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A PRÁTICA DE ENSINO NO CURSO DE LETRAS DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE SANTA CRUZ : PENSANDO NO PROFESSOR DE LÍNGUA


ESTRANGEIRA PARA A REGIÃO

Lucia Regina Fonseca Netto ( UESC - BA )


Patrícia Argolo Rosa ( UESC - BA )

RESUMO

O presente trabalho apresenta o atual modelo do programa das disciplinas Prática de


Ensino sob forma de Estágio Supervisionado do Curso de Letras da Universidade
Estadual de Santa Cruz – UESC e sua aplicação, que unifica as modalidades ensino,
pesquisa e extensão. As modificações ocorridas encontram-se em consonância com as
Diretrizes Curriculares para o curso de Letras elaboradas pelo MEC em 2001. O aluno-
estagiário é estimulado a observar uma problemática, refletir criticamente sobre a
mesma, e propor um projeto de intervenção na realidade observada. Os resultados
concorrem para respostas às diversidades encontradas no cotidiano de uma sala de aula
de língua estrangeira de uma escola pública de ensino básico das cidades de abrangência
da UESC. Alguns trabalhos desenvolvidos por alunos-estagiários, decorrentes de
projetos elaborados, aplicados e avaliados na disciplina Prática de Ensino de Língua
Inglesa são apresentados, a título de ilustração.

PALAVRAS-CHAVE: observação - reflexão – pesquisa – extensão – ensino - teoria -


prática

Introdução

Os cursos de Letras nas universidades brasileiras surgiram com o objetivo primaz de


formar docentes e vinham, na maioria das vezes, acoplados à Licenciatura, como
habilitação pedagógica para o magistério. Data de outubro de 1962 a primeira proposta
de currículo mínimo para os cursos de Letras, aprovada pelo então Conselho Federal de
Educação, através do parecer 283, de Valnir Chagas (Paiva, 2003) . Mas só bem mais
tarde, em 1969, através da Resolução n° 9, Art. 1°, disciplinas de cunho pedagógico
como Didática, Estrutura do Ensino de 1° e 2° graus, Psicologia da Educação e
Metodologia do Ensino vieram ocupar o vazio da parte pedagógica desses cursos. A
disciplina Prática de Ensino sob a forma de Estágio Supervisionado passa também a ser
matéria obrigatória objeto da habilitação profissional, através da mesma Resolução, Art.
2°, que ainda dispõe, no Art. 3° que as disciplinas pedagógicas supracitadas, de acordo
com os currículos específicos de cada instituição, poderiam sofrer alterações de
nomenclatura e carga horária, mas deveriam ser ministradas, em pelo menos 1/8 da
carga horária mínima de cada curso de licenciatura. As disposições da Resolução n° 9
começaram a vigorar a partir do ano letivo de 1970.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei n° 9.394/96, publicada em 20 de
dezembro de 1996, avessa ao centralismo de modelos educacionais únicos e empenhada
em propostas que invistam em flexibilidade, mobilidade e inovação, extinguiu os
currículos mínimos dos referidos cursos e permitiu liberdade às universidades de "fixar
os currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais
pertinentes"(Art. 53,I).
A LDB de 1996 estabelece, nos Art. 61 e 62, que

" ... a formação de profissionais da educação deverá ter como fundamentos a


associação entre teorias e práticas além do aproveitamento da formação e
experiências anteriores em instituições de ensino devendo, ainda, esta
formação ocorrer em nível superior, em curso de licenciatura plena, em
universidades e institutos superiores de educação ".

