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Grandes Iniciados - Alan Moore


deldebbio | 4 de agosto de 2008

Confira abaixo um resumo dos principais fatos na vida e bibliografia do escritor e mago inglês Alan
Moore. Trata-se de excertos do livro Alan Moore: Portrait of an Extraordinary Gentleman, um livro-
tributo dedicado aos 50 anos do artista. São páginas recheadas de ensaios, ilustrações, artigos,
fotografias, entrevistas, e opiniões sobre o mago-escritor de Northampton. Escritores, desenhistas e
pessoas relacionadas aos quadrinhos comentam sua relação com Moore.

Alguns nomes presentes no livro: Michael Moorcock, Ian Sinclair, Darren Shan, Brad Meltzer, John
Coulthart, Neil Gaiman, Dave Gibbons, Bryan Talbot, David Lloyd, J. H. Williams III, Kevin
O’Neill, Will Eisner, Howard Cruse, James Kochalka, Adam Hughes, Peter Kuper, Jose Villarubia,
Jimmy Palmiotti, Rick Veitch, Michael T. Gilbert, Steve Parkhouse, Nabiel Kanan, Bill Koeb, Rich
Koslowski, Trina Robbins, Michael Avon Oeming, Sean Phillips, Jeff Smith, Sergio Toppi, Giorgio
Cavazzano, Claudio Villa, Daniel Acuna, Willy Linthout, Jean-Marc Lofficier, Eduardo Risso, Dave
Sim, Ben Templesmith e outros tantos.

O lançamento da editora Abiogenesis Press, do artista britanico Gary Spencer Millidge, tem caráter
beneficente. Toda sua renda está destinada para o Fundos de Combate ao Mal de Alzheimer. Para
mais informações, acesse www.millidge.com

Linha da Vida de Alan Moore


- Alan nasceu com pouca visão na vista esquerda e surdo do ouvido direito. Mesmo assim, ele evitou
usar óculos até quinze anos. Já adulto, abandonou os óculos chegando a cogitar a possibilidade de
usar um monóculo, acabando por achar essa alternativa muito kistch.

- A primeira casa do jovem escritor não tinha banheiro nem gás em sua rua.

- Em 1961, aos 7 anos, Moore descobriu os quadrinhos americanos da DC Comics.

- Moore atribui sua formação moral graças as histórias do Super-Homem.

- Padecendo de uma gripe comum, o jovem Alan Moore pediu para a mãe lhe comprar uma
BlackHawk. Ao invés de trazer a HQ pedida, sua mãe o presenteou com a edição número 3 de
Fantastic Four (Quarteto Fantástico). Essa revista foi o primeiro contato do escritor com os trabalhos
de Jack Kirby, de quem se tornou fã imediato.

- Moore matava aulas no colegial para andar de motocicleta no pátio de um hospital para doentes

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mentais.

- Em 1968, Moore se tornou fã dos personagens da Charlton Comics, que mais tarde seriam os
arquétipos dos personagens da maxi-saga Watchmen.

- Em 1969, ele começou a colaborar com vários fanzines, sempre como desenhista

- Aos 17, em 1970, Moore foi expulso da escola por uso de LSD. O diretor escreveu uma carta para
todas as outras escolas e universidades da região, para que ele jamais fosse aceito em outro
estabelecimento de ensino.

- Sem poder estudar, Alan trabalhou em um matadouro e limpou latrinas em um hotel de


Northampton.

- Nessa época, ele deixou o cabelo crescer, ajudou a publicar o fanzine Embryo e conquistou sua
futura esposa Phyllis lendo poesias em um cemitério. Em 1974, aos vinte anos, Moore e Phyllis se
casaram.

- Em 1977, nasceu Leah, a primeira filha de Moore. Nessa época, Moore percebeu que tinha que
fazer alguma coisa que gostasse logo ou então passaria a vida frustrado. O escritor começou a
colaborar com jornais e revistas locais, escrevendo e desenhando tiras de humor. A mais conhecida
delas foi Maxwell, the Magic Cat, uma espécie de Garfield inglês. Anos depois, Moore declarou que
odiava escrever as historias de Maxwell e que se sentia envergonhado de receber dinheiro por elas.
Mesmo assim, ele passou 7 anos escrevendo estas tiras. Detalhe: Moore assinava as tiras com o
pseudônimo de Jill de Ray (uma alusão ao francês acusado de ter assassinado dezenas de crianças).

- A experiência com Maxwell mostrou que ele não servia como desenhista. Moore passou a dedicar
“apenas” a escrever.

- Moore comecou a trabalhar com a Marvel UK (divisão anglo-saxônica da Casa das Idéias) em
1981. Aos 27 anos, Moore escrevia pequenas tramas nas revistas Star Wars e Dr. Who. Na mesma
época, ele fez alguns trabalhos para a 2000AD e teve sua segunda filha: Amber.

- Em 1982, Alan recebeu sua primeira grande chance ao escrever para a recém-criada revista
Warrior. Para quem não sabe, a Warrior publicava 4 a 6 histórias por edição, cada história com 6 a 8
páginas. Moore escreveu 3 sagas para a Warrior simultaneamente: The Bojeffrie’s Saga (uma família
de monstros muito engraçada), Marvelman (Miracleman) e V de Vingança.

- Naquele mesmo ano, Moore começou a escrever as histórias do Capitão Bretanha. Já no primeiro
capítulo, ele se livrou dos conceitos criados pelo escritor anterior e no capitulo seguinte matou o
próprio protagonista da série, recriando-o totalmente reformulado na edição de número 3.

- Enquanto a fama de Moore crescia nos quadrinhos, ele encontrava tempo para se envolver em
outros projetos. Ele formou uma banda chamada The Sinister Ducks, gravando um single em 1983.

- Na 2000 AD, Moore escreveu D.R. & Quinch, uma hilária saga de dois alienígenas delinqüentes. E
ainda escreveu A Balada de Halo Jones e Skizz.

- Todos esses trabalhos renderam a Moore o prêmio Eagle Award de melhor escritor de 1982 e 1983.
Foi quando os Estados Unidos começou a se interessar pelos trabalhos do autor.

