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SILVANA RODRIGUES PINTO VERCIANO

HIPERATIVIDADE
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TANGARÁ DA SERRA – MT, AGOSTO DE 2007.

INSTITUTO CUIABANO DE EDUCAÇÃO


FACULDADES INTEGRADAS MATOGROSSENSES
DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
INSTITUCIONAL MT DE PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO

SILVANA RODRIGUES PINTO VERCIANO

HIPERATIVIDADE

Monografia apresentada como requisito final para a obtenção


de Especialista em Educação Especial e Inclusão

LICELOTE ARTMANN FRANKE


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TANGARÁ DA SERRA – MT, AGOSTO DE 2007.

HIPERATIVIDADE

SILVANA RODRIGUES PINTO VERCIANO

Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do titulo de


Especialista em Educação Especial e Inclusão e aprovada em sua forma final
pelo Instituto Cuiabano de Educação, Faculdades Integradas Matogrossenses de
Ciências Sociais e Humanas, Institucional MT de Pós-Graduação através de sua
Diretoria de Pós-Graduação.

RAUL DOMINGOS VALLE MONTEIRO


COORDENADOR DO CURSO
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LICELOTE ARTMANN FRANKE


ORIENTADORA

Dedicamos a todos aqueles que nos


ajudaram em especial nossa família.
5

Agradeçemos a Deus por ter nos


dado graça e sabedoria para buscar
conhecimento, em especial aos mestres
que colaboraram nesse objetivo e a
Associação Tangaraense de Ensino e
Cultura, pelo espaço cedido.
6

Se as coisas são difíceis, ora...


Não é motivo para não querê-las. Que
triste os caminhos se não fora a
presença distante das estrelas.
(Mário Quintana)
7

APRESENTAÇÃO

O presente trabalho tem como finalidade ressaltar a importância da


Educação Especial Inclusiva, se entende como educação inclusiva o processo de
inclusão dos portadores de necessidades especiais ou de distúrbios de
aprendizagem na rede comum de ensino em todos os seus graus.

Buscando uma maior integração, é necessário observar que em nossas


salas de aulas deparamo-nos com crianças que fogem dos padrões homogêneos
que desejamos, sendo que algumas delas apresentam o Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade, portanto necessita-se de um acompanhamento mais
individualizado e consciente da parte do professor.

Por isso os educadores devem buscar uma maior qualificação a fim de


evitar situações como no passado em que essas crianças eram rotuladas como
“indisciplinadas” e pouco “inteligente”. Salientando que os professores não
resolverão esses problemas já que a criança portadora deste Transtorno
necessita de acompanhamento especializado, os mesmo juntamente com os pais
devem contribuir para uma melhor qualidade de vida para essas crianças.
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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA ..........................................................................................04

AGRADECIMENTO ...................................................................................05

EPÍGRAFE .................................................................................................06

APRESENTAÇÃO .....................................................................................07

INTRODUÇÃO............................................................................................10

CAPITULO I – HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO ..11

CAPITULO II – TDAH – TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO


COM HIPERATIVIDADE ..................................................15
2.1- DEFINIÇÃO ............................................................................. 16
2.2 - CRIANÇA HIPERATIVA X
FAMÍLIA ........................................17
2.3 - A ESCOLA E SEU PAPEL ......................................................18
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CAPITULO III – DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO DE DÉFICIT


DE ATENÇÃO .................................................................20
3.1 - IMPORTÂNCIA DE TRATAMENTO MÉDICO ........................21
3.2- TIPOS DE MEDICAMENTOS ..................................................23

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................25

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................... ...............26


.
10

INTRODUÇÃO

Partindo da premissa de que todas as escolas são construídas para


promover educação para todas, as crianças portadoras do TDAH têm o mesmo
direito de participação como membro ativo nas quais estas escolas estão
inseridas. Todas as crianças têm direito a uma educação de qualidade onde suas
necessidades individuais possam desenvolver-se em um ambiente enriquecedor
e estimulante do seu desenvolvimento cognitivo, emocional e social.

