrer-se das anotações, de próprio punho do Embargado, através da fita da máquina de calcular do
Embargado, e pesquisar cópias dos cheques fornecidos pelo Embargante, tudo demonstrado no anexo II.

Para afastar a dúvida da possibilidade de ter havido fornecimento de mais combustíveis


do que aquele especificado no anexo 1, solicitamos ao Auto Posto a comparação das Notas Fiscais constantes
dos Autos com as cópias constantes dos blocos de Notas Fiscais em poder do Embargado, tendo este informado
(vide documento nº 12), que a diferença entre o valor das Notas Fiscais e da Nota Promissória referia-se a juros
bancários acrescidos à dívida do Embargante.

O Embargante atualizava os pagamentos relativos ao fornecimento de combustíveis pelo


valor do dia do óleo diesel, o que lhe assegurava a atualização da dívida e a manutenção da margem de lucro já
embutida no preço.

Se aceita a tese de que a Nota Promissória constante dos autos contém o valor da dívida
pelo fornecimento de combustíveis acrescido dos encargos motivados pelos empréstimos bancários tomados pelo
Embargante, nos deparamos com o seguinte quadro:

1. A dívida atualizada pelo equivalente diesel, que, como já dissemos, embute a correção
monetária acrescida da margem de lucro, na data do Laudo, é de R$ 9.315,79 (nove mil, trezentos e quinze reais
e setenta e nove centavos);

2. O valor da Nota Promissória acostada às fls. 6 dos autos nº639/93, convertida para
reais, corresponde a R$ 88.383,83 (oitenta e oito mil, trezentos e oitenta e três reais e oitenta e três centavos);
65

3. Houve, portanto, um acréscimo real (já descontada a inflação) de 848,75% (oitocentos


e quarenta e oito vírgula setenta e cinco porcento)

D) CONCLUSÕES FINAIS DO PERITO

Pelas pesquisas e análises feitas, conclui o Perito que:

a) O valor da Nota Promissória acostada às fls. 6 dos autos nº 639/93, convertida para
reais, corresponde a R$ 88.383,83 (oitenta e oito mil, trezentos e oitenta e três reais e oitenta e três centavos);

b) Todo o fornecimento de combustíveis (transformado no equivalente diesel) feito pelo


Embargado ao Embargante, ascende, a 97.570,31 (noventa e sete mil, quinhentos e setenta vírgula trinta e um)
litros, o que corresponde, nesta data, a R$ 32.198,20 (trinta e dois mil, cento e noventa e oito reais e vinte
centavos), conforme espelhado no anexo I.

c) Pelos documentos e anotações constantes dos volumes I, II. e III. do processo nº692/93
mais as cópias dos cheques apresentadas pelo Embargante, conclui-se que durante o período de janeiro de 1992
até a presente data, foram feitas amortizações no montante de R$23.643,16 (vinte e três mil, seiscentos e
quarenta e três reais e dezesseis centavos).

d) Deduzindo-se do total de fornecimento de combustíveis de 97.570,31 (noventa e sete


mil, quinhentos e setenta vírgula trinta e um) litros, os pagamentos, também transformados no equivalente diesel,
de 69.640,64 (sessenta e nove mil, seiscentos e quarenta vírgula sessenta e quatro) litros, verifica-se que o saldo
remanescente, relativo a compra de combustíveis é de 28.229,68 (vinte e oito mil, duzentos e vinte e nove
vírgula sessenta e oito) litros, correspondendo, nesta data, a R$ 9.315,79 (nove mil, trezentos e quinze reais e
setenta e nove centavos).

Conclui, portanto, o Perito, que o débito do Embargante ao Embargado, relativo ao


fornecimento de combustíveis, é de R$ 9.315,79 (nove mil, trezentos e quinze reais e setenta e nove centavos) e
que o valor estampado na Nota Promissória não corresponde ao fornecimento de combustíveis.

Blumenau,

Perito do Juízo
66

LAUDO PERICIAL - ARBITRAMENTO - MODELO


67

EXCELENTÍSSIMO SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ (A) DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS DA


FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DA CAPITAL – 1º CARTÓRIO

PROCESSO Nº:
REQUERENTE:
REQUERIDO:

1. OBJETO - Determinação dos prejuízos ocasionados à Construtora Norancal Ltda, decorrentes da rescisão do
contrato de empreitada, celebrado entre o Departamento de Estradas e Rodagens de Santa Catarina - DER/SC e a
empresa Autora, em 15/05/86, que tinha o objetivo de executar serviços de terraplanagem, pavimentação
asfáltica, drenagem, obras de arte correntes e serviços complementares na Rodovia SC 469, trecho Modelo BR-
282, numa extensão de 9.134m, cuja execução deveria obedecer ao projeto final de engenharia fornecido pela Ré
na fase de licitação da referida obra.

De acordo com a decisão judicial, os prejuízos decorrentes da rescisão contratual terão


seus valores aferidos em liquidação de sentença.

2. QUESITOS FORMULADOS PELAS PARTES - Em atenção ao despacho de fls. 161, apenas a autora fez
a indicação de assistente técnico, deixando, entretanto, de formular quesitos.

3. DO REQUERIMENTO CONTIDO NA PETIÇÃO INICIAL - A empresa Autora, na sua petição inicial,


requereu indenização por perdas e danos decorrentes de:

a) mobilização e desmobilização do canteiro de obras;

b) paralisação dos equipamentos e máquinas alocados no canteiro;

c) não pagamento dos valores aferidos na medição de 22/04/88;

d) lucros que deixou de aferir.

4. DA DECISÃO JUDICIAL - Em decisão de 1a instância (fls.101/107), o DER/SC foi condenado ao


"pagamento da indenização reclamada, cujo valor será aferido em liquidação de sentença, por arbitramento,
acrescido de juros legais contados da citação (02.04.91), e correção monetária desde o ajuizamento da ação
(14.03.91)” (destaque nosso). Em decisão de 2a instância (fls.149/153), o Tribunal de Justiça manteve a sentença,
mandando aplicar, entretanto, “a correção monetária a partir da liquidação da sentença” (destaque nosso).