- Em novembro de 1983, Lein Wein, criador do Monstro do Pântano, ligou para a casa de Alan
perguntando se ele queria trabalhar para a DC e escrever as historias do monstro. Alan achou que era
um trote e desligou na cara do escritor. É claro que depois ele viu que não era mentira e aceitou

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trabalhar com o personagem.

- Sob ao comando de Alan Moore, Swamp Thing passou das 17.000 cópias/mês para mais de
100.000 cópias!!!

- No período em que escreveu o Monstro do Pântano, Moore fez outros trabalhos pouco divulgados
na DC, como “Tales of the Green Lantern Corps”, “Vigilante”(uma historia sobre abuso sexual de
crianças) e uma historia do Batman onde ele enfrenta o Cara de Barro (publicada no Brasil na extinta
SuperAmigos). Moore ainda escreveu 2 histórias memoráveis com o Homem de Aço (ambas
relançadas no Brasil pela Opera Graphica). Uma delas, “For the Man who has Everything” é
possivelmente uma das melhores histórias do Super-Homem.

- O próximo trabalho de Moore seria A Piada Mortal. A história foi escrita em 1985, mas devido a
atrasos do desenhista Brian Bolland, a revista só foi terminada e publicada em 1988.

WATCHMEN
Ainda em 1986, a DC concordou em deixa-lo produzir sua própria série. Com o artista britânico
Dave Gibbons, Moore sugeriu o projeto de uma série chamada WATCHMEN. A história, como
Weaveworld de Clive Barker, é uma epopéia sobre um mundo fictício - embora o mundo que Moore
inventou seja de várias maneiras igual ao mundo real de hoje.

Começando em uma Nova Iorque durante os anos 80, Watchmen descreve uma América como
poderia ter sido se realmente tivesse testemunhado o surgimento de fato dos “super-heróis” - isto é,
seres que possuem habilidades super-normais ou que se apresentam como vigilantes idealistas.
Assim como a América nunca teria sofrido uma divergencia política progressiva dos Anos sessenta,
imagina Moore, também nunca teria perdido a Guerra de Vietnã, e teria achado um modo para
manter Richard Nixon como Presidente. Já no início de Watchmen, dificilmente as coisas são
sublimes: alguém decidiu eliminar ou desacreditar os poucos super-heróis remanescentes enquanto
que, em uma série de eventos aparentemente não relacionados, os Estados Unidos e a União
soviética desenham um crescente conflito nuclear por causa de uma disputa na Ásia.

No centro da consciência desta história, de olho na (e tentando desafiar a) maneira de como o mundo
está desmoronando, está um incomum herói criado por Moore: um mascarado, horrendo e
transtornado vigilante direitista conhecido como Rorschach. Rorschach fala para o psiquiatra sobre a
noite em que ele cruzou a linha da brutalidade:

“Me senti limpo. Senti o sombrio planeta girando sob os meus pés e descobri o que faz os gatos
gritarem como bebês durante a noite. Olhado para o céu através da espessa fumaça de gordura
humana, e Deus não estava lá. A escuridão fria e sufocante, continua para sempre, e nós estamos sós.
Vamos viver nossas vidas na falta de qualquer coisa melhor para fazer. Deixemos a razão para
depois.

Nascemos para o esquecimento; agüentando crianças destinadas para o inferno, nós mesmos;
caminhando para o esquecimento. Não há nada mais. A existência é fortuita. Nenhum padrão seguro
imaginado por nós depois de encarar isto por muito mais tempo. Nenhum significado seguro além do
que nós escolhemos impor. Este mundo sem direção não é moldado por vagas forças metafísicas.
Não é Deus que mata as crianças. Não é o destino que as abate ou que as dá de alimento para os
cachorros. Somos nós. Somente nós… Estava renascido então, livre para rabiscar meu próprio
desígnio neste mundo moralmente vazio..”

O assustador Rorschach
“Aquela foi uma história terrivelmente depressiva para se escrever,” disse Moore, “em parte porque
Rorschach em nada se parece comigo: Eu não compartilho a sua política, e nem compartilho a sua
filosofia. Ele é um homem aterrorizado e, em minha visão, ele acaba se rendendo ao horror do

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mundo.

Mas eu penso que o fundo do poço dos medos e ansiedades de muitas pessoas pode ser igual ao do
Rorschach. As coisas que uma vez usamos para nos abrigarmos da escuridão - como Deus, a rainha,
o país, e a família - foram se distanciando de nós. Em muitos casos, temos esmagados a nós mesmos,
e agora nos deixamos tremendo na chuva, olhando para o mundo e vendo um obstáculo preto que
não tem nenhum significado moral, afinal”.

Até que alcance seu devastador mas reafirmado fim, é evidente que, acima de tudo o mais,
Watchmen é uma história de como as pessoas encaram a perplexidade do mundo de hoje: como
alguns se movem furiosamente e de maneira fatal contra ele e de como outros, heroicamente, reúnem
forças até mesmo em face ao Armageddon.

“Enquanto estava trabalhando em Watchmen,” conta Moore, “eu tive que me perguntar, O que é que
mais me assusta? E percebi que a verdade é que quando o mundo acabar, não haverá nenhum aviso
de quatro minutos, não haverá nenhum conflito nuclear de baixa escala. A verdade é que os mísseis
poderiam estar no ar em cinco minutos. E se houver um Armageddon nuclear, não iremos retirar o
pó de nós mesmos e nem reinventar os valores humanos. Não poderia haver nenhum valor humano
após uma guerra nuclear porque não haveria nenhum humano.

Nosso passado seria erradicado. Nosso futuro seria erradicado. Nosso presente seria erradicado. E eu
me achei pensando, Quando as crianças foram para escola esta manhã, eu gritei com elas ou lhes
falei que eu as amo?”.

Os roteiros de Moore para essa saga viraram uma lenda pela riqueza de detalhes. O primeiro
capítulo, por exemplo, tinha mais de 100 páginas e foi entregue ao desenhista Dave Gibbons sem
parágrafos.

Com Watchmen, Moore virou uma celebridade do mundo dos quadrinhos, mas não estava feliz com
isso. Certo dia, em uma convenção sobre HQ´s em San Diego, ele foi cercado por dezenas de fãs que
o imprensaram contra uma escadaria na tentativa de agarrá-lo e conseguir um autógrafo. Moore
decidiu que jamais participaria de convenções novamente.