É necessário que se evitem erros do passado que de alguma forma


prejudicaram crianças portadoras do Transtorno, por não se conhecer as teorias
ou simplesmente por considerá-las “bobagens”. Os educadores atuais devem
estar preparados para enfrentar a heterogeneidade, por saber que o TDAH está
mais presente do que nunca na sala de aula.

Não dá mais para ignorar que a hiperatividade é uma doença, e como tal
deve ser tratada. Por isso, é necessária a presente monografia para colaborar na
formação e elucidação de problemas relacionados a esta questão.
11

CAPÍTULO – I –

HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSÃO

Na educação inclusiva considera-se a educação como prática de inclusão


social. Esta deve ser efetivada nos projetos políticos pedagógicos que privilegiem
o respeito às diferenças, numa transformação histórica. Antes de tudo é
necessário fazer um relato sobre o histórico da Educação Especial e Inclusão,
pois se sabe que a chamada Educação Inclusiva teve início nos Estados Unidos
através da Lei Pública 94.142, de 1975 e, atualmente, já se encontra na sua
segunda década de implementação. Há em todo Estados Unidos o
estabelecimento de programas e projetos dedicados à Educação Inclusiva com
propostas de modificações curriculares visando a implantação de programas
mais adaptados às necessidades específicas das crianças portadoras de
deficiência. Os alunos têm sido observados através da análise de sua rede de
relações sociais, atividades de lazer, formas de participação na comunidade,
satisfação pessoal.

A educação especial no Brasil teve como marcos fundamentais a criação


do “Instituto dos meninos cegos” (“Instituto Benjamin Constant”) em 1854, e do
“Instituto dos Surdos-Mudos” (hoje, “Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES”) em 1857, ambos na cidade do Rio de Janeiro, por iniciativa do governo
12

Imperial. A fundação desses dois institutos representou uma grande conquista


para o atendimento dos indivíduos deficientes, abrindo espaço para a
conscientização e a discussão sobre a sua educação.

Assim a educação especial se caracterizou por ações isoladas e o


atendimento se referiu mais às deficiências visuais, auditivas e, em menor
quantidade, às deficiências físicas, para estes eram reservados espaços
segregados, que supostamente lhes garantiriam adequados atendimentos,
evidenciando então uma proteção, beneficiando muito mais à sociedade do que
aquele que foi excluído. Podemos dizer que em relação à deficiência mental
houve um silêncio quase absoluto.

Portanto, a concepção de deficiência mental segundo Januzzi (1992),


passou a englobar diversos tipos de crianças que tinham em comum o fato de
apresentarem comportamentos que divergiam daqueles esperados pela
sociedade e conseqüentemente pela escola. Sobre o rótulo de deficientes
mentais, encontramos alunos indisciplinados, com aprendizagem lenta,
abandonados pela família, portadores de lesões orgânicas, com distúrbios
mentais graves, enfim, toda criança considerada fora dos padrões ditados pela
sociedade como normais. Isso mostra que a defesa da educação dos deficientes
mentais visava economia para os cofres públicos, pois assim evitaria a
segregação destes em manicômios, asilos ou penitenciarias.

A partir da década de 60 iniciou-se um processo de expansão de


instituições especializadas para a educação dos especiais, porém apenas com
entidades filantrópicas, o que isentou o governo da obrigatoriedade de oferecer
atendimento aos deficientes na rede pública de ensino.

Na tentativa de eliminar os preconceitos, oportunizar inserções, integrar os


alunos com deficiências nas escolas comuns do ensino regular, surgiu o
movimento de integração escolar (predominante nos anos 70 e 80). Essa prática
caracterizou-se, de início, pela utilização das classes especiais como um sistema
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de integração parcial, ou seja, um espaço específico dentro da escola, muitas


vezes destacado no espaço físico e destinado a uma possível preparação para a
“integração total” na classe comum. A avaliação educacional deverá sinalizar o
processo de desenvolvimento e aprendizagem, o potencial do aluno, os
conhecimentos já adquiridos e aqueles que estão em processo.

