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Compilação do Livro:
Teorias da Comunicação1
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Cap.4 in Polistchuk, Ilana; Trinta, Aluizio Ramos – Teorias da Comunicação, pp. 83-141.
ÍNDICE
1- Paradigma Funcionalista-pragmático.........................................................p.3
2- Funcionalismo Sociológico.........................................................................p.4
3- Modelo de Laswell......................................................................................p.4
4- Modelo Teórico de Paul Lazerfeld..............................................................p.5
5 - Modelo teórico dos efeitos de Joseph T. Klapper.......................................p.6
6- O modelo teórico dos usos e satisfações....................................................p.
7- Paradigma Matemático-informacional.........................................................p.
8 - Modelo Teórico-Matemático da Comunicação...........................................p.
9 - O Modelo Teórico de Wilbur Schramm (1907-1987)..................................p.
10 - Paradigma conceitual ou Crítico-Radical.................................................p.
11- Paradigma Conflitual-Dialético..................................................................p.
12 - Modelo teórico Neomarxista....................................................................p.
13- Paradigma Culturológico...........................................................................p.
14 - Modelo teórico dos Cultural Studies........................................................p.
15 - Paradigma Midiológico.............................................................................p.
16- Modelo teórico da Midiologia Francesa....................................................p.
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“Modelos teóricos da Comunicação”
Aula 04 – Cap.4 in Polistchuk, Ilana; Trinta, Aluizio Ramos – Teorias da
Comunicação, pp. 83-141.
1 - Paradigma Funcionalista-pragmático
CONTEXTO
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2 - Funcionalismo sociológico
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precipitando uma crise. Assim, pretende determinar a “estrutura e a função da
comunicação na sociedade”.
Conclusões de Lasswell
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dysfunction (disfunção narcotizante) apresentada pelos meios de comunicação
= excesso de informação, entretenimento ruidoso leva os meios a aturdir e
entorpecer a sensibilidade do público resultando um evidente desinteresse, ou
seja, bombardeio pode levar a um alheamento = participação ativa do público
torna-se mass apathy (atitude passiva da maioria); superinformação é
conducente à desinformação virtual.
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mídia os rebaixa? A mídia realmente faz a cabeça das pessoas? Para o autor
há respostas tanto positivas quanto negativas, deve-se levar em consideração:
classe social, inclinação pessoal, intenções de escuta e configurações de
personalidade; imagem que o público tem das fontes de informação. Não há
causas obrigatórias, mas causas cooperantes.
A existência de um número plural de fatores determinantes da influência
comunicacional, e necessariamente incidente sobre os efeitos produzidos,
constitui a pedra angular desse modelo teórico, que se orienta pelas
mensagens e pelos processos comunicacionais relacionados à persuasão.
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Identificação projetiva = referências personalizadas e comparações feitas,
por exemplo, a situações humanas mostradas; reforço de opiniões; soluções
para males existenciais;
Vigilância e fiscalização = coleta de modas e novidades: a TV como uma
janela aberta para o mundo.
Sendo assim, sempre que a conjuntura social acusasse a existência de
tensões e conflitos, a mídia poderia trazer algum alívio; toda vez que a vida
social e política gerasse controvérsias, os meios de comunicação estariam em
condições de fazer apelo a princípios morais, normas de conduta e valores.
Esse modelo requer uma perspectiva de interpretação – é útil para pesquisas
de mercado.
Críticas: Esses usos e satisfações são estritamente individuais ou se deixam
influenciar por demandas sociais? Se for este último caso o verdadeiro, será
difícil explicar como de grupos diversos possam vir a fazer uso de conteúdos
idênticos para todos e deles derivar alguma satisfação.
7- Paradigma Matemático-informacional
Thomas Kuhn nos faz ver que um mesmo paradigma pode permitir a
existência de proposições teóricas tão distintas que, em seu contraste,
simulem uma oposição. Ex: paradigma funcionalista-pragmático (sociológico) x
paradigma matemático-informacional (alto grau de cientificidade, emparelhado
com as ciências físicas e empírico-formais).