A Casa do Trovão, em Twilight of the Superheroes


O próximo projeto de Moore na DC seria Twilight of the Superheroes, mas por razões
desconhecidas, esse projeto não foi adiante. Anos depois, muitas das idéias de Moore para essa série
seriam reaproveitadas na aclamada saga “Kingdon Come”(Reino do Amanhã) de Mark Waid e Alex
Ross. A dupla nega qualquer reciclagem dos conceitos de Twilight.

Moore, que já não trabalhava para a Marvel desde a época de Capitão Bretanha, tambem passou a
não trabalhar mais para a DC, pois discordava sobre os royalties de Watchmen e principalmente com
o fato da DC adotar o código “for mature readers” (própria para leitores maduros/adultos) nas suas
revistas.

A última colaboração de Moore para a DC foi o final de V de Vingança, que havia ficado incompleta
apos a falência da Warrior. A série foi reeditada nos EUA e se tornou outro best-seller.

Miracleman
Na mesma época, ele voltou a escrever Miracleman (agora para a editora Eclipse). Além de tudo o
que já havia sido escrito para a Warrior, Moore criou novas historias, entre elas a maravilhosa saga
Olympus. Depois disso, ele passou os direitos autorais do personagem para Neil Gaiman (que mais
tarde resultou naquele pega ´pra capar entre Gaiman e a cria do inferno, Todd McFarlane. O embate
jurídico dura até os dias de hoje).

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Moore recusou varios trabalhos nessa época, inclusive o roteiro de Robocop 2 (que assumiu a
criança foi Frank DKR Miller). Seus próximos trabalhos foram o livro “Brought to Light”, com
ilustrações de Bill Sienkieckz e a graphic novel “A Small Killing”.

Em 1989, Moore decidiu colaborar com a recém-criada revista “Taboo” de Stephen Bissete (parceiro
de Moore em Swamp Thing). Para a Taboo, ele escreveu a espetacular “From Hell” - fruto de mais
de 8 anos de pesquisa, e “Lost Girls”.

Ainda naquele ano, Moore passou a viver um triângulo amoroso com sua esposa e sua namorada
Deborah Delano. Irritado com a intolerância do governo de Margareth Tatcher com os homosexuais,
Moore colaborou com entidades GLS, publicando a história “Mirror of Love”, pela editora Mad
Love, propriedade do próprio autor e de sua esposa.

Big Numbers
O próximo projeto era a serie Big Numbers, projetada para 12 capítulos e mais de 500 páginas.
Somente 3 edições foram lançadas, 2 com desenhos de Sienckwiecz e uma com os traços de Al
Columbia. Ninguém sabe ao certo porque o projeto nao foi adiante, mas especula-se que a
complexidade do texto de Moore foi demais para os desenhistas que nao conseguiram dar conta do
recado.

Nessa época teve início o inferno astral de Alan Moore: a Mad Love faliu e seu casamento terminou.
A Taboo também chegou ao fim, deixando sagas como From Hell para serem completadas anos
depois.

Em 1993, Moore tomou uma decisão que desapontou muitos de seus fãs. Aceitou trabalhar para a
Image Comics escrevendo títulos como Spawn, Supreme, Glory, Youngblood, Wild C.a.t.s. Moore
desabafou que aquilo não era um retrocesso ou que ele estava vendendo sua alma para os demônios
Rob Liefeld e Jim Lee, e sim um desejo de escrever histórias mais simples, para garotos de 14 anos e
não para adultos de 30. Ainda pela Image, ele participou do projeto 1963. Este ultimo projeto acabou
gerando uma briga entre ele e Stephen Bissette. Até hoje eles não se falam.

Moore passou a morar com uma nova companheira: Melinda Gebbie. No dia em que completou 40
anos, Moore decidiu se tornar um mago. Ainda em 1993, ele praticou performances teatrais como
“Snakes and Ladders” e “BirthCaul”. Mais tarde essas performances foram adaptadas para HQ´s por
Eddie Campbell, seu companheiro de trabalho em From Hell.

Algumas conclusões de Moore em relação à magia foram adaptadas para histórias como Supreme,
Glory e mais tarde Promethea. Em Supreme, Moore explorou o conceito do IDEASPACE, um
mundo de arquétipos, semelhante ao Mundo das Idéias de Platão. Supreme vai investigar uma
estranha cidade no alto do Tibet, encontrando uma paisagem desnorteante, formada por um grande
número de paisagens diferentes fundidas numa só. Há partes dela que parecem como um bairro
decadente durante a Depressão de 1930, onde ele conhece uma gangue de crianças e um herói
fantasiado.

O Grande Criador
Supreme continua a vagar pela estranha paisagem até encontrar uma trincheira de um campo de
batalha, onde há uma infinidade de soldados de várias etnias: Um irlandês, um judeu, um negro, tudo
muito parecido com o Sgt. Fury e toda uma enorme linha de heróis patrióticos.

Isto continua até Supreme conhecer o criador supremo deste mundo, que se mostra ser Jack Kirby.
Isto é muito difícil de explicar porque leva uma história inteira para ser contada, mas é basicamente
uma gigantesca cabeça flutuante, que se altera sob uma fotomontagem da cabeça de Kirby em
transmutação; ela sempre é apresentada no estilo dos desenhos de Jack Kirby. Esta entidade
gigantesca explica a Supreme que ele foi um artista de carne e osso e sangue, mas agora ele está

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completamente no reino das idéias, que é muito melhor porque a carne e os ossos e o sangue tem
suas limitações, já que ele podia fazer somente quatro ou cinco páginas em um dia de trabalho; mas
agora ele existe puramente no mundo das idéias. As idéias só podem fluir sem interrupções. Ele fala
sobre todo um conceito de um espaço onde idéias são reais, que é o tipo de lugar onde, de algum
modo, todos os criadores de quadrinhos trabalham durante toda a sua vida, talvez Jack Kirby mais do
que a maioria. É como se uma idéia se tornasse livre do corpo físico, e este artista pode então
explorar os mundos infinitos da imaginação e das idéias.