No Brasil, essas décadas representaram um tempo marcado por muitas


lutas sociais empreendidas pela população marginalizada. Isto provocou
mudanças sociais de fundamental importância o que refletiu na própria
Constituição Federal de 1988, em que seu artigo 208 estabelece a integração
escolar enquanto preceito constitucional preconizando atendimento aos
indivíduos que apresentam deficiências, preferencialmente na rede regular de
ensino. Sendo assim, ficou assegurado pela Constituição Brasileira (1988, p. 138)
o direito de todos à educação, garantindo, assim, o atendimento educacional de
pessoas que apresentam necessidades educacionais e especiais.

Essa tendência que já foi senso comum reforçava a segregação e o


preconceito sobre as pessoas agravando-se pela irresponsabilidade dos sistemas
de ensino com esta população, bem como pela insuficiência de informações
sobre esses alunos aos professores, porque em seus cursos a diferença não era
apresentada, pois a tendência era à busca da homogeneização.

As atitudes dos professores podem ser barreiras para a inclusão, pois


alguns se mostram temerosos enquanto outros simplesmente os rejeitam o que
provoca uma maior segregação e exclusão desses alunos.

Podemos pensar no presente, o qual urge a necessidade de olharmos


para as diferenças significativas centradas nas possibilidades e não mais nas
impossibilidades e, nas sábias palavras de Amaral (2001).

Um dos caminhos é percebermos o que está se passando para que


possamos não eliminar preconceitos (objetivo impossível de ser atingido),
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mas reconhecê-los em nós e, então, elaborá-los para que não se interpolam


em nossas relações vivas e pulsantes de cada dia. (p.150).

Com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 9.394/96, há


uma maior idéia de melhoria de qualidade dos serviços educacionais para os
alunos e a necessidade de o professor estar preparado com recursos adequados
de forma a compreender e atender à diversidade dos alunos. Pode-se facilmente
constatar que o capítulo V dessa lei trata especificamente da Educação Especial,
expressando no artigo 58 que a educação especial deve ser oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino e, quando necessário, deve haver
serviços de apoio especializado.

Em lei, muitas conquistas foram alcançadas, entretanto, precisamos


garantir que essas conquistas expressas nas leis realmente possam ser
efetivadas na prática do cotidiano escolar, pois o governo não tem conseguido
garantir a democratização do ensino, permitindo o acesso, a permanência e o
sucesso de todos os alunos do ensino especial na escola.

Educar indivíduos em segregadas salas de educação especial significa


negar-lhes o acesso às formas ricas e estimulantes de socialização e
aprendizagem que somente acontecem na sala de aula regular devido a
diversidade presente neste ambiente.
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CAPÍTULO – II –

TDAH – TRANSTORNO DO DÉFICIT DE


ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE

A hiperatividade e déficit de atenção é um problema mais comumente visto


em crianças e se baseia nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e
hiperatividade (pessoa muito ativa, por vezes agitada, bem além do comum).

No que se refere à hiperatividade é também importante salientar a


presença de uma variante que chega ser questionado por alguns que é o TDAH,
ou seja, o Transtorno do Déficit de Atenção ou Hiperatividade. Algumas pessoas
chegam a afirmar que ele é uma invenção médica.

Porém, não há mais dúvida alguma da existência dessa doença, tanto que
já foi reconhecida oficialmente por vários países e pela Organização Mundial da
Saúde (OMS). Em alguns países, como nos Estados Unidos, portadores de
TDAH são protegidos pela lei quanto a receberem tratamento diferenciado na
escola.

Atualmente, sabe-se que esse é o transtorno mais comum em crianças e


adolescentes, sendo que ele ocorre em cerca de 3 a 5% das crianças do mundo,
chegando à maioria das vezes a acompanhar o indivíduo na vida adulta.
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Em vista disso, a criança hiperativa, em sala de aula, exige uma atenção


especial por parte do professor e nada melhor que este esteja bem preparado
para saber contornar o problema, como posicionar este aluno e como proceder
nas tarefas e no relacionamento, sendo um mediador entre o portador de TDAH e
os demais alunos. Com uma didática e uma ação pedagógica voltada para as
necessidades especiais do hiperativo integrada a um acompanhamento
psicológico e medicamentos, é possível contornar o problema de aprendizagem
desta criança.