5. CRONOLOGIA DOS FATOS - Em razão da não formulação dos quesitos pelas partes litigantes
procedemos um apanhado cronológico dos acontecimentos que envolveram a questão:

O contrato de empreitada, denominado DJ-022/86, foi celebrado em 15.05.86, pelo valor original global de Cz$
14.704.799,46, com cláusula de reajuste nos termos do Decreto Lei nº 2.284. Vide documento de fls. 07 a 1 2
dos autos.
A autorização para iniciar a execução dos serviços foi dada pelo DER/SC em 06.06.86, conforme doc. de fls.13
dos autos.
68

A primeira medição dos serviços executados, foi feita em 01.07.86, no valor histórico de Cz$ 107.860,71, ainda
sem o cálculo do reajuste contratual. Tais dados constam do doc. de fls. 23 dos autos.

A ordem de paralisação temporária foi emitida pelo DER/SC em 03.04.87, conforme doc. de fls. 14 dos autos.

Em 04.02.88, o DER/SC comunicou à empresa que desejava rescindir, amigavelmente, o contrato, solicitando o
posicionamento da mesma a respeito do assunto. Vide doc. de fls. 17 dos autos.

Em 22.04.88, foi celebrado o Termo de Resilição de Contrato. Vide doc. de fls. 51 dos autos.

Ainda em 22.04.88, o DER/SC fez a Medição Final Resilitória, que atingiu um valor original de Cz$ 234.463,92,
que é um dos itens da presente indenização. Vide doc. fls.23 dos autos.

Em 14.03.91, a empresa Autora ingressou com a presente Ação Ordinária Indenizatória contra o DER/SC.

Em 09.07.93, a Ré foi condenada em 1a instância ao pagamento da indenização reclamada, valor a ser aferido
em liquidação de sentença por arbitramento, com juros legais a partir da citação (02.04.91) e correção monetária
a partir do ajuizamento da ação (14.03.91). Ver doc. fls. 101 a 108 dos autos.

Em decisão de 2a instância, datada de 24.05.94, acostada aos autos às fls. 150 a 153, ficou mantida a sentença de
1º grau, mas com a aplicação da correção monetária a partir da liquidação de sentença (fls. 149 a 153 dos autos).

6. CÁLCULO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO - Ficou assegurado à Autora, através de decisão judicial, "o
pagamento da indenização reclamada", abrangendo os seguintes itens:

a) Mobilização e desmobilização do canteiro de obras e equipamentos;


b) Paralisação dos equipamentos e máquinas alocados no canteiro de obras;
c) O não pagamento dos valores aferidos na medição de 22.04.88;
d) Lucros que deixou de auferir.

6.1. CÁLCULO DO VALOR DA MOBILIZAÇÃO E DESMOBILIZAÇÃO - Como a autorização para


iniciar a execução dos serviços foi emitida em 06.06.86, e a obra foi paralisada temporariamente em 03.04.87,
decorreu em período de 10 (dez) meses de serviços contínuos. Somente após mais de um ano (22.04.88) foi
celebrado o Termo de Resilição de Contrato.

De acordo com a proposta técnica da Autora, ao participar da concorrência para a execução do trecho rodoviário
já mencionado, cuja cópia estamos anexando ao laudo (doc. 02), nada consta com relação a custos de
mobilização de canteiros de obras e equipamentos.

Para o estabelecimento do valor da mobilização convém esclarecer que, em todas as licitações, o DER/SC tem
por norma divulgar os índices que compõem o BDI - Benefícios Diretos e Indiretos, indicando, dentro deste, um
percentual equivalente a 2,00% (dois por cento), destinado a mobilização de canteiros de obras, máquinas e
equipamentos (vide documento 02, anexo, fornecido pelo DER/SC).

Com a componente mobilização e desmobilização está inserido no valor total da proposta, e tendo sido já pago a
primeira medição, e também pelo motivo de que o valor da medição resilitória é um dos itens do presente
arbitramento a aplicação do referido percentual de 2,00% (dois por cento) só será calculado sobre a diferença, ou
seja, sobre o saldo remanescente do valor do contrato.

Em valores originais, o saldo remanescente será:

V = Valor Contratado - Valor Primeira Parcela - Valor Parcela Resilitória


V = Cz$14.704.799,46 - Cz$107.870,61 - Cz$ 234.463,92
V = Cz$ 14.362.466,00
69

Aplicando o percentual de 2,00% (dois por cento) sobre o valor remanescente do contrato, teremos:

Vmobil = Cz$14.362.466,00 x 2,00%


Vmobil = Cz$ 287.725,00

que é o valor arbitrado para a mobilização e desmobilização do canteiro de obras, máquinas e equipamentos, a
preços originais.

Para o arbitramento do valor atual do presente item, buscamos uma relação entre valores unitários de materiais e
serviços relacionados na medição resilitória, em comparação com os preços atuais que constam da tabela
fornecida pelo DER/SC, cuja cópia estamos anexando (doc. 04).

A relação entre os valores é a seguinte:

VALOR VALOR
ITEM SERVIÇO/MATERIAL ORIGINAL ATUAL ÍNDICE
51140 Escavação mecânica 2a Categoria Cz$ 30,00 R$ 4,17 7,19
67200 Corpo BSTC 80 c/laje e enrocamento Cz$ 633,25 R$ 100,06 6,82
72550 Boca para BSTE diam. 80 normal Cz$ 1.752,80 R$ 215,05 8,15
55100 Escavação vala 3a categoria Cz$ 274,81 R$ 33,73 8,12
59650 Dreno tipo I Cz$ 138,41 R$ 19,00 7,28
60100 Drenotipo IX Cz$ 31,41 R$ 3,65 8,60
53030 Decapagem de jazida Cz$ 14,95 R$ 2,08 7,18
61400 Saída p/ drenos profundos – tubo Cz$ 85,86 R$ 13,30 6,45
ÍNDICE MÉDIO 7,41

Com a aplicação do índice médio acima obtido, atualizamos o valor contratado:

Valor original do contrato = Cz$14.704.799,46


Valor atualizado do contrato = Cz$ 14.704.799,46/7,41
Valor atualizado do contrato = R$ 1.984.453,00

Apenas para aferição do resultado acima obtido, procuramos obter informações junto ao DER/SC, através do
Engenheiro Wilson Espernau, ocasião em que o mesmo esclareceu que o preço para construção de rodovias em
trechos sem acidentes topográficos acentuados é da ordem de R$ 220.000,00 por Km, valor esse também
utilizado pelo BIRD como limite máximo para a concessão de empréstimos para os órgãos públicos. Como o
trecho de rodovia objeto da presente ação é de 9,134Km, o índice médio de 7,41 pode ser considerado como
correto, já que o valor atualizado daquele trecho rodoviário, atinge R$ 1.984.453,00, compatível com os valores
de mercado correntes.