Em 1996, Moore escreveu seu primeiro romance, intitulado A Voz do Fogo. Foram 5 anos para
escrever este livro, um tratado de 5 mil anos da sua cidade natal, Northampton. O primeiro capítulo é
narrado em primeira pessoa (de forma muito singular) por um personagem que vive numa
Northampton paleolítica, quando a cidade tinha duas a três cabanas de barro e uma ponte. O segundo
é narrado em primeira pessoa por um personagem totalmente desligado do primeiro que vive em
Northampton durante a Idade de Bronze, em uma comunidade que começou a crescer, se
desenvolvendo através das eras. Lentamente, nós movemos através dos séculos, até o décimo
primeiro capítulo, que é narrado pelo próprio autor na Northampton do presente.

Trabalhando para a editora Wildstorm (que acabou sendo posteriormente vendida para a DC) Moore
criou uma nova linha de HQ´s, a America’s Best Coomics (ou ABC), onde surgiram as aclamadas
séries: Top Ten, Tom Strong, League of Extraordinary Gentlemen, Promethea e Tomorrow Stories.

Aos 50 anos, Moore anunciou que pretende se aposentar dos quadrinhos. Será?

Liga dos Cavalheiros Extraordinários


Se você assistiu LXG, a dica de leitura é um antídoto para a pataquada que você viu na telona. Leia a
edição especial A Liga Extraordinária da Devir. Apesar do preço salgado (R$ 45,00), você pode
encontrar esse lançamento na FNAC por R$ 36,00. Preço justificado pela luxuosa edição de 192
páginas repleta de material inédito, incluindo o tão aguardado conto “Allan e o Véu Rasgado”, no
melhor estilo das obras de H.P. Lovecraft.A Liga de Moore não tem nada a ver com aquela versão
X-Men Vitorianos. As Aventuras da Liga dos Cavalheiros Extraordinários é o fanfict definitivo:
Imagine uma força-tarefa formada por personagens da literatura inglesa, mas com uma pitadinha do
tempero de Alan Moore: Então o Capitão Nemo é uma figura intrigante, um fanático cheio de
equipamentos misteriosos. Hyde é de uma complexidade assustadora. Mina Murray não é uma
vampira anabolizada e o decadente Alan Quatermain passa longe da interpretação impecável de Sir
Connery. Só para você ter uma idéia, o Quatermain da HQ é viciado em ópio! Leia o mais rápido
possível e fique aguardando ansiosamente o volume dois, ainda “inédito” aqui no Brasil.

Entrevista com Alan Moore


Apresento-vos uma entrevista com o escriba, realizada por Alan David Doane. A tradução é de
David Soares (Portugal)

Eu soube que este “Quiz de 5 perguntas” seria um esforço maior que os anteriores, excedendo
certamente esse número de questões, quando o homem que eu considero ser o melhor escritor de
banda desenhada de sempre deteu-se, pensativamente, durante oito minutos para responder à minha
primeira interrogação (envisionando e esclarecendo, em conjunto, as seguintes). Olhando a isso,
abandonei a fórmula inicial; que outra escolha tinha? Durante a década de 80, Alan Moore recriou a
banda desenhada por imprevisto, como irão ler adiante, e, desde a sua estréia, uma engenhosidade e
paixão superlativas constantes são as características reconhecidas no seu trabalho. Conversar com
Alan Moore, mais que uma honra, foi uma aventura e é meu dever agradecer ao autor a sua
disponibilidade, mas, também, a Chris Staros, da Top Shelf Productions, por apadrinhar este
encontro. Esta editora publica muitos dos melhores trabalhos de Moore, como o seu romance “Voice
of the Fire”.

Alan David Doane – O que te inspirou a escrever um romance com a profundeza de “Voice of the

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Fire”?

Alan Moore – Sempre vivi em Northampton, como os meus pais, talvez tenha sido isso. Somos todos
descendentes uns dos outros nesta única grande família que são os seus cidadãos. “Nascidos de
fresco com sangue em segunda-mão”, como gostamos de dizer por cá. Esta cidade fascina-me e
saber que a sua história, tão singularmente rica, é completamente ignorada sempre se me apresentou
contra-sensual. A maioria dos ingleses é capaz de identificar Northampton apenas como uma mancha
indistinta a meio da M-1, entre Birmingham e Londres, mas quando comecei a investigar as suas
origens na altura em que me lembrei de escrever este livro encontrei matéria convincente o bastante
para concluir que Northampton é, mesmo, o centro do universo. No mínimo, eu fiquei convencido.

Penso que a sua é uma história esplêndida que remonta desde a Idade da Pedra quando caçadores de
mamutes, e os próprios mamutes obviamente, ainda caminhavam sobre estas ruas, atravessando a
Idade do Bronze e as migrações dos povos Celtas, prosseguindo pela Idade do Ferro e as invasões
romanas e, ainda, parece-me ser uma cidade que assumiu sempre uma importãncia central, de um
modo mais complexo que a sua simples localização geográfica. Lembro-me, se me encontro sem
erro, que os avós de George Washington, e de Benjamin Franklin, habitavam duas pequenas aldeotas
vizinhas durante os anos da Guerra Civil Inglesa. Os pais de Washington moravam aqui, os pais de
Franklin moravam em Ekton e ambos os casais abandonaram Northampton após a guerra civil que
terminou nesta cidade (provavelmente, o local mais desconfortável para comprar uma casa durante o
séc. XVII) e emigraram para a América. De acordo com aquilo que sei, a própria bandeira norte-
americana é baseada no seu, agora esquecido, brasão de família, tradicional de Northampton.

O tipo que descobriu o ADN, Francis Crick, viveu aqui e foi aluno na mesma escola que eu
frequentei com apenas algumas décadas de intervalo entre os seus anos lectivos e os meus e ia
semanalmente à catequese na igreja que ainda se encontra no fim da minha rua. Muitos episódios da
história inglesa também circulam Northampton, como a Guerra das Rosas que também conheceu o
seu fim neste lugar, simetricamente à nossa Guerra Civil, como já te contei, e a Conspiração da
Pólvora que foi urdida nesta cidade e pretendia rebentar a sede do parlamento, em Londres, em 1605.
Pensamos, inclusive, que o empreendimento foi um fracasso e é por essa razão que o tornámos numa
festa anual, mas os conspiradores não se saíram, realmente, mal.