A participação dos pais é fundamental para a melhora dessas crianças,


pois estes devem procurar ajuda de um profissional competente e especializado,
para assim elaborar um diagnóstico e daí orientá-los a fim de tornar passível de
tolerância à convivência familiar.

As crianças portadoras desse distúrbio geralmente são rotuladas de


“problemáticas”, “desmotivadas”, “indisciplinadas” e “irresponsáveis”, porém se
olharmos melhor também poderá ver algumas outras características como:
criativa, energética, inventiva, divertida e prática. É preciso aprender a usar
corretamente esse potencial oculto, pois do contrário, adota-se um modelo
destrutivo de viver.

2.1- DEFINIÇÃO

Ansiedade, inquietação, euforia e distração freqüentes podem significar


mais do que uma fase na vida de uma criança: os exageros de condutas
diferenciam quem vive um mundo atípico daqueles que sofrem de Transtorno do
Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), doença precoce e crônica que
provoca falhas nas funções do cérebro responsáveis pela atenção e memória.
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De origem genética, o TDAH tem como fatores predominantes, e não


necessariamente simultâneos, a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade,
além de influências externas relevantes com traumas, inclusive cerebrais,
infecções, desnutrição ou dependência química dos pais. Nos casos das
crianças, o TDAH pode aparecer desde a gravidez, quando o bebê se mexe além
do normal ou durante o crescimento.

Na realidade, a questão do TDAH é uma patologia, um problema cujo


conhecimento é relativamente recente. É uma doença relacionada à essência de
produção de determinados neuro-transmissores que são substâncias produzidas
em maior ou menor quantidade no nosso sistema nervoso central e regula o
funcionamento do mesmo. Esta pode ser observada de maneira mais flagrante,
pois são aquelas crianças mais ativa, que não param quietas, se movimentam
constantemente e principalmente não conseguem manter a atenção em algo por
muito tempo.

2.2- CRIANÇA HIPERATIVA X FAMÍLIA

Nem sempre os pais admitem que o filho seja hiperativo, pois esse
comportamento diferenciado pode desestabilizar a relação do casal, que deve
procurar administrar, em conjunto, tendo em vista que as discórdias do casal têm
repercussão negativa relevante sobre o comportamento emocional da criança, o
que agrava a situação.

É importante fazer com que a criança participe de projetos de seu


interesse, o que contribui para a sua concentração. Aprender a concentrar-se
alterará sua resposta ao mundo, gradativamente.
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2.3- A ESCOLA E SEU PAPEL

Se o convívio social é importante para o desenvolvimento da criança, para


quem tem TDAH não é diferente, sendo assim cabe ao professor observar sinais
como agitação e dificuldade de assimilação. Porém, não será o professor ou a
escola que irá diagnosticar, estes devem observar o aluno e conversar com os
pais para que um especialista seja procurado.

A impossibilidade para o aprendizado satisfatório é evidente já que o


comportamento hiperativo acarreta a dispersão e a desatenção. O adolescente
pode apresentar o problema multiplicado, pois vem caminhando com os
transtornos comportamentais e as dificuldades para o aprendizado,
especialmente para a leitura. Esta dificuldade gera um grau de desinteresse e
mesmo desprezo para a leitura e para as outras atividades escolares, que
culmina com o comprometimento do desempenho escolar. Isto pode provocar a
frustração profissional e pessoal, a que pode levá-lo a depressão e certa
tendência a desistir dos objetivos futuros. Esta visão negativa de si mesmo leva a
baixa auto-estima. Os adolescentes apresentam oscilações comportamentais e
variações do humor que se agravam com os resultados escolares e os
insucessos sociais.

Trabalhar com a criança hiperativa é o grande desafio da questão


educacional, pois vai depender da disponibilidade da professora, do colégio, das
condições de trabalho. Existe hoje, uma grande problemática que é da
inteligência emocional que se procura otimizar aquilo que a pessoa tem a