Você está na página 1de 5

Rendas Certas ou Anuidades

Nas aplicações financeiras o capital pode ser pago ou recebido de uma só
vez ou em sucessivos pagamentos.
Quando queremos constituir um capital em uma data futura, tem-se um
processo de capitalização. Se quisermos pagar uma dı́vida, temos um processo
de amortização.
Estes exemplos caracterizam a existência de rendas ou anuidades, que po-
dem ser basicamente de dois tipos:

1. Rendas certas ou determinı́sticas: São aquelas cuja duração e pagamentos


são predeterminados, não dependendo de condições externas.
Os diversos parâmetros, como o valor dos termos, prazo de duração, taxa
de juros e outros, são fixos e imutáveis.
Tais tipos de renda são estudados pela Matemática Financeira.

2. Rendas aleatórias ou probabilı́sticas: Os valores e/ou as datas de paga-


mentos ou de recebimentos podem ser variáveis aleatórias. É o que ocorre,
por exemplo, com os seguros de vida: os valores de pagamentos (mensali-
dades) são certos, sendo aleatórios o valor de seguro a receber e a data de
recebimento.
Rendas com essas caracterı́sticas são estudadas pela Matemática Atuarial.

Aqui, vamos apenas as rendas certas ou anuidades, sob o regime de juros


compostos, a menos que explecitado o contrário.

Definições

Seja a série seguinte da capitais, referidos às suas respectivas datas, que
por sua vez são referidos a uma dada data focal:

R1 −→ n1
R2 −→ n2
R3 −→ n3
..
.
Rm −→ nm

Estes capitais, que podem ser pagamentos ou recebimentos, referidos a uma


dada taxa de juros i, caracterizam uma anuidade ou renda certa.
Os valores que constituem a renda são chamados termos. O intervalo de
tempo entre dois termos chama-se perı́odo e a soma dos perı́odos define a duração
da anuidade.
O valor atual de uma anuidade é a soma dos valores atuais dos seus ter-
mos, soma esta feita para uma mesma data focal e à mesma taxa de juros. De
modo semelhante, o montante de uma anuidade é a soma dos montantes de seus
termos considerada uma dada taxa de juros e uma data focal.

1
Classificação das Anuidades

1. Quanto ao prazo
(a) Temporárias: quando a duração for limitada.
(b) Perpétuas: quando a duração for ilimitada.

2. Quanto ao valor dos termos


(a) Constante: se todos os termos são iguais.
(b) Variável: se os termos não são iguais entre si.
3. Quanto à forma de pagamento ou de recebimento

(a) Imediatas: quando os termos são exigı́veis a partir do primeiro perı́odo.


i. Postecidas ou vencidas: se os termos são exigı́veis no fim dos
perı́odos.
ii. Antecipadas: se os termos são exigı́veis no inı́cio dos perı́odos.
(b) Diferidas: se os termos forem exigı́veis a partir de uma data que não
seja o primeiro perı́odo.
i. Postecidas ou vencidas: so os termos são exigı́veis no fim dos
perı́odos.
ii. Antecipadas: se os termos são exigı́veis no inı́cio dos perı́odos.
4. Quanto à periodicidade
(a) Periódicas: se todos os perı́odos são iguais.
(b) Não-periódicas: se os perı́odos não são iguais entre si.

Modelo Básico de Anuidade

Por modelo básico de anuidades entendemos as anuidades que são simul-


taneamente:
1. temporárias
2. constantes
3. imediatas e postecipadas
4. periódicas
E que a taxa de juros i seja referida ao mesmo perı́odo dos termos.

Valor Atual do Modelo Básico

Seja um principal P a ser pago em n termos iguais a R, imediatos, poste-


cipados e periódicos. Seja também uma taxa de juros i, referida ao mesmo
perı́odo dos termos. A representação gráfica do modelo é:

2
A soma do valos atual dos termos na data zero é dada por:
R R R R
P = 1
+ 2
+ 3
+ ··· +
(1 + i) (1 + i) (1 + i) (1 + i)n

ou, colocando-se R em evidência:


 
1 1 1 1
P =R + + + ··· +
(1 + i)1 (1 + i)2 (1 + i)3 (1 + i)n

Fazendo,
1 1 1 1
anei = 1
+ 2
+ 3
+ ··· +
(1 + i) (1 + i) (1 + i) (1 + i)n

Temos: P = R · anei

anei lê-se ”a, n cantoneira i”ou, simplesmente, ”a, n, i”.