Também foi nesta cidade que a rainha Mary, da Escócia, foi decapitada e é avaliando esse conjunto
de acontecimentos que te digo que existe muita história aqui, nem sempre agradável, admito, mas
está presente uma força nuclear para a vida humana e que influenciou de certeza a evolução do modo
de vida inglês, e, em última análise, possivelmente outros modos de vida em outros lugares.

A génese do livro nasceu dessa fé que me diz que, sim, Northampton é, na verdade, o centro do
universo. Acredito nisso, assim como acredito que é esta é uma cidade despida de características
especiais. Posso dizer-te que qualquer pessoa, habitante de qualquer lugar sobre o globo, pode
desenterrar uma mão-cheia de maravilhas da terra do seu próprio quintal, se tiver feito uma pesquisa
paciente sobre esse local e se for engenhosa o bastante para as encontrar. Demasiadas vezes
caminhamos pelas nossas ruas, a pé ou de automóvel, e não compreendemos que sob as fachadas
descaracterizadas se pode esconder o antigo cárcere de algum poeta ou um sítio reservado ao
homicídio, o sepulcro oculto de alguma rainha lendária e é o somatório destas pequenas histórias que
enriquecem um lugar: de repente, não te encontras simplesmente a passear numa cidade comum,
aborrecida e homogénea, mas numa aventura em avenidas prodigiosas recheadas de histórias
fantásticas. Na minha opinião, viver é uma experiência muito mais recompensadora se conhecermos
intimamente a parte do mundo que nos foi destinada como casa e esta é a melhor resposta que te
posso dar sobre a tua pergunta.

ADD – Bom, na verdade já respondeste às primeiras quatro perguntas.

AM – A sério? (Risos) Estou em forma.

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ADD – (Risos) Sendo assim, vamos à última. Imagino que durante a criação das histórias deste livro,
à medida que ias desenvolvendo a tua pesquisa e estruturando a narrativa, foste apanhado de surpresa
por algumas coisas acidentais que não estavam previstas quando iniciaste o empreendimento.

AM – Fui surpreendido por uma grande quantidade de coisas. Repara que uma das minhas premissas
iniciais era a de não querer escrever um trabalho histórico, por que não queria abdicar da liberdade
que um trabalho de ficção me oferece, como, por exemplo, entrar na personalidade das pessoas sobre
quem eu pretendo escrever e o sentido dessas vidas, pois acredito que dessa forma o resultado final é
mais verdadeiro, mais humano. Contudo, mesmo conjurando todas estas vozes fictícias do passado
queria que o seu discurso se baseasse em fatos reais e circunstâncias possíveis e comecei com esse
objetivo em mente para, em seguida, compreender que determinados temas, determinadas imagens,
estavam a emergir da minha narrativa.

Aparentemente, a maioria dos episódios ocorrem em Novembro, no dia do meu aniversário,e,


paralelamente a isso, outros elementos estavam a manifestar-se repetidamente em diferentes histórias
e indicavam-me uma espécie de padrão: pessoas com membros amputados; matilhas de cães pretos
espectrais; cabeças decepadas e outros ícones de natureza igualmente inquietante.

O desafio de “Voice of the Fire”, se eu queria realizar esse livro de acordo com a minha ideia
original, era ter um narrador diferente para cada uma das doze histórias, alguém que pertencesse a
esse espaço-tempo e que relatasse na primeira pessoa. Para o último capítulo, que tem lugar nos dias
de hoje, o único narrador possível só poderia ser mesmo eu próprio. Contar essa história com a
minha voz, debruçando-me sobre os meus assuntos particulares sem inventar pormenores sobre o
que estaria a acontecer durante essa altura e, coincidentemente, quando finalmente comecei a fazê-lo,
descobri que já me encontrava em Novembro, mais uma vez… Iniciei a escrita desse capítulo com a
esperança que a própria cidade me sugerisse um final que amarrasse todas as pontas e todas as
hipóteses que fui deixando por rematar ao longo dos capítulos anteriores sem saber se isso iria
acontecer ou se, pelo contrário, os últimos cinco anos da minha vida tinham sido um logro e que não
deveria ter começado o livro, em primeiro lugar.

Sempre acreditei que existem momentos na vida de um escritor em que ele, ou ela, é confrontado
com a noção de que as fronteiras entre a ficção e a vida real são, muitas vezes, inexistentes e isso é
frequente em trabalhos nos quais optamos por um registro auto-referencial. Esses dois universos
inclinam-se para um maior cruzamento à medida que te aproximas de casa o que pode ser
desconfortável, no mínimo. Por isso não foi surpreendente, mas ainda assim bizarro, quando
sucessivas ocorrências se conjugaram para satisfazer as necessidades do meu texto. Coisas sobre e
com cabeças cortadas e enormes cães pretos que me mostraram que enquanto ações mirabolantes
têm lugar na ficção, outros movimentos igualmente mirabolantes, e perigosos, acontecem na vida
real; experiências que são simétricas. Por mais que as esperes, são sempre perturbantes.

ADD – Esse capítulo final, acredita, foi uma das coisas mais perturbantes que já li.

AM – Pois. Obrigado.

ADD – Existe uma frase nesse capítulo… Tu sabes qual: “O Homem escreve.”, “O Homem
escreve.”…

AM – Sim.

ADD – Essa tua frase que aparece repetidas vezes e que parece tão absurda consegue reunir toda a
informação do livro e fazer sentido no final, quando todas as centenas de páginas e todas as centenas
de anos que assimilaste acabam por nos conduzir à tua casa, ao teu quarto, não é verdade?

AM – É quase isso. Não és conduzido ao meu quarto, felizmente para ti, mas à minha mente. Até

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esse ponto exato, ainda poderias pensar que “Voice of the Fire” é composto por uma série arbitrária
de histórias suavemente associadas em órbita da minha cidade e nesse capítulo quis fundir tudo isso:
as histórias, a minha vida, a minha mente e as vidas e as mentes dos leitores. Aparentemente, para
surpresa de todos, o livro acaba mesmo por ser sobre mim. Pode ser sobre mim, sentado a escrever o
próprio livro. Ou ser sobre o processo criativo de se escrever outro livro. Ou sobre outro assunto
qualquer. É isso. E fico contente que tenhas reagido bem à frasezinha, por que ela arrepiou-me um
bocadinho quando a escrevi. Lembro-me que pensei: “-Isto está a ficar sinistro, por isso devo estar a
criar algo interessante”.