Voltando ao valor original da mobilização, já calculado a preços originais de Cz$ 287.725,00, temos que
atualizá-lo, aplicando o índice de 7,41 já referido. Assim, teremos:

Vmobil = Cz$ 287.725,00/7,41

Vmobil = R$ 38.829,00

(trinta e oito mil, oitocentos e vinte e nove reais), que é o valor atual arbitrado para a mobilização e
desmobilização dos canteiros de obra, máquinas e equipamentos.

6.2 CÁLCULO DO VALOR DE LOCAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS - Os equipamentos e máquinas


estiveram à disposição da obra de junho/86 a abril/88, ou seja, por um período de 22 (vinte e dois) meses,
atendendo aos serviços, até a paralisação temporária dos mesmos, ocorrida em 03.04.87. Até essa data, as
máquinas e equipamentos foram utilizados para a execução dos serviços realizados, ou seja, são componentes
dos valores da 1a medição e da medição final resilitória, cujos serviços foram paralisados em 03.04.87.
70

Os equipamentos e máquinas ficaram parados e à disposição da obra, aguardando uma definição do DER/SC, no
período compreendido entre 03.04.87 a 22.04.88, quando foi quebrado o contrato.

O DER/SC deve indenizar, portanto, o valor de locação das máquinas e equipamentos colocados à disposição da
obra, por um período de 385 (trezentos e oitenta e cinco) dias, cuja relação de material consta da proposta
original da Autora, quando de sua participação na concorrência em questão.

As máquinas, equipamentos e veículos, suas marcas, tipos e quantidades, constam da proposta original da autora,
cuja cópia fornecida pelo DER/SC estamos anexando (doc. 02).

A relação das máquinas e equipamentos que teriam sido colocados à disposição da obra, de acordo com a
proposta da autora (doc. 02), quando da sua participação da referida licitação, é a seguinte:

Item Equipamento Quantidade


1 Trator de pneus CBT 147 HP 2
2 Trator de esteira com lâmina e escarificador 200HP 1
3 Trator de esteira com lâmina de escarificador 335HP 1
4 Retroescavadeira 73 H P 1
5 Motoniveladora 125HP 2
6 Carregador frontal de pneus 170HP 1
7 Rolo compressor Tandem 58HP 1
8 Rolo pé-de-carneiro rebocado 77HP 1
9 Rolo pé-de-carneiro vibratório autopropelido 127HP 1
10 Rolo compactador de pneus autopropelido 145HP 1
11 Rolo liso vibratório 127HP 1
12 Distribuidor de asfalto 5.700 1
13 Distribuidor de agregado 50HP 1
14 Acabadora de asfalto 52HP 1
15 Usina de solos e para PMF, 200 t/h 1
16 Grupo gerador Diesel 236HP 1
17 Compressor de ar 289HP 1
18 Perfuratriz manual 4
19 Grade de discos 24 discos 1
20 Vassoura mecânica 1
21 Caminhão basculante 140HL 10
22 Caminhão tanque 6.000 litros- 140HL 1
23 Betoneira 320 litros- 8HP 2
24 Compactador vibratório 7HP 1
25 Vibrador de imersão 5HP 2
26 Conjunto de britagem 1

Como não há comprovação nos autos de que todos esses equipamentos foram colocados à disposição da obra
durante a execução dos serviços nela realizados, a perícia excluiu da relação acima os seguintes itens:

Item Equipamento Quantidade


7 Rolo compressor Tandem 58HP 01
10 Rolo compactador de pneus autopropelido 145HP 01
12 Distribuidor de asfalto 5.700 01
13 Distribuidor de agregado 50HP 01
14 Acabadora de asfalto 52HP 01
15 Usina de solos e para PMF, 200 t/h 01
20 Vassoura mecânica 01
26 Conjunto de britagem 01

A exclusão desses itens foi motivada em virtude de que o somatório dos valores da primeira parcela e última
parcela resilitória atinge a Cz$ 342.334,53, a preços originais, o que representa, aproximadamente, três meses e
meio do cronograma físico-financeiro (doc.02).
71

O cronograma físico de utilização das máquinas e equipamentos, prevê o início de alguns deles dentro dos
primeiros quatro meses, e outros fora de tal período. Os materiais que teriam que ser utilizados a partir do quarto
mês do cronograma físico-financeiro foram excluídos por não ter sido utilizados.