O valor de anei pe obtido pela soma dos termos de uma progressão geométrica
com as seguintes caracterı́sticas:
a1 − an q
Valor da soma: Sn =
1−q
1
1o termo: a1 = = (1 + i)−1
(1 + i)
1
n-ésimo termo: an = = (1 + i)−n
(1 + i)n
1
razão: q = = (1 + i)−1
(1 + i)

Substituindo-se os valores respectivos na fórmula da soma, tem-se:


a1 − an q
Sn = = anei
1−q
Temos que:
1 − (1 + i)−n
anei =
i
ou ainda,
(1 + i)n − 1
anei =
i(1 + i)n

3
Montante do Modelo Básico

Seja um processo de capitalização em que são aplicadas parcelas iguais a


R, periódicas e postecipadas, a uma taxa de juros i, referida ao mesmo tempo
perı́odo dos termos. A representação gráfica deste modelo é a seguinte:

O montante (S) é o resultado da soma dos montantes de cada um dos


termos, à taxa de juros i, na data focal n. Portanto,

S = R + R(1 + i) + R(1 + i)2 + · · · + R(1 + i)n−1

Colocando-se o R em evidência, temos:

S = R[1 + (1 + i) + (1 + i)2 + · · · + (1 + i)n−1 ]

Fazendo
snei = 1 + (1 + i) + (1 + i)2 + · · · + (1 + i)n−1
Logo, temos: S = R · snei
snei lê-se: ”S, n cantoneira i”ou, simplesmente,”s, n, i”.

A fórmula do snei é obtida pela soma dos termos de uma progração geométrica:
a1 − an q
Valor da soma: Sn =
1−q
1o termo: a1 = 1

n-ésimo termo: an = (1 + i)n−1

razão: q = (1 + i)

Substituindo-se na fórmula da soma, obtemos:

(1 + i)n − 1
snei =
i

4
Relação entre os fatores anei e snei

Se tomarmos a fórmula de fator de amortização


(1 + i)n − 1
anei =
i(1 + i)n
Multiplicando-se os dois membros por (1 + i)n :
(1 + i)n − 1
(1 + i)n · anei = · (1 + i)n
i(1 + i)n
(1 + i)n − 1
(1 + i)n · anei =
i
Como o segundo membro desta igualdade é, exatamente, o valor de snei ,
podemos escrever:
snei = (1 + i)n · anei
Tomando agora a fómula de montante, temos
S = R · snei
Substituindo a relação encontrada acima
S = R · (1 + i)n · anei
e, como P = R · anei , temos:
S = P · (1 + i)n
Ou seja, o montante (S) do modelo básico é igual ao principal (P ) capital-
izado por n perı́odos à taxa de juros i.

Exemplos:
1. Uma loja vende um tapete em 12 prestações mensais de R$ 97,49 ou em
24 prestações mensais de R$ 61,50. Nos dois casos, o cliente não dará
entrada alguma. Sabendo-se que a taxa de juros do crédito pessoal é de
2,5% a.m., pergunta-se: qual é o melhor sistema para o comprador?
2. João, conversando com um amigo, conta-lhe que fez o ”melhor negócio
do mundo”, pois comprou uma motocicleta, cujo valor a vista era de R$
30.000,00, em prestações mensais de R$ 1.326,06, sem dar entrada alguma.
João achou que o negócio fora bom porque, apesar de o vendedor dizer-lhe
que a taxa de juros era de 4% a.m., o valor da prestação era baixo. Seu
amigo pergunta-lhe em quantas prestações comprara e ele respondeu que
não sabia. Calcule o número de prestações.
3. O pai de um estudante efetua mensalmente, durante 36 meses, depósitos
de R$ 200,00 em um banco que paga 2% a.m. sobre o saldo credor. Este
dinheiro de destina ao custeamento dos estudos superiores do filho. Qual
será o montante acumulado após ser efetuado o último depósito?
4. Quantos depósitos bimestrais de R$ 1.000,00 serão necessários para que,
se a remuneração for de 4% a.b., se tenha R$ 29.778,08?

Você também pode gostar