ADD – A frase não é sinistra, em si, mas consegue impressionar-te dessa forma.

AM – Obrigado.

ADD – É perturbante, como já te disse. Aliás, já li o teu “From Hell” e senti em algumas passagens
dessa história que ultrapassaste a barreira entre autor e leitor. Uma barreira que não tinha sido
ultrapassada em nada que já tivesse lido.

AM – Isso é maravilhoso…

ADD – Não tenho a certeza de qual dos livros foi editado em primeiro lugar, mas o efeito que
“Voice of the Fire” me provocou pareceu-me uma ampliação do que senti em segmentos de “From
Hell”, naqueles momentos em que tu, como acabaste de explicar, penetras, e nós contigo, na mente
da personagem, que neste caso és tu. Não tinha pensado nisso, mas o leitor acaba por se transformar
em Alan Moore.

AM – Pois… é possível. Penso, inclusive, que um ingrediente que pode ajudar a cozinhar esse efeito
é o facto de que no último capítulo de “Voice of the Fire” não possuo um conhecimento “in loco” do
meu consciente não-autónomo, ou seja: o meu “eu” pensante. Falando nisso, nunca utilizo a palavra
“eu”, entendes? Acaba por funcionar como uma narração na primeira pessoa do singular, mas sem
uma pessoa. Não sei se era a isto que fazias referência, mas eu também não compreendo muito bem
o que me leva a escolher uma determinada forma de fazer as coisas. Na altura, pareceu-me que
funcionava.

Pareceu-me que deixava o leitor respirar, sem estar constantemente a ser confrontado com a noção
de que é um… deixa-me pensar… um ego de outra ordem que fala com ele. Fico satisfeito pela tua
reacção a esta experiência.”Voice of the Fire” e “From Hell” nasceram mais ou menos na mesma
altura, talvez com um ano de diferença, e isso acaba por estabelecer uma comunicação entre os dois,
por que têm algumas afinidades, como, por exemplo, o facto de partilharem um momento da minha
vida em que decidi tornar-me um ocultista e estudar a fundo matérias que estão imersas num mundo
à parte às quais, vulgarmente, chamamos magia. No “From Hell” isso está explícito nos diálogos de
William Gull quando ele nos descreve as suas crenças e que os deuses existem realmente, em
majestade e monstruosidade, na nossa mente. Escrevi isso quase por acidente e compreendi depois
que tinha escrito algo mais profundo, algo significante que, eventualmente, acabou por introduzir o
meu interesse pela magia.

Certamente, esta inclinação coloriu com outros tons o final de “From Hell”, e a conclusão de “Voice
of the Fire”. Este título reservou-me outra surpresa: comecei o livro contando a história de um xamã
que procura um código de palavras, uma ladainha, um conjunto mnemónico para aglutinar o seu
povo e na última história, eu sou esse xamã, inconscientemente, milénios depois, realizando a mesma
rotina. Não a mesma, claro, pois os meus métodos não envolveram nenhum sacrifício humano. Podes
dormir sossegado.

ADD – A mensagem de “From Hell, bom, pelo menos a que eu retirei da minha leitura e que,
infelizmente, não é expressa pela sua adaptação cinematográfica…

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AM – Tens de compreender que estás em vantagem sobre mim nesse tópico, por que não vi o filme.

ADD – Tudo bem. Penso que na melhor das hipóteses representar todas as preocupações do teu
trabalho, já por si bastante extenso, num filme de duas horas é uma tarefa impossível de concretizar.
Mas falava-te do que retirei do livro, a tal mensagem que é a de que a arte tem o poder de
transformar o artista, até divinizá-lo, e no decurso da minha leitura percebi que ambos os livros,
“From Hell” e “Voice of the Fire”, partilham essa preocupação. Não sei se foi intencional, mas a
verdade é que quando se chega ao fim desses livros essa mensagem é, de facto, sugerida.

AM – A magia tem o poder de mudar a relação que tens com o mundo que te rodeia e isso aconteceu
comigo. Comecei a olhar as coisas de outra forma, com um sentido, felizmente, mais útil, até, e
considerando tudo isso, o que dizes sobre os dois livros pode ser verdade. Através deles, apresento
uma visão alternativa da nossa história e das nossas experiências, mesmo que em “From Hell” a
minha intenção principal fosse contar uma história sobre um crime, um homicídio. Nessa altura, nem
pensei nos crimes de Jack, o estripador. Era, apenas, o uso de um crime como uma experiência
avassaladora que me norteava. Felizmente, um homicídio, no contexto de uma vida, é uma
experiência bastante improvável. Repara que o número de pessoas que acabam por morrer dessa
forma é, ainda assim, muito reduzido.

Essa raridade sugeriu-me a idéia de falar sobre o homicídio de uma forma particular. Porquê abordar
apenas a identidade do autor, que parece ser o motor constante de tantos romances policiais? Essa é
uma alusão quase tão redutora como um vulgar jogo de salão. Como o CLUEDO, por exemplo, onde
só precisas de descobrir quem foi o assassino, a arma que usou e em que local a vítima foi abatida.
Com “From Hell” quis esclarecer, também, as variáveis sociais e culturais que permitiram a práctica
desse crime, muito mais que, somente, especular sobre a identidade do homicida. Queria ver como
um crime poderia agir sobre a sociedade e estudar todas as hipóteses de desenvolvimento que
poderiam florescer posteriores a essa ação.

Prosseguindo nessa óptica, se estás a falar sobre um crime, essa experiência avassaladora que pode
acontecer na nossa vida, tomas consciência que és capaz, inclusive, de ir mais longe e ter alguma
coisa a dizer sobre a grandiosidade da própria condição humana. Podes dirigir este ponto de vista
para “Voice of the Fire”, claro, mas desviado suavemente, já que a intenção desse livro não é provar-
te que Northampton é o núcleo do universo, mesmo tendo fé absoluta na verdade dessa afirmação,
como já te disse, mas mostrar-te que qualquer local, onde quer que te encontres, é muito mais rico,
muito mais exótico e prodigioso do que parece à primeira olhadela, entendes? No primeiro livro,
procurei mostrar um ponto de vista crítico sobre a condição humana e a cultura, neste caso a cultura
e a sociedade inglesas, usando um crime como casa de partida, mas com “Voice of the Fire”, as
minhas ambições estavam à solta, a pensar em outras paisagens e para onde a nossa evolução nos
conduz. Penso que o que estabelece a comunicação entre os dois livros é mesmo o meu interesse pela
magia, que influencia o meu modo de olhar as coisas e de as contar.