A relação dos equipamentos, máquinas e caminhões colocados à disposição da obra, suas quantidades, tempo de
disponibilidade e valores unitários locativos constam do quadro a seguir:

Equipamentos colocados à Tempo


Item disposição da obra Quantidade disponível Valor Valor Total
1 Trator de pneus CBT 147 HP 2 4400 10,59 46.596,00
2 Trator esteira lâmina escaril. 200HP 1 2200 53,22 117.084,00
3 Trator esteira lâmina escarifi. 335HP 1 2200 53,22 117.084,00
4 Retroescavadeira 73 H P 1 2200 11,92 26.224,00
5 Motoniveladora 125HP 2 4400 15,78 69.432,00
6 Carregador frontal de pneus 170HP 1 2200 11,09 24.398,00
8 Rolo pé-de-carneiro rebocado 77HP 1 2200 10,98 24.156,00
9 Rolo pé-de-carneiro vib.autop. 127HP 1 2200 11,27 24.794,00
11 Rolo liso vibratório 127HP 1 2200 11,27 24.794,00
16 Grupo gerador Diesel 236HP 1 2200 25,02 55.044,00
17 Compressor de ar 289HP 1 2200 7,49 16.478,00
18 Perfuratriz manual 4 8800 3,91 34.408,00
19 Grade de discos 24 discos 1 2200 0,42 924,00
21 Caminhão basculante 140HL 10 2200 12,13 26.686,00
22 Caminhão tanque 6.000 litros- 140HL 1 2200 8,84 19.448,00
23 Betoneira 320 litros- 8HP 2 4400 0,66 2.904,00
24 Compactador vibratório 7HP 30.404,00
25 Vibrador de imersão 5HP 6.908,00
TOTAL 667.766,00

O valor de locação das máquinas e equipamentos colocados à disposição da obra durante o período em que a
mesma esteve paralisada por ordem do DER, foi de R$ 667.766,00 (seiscentos e sessenta e sete mil, setecentos e
sessenta e seis reais), arbitrado a preços atuais.

Vale esclarecer que o tempo de locação de 385 dias eqüivale a 2.200 horas, considerando-se um turno semanal
de trabalho de 40 horas.

A tabela atualizada de valores locativos de máquinas e equipamentos rodoviários, fornecida pelo DER/SC (doc.
03), apresenta preços diferenciados para horas produtivas e improdutivas. No caso presente, como as máquinas e
equipamentos ficaram à disposição da obra, porém paralisados naquele período de 385 dias, consideramos os
valores locativos unitários inseridos no quadro anterior, como horas improdutivas.

6.3. CÁLCULO DO VALOR DA MEDIÇÃO DE 22.04.88. - Trata-se da medição final resilitória, ocorrida em 22.04.88,
que não foi paga pelo DER/SC.

De acordo com os documentos de fls. 22 a 28 dos autos, a medição final atingiu um valor de Cz$ 234.463,92
(duzentos e trinta e quatro mil, quatrocentos e sessenta e três cruzados e noventa e dois centavos) a preços originais.

Para o arbitramento do valor atual da medição resilitória, aplicamos o índice já calculado de 7,41, obtido da
relação entre os valores originais e atuais.

O valor atual a ser arbitrado será:

Vresilitório = Cz$ 234.463,92/7,41

Vresilitório = R$ 31.641,00

(trinta e um mil, seiscentos e quarenta e um reais), que é o valor arbitrado para o pagamento da medição resilitória.)
72

6.4. CÁLCULO DOS LUCROS QUE DEIXOU DE AFERIR - O valor total do contrato foi de Cz$
14.704.799,46, a preços da data da proposta, ou seja, de 04.12.85.

Para o cálculo dos lucros que a empresa deixou de auferir, é necessário, inicialmente, que seja deduzido do valor
contratado o montante relativo à primeira parcela que foi recebida pela Autora, no valor histórico de
Cz$107.870,61, e mais, o valor da 2a e última medição de 22.04.88, não recebida pela Autora, mas inserida no
item 5.3, no valor histórico de Cz$ 234.463,92.

Portanto, a parte do contrato que o DER/SC deixou de cumprir, sobre o qual a Autora deixou de auferir lucros,
foi a seguinte:
- Valor contratado........................................................... Cz$ 14.704.799,46
- Valor da 1a medição..................................................... Cz$ 107.870,61
- Valor da medição final.................................................. Cz$ 234.463,92
Valor Remanescente..................................................... Cz$ 14.362.466,00

Para a determinação dos lucros que a empresa deixou de auferir, que deverá ser calculado sobre o valor
remanescente do contrato, utilizamos um percentual de bonificação que é divulgado pelo próprio DER/SC, que
para o ano de 1986 foi de 38,32%, praticado pelas empresas empreiteiras do ramo de construção civil, na área de
construção de estradas, conforme consta dos documentos em anexo, fornecido pela ACEOP- Associação
Catarinense dos Empreiteiros de Obras Públicas (doc. 05).De acordo com publicações do DER/SC, cujo material
faz parte integrante de todas as licitações, o percentual de lucro da empresa é um dos componentes do BDI,
sendo fixado em 12,00% (doc.01).

Assim sendo, o valor a ser calculado a título de lucro que a empresa deixou de auferir, a preços originais de proposta, será:

Vlucro = Cz$ 14.362.466,00/1,12 x 0,12

Vlucro = Cz$1.538.835,64

Atualizando-se o valor com a aplicação do índice de 7,41, já calculado, teremos:

Vlucro = Cz$ 1.538.835,64/7,41

Vlucro = R$ 207.670,13

(duzentos e sete mil, seiscentos e setenta reais e treze centavos), que é o valor arbitrado, a título de lucro que a
autora deixou de auferir.)

CONCLUSÃO FINAL - O valor final arbitrado, em observância a r. sentença e acórdão, atualizados até 1º de
maio de 1996, é de R$ 1.312.983,92 (um milhão, trezentos e doze mil, novecentos e oitenta e três reais e noventa
e dois centavos), conforme abaixo espelhado:

ESPECIFICAÇÃO VALOR
Mobilização e desmobilização 38.829,00
Paralisação de máquinas e equipamentos 667.766,00
Medição final resilitória 31.641,00
Lucros que deixou de auferir 207.670,13
SOMA 945.906,13
Juros legais de 0,5% am desde 02/04/91 de 30,93% 292.757,95
SOMA 1.238.664,08
Honorários advocatícios de 6% 74.319,84
VALOR TOTAL 1.312.983,92

Florianópolis,
73

LAUDO PERICIAL – VERIFICAÇÃO DE HAVERES


74

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2a VARA


CÍVEL DA COMARCA DE SÃO JOSÉ - SC.