Ou seja, nesse paradigma a mensuração e aferição científicas de ações e
reações humanas podem obedecer a protocolos de experiência feita em
laboratório, contando-se com a exigível acuidade. O diagrama formal de
comportamentos humanos, como o intercâmbio de mensagens, pode ser
desenhado por meio de uma esquematização da ação levada a termo e da
reação obtida.
Psicólogo John B. Watson (1878-1958) chama Behaviorismo à ciência do
comportamento manifesto – comportamento humano (em inglês behavior)
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somente poderia ser compreendido mediante a ocorrência de uma ação
observável, objetiva, e à exclusão sumária de todo recurso à introspecção;
consciência, processo de cognição, sentimento e habilidade na produção de
sentido, não mereciam ser citados como objetos de consideração científica.
Norbert Wiener (1894-1965) – matemático, preocupava-se com sistemas de
controle e produção de comportamentos automáticos; tendo como base o
timoneiro cria uma ciência interdisciplinar para estudar mecanismos de ação
regulada, fossem eles naturais, sociais ou culturais. Do grego kubernetós (o
que dirige a barca, o que está no comando, o que governa) extrai a idéia e o
ideal de uma Cibernética = ciência que abrangeria todos os sistemas de auto-
regulação, do funcionamento do corpo humano e dos mecanismos produtores
das ações sociais ao monitoramento e controle remoto de foguetes lançados
no espaço. À ela compete produzir uma análise científica holística atentando
para complexidade de finalidades e hierarquizações que produziam em
contextos humanos e físicos marcados por perpétua mudança.
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O modelo tinha por objetivo responder a três questões que são
interdependentes:
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o porta, quanto na experiência (mental e social) daqueles que o põem em
circulação.
Para Berlo Comunicação = não é somente partilha social de significados,
mas também a capacidade que eles revelam, uma vez selecionados e
transmitidos, de provocar sentidos – tarefa esta que requer a inteira
participação dos receptores.
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2) essa constatação explica as dificuldades experimentadas sempre que se
pretende propor uma teoria unificada e sistemática da Comunicação;
3) um início animador para os estudos científicos da Comunicação está na
criteriosa combinação de uma sociologia com uma psicologia;
4) em vez de ser pensada como alguma coisa que alguém faz a alguém mais,
a Comunicação deve ser entendida como uma “relação interativa”, pela qual
“se comparte alguma coisa”;
5) a Comunicação é algo que todos fazemos. Em comunicação, o que se está
estudando é algo que é próprio às pessoas;
6) para se entender o que é comunicação, deve-se antes compreender como
as pessoas habitualmente interatuam.
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Kultur e Kulturindustrie = em oposição à mass culture (cultura para a
massa), esse conceito associa cultura à idéia de criação de que o espírito
humano é capaz (arte, filosofia, ciência, religião) - libertação moderna das
potencialidades do espírito (em oposição ao estado social da barbárie dos
povos selvagens). Idéia de progresso esclarecido = material, intelectual,
espiritual e moral; diz respeito a uma “índole nacional”. Quando a civilização
não alcança esse ideal limitando ao progresso material transforma-se no seu
contrário (barbárie moderna ou máquina devoradora da cultura).
Ao somar pesquisa sociológica + reflexão filosófica = teoria crítica que
opõem-se às “certezas empíricas” do funcionalismo sociológico norte-
americano.
Em 1933 a Escola de Frankfurt é fechada pelo Estado Alemão (Hitler).
Integrantes se dispersam, Adorno vai para os EUA nos anos 40.
Herbert Marcuse (1898-1976) – importante crítico da cultura e da civilização
burguesa, seu pensamento e escritos influenciaram os movimentos estudantis
e contestaram o establishment (instituições regularmente estabelecidas).
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comunicação seriam veículos propagadores de ideologias próprias às “classes
dominantes”, impondo-as às classes populares (subalternas) pela persuasão
ou pela pura e simples manipulação”.
O conceito de indústria cultural se destinava à análise crítica da produção
de bens simbólicos em escala industrial. A produção em série e a promoção
publicitária acarretaram a homogeneização dos padrões de gostos,
proporcionando uma deterioração da kultur genuína. A racionalidade técnica
havia subordinado os fatos de cultura a um princípio de serialização e a uma
padronização, “massificando-os”. Denuncia do processo capitalista de
mercantilização dos artefatos culturais que daria reforço à dominação
ideológica proporcionando alienação, conformismo política e passividade
mental.
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2) um interesse de ordem prática que resulta em um saber prático –
formas de entendimento assentadas em valores subjetivos; Habermas faz aqui
a crítica da apreensão de ordem subjetiva que inibem explicações das
incidências que o afetam.
3) um interesse em emancipar-se que se converte em um saber
emancipador – limpidez da ação intelectual, superando-se o plano subjetivo
imediato para dar início a uma comunicação e ação social; essa seria o objeto
verdadeiro da “ciência social crítica”.
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permite veicular, valorizar e fazer prevalecer sua ideologia, isto é, seus modos
próprios de representar a realidade, e, por tal via e de tal modo, exercer sua
“dominação”. Muitos trabalharam com essa base. Relação infra-estrutura x
superestrutura.
Análise vinculada ao desenrolar histórico. Ex: estágio de desenvolvimento
capitalista e meios de comunicação. 1º estágio) fins do século XIX a 1920 –
forma monopolística de acumulação corresponde à implantação dos meios
mais simples como telégrafo e telefone; 2º estágio) criação de grandes
conglomerados (megacorporações), início da expansão e internacionalização
de capitais especulados dos anos 50 ao fim do século passado – corresponde
aos meios mais complexos jornais, revistas, cinema, rádio e televisão. É nessa
última fase que se torna corrente a “ideologia do mercado”, cuja divulgação e
pretenso consenso em torno de sua inevitabilidade facilitam a reprodução do
capital em escala planetária (globalização). A transmissão da informação
massificada pelos meios de comunicação persegue objetivos comerciais e
financeiros; pretende-se transcultural e multinacional, isto é, mundializada.
Mascara conflitos sociais.
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Esse paradigma conflitual-dialético se funda sobre o princípio da contradição.
O conflito inerente à vida social implica a existência de forças antagônicas, as
quais, operantes na sociedade e na cultura, as constituem como tais. A
resolução dos conflitos (tese x antítese) fará surgir o novo (síntese),
promovendo alterações dinamizadoras e mudanças estruturais, a começar pelo
campo da Comunicação, os modos de percebê-lo e, sobretudo, de nele atuar.
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12 - Modelo teórico Neomarxista
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(cultura massificada) considerando-a peculiar e inerente à atmosfera cultural
que marcou as três décadas do século XX. Dá menos importância aos meios
de comunicação e confere maior relevância às produções significativas da
indústria da cultura como filmes, seções de jornais, revistas especializadas,
histórias em quadrinhos, ficção de TV, etc.
A culturologia corrige a teoria crítica ao situar-se na antropologia cultural e
análise estrutural. Anos 60, prestígio da pop art (Andy Warhol e Roy
Lichesntein) que trabalharam com representações típicas dos meios de
comunicação – desperta interesse dos europeus. Estudiosos tinham espírito
aberto em relação à indústria cultural. Distante dos funcionalista e dos
frankfurtianos – relação entre real e imaginário.
Edgar Morin = enxerga na cultura massiva uma intensa circulação de
imagens, símbolos, ideologias e mitos que dizem respeito tanto à vida prática
quanto à vida imaginária. Estuda os aspectos da cultura difundida pelos meios
de comunicação e mostra que nessa forma de cultura se delineia uma
mitologia em contraste às exigências de realismo factual e à rapidez com que
os acontecimentos se sucedem. Ex: em filmes, novelas, romances populares e
notícias de variedades – o desejo se faz amor vitorioso, as ansiedades se
aplacam, as angústias se diluem. Celebridades como “olimpianos” – deuses e
homens. Fuga onírica, escapada mítica a um mundo perigoso, fechado e
dominado pela burocracia administrativa.
Umberto Eco = a cultura massiva é a forma cultural por excelência do
homem moderno – não há mais como separar cultura e fenômenos da
comunicação. Para ele tanto funcionalista quanto frankfurtianos transformam
em fetiches os conceitos de mass culture e Kulturindustrie – usam idéias
preconcebidas para tratar de fatos sociologicamente complexos, como as
relações entre sociedade, cultura e meios de comunicação. Eco estuda os
modos de expressão empregados nesses produtos e a fruição do público
(contexto histórico-cultural).
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Cultural Studies retoma e revisa o paradigma crítico-conflitual dando
ênfase ao trabalho do italiano Antonio Gramsci (1891-1937) e ao seu conceito
de hegemonia (consenso obtido por meio de articulações entre forças políticas)
– levando em consideração fatores como práticas de negociação,
compromissos assumidos e mediações realizadas. Defensor da cultura
popular, Gramsci concebia o folclore como parte substancial desta, com uma
visão de mundo em tudo e por tudo diferente dos modos de ver do Estado.
Situam os meios de comunicação no âmago da sociedade, inter-relacionando-
os a instituições e indivíduos. Considera-se os cultural studies uma abordagem
culturológica (lógica dialética da cultura) da visão crítico-radical. Para esse
modelo o receptor não é uma abstração indispensável ao processo de
comunicação; é um ser humano concreto que possuiu repertório cultural no
qual recorre quando capta, captura, interpreta e assimila, digerindo as
mensagens a ele destinadas.
Comunicar seria assim, renovar uma troca simbólica, não somente
manipulação. Para Gramsci a cultura popular, fragmentada e desprovida de
prestígio refletiria uma subalternidade, no entanto, é capaz de opor resistência,
aderindo a seu modo próprio às condições materiais impostas pela vida social
e às mudanças trazidas pelo tempo, constituindo-se um vetor de transformação
política.
Muitos trabalham com essas idéias como o sociólogo Stuart Hall (como
público faz algum sentido ou decodifica o que vem da mídia). Ex: práticas
telejornalísticas com gosto etnográfico, cobertura do cotidiano imediato (a vida
como ela é), sobrevalorização do “politicamente correto”, furo jornalístico com
apelo emocional, espetacularização da vida.
Crítica = celebração simplória e ingênua das “resistências populares” e da
“autonomia do consumidor”.
15 - Paradigma Midiológico
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MODELO TEÓRICO DO MEIO COMO MENSAGEM.
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Os efeitos dos meios são novos ambientes criados; e cada novo ambiente
reprograma a vida sensorial.
Uma nova técnica é informação nova, inquietante, perturbadora. O impacto
físico e social das novas tecnologias e o ambiente criado afetarão todas as
conseqüências psíquicas e sociais características das antigas tecnologias.
As sociedades humanas sempre foram mais moldadas pelo caráter dos
meios pelos quais se comunicam do que pelos teores da comunicação. O
prolongamento de qualquer um de nossos sentidos elementares modifica
nossa maneira de pensar e de agir; altera, sobretudo, nossa maneira de
perceber o mundo.
O meio é a mensagem.
Régis Debray (1941-). Retoma MacLuhan e faz uma versão atualizada dos
estágios do mundo oral, impresso e eletricoeletrônico. Remete a três épocas
históricas que convivem em uma mesma temporalidade: o presente (logosfera
– invenção da escrita); marcado por uma grafosfera (começo com o advento
da imprensa); e por uma videoesfera (audiovisualidade contemporânea) =
Teocracia, Ideocracia e Videocracia: Deus, Razão e Emoção (santos, heróis e
“estrelas”). Reflete a história humana à luz da evolução das tecnologias da
comunicação e da informação. Estamos em um processo histórico no qual, do
círculo (repetição eterna), passa-se à linha (história em progresso, projetada
para o futuro), querendo chegar-se ao ponto (atualidade, acontecimento), um
figura do tempo centrada no “culto do presente”.
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Globalização no âmago tecnológico da videoesfera = poderes político,
econômico e informativo tendem a se entrelaçar em redes digitais. Ex: de
comícios à showmícios e televisão; de persuasão ideológica às pesquisas de
intenção de voto. “Filhos da videoesfera” interpelados mais como
consumidores do que como cidadãos; deixam se levar pelo imediatismo das
soluções da prática do consumo.
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tecnologia; o meio com uma ecologia, a mediação com uma antropologia. A
mensagem tem seu momento; a mídia utilizada pertence a uma época; o meio
exige um solo firme; a mediação é milenar, trans-histórica.
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