ADD – Gostaria que falasses do modo como vê a tua carreira na banda desenhada e a forma como as
obras que tu escreveste, como “From Hell”, mas também “Watchmen” e “The League of
Extraordinary Gentlemen”, mudaram o comportamento da indústria da publicação de comics.

AM – Posso dizer-te que a minha ambição foi sempre ganhar a vida como cartunista e nem pretendia
ser famoso. O problema foi quando descobri que nunca seria um artista bom e rápido o suficiente
para aguentar uma carreira nessa atividade.

Lembrei-me, então, da hipótese de me concentrar na escrita, por que senti que poderia fazer um
trabalho melhor como escritor e que desenhando os storyboards para as histórias a minha ligação
com o desenho continuaria. Investi com essas premissas e compreendi logo no início que seria
incapaz de escrever uma história de encomenda. Se uma idéia sugerida não fosse aquilo que eu tinha
em mente, invertia-a para a transformar em algo que me desse prazer escrever ou que fosse, no

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mínimo, um desafio. Penso que o método que desenvolvi me salvou de muitos compromissos e
sempre me providenciou com a motivação necessária para realizar um bom trabalho.

Comecei a ser requisitado aos poucos, para ali e para acolá, em resultado dele e apliquei-o,
concisamente, quando a DC me engajou para escrever o “Swamp Thing”. Na minha lógica, o leitor
nunca se irá interessar em ler uma história escrita por mim, se eu próprio não estiver interessado em
escrevê-la. Isso pressente-se, não te parece? Penso que os leitores são muito bons em descobrir se o
autor gostou realmente de fazer o seu trabalho.

Tive de tornar o material mais arrojado, mais destemido, para o forçar a ser interessante. Pensei que
fosse arranjar uma porção de problemas por causa disso, mas não. Os leitores compreenderam as
minhas escolhas e eu, encorajado por eles, inovei mais ainda, sempre com o apoio da Karen Berger,
claro, a minha editora da DC na altura, e, também, por outras pessoas que apreciaram muito a subida
das vendas do título, sempre maiores a cada mês. Todo esse conjunto de situações fez nascer uma
relação de confiança mútua na qual os editores perceberam que se eu tivesse controlo sobre as
minhas decisões criativas nunca lhes iria apresentar um trabalho inteiramente despropositado e foi
essa credibilidade que me permitiu ir sempre mais longe, por vezes a locais perturbadores ou
tétricos, mas sempre interessantes. De que forma é que isso influenciou a indústria? Não te posso
oferecer uma explicação clara. Depende da minha disposição, se queres
mesmo saber. Se eu me sentir deprimido penso que a minha influência foi terrível e que os autores
que cresceram a ler o “Swamp Thing” ou “Watchmen” só foram capazes de imitar a violência desses
trabalhos, e a sua pose intelectualista, sem a suportarem com a ingenuidade e a aventura que também
lá se encontram. Sinto que ignoraram completamente a minha vontade de romper os limites da
própria fórmula de contar histórias em BD e contentaram-se em produzir uma série de livros tristes e
penosos. Como te disse, esta visão desconsolada da realidade depende muito da minha má-
disposição e hoje tiveste azar.

A sério que gostava mesmo de acreditar que, em vez de tudo isto que contei, consegui realmente
mostrar com o meu trabalho que a banda desenhada permite inúmeras possibilidades aos seus autores
e que estão para nascer livros fabulosos com contornos que somos incapazes de imaginar neste
momento. Que podes fazer tudo com algo tão simples como palavras e imagens se as abordares
sensivelmente e se fores inteligente, diligente e virtuoso no teu esforço. Talvez esteja a ser brusco,
lamento, mas queres afirmar que existe uma influência minha na indústria? Então, por favor, coloca-
a aqui em vez de encorajares a minha percepção de que a minha herança será invariavelmente
composta por psicopatia e sarcasmo.

ADD – Sou capaz de regressar mais longe que os anos oitenta, quando o teu “Watchmen” e o “The
Dark Knight Returns”, do Frank Miller, foram publicados. Na minha opinião, o que poderá ter
iniciado a redefinição das personagens, dos super-heróis, poderá muito bem ter sido aquela história
que escreveste no “Swamp Thing” na qual representaste os membros da Liga da Justiça, o Batman, o
Super-Homem e os outros, como se fossem novos deuses, curiosos em relação à humanidade. É um
segmento de quantas páginas? Duas? Contudo, penso que a mudança começou nesse momento.

AM – Quem sabe se a razão está do teu lado… Lembro-me que foi a primeira vez que escrevi sobre
super-heróis, no mínimo, os americanos. O Swamp Thing não conta, por que, na altura, era refugo.
Para mim, escrever essa história foi voltar a divertir-me com os brinquedos da minha infância, o
Flash, o Super-Homem e sentá-los todos no seu grande gabinete cósmico e devolver-lhes o carisma
que eles costumavam ter para mim e que, infelizmente, se tinha transformado num sentimento mais
próximo de casa. Fi-lo usando pequenos ardis, como nunca os chamar pelo nome verdadeiro e
ocultá-los na penumbra. Podes ver uma insígnia pelo canto do olho ou uma silhueta, mas isso é tudo.
Sobretudo, quis fazer poesia com estas personagens.

Dizer que uma personagem consegue ver o que acontece no outro lado do globo ou que é capaz de
aquecer a antracite o suficiente para a transformar em diamante, como fiz para o Super-Homem, ou

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Grandes Iniciados - Alan Moore | Teoria da Conspiração Page 12 of 19

que se move a uma velocidade tão intensa que a sua vida se assemelha a uma visita numa galeria de
estátuas, como escrevi para o Flash. Falei em poesia e isto, de fato, não é um exemplo de boa poesia,
mas constitui um novo olhar sobre estas personagens que temos inclinação a desdenhar, ou a
esquecer, por que se tornaram, com o passar dos anos, demasiado familiares e a aproximação que
nos liga às coisas e aos assuntos tende, por vezes, a criar essa desilusão. Só pintei uma maquilagem
nova sobre o encanto que já existia. O Frank Miller fez a mesma coisa nas páginas do “Daredevil”,
não? Quando introduziu outras personagens da Marvel nessa cronologia.