Processo nº:

Controle:

Natureza da ação:

Inventariante:

Inventariado:

MANFREDO KRIECK, perito do juízo, já qualificado nos autos acima identificados, havendo
concluído os seus trabalhos, lavra o presente laudo, consubstanciado nos seguintes termos:

1. DILIGÊNCIA

A diligência foi efetuada nas sedes da empresa LEONARDO, estabelecida no Município de Rancho
Queimado, e da sociedade em nome coletivo & CIA, estabelecida na Rua Constâncio Krummel, 932 e 980, em
São José, com depósitos fechados à Rua Joaquim de Campos, s/n, em Santo Amaro da Imperatriz, na Rua Geral,
s/n em Rancho Queimado.

2. FIRMA, ESTABELECIMENTO INDUSTRIAL E ATIVIDADE

1. LEONARDO - constituída sob o regime jurídico de firma individual, conforme Declaração


de Firma arquivadas na Junta Comercial do Estado de Santa Catarina.

O estabelecimento industrial é instalado em imóvel em bom estado de conservação de propriedade do


"de cujos".

A indústria foi criada com o objeto de atuar no ramo de CERVEJARIA.

2. & CIA - Constituída sob o regime jurídico de sociedade mercantil em nome coletivo,
conforme contrato social arquivado na Junta Comercial do Estado.

O estabelecimento comercial é instalado em imóvel próprio em excelente estado de conservação.

A sociedade foi constituída com o objeto de atuar no comércio de bebidas e outros produtos de
interesse da sociedade.
75

3. DOCUMENTOS E LIVROS EXAMINADOS

A) DOCUMENTOS:

A1 - DECLARAÇÃO DE FIRMA INDIVIDUAL "LEONARDO"- firmada em 18 de outubro de


1949, arquivada na Junta Comercial do Estado de Santa Catarina sob nº15.186, por despacho de 21 de outubro
de 1949.

CAPITAL SOCIAL - oito mil cruzeiros (Cr$ 8.000,00), Alterado para Quinhentos mil cruzeiros
(Cr$ 500.000,00), em 26 de setembro de 1978. Em 01/09/88, foi alterado para Quinhentos mil cruzados (Cz$
500.000,00).

ABERTURA DE FILIAL - Em 09/09/88, foi aberta uma Filial com destaque de capital de Cem
mil cruzados (Cz$100.000,00), instalada na Rua Sebastião Lentz, 185, Praia Comprida, no município de São
José - SC.

Em 28/06/89, foi transferido o endereço da Filial para a Rodovia BR 101 Km 210, no Bairro Santo
Antônio, no Município de São José, onde funciona em prédio de propriedade de & CIA.

A2 - CONTRATO SOCIAL DE SOCIEDADE EM NOME COLETIVO “& CIA” – firmado


em 28 de agosto de 1967, arquivado na Junta Comercial do Estado sob nº40.378, por despacho de 25 de
setembro de 1967.

CAPITAL SOCIAL - Sessenta mil cruzeiros novos (NCr$ 60.000,00), subscrito da seguinte forma:
Trinta mil cruzeiros novos (Ncr$ 30.000,00) pelo sócio LEONARDO ; seis mil cruzeiros (Ncr$ 6.000,00) pelo
sócio ARNO; seis mil cruzeiros (Ncr$ 6.000,00) pelo sócio WALDIR JOÃO seis mil cruzeiros (Ncr$ 6.000,00)
pelo sócio ADELMAR ; seis mil cruzeiros (NCr$ 6.000,00) pelo sócio NÉLIO DA SILVA CAMPOS e seis mil
cruzeiros (NCr$ 6.000,00) pelo sócio NELSO RODOLFO WEISS.

FALECIMENTO - A Cláusula 13a do Contrato Social prevê: "No caso de falecimento de um dos
sócios, os seus herdeiros ou sucessores exercerão, em comum, os direitos do falecido, mas far-se-á uma apuração
de haveres do sócio pré-morto, a fim de ser levado a inventário, cabendo a sua sucessão a quem, por partilha, for
nomeado".

ALTERAÇÕES DO CONTRATO SOCIAL DE & CIA

1a Alteração, firmada em dezembro de 1969, pela qual é alterado o capital social para NCr$
90.000,00 (noventa mil cruzeiros novos), assim distribuído: LEONARDO , Ncr$ 33.500,00 (trinta e três mil e
quinhentos cruzeiros novos); ARNO, ADELMAR, WALDIR JOÃO , NÉLIO DA SILVA CAMPOS E NELSO
WEISS Ncr$11.300,00 (onze mil e trezentos cruzeiros novos) cada.

2a Alteração, firmada em 14 de maio de 1970, pela qual é alterado o capital social para Ncr$
140.000,00 (cento e quarenta mil cruzeiros novos), assim distribuído: LEONARDO, Ncr$ 49.150,00 (quarenta e
nove mil, cento e cinqüenta cruzeiros novos); ARNO, ADELMAR, WALDIR JOÃO, NÉLIO DA SILVA
CAMPOS E NELSO WEISS NCr$ 18.170,00 (dezoito mil, cento e setenta cruzeiros novos) cada.

3a Alteração, firmada em 15 de dezembro de 1972, pela qual é aumentado o capital social para Cr$
274.000,00 (duzentos e setenta e quatro mil cruzeiros), com destaque de Cr$ 50.000,00 (cinqüenta mil cruzeiros)
para a filial de Imbituba criada nesta alteração. O capital social é assim distribuído LEONARDO , Cr$ 97.270,00
(noventa e sete mil, duzentos e setenta cruzeiros); ARNO , ADELMAR , WALDIR JOÃO , NÉLIO DA SILVA
CAMPOS E NELSO WEISS Cr$ 35.340,00 (trinta e cinco mil, trezentos e quarenta cruzeiros) cada.

4a Alteração, firmada em 26 de setembro de 1978, pela qual é alterada a Cláusula 12a que passou a
ter a seguinte redação: "A sociedade terá uma sede "Matriz" em são José, neste Estado à rua Benjamim Gerlach,
235, uma "Filial" em Imbituba, neste Estado, à rua Nereu Ramos, 894, e Depósitos Fechados nos Municípios de
Alfredo Wagner; à rua geral, s/n, e Rancho Queimado, à rua Geral, s/n, todos neste Estado”.
76

III- PARTICIPAÇÃO ACIONÁRIA

A participação acionária final, após as alterações contratuais, na data do falecimento de Leonardo, era a seguinte:

SÓCIOS CAPITAL PERCENTUAL


LEONARDO 97.270,00 35,50%
ARNO 35.346,00 12,90%
ADEMAR 35.346,00 12,90%
WALDIR JOÃO 35.346,00 12,90%
NÉLIO DA SILVA CAMPOS 35.346,00 12,90%
NELSO RODOLFO WEISS 35.346,00 12,90%
TOTAIS 274.000,00 100,00%

B. LIVROS

Diários, razão, Livro de Apuração de Lucro Real, Livro Fiscal de Saídas, Livro Fiscal de Entradas,
Livro de Registro de Inventário.

4. COMENTÁRIOS PERICIAIS

Como a contabilidade somente mantêm registros fiscais, sem qualquer controle mais apurado de interesse
gerencial, o Perito realizou um levantamento da situação física dos Ativos e Passivos das Empresas, permitindo,
desta forma apontar com total precisão os haveres do “de cujus”.

5. RESPOSTA A QUESITOS

Não constam dos autos quesitos formulados pelas partes.

6. APURAÇÃO DE HAVERES

Como a contabilidade não registrou todos os valores econômicos de que se compõem a substância ativa do
Patrimônio da indústria em análise, foi procedida a uma completa atualização da substância Patrimonial para
colocá-la a preço de mercado, conforme está espelhado nas Planilhas I a XXV e abaixo resumido:

1. Pelo Balanço levantado pela perícia, Planilhas I e X, há Patrimônio Líquido no valor de R$ 2.459.362,48 (dois
milhões quatrocentos e cinqüenta e nove mil trezentos e sessenta e dois reais e quarenta e oito centavos), na
firma & Cia. Ltda, do qual o sócio falecido participava de 35,50% porcento conforme consta do contrato social
original e posteriores alterações;

2. Pelo Balanço levantado pela perícia, Planilhas XV e XXV, há Patrimônio Líquido no valor de R$ 134.899,06
(cento e quatro mil oitocentos e noventa e nove reais e seis centavos), na Firma LEONARDO, da qual o
inventariado era único dono;

3. Desta forma, os haveres do “de cujus” na data de seu falecimento seriam da ordem de R$ 1.007.972,74 (um
milhão sete mil novecentos e setenta e dois reais e setenta e quatro centavos), a preço de 30 de novembro de
1995.

4. Efetuando-se a partilha do valor dos Patrimônios Líquidos das Empresas, conclui-se cabe a cada heideiro o
valor abaixo estampado:

HERDEIRO VALOR
Arno 201.594,55
Sônia 201.594,55
Adelmar 201.594,55
Mirian 201.594,55
Maurene 201.594,55
Total 1.007.972,74
Florianópolis,
Perito Judicial
77

LAUDO

VISTORIA CRIMINAL
78

Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(a) de Direito da ____Vara Criminal da Comarca de _____________


-SC

_______________________ e _________________________, Contador(s) legalmente habilitadas a realizar


perícias judiciais de natureza contábil, nomeadas para o encargo de realizar a perícia técnica nos autos do
processo n0 _______________, vêm, observados os termos dos artigos 421 a 430 do Código de Processo civil e
as Normas Brasileiras de Perícias e do Perito Contábil, venia concessa, apresentar o resultado de seu trabalho,
consubstanciado pelo seguinte.

Termos em que,

Pedem deferimento

Local,

__________________________________ ______________________________
PERITO(A) PERITO(B)
79

LAUDO PERICIAL

Considerações iniciais da perícia

Ab initio iniciando o cumprimento da determinação de perícia contábil exaradas às fls. 19 e 20 nos termos do
item 2.1. da NBC.T, examinamos do ponto de vista estritamente técnico, o conteúdo das diversas peças dos
autos, notadamente quanto à documentação a eles apensada, constando desse exame, que, para bem cumprir o
encargo a nós confiado, havia necessidade de consultarmos outros elementos, tais como análise através de
endereços eletrônicos e literatura, pessoas qualificadas na área de provedores para exararmos o parecer pericial
contábi1.

A primeira vistoria para detectarmos através do endereço eletrônico, foi feito com as peritas nomeadas e os Srs.
(a) ____________________, assistente técnico da requerente, __________________ representante da
Requerente e a procuradora da ré _________________________ escritório da perita onde editamos
documentos anexo.

OBJETO DA PERÍCIA

A inicialmente citada decisão que determinou a realização da prova pericial contábil fê-lo nos seguintes termos.

“Defiro o pedido de vistoria criminal na Empresa _________________ com sede nesta cidade, na rua
_____________________________, nº ______________________ bairro ________________, inscrita no CNPJ sob o
nº ___________________ , com o intuito de se verificar se a mesma vem se utilizando da marca
"bygshow".”

Para melhor compreensão e esclarecimentos dos quesitos formulados pelas partes, considerando que se trata de
matéria adstrita, achamos por bem, conceituarmos os termos empregados através de fontes bibliograficas citadas,
os seguintes termos.

INTERNET- O conceito que está ao alcance de todos nos diz que lnternet é a rede mundial de computadores.
Ou de outra forma, a Internet consiste na interligação de milhares de redes de computadores do mundo inteiro,
através da utilização dos mesmos padrões de transmissão de dados, os chamados protocolos. Graças a essa
uniformização na transmissão das informações, as diversas redes passam a funcionar como se fossem uma só,
possibilitando o envio de dados e até mesmo de sons e imagens a todas as partes do mundo, com uma
considerável eficiência e rapidez.

LINK - ponto de conecção entre textos

DOMAIN - O endereço de cada computador conectado à Internet é determinado por um código numérico. Tal
endereço é chamado nome de domínio ou domain name, que é representado por uma série de palavras, para
uma maior facilidade de memorização. A tradução dos endereços IP (numéricos) para seus correspondentes em
palavras é feita pelo protocolo DNS (Domain Name System), um dos vários disponíveis na Internet. Os nomes
de domínio são determinados de acordo com um sistema de níveis múltiplos, dentre os quais podemos destacar
os Top Level Domains (TLDs), que são o primeiro grupo de caracteres após o último ponto do nome de domínio
propriamente dito (algo como www.your_company). Alguns exemplos de TLDs são "com", que significa que o
usuário se dedica a atividades comerciais, "gov", que significa que o usuário é um departamento do Estado,
"org", que indica se tratar o usuário de um órgão não governamental, ou outro similar. Outros TLDs indicam o
país de origem do usuário. Assim, "br" significa Brasil, "ca" significa Canadá, "fr" significa França, e assim por
diante. O nome de domínio é concedido em função da ordem de prioridade da formulação do pedido perante a
organização competente para o registro dos nomes de domínio de um país ou região, pois os nomes de domínio
devem ser únicos para que seja eficaz o funcionamento da rede e a localização exata dos seus inúmeros usuários.
A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) é o órgão encarregado de realizar o
registro dos domínios no Brasil.

SITE - Grupo de páginas que formam uma home page


80

QUESITOS RÉU

Queiram o Sr (a) Perito (a) examinarem os contratos sociais e atividades exercidas pela Requerida. Feito isso
queiram responder os quesitos:

1) Analisando as atividades da Requerida, queiram o (a) Sr (a) Perito (a) responderem se a empresa exerce
alguma atividade ligada diretamente ao público consumidor, revendedores ou representantes em serviços
relacionados a venda de mercadorias pelo sistema de catálogo por mala direta, venda porta-a-porta, venda em
loja ou reembolso postal?

R. Analisando o contrato social e posteriores alterações, a Empresa requerida tem como objeto social as
seguintes atividades:

a) a comercialização e administração de bens móveis e imóveis próprios, abrangendo inclusive a compra,


venda, permuta, locação, exceto a intermediação, assessoria e orientação em negociações imobiliárias;
b) a representação comercial de produtos e/ou mercadorias, nacionais ou estrangeiras;
c) a participação em outras sociedades civis ou comerciais, como sócia, acionista ou quotista, comprando e
vendendo participações societárias;
d) o comércio, fornecimento, distribuição, importação e exportação de quaisquer produtos ou mercadorias.

2) Em analisando e respondendo a pergunta acima e considerando que a atividade principal da Requerente é


exercida através de revendedoras atuando no sistema de reembolso postal e porta-a-porta (vendas a
domicílio), queiram o (a) Sr. Perito(s) responderem se as partes processuais disputam potencialmente o
mesmo mercado e se estas atividades podem ser consideradas concorrentes?

R Sim, tendo em vista o item "d" do quesito anterior, o qual, no entanto, não esclarece através de que meio são
exercidas as atividades. Portanto, potencialmente ambas poderiam disputa o mesmo mercado e suas
atividades podem ser consideradas similares.

3) Esclareçam o (a) Sr (a) Perito (a) em conformidade com apurado acima, se atividade exercida pela Requerida
poderia desviar clientela da Requerente, em seu favor?

R. Sim. Vislumbra-se a possibilidade acima citada, uma vez que se trata da comercialização de produtos afins.
Além disso, utiliza-se, coincidentemente ou não, o mesmo nome, "byg show", no domain name.

4) Queiram o (a) Sr. (a) Perito (a) responderem, qual a resposta encontrada na Internet quando acessaram-se
com a finalidade de pesquisar a utilização do termo "byg show", ao atenderem e responderem a pergunta de
número 02 da Requerente? Queiram ainda, informarem o (a) Sr. (a) Perito (a) se encontraram algum “site” na
Internet de propriedade da Requerida? E ainda, queiram as Sr(a). Peritas responderem se a requerente trouxe
aos autos provas da existência de algum “site”?

R.
- Quando do acesso Internet com a finalidade de pesquisar a utilização do termo "Big Show a reposta
encontrada é a seguinte “dominio bygshow.COM.Br não está disponível" anexo 01.
- Não, as pesquisas não localizaram nenhum "site" de propriedade da requerida, com domain name "big
show"
- A requerente trouxe aos autos o "site" às fls. 16.

5) Queira o Sr(a) Perito(a) responderem em conformidade com o artigo 1º do Código Penal Brasileiro, se há na
legislação atual alguma previsão que tipifique qualquer inscrição na Internet como crime?

R. Segundo dicção do art. 1º do Código Penal Brasileiro, não há crime sem lei anterior que o defina, e não há
pena sem prévia cominação legal. Até o momento atual, não foi promulgada qualquer lei que discipline
aspectos penais envolvendo a Internet. Além disso, o diploma que reúne as disposições penais no Brasil-
Código Penal - não tipifica qualquer inscrição na Internet como crime. Se não há lei prevendo uma
determinada conduta como crime, inexiste crime.
81

6) Tendo em vista a resposta acima, queiram o (a) Sr.(a) Perito (a) responderem, se há permissão de emprego
analógico na lei penal? E ainda, mas no campo cível, se estariam presentes os elementos indispensáveis para
a configuração de algum ato de concorrência ilícita, conforme as alegações da Requerente nos autos desta
ação, quais sejam:
g) Intenção objetiva de desvio;
h) Comprovação da confusão;
i) Erro dos consumidores;

R. A analogia é a atividade pela qual se aplica hipótese prevista em lei a uma hipótese semelhante sem previsão
legal. A analogia no Direito Penal não constitui fonte de direito, mas uma forma de auto-integração da lei.
Tendo em vista o princípio da legalidade do crime e da pena (art. 1º), não se admite o emprego da analogia
para se criar uma infração penal ou se estabelecer a sanção penal, que seria a chamada pelos doutrinadores
jurídicos analogia in malam partem, utilizada para prejudicar o agente da infração.
Entretanto, não há vedação à aplicação da analogia in bonam partem, que objetiva beneficiar o agente, pois
não contraria o princípio da legalidade do crime e da pena).

7) Queiram o (a) Sr.(a). Perito (a) informarem qual a natureza jurídica da marca e da Internet?

R. A natureza jurídica da marca é o de um direito de propriedade. A natureza jurídica dos possíveis direitos
inseridos na Internet, tal como domain name, ainda está sendo discutida por especialistas em todo o mundo.
Alguns entendem que possui a mesma natureza da marca, qual seja, direito de propriedade, implicando na
aceitação de todos os seus consectários. Outros, afastam qualquer similaridade com a marca. Em reunião, o
Comitê Gestor da Internet esclareceu que esse assunto é recente e vem sendo discutido em todo o mundo,
mas não existe ainda um consenso sobre como os domínios Internet devem ser tratados.

8) Tendo em vista a resposta acima queiram esclarecer o (a) Sr.(a) Perito (a) se a propriedade conferida no
registro de uma marca é sobre o próprio sinal ou sobre a aplicação do sinal em determinado produto,
mercadoria ou serviço?

R. A propriedade conferida no registro de uma marca é sobre o próprio sinal. Marca é um sinal distintivo capaz
de diferenciar um produto ou serviço de outro.

9) Esclareçam o (a) Sr. (a) Perito (a), se o nome de domínio ou marca que não pressupõe serviço idêntico ou
similar, infringe algum direito de terceiro?

R. Não, pois a proteção não é geral, mas limitada a classes, dentro das atividades efetivas e lícitas dos
requerentes, salvo a marca notória, que pode ter proteção especial, em todas as classes.

10) Queiram o (a) Sr (a) Perito (o) responderem quando se deu a concessão do registro da marca da Requerente?
E, antes deste período a Requerente já detinha alguma exclusividade sobre a aplicação da marca sobre os seus
serviços? Esclareçam o (a) Sr.(a) Perito (a) quais as especificações dos serviços a que se referem o registro
817.921.397 em conformidade com a petição protocolada pela Requerente em 16 de abril de 1997.

R. A concessão do registro da marca da Requerente deu-se em 29.10.96. para o período de 10 (dez)


anos, sob n0 817921397.
- Tendo em vista que a concessão deu-se em 29.10.96, entendem as peritas que sem registro de marca não
pode haver exclusividade alguma.

- As especificações dos serviços que se referem o registro 817.921397 são Serviços auxiliares ao
comércio de mercadorias, inclusive à importação e a exportação. Classe dos produtos e serviços
40.15.

QUESITOS DO AUTOR

1) Queiram o Perito (a) do juízo informar-se a Requerente é a proprietária da marca "byg show", registrada no
Instituto Nacional da Propriedade Industrial-INPI, conforme o Certificado de Registro expedido, em
29/10/96, com depósito desde 29/07/94, sob o nº 817.921.397, sendo-lhes assegurado o uso exclusivo de todo
território nacional, nos termos do art. 129, da Lei Federal nº 9.279/96?
82

R. De acordo com o certificado de registro às fls. 13 dos autos, em 29.10.96, data da concessão, a marca
nominativa "BYG SHOW" é de propriedade da autora, sendo-lhe assegurado o uso exclusivo de todo
território nacional, nos termos do art. 129, da Lei Federal nº 9.279/96.

2) Queira do juízo constatar a existência, nos dados cadastrais da PRST COMÉRCIO LTDA do registro, na
“INTERNET”, do “domain-name” “bigshow.com.br”.

R. Através da pesquisa via Internet do endereço eletrônico HTTP:// registro fapesp.br, constatou-se que há
domain BIGSHOW. Com.br. cadastrado nos servidores DNS CEBOLINHA.PONTOCOM.COM BRE NO
SERVIDOR HORACIO.PONTOCOM.COM.BR. (anexo 2)

3) Cotejando-se a marca "bygshow" do Certificado do Registro no INPI com o "domain name"


"bygshow.com.br", queiram os Peritos do juízo informar se a marca da Requerente "bigshow” foi
reproduzida neste "domain name”?

R. A marca bygshow foi reproduzida no domain-name pela autora - pesquisa anexa.

4) Queiram os Peritos do juízo informar quem reproduziu a marca "bygshow" no aludido "domain-name”
existente na "Internet”?

R. Resposta no quesito nº 03.

5) A reprodução da marca "bygshow", registrada em nome da Requerente, inserida no "domain-name”


"bygshow.com.br", criado pela Requerida, é hábil a induzir o consumidor a erro?

R. Analisando os Objetos sociais das partes:


• O objetivo social da requerente no AGE de 30/01/78, art 3º "A sociedade tem por objeto comércio, a
exportação e importação de artigos de adorno e de uso pessoal ...”

• E o Objeto social da Requerida em conformidade com o alteração contratual de 31.05.89 o artigo 2º -


constituem-se em objeto da sociedade" ........... letra b) O comércio, fornecimento, distribuição, importação
e exportação de quaisquer produtos ou mercadorias.......”

• Diante do disposto, entendem as peritas que as atividades de acordo com os objetos sociais poderiam ser
confundidas, induzindo o consumidor a erro.

6) Queiram os Peritos do juízo informar quem é a sócia quotista majoritária da Requerida?

R. Na constituição da sociedade, a sócia majoritária era a empresa PRST COMÉRCIO LTDA até a 5ª alteração
contratual registrada na JUCESC sob n0 42201112098.87 EM 10.02.93, quando houve cisão e passou a ser sócia
majoritária a Empresa ANAGYSA S/A.

7) Queiram os Peritos do Juízo informar quem são os responsáveis pela empresa- Requerida e por sua sócia
quotista majoritária?

R. Os responsáveis pela Requerida são Sr. ................................................... e da sócia majoritária a Empresa


ANAGYSA S/A são os Srs ................................

8) Queiram os Peritos do juízo prestar outras informações que julgarem necessárias?

R. Entendem o perito (a) que as questões supra são suficientes para dirimir as dúvidas entres as partes, no
entanto, o perito (s) colocam-se a disposição para esclarecer eventuais dúvidas.

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