Em decorrência da extinção e obrigatoriedade dos currículos mínimos nos cursos de


Letras, bem como das preocupações com relação à qualidade das licenciaturas, surgem
diversos estudos, efetuados pelo MEC, que culminam com as Diretrizes Curriculares
para o curso de Letras, aprovadas em 03 de abril de 2001. Ainda conforme
recomendação do documento " os cursos de licenciatura deverão ser orientados, também
pelas Diretrizes para a Formação Inicial de Professores da Escola Básica em cursos de
nível superior ", aprovadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em fevereiro de
2002, que além de aprovar as diretrizes, instituiu a duração e a carga horária referentes a
esses cursos. O prazo para implantação das novas diretrizes se encerra em fevereiro de
2004. De acordo com a Resolução n° de 18/02/2002, a carga horária das licenciaturas
terá, no total, 2800 horas, distribuídas como a seguir:
• 400 horas de prática;
• 400 horas de estágio curricular supervisionado;
• 1800 horas de aulas para os conteúdos curriculares de natureza científico-cultural;
• 200 horas para as outras formas de atividades acadêmico-científico-culturais.
O modelo de curso exposto inicialmente vem sendo seguido há aproximadamente 4
(quatro) décadas pelas Instituições de Ensino Superior Brasileiras, e ainda reflete a
realidade dos atuais cursos de Letras do país, embora inovações já tenham sido
elaboradas, aprovadas e recomendadas pelo MEC, através da definição das diretrizes
gerais dos cursos de Letras. Na forma como são conhecidos hoje, os cursos de Letras
(tradicionais) não conseguem mais corresponder às exigências do mundo profissional,
por se preocuparem apenas com a construção do conhecimento de natureza teórica. Não
é possível ser professor hoje, da mesma maneira que se foi até alguns anos atrás.
O curso de Letras da UESC tem uma história registrada de 4 (quatro) décadas.
Apresentaremos, a seguir, um relato da trajetória desse curso.

O percurso do Curso de Letras da UESC

O curso de Letras da UESC é um curso de licenciatura plena desde os idos de setembro


de 1961, quando da então Faculdade de Filosofia de Itabuna, autorizado pelo Parecer
CFE n° 562/68 e reconhecido em 06 de outubro de 1970, através do Parecer CFE
745/70. Iniciou com duas habilitações básicas, denominadas Letras neolatinas e Letras
anglo-germânicas. Em início de 1963, a Reforma Universitária extinguiu esses cursos,
transformando-os em cursos de Letras com habilitações em Língua Portuguesa e
Literatura Brasileira e uma Língua Estrangeira Moderna, a escolha do aluno. A então
Faculdade de Filosofia optou pelas Línguas Espanhola, Francesa e Inglesa, habilitações
essas em oferta até a atualidade. Em 1974, a Faculdade de Filosofia, juntamente com as
Faculdades de Direito de Ilhéus e de Ciências Econômicas de Itabuna, unificaram-se na
Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna, hoje Universidade Estadual de
Santa Cruz – UESC.
Na tentativa de acompanhamento às exigências e ao dinamismo do mercado de trabalho,
o curso de Letras da UESC propõe, em 1992, uma alteração curricular, obtendo
aprovação pelo Parecer CEE-108/94, exarado no Processo CEE-060/94 e publicado no
Diário Oficial de 10 de novembro de 1996.
A referida proposta objetiva

"... um maior alargamento do horizonte de expectativa do aluno,


fornecendo-lhe recursos para um curso superior de caráter mais humanista e
menos tecnicista, vez que entende o processo educacional, em qualquer grau
que seja, não apenas em sua especificidade técnico-profissional, mas numa
abrangência plena, que vislumbre um homem mais profundo e de visão mais
aguçada ".

Diversas foram as alterações contidas na proposta, todas fruto de contínuas reflexão e


avaliação docente e discente, conforme propõe o documento. Salientamos, dentre tantas
alterações, a criação das disciplinas Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa e da
Língua Estrangeira, de caráter instrumental, acrescendo o quadro das disciplinas de pré-
serviço do curso, pois essas não conseguiam atender à demanda tanto dos discentes
quanto dos docentes, no que diz respeito principalmente à questão epistemológica.
Como pode-se constatar, a preocupação com a inclusão de uma carga horária mais
significativa nas disciplinas de formação profissional já existe, na UESC, há
aproximadamente uma década, considerando-se que esta foi a última alteração na matriz
curricular do curso de Letras da UESC até os dias atuais. A presente proposta atendeu à
legislação pertinente e atingiu uma carga horária superior ao mínimo de 2.280 horas
exigido pelo então Conselho Federal de Educação, atingindo 2.600 horas.
Atualmente, a matriz curricular do curso de Letras da UESC enfrenta uma série de
dificuldades, decorrentes da existência de um currículo mínimo inadequado e
engessado, apesar de uma certa flexibilidade aparente. Consideramos fundamental
refletir, analisar e repensar acerca do processo de formação que vem sendo dada aos
profissionais de ensino do curso de Letras da UESC. Para tal, uma comissão de estudos
foi eleita e no momento encontra-se elaborando o Projeto Pedagógico do Curso de
Letras da UESC.
Nos currículos dos cursos de Letras, em geral, a responsabilidade única e exclusiva pela
formação profissional recai nas disciplinas chamadas pré-serviço, parte integrante de
um modelo denominado de 3+1, ou seja, três anos de teoria e um de prática, o que
contribui para a tão criticada dicotomia teoria e prática, corroborando cada vez mais
com a supremacia da informação, das técnicas, em detrimento às questões pedagógicas
de ordem prática.

A disciplina Prática de Ensino sob forma de Estágio Supervisionado na UESC

A coordenação da área de Prática de Ensino do Departamento de Letras e Artes da


UESC1, detectando a necessidade de estabelecer diretrizes para a disciplina Prática de
Ensino sob forma de Estágio Supervisionado, elaborou um documento, em perfeita
consonância com a LDBEN 9.394/96, apresentando um programa de curso para a
disciplina em questão, partindo do pressuposto que nos cursos de Licenciatura, o
preparo do futuro professor para o exercício do magistério na área eleita é objetivada
pela disciplina Prática de Ensino sob forma de Estágio Supervisionado.
O formando de Letras da UESC, ao integralizar o currículo, terá realizado 4 (quatro)
Práticas de Ensino, pois o curso tem habilitação dupla e no total, a disciplina perfaz 360
horas de atividades teórico-práticas, divididas em Prática de Ensino I e Prática de
Ensino II, em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira e em Língua Estrangeira
(Inglês, Francês ou Espanhol), conforme determinação do Art. 65 da LDBEN 9.394/96:

"... a formação docente, exceto para a educação superior, incluirá prática de


ensino de, no mínimo, trezentas horas...”

Detalharemos, a seguir, o programa de cada uma das Práticas de Ensino relativas à


Língua Estrangeira (Inglês).

Prática de Ensino sob forma de Estágio Supervisionado I em Língua Inglesa

A carga horária destinada à disciplina Prática I é de 90 horas/aula, divididas como


explicitado a seguir:
• 45 horas/aula da carga horária total são reservadas a encontros semanais, na
UESC, onde os estagiários participam de atividades diversas que os permitem
selecionar, construir e utilizar metodologia adequada em suas práticas,

1
A área de Prática de Ensino do Departamento de Letras e Artes da UESC é coordenada pela Professora
Ms Arlete Vieira da Silva
elaborando e operacionalizando um projeto de mini-curso, seminário ou oficina
junto à comunidade;
• 15 horas/aula são destinadas à observação da realidade educacional na qual o
estagiário vai se inserir futuramente, com objetivos diversos, dentre os quais
identificar situações problemáticas que o auxilie na elaboração e aplicação de
propostas pedagógicas de extensão;
• 15 horas/aula são reservadas à atividade extra-classe de elaboração do projeto,
com atendimentos individuais de orientação e direcionamento da
fundamentação teórica necessária;
• 15 horas/aula são destinadas à aplicação do projeto.
Como observamos, a pesquisa e a extensão são priorizadas nesse primeiro momento,
onde o estágio supervisionado de extensão contribui para o diagnóstico das
dificuldades, bem como para o atendimento às expectativas e necessidades decorrentes
da observação, interpretação e análise da realidade educacional eleita, fundamentando a
prática do futuro professor.
As discussões nas 45 horas/aula dos encontros semanais entre o supervisor e os
estagiários servem como momentos de reflexão acerca de questões que auxiliarão os
futuros professores a pensarem mais sistematicamente sobre sua formação profissional e
a construírem sua prática pedagógica. A identidade do professor de inglês, a relação da
sua atuação pedagógica com a educação global e o seu entendimento sobre a questão
social do seu objeto de ensino no contexto sócio-histórico em que atua são algumas das
reflexões feitas nesses encontros.
No que diz respeito à avaliação, além dos instrumentos2 determinados no documento
que estabelece as diretrizes para a disciplina Prática de Ensino sob forma de Estágio
Supervisionado, ficou acordado, entre os membros da área, que seria acrescido à
avaliação, um Seminário de Conclusão, onde os estagiários das turmas de Prática I
apresentariam seus projetos em forma de comunicação.
O 1° semestre letivo de 2003 deu lugar ao 2° Seminário de Conclusão da Prática de
Ensino sob forma de Estágio Supervisionado em Língua Inglesa I. A título de
ilustração, escolhemos e relataremos a seguir 3 (três) projetos apresentados, 2 (dois) na
modalidade oficina e 1 (um) na modalidade seminário, no Seminário de Conclusão, por

2
Plenária da Observação, Elaboração do Projeto, Aplicação do Projeto e Relatório Final
estagiários da turma 01 de Prática de Ensino sob forma de Estágio Supervisionado em
Língua Inglesa I, supervisionados pela Professora Lucia Regina Fonseca Netto.
O primeiro trabalho3, baseado na Psicologia Educacional de Mouly (1979) e na
importância do conhecimento de mundo contida nos Parâmetros Curriculares Nacionais
de Língua Estrangeira – terceiro e quarto ciclos propõe uma oficina, com alunos de 2
(duas) classes da 8ª série do ensino fundamental, de uma escola pública municipal de
Ilhéus, Bahia, em 3 (três) sábados consecutivos, perfazendo um total de 12 horas/aula.
Os alunos que demonstraram interesse em participar do trabalho foram inscritos
previamente pelos estagiários. O objetivo da oficina foi despertar nos estudantes do
ensino fundamental o interesse pela língua inglesa e conscientizá-los da importância da
aprendizagem da língua estrangeira que encontra-se presente em seu cotidiano. Os
estagiários utilizaram o conhecimento prévio dos estudantes nas atividades propostas
trabalhando as quatro habilidades concomitantemente. O material utilizado, como por
exemplo revistas, rótulos e embalagens de produtos, marcas de roupas e calçados,
palavras e expressões conhecidas e utilizadas no dia-a-dia do estudante imprimiram um
caráter lúdico às atividades e por conseguinte permitiram resultados positivos do
trabalho.
O segundo projeto4, foi aplicado com alunos de uma 5ª série do Ensino Fundamental de
uma escola pública estadual de Itabuna, Bahia. Os estagiários utilizaram 14 horas/aula
para realizar o trabalho que teve como proposta uma oficina de construção textual.
Embasados nos postulados da Abordagem Comunicativa para o ensino de língua
estrangeira e na construção coletiva e interativa do conhecimento, os estagiários
atingiram plenamente o objetivo do projeto de elaboração de uma redação tendo como
tema “A fome em meu bairro”. Aproveitando o conhecimento prévio do aluno, bem
como o tema do programa “Fome Zero” lançado pelo Governo Federal, os resultados
superaram a meta desejada.
O terceiro trabalho5 propõe um seminário de caráter reflexivo-pedagógico com
educadores licenciados e coordenadores de ensino, atuantes na área de língua inglês, da
rede pública estadual e municipal. O seminário aconteceu em 3 (três) sábados
consecutivos, durante à tarde, nas dependências da UESC e contou com a presença de
15 (quinze) participantes. Acreditando na importância da educação continuada para a
transformação da realidade observada, no que diz respeito ao processo de ensinar e
3
Autores do Projeto: Jean Pierre Costa e Melila Braga Alves e Silva
4
Autores do Projeto: Dhon Sinklay Dias Fonseca, Elinete dos Santos Carvalho e José de Souza Santos
5
Autores do Projeto: Edily Azevedo, Inês Ocke de Freitas e Madalena N. dos Santos
aprender inglês, as estagiárias desenvolveram atividades que auxiliaram o público-alvo
na compreensão do papel e responsabilidade do educador, bem como da linguagem e
suas implicações na relação entre o seu uso e a construção de significados no mundo
social. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de língua estrangeira – terceiro e quarto
ciclos serviram como fundamentação teórica para a realização do seminário, que
segundo os próprios participantes, “... representou um momento necessário de estudo,
discussão e reflexão sobre sua própria prática pedagógica...”.

Prática de Ensino sob forma de Estágio Supervisionado II em Língua Inglesa

A carga horária destinada à disciplina Prática II de Língua Inglesa é de 90 horas/aula,


divididas como explicitado a seguir:
• 45 horas/aula da carga horária total são designadas a encontros semanais com o
professor/supervisor, onde ocorrem exposições participadas a título de revisão
metodológica e bibliográfica, necessárias à viabilização do estágio, e discussões
acerca dos aspectos decorrentes da observação direta, das leituras propostas e
das políticas educacionais vigentes;
• 10 horas/aula são destinadas ao planejamento e à observação direta do campo de
estágio;
• 15 horas/aula são designadas à revisão de literatura e à elaboração da unidade
pedagógica a ser aplicada;
• 20 horas/aula são destinadas à aplicação do planejamento sob forma de regência.
A divisão da carga horária exposta acima se justifica pelo fato de que o futuro professor
venha por em prática os pressupostos teóricos apreendidos em outras disciplinas,
desenvolvendo atitudes que permitam usar a sala de aula como espaço dinâmico de
construção de conhecimento, através da pesquisa contínua.
Na Prática de Ensino sob forma de Estágio Supervisionado II em Língua Inglesa, a
regência é priorizada e constitui-se na única modalidade de estágio a ser utilizada nesse
segundo momento. Assim, a regência contribuirá para o diagnóstico das dificuldades,
bem como para o atendimento às expectativas e necessidades decorrentes da observação
direta do campo de estágio, interpretando e analisando a situação-alvo, e
fundamentando a prática do futuro profissional.
Os resultados do estágio de regência são apresentados em um Seminário Final de
Avaliação. A turma de Prática II de Língua Inglesa do 1º semestre letivo de 2003, do
turno noturno, supervisionada pela Professora Patrícia Argolo Rosa, apresentou os
resultados em forma de comunicação científica.
Dentre as comunicações apresentadas6, observa-se a ‘desmotivação dos alunos do
Ensino Médio para com a disciplina Língua Inglesa’, como a maior dificuldade
diagnosticada, pelos estagiários, na observação direta do campo de estágio. Em resposta
à dificuldade encontrada, os alunos apresentaram temas relacionados à motivação, a
citar: “A música como ferramenta de motivação para o Ensino Médio de Língua
Inglesa”; “O papel da motivação no processo ensino-aprendizagem de Língua Inglesa
na escola”; “A motivação como facilitadora da aprendizagem”; “A língua Inglesa
ampliando horizontes: uma proposta motivacional”; “A produção de texto em L2 como
atividade comunicativa”; “Inglês - porta para uma nova perspectiva”; “Aprender a
Língua Inglesa: de forma útil e agradável”; “A importância de se estudar Inglês”; “O
cotidiano lingüístico, como instrumento pedagógico, no ensino de Língua Inglesa”;
“Estratégias de ensino-aprendizagem de Língua Inglesa, numa classe de aceleração 7º e
8º séries, baseando-se em opiniões e referências discentes”.
Motivar os alunos do Ensino Médio representa o objetivo geral do planejamento da
unidade, e para atingir este objetivo, diversos procedimentos são utilizados, como por
exemplo: dinâmicas que enfatizam as palavras em Língua Inglesa utilizada e visualizada
no dia-a-dia, contextualizando socialmente através de visitas a supermercados, locais de
vendas de ‘Fast-food, vídeo-games, propagandas comerciais, nomes de lojas e
vestuário; Pesquisa e coleta de dados na comunidade local; Oficina de escrita para
elaboração de um livro de poesias; Role-play; Músicas; Jogos didáticos através do
Bingo, Tic-Tac-Toe, Loteria de palavras, Apertadinho; Angel-mail; Elaboração de um
dicionário com as palavras aprendidas durante a unidade; Confecção de um calendário,
entre outras.

6
Comunicações apresentadas pelos alunos Astor Vieira, Carla Penalva, Edily Azevedo, Fabíola Ferreira,
Gervásio Lino, Jovane Dias, Kaliane Silva, Rita Aparecidade Pereira, Silvia Rocha, Ueila Conceição
Santos, e Valdirene Paixão Silva.
Os resultados dos trabalhos, apresentados no Seminário Final de Avaliação, constatam a
pertinência dos objetivos propostos e procedimentos utilizados conforme elenco a
seguir: o reconhecimento da unidade escolar, por parte da comunidade, como organismo
atuante e antenada com sua região; aumento do percentual de aproveitamento do
conteúdo disciplinar; desenvolvimento de visão crítica, por parte dos alunos, acerca da
língua inglesa em suas vidas, na comunidade, no Brasil e no mundo; maior interesse dos
alunos pela disciplina, conseqüentemente da freqüência nas aulas, da motivação e auto-
estima; construção de material didático-pedagógico; valorização da necessidade de
conhecer e aprender o inglês.
Os resultados explicitados anteriormente revelam a importância da observação direta do
campo de estágio, como salienta o documento que estabelece as diretrizes da Prática de
Ensino sob forma de Estágio Supervisionado do Curso de Letras da UESC (Silva,
1999):

“... a técnica da observação e co-participação coloca o estagiário e a


estagiária próximo à postura de um pesquisador ou de uma pesquisadora,
não essencialmente, numa postura acadêmica, mas como investigador ou
investigadora preocupada em aproveitar as atividades “comuns” de sala de
aula e delas extrair respostas que orientam sua prática pedagógica com os
educandos e com as educandas...”

Considerações finais

Que professor de língua estrangeira precisamos? Como promover e quais são as


competências que devemos privilegiar aos futuros profissionais? Qual o tipo de
formação é desejada e necessária? Essas são apenas algumas das várias perguntas que
os docentes7 da sub-área de Prática de Ensino de Língua Inglesa da UESC têm tentado
responder, na tentativa de transformar o quadro do ensino de línguas hoje (Stevens &
Cunha, 2003).
Parece-nos evidente o tipo de formação necessária ao profissional de ensino licenciado
em Letras, a fim de que ele possa atuar no mundo moderno; uma formação que lhes
assegure uma cultura científica com base nas ciências humanas e sociais no tocante à
educação, a capacidade de realizar pesquisas e análise de situações educativas e de

7
Professoras Lucia Regina Fonseca Netto, Maria Olívia Berbert da Silva Franco e Patricia Argolo Rosa
ensino, além do exercício da docência em contextos institucionais escolares e não-
escolares (Kullok,2000).
Almeida Filho (1999) defende a posição de que o mundo real se nos apresenta cada vez
mais exigente, com um universo de interesses cada vez mais sofisticado, requisitando
profissionais de ensino mais bem informados e que possuam cultura geral, que tenham
flexibilidade em áreas afins, que respondam rapidamente com soluções originais aos
problemas a que são apresentados, que tenham mentes abertas e que estejam em
constante evolução.
Portanto, faz-se necessário adotar soluções, logicamente a partir da formação (inicial
e/ou continuada) de professores. De acordo com Celani (1997)

“... devemos adotar soluções que possibilitem uma visão realista dos
problemas e que garantam medidas de ordem prática, efetivas e
diferenciadas...”

Acreditamos estar cumprindo nosso papel de educadoras formadoras, mediando não


apenas a construção da prática pedagógica do nosso educando, ajudando-o a relacionar
teoria e prática e a saber servir-se do seu saber, para com ele resolver problemas práticos
e, nessa atividade, aprofundar e conscientizar o seu saber, como também auxiliando-o
na utilização da reflexão como forma de ação e objetivando-o a encontrar sentido e
significado para o seu trabalho.

Referências Bibliográficas

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