ADD – Tens razão, mas repara que ele não se desviou dos padrões instituídos e nunca nos fez olhar
uma personagem conhecida de um modo singular. A mesma acusação é válida para a maioria dos
criadores posteriores. É mesmo como dizes: se tivessem considerado a face mais experimental dos
vossos trabalhos em vez de se concentrarem no sensacionalismo as coisas poderiam, certamente, ter
conhecido outra evolução.

AM – Não duvides e essa face mais arriscada é o que existe de atraente no trabalho do Frank, essa
sua mestria narrativa e a inovação constante que ele introduziu no género através das histórias do
Demolidor e do Batman, muito mais que o desalento e a testosterona. Seria tão bom se a sua
influência penetrasse mais fundo que a camada superficial feita de sexo e violência.

Não vamos dizer, todavia, que tudo o que apareceu depois de “Watchmen” e “The Dark Knight
Returns” se encaixa nessa pobre categoria e posso dizer-te que na periferia do mainstream encontras
grandes trabalhos que não são clones de nenhum destes títulos, mas ainda assim penso que a nossa
herança é maldita e uma péssima desculpa para oportunidades perdidas, o que não desvirtua a
qualidade do trabalho do Frank e do meu, obviamente.

ADD – Esta conversa sobre herança vem mesmo a propósito. O teu amigo Neil Gaiman já tornou
público o que ele diz ser “a conclusão, ou o fim eminente, de um episódio interminável com um
editor desonesto, desleal até ao limite do imaginável”, aludindo ao desfecho do processo que
levantou contra Todd McFarlane pela posse dos direitos que envolvem parte do franchise do
personagem Miracleman, que tu próprio resgataste e ressuscitaste nos anos oitenta. Passados todos
estes anos, o que é que tu gostaria de ver feito com essas histórias que escreveste e qual é a tua
opinião sobre o processo-crime?

AM – Estou muito contente pelo Neil, como podes imaginar. Ainda bem que acabou, por que deve
ter sido um pesadelo moroso. É sempre ridículo que alguém que não seja o criador venha exigir
direitos sobre um trabalho e custa-me a entender essa falta de ética, ou melhor, compreendo-a, mas
não posso pronunciar-me sobre ela sem dizer um ou dois palavrões. É algo embaraçoso, seboso até,
que acaba por nos sujar a todos e que não oferece uma boa imagem da indústria da banda desenhada,
por culpa dela própria, também, já que, infelizmente, casos semelhantes a este são frequentes. Penso
que o Neil, chegando impoluto à outra margem desse lodaçal para onde irrefletidamente o quiseram
arrastar, comportou-se como um verdadeiro super-herói.

Seria divertido ver reimpressões do Miracleman, para que os leitores não estivessem a pagar preços
proibitivos por edições raras guardadas religiosamente desde a sua publicação original. Algum do
material apresentado nessas histórias era realmente fantástico, como o escrito pelo Neil, por
exemplo, e era bom que ele, em algum momento, tivesse oportunidade para lhe dar continuidade. Ele
já me propôs há uns tempos uma parceria com vista à realização de uma conta em que todos os
royalties derivados das vendas das reimpressões fossem guardados para serem distribuídos com
justiça aos autores que trabalharam na série, como nós ou como o Mark Buckingham.

Parte desse dinheiro podia ir, também, para o Comic Book Legal Defense Fund e se houvesse a
infelicidade de um ou outro filme aparecer o dinheiro, os meus royalties pelo menos, poderiam ir
diretamente para esse fundo ou ficar no estúdio para serem partilhados pelos criadores envolvidos no
projeto, por que eu não quero receber um único centavo de mais um filme adaptado de um dos meus

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Grandes Iniciados - Alan Moore | Teoria da Conspiração Page 13 of 19

livros, nem desejo ver o meu nome associado a um empreendimento desse género. O ideal era que
não se fizessem mais filmes inspirados em livros do Alan Moore. Em vez disso, era mais agradável
ver bons trabalhos serem reimpressos por um bom editor, sob uma boa política editorial.
Isso seria uma excelente premissa para o futuro e não digo isto motivado pela ganância de ganhar
mais uns tostões com o meu material antigo, mas com a intenção de garantir que criadores como eu e
como o Neil não tenham de atravessar campos minados no percurso das suas carreiras, por que, na
verdade, temos assuntos muito mais importantes com que nos preocupar.

de http://www.mortesubita.org/

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Marcelo, queria recomendar pro pessoal o documentário "The Mindscape of

Lucifer Sam | 6 de agosto de 2008

Marcelo, queria recomendar pro pessoal o documentário “The Mindscape of Alan Moore”. O filme é
narrado pelo própio Moore e trata da vida e das obras dele, e também fala bastante sobre ocultismo, é
muito bom mesmo, ele fala de várias coisas que você já abordou na coluna. Obrigado e continue o
bom trabalho.

O próximo que eu queria ver era sobre neil gaiman.

anarcoplayba | 7 de agosto de 2008

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O próximo que eu queria ver era sobre neil gaiman.

Uiaaa, achei mais um site interessante para mim... ocultismo! Adorei! Grande Abraço. Camila

acayra | 8 de agosto de 2008

Uiaaa, achei mais um site interessante para mim… ocultismo!


Adorei!
Grande Abraço.
Camila - Acayrã.

OPA! O volume 2 de LXG já foi publicado pela DE"vil"VIR

Thiago | 12 de agosto de 2008

OPA!

O volume 2 de LXG já foi publicado pela DE”vil”VIR SIM! ;)

E… o povo de Juiz de Fora, além de gostar de teus livros de RPG, entende e procura bastante sobre
ocultismo.

MEUS PARABÉNS!

[...] Quatro Grandes Pilares do Conhecimento - Elementais, os Espíritos

Goécia, Kiumbas e os demônios de verdade | Sedentário & Hiperativo | 3 de setembro de 2008

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Grandes Iniciados - Alan Moore « Teoria da Conspiração | 7 de janeiro de 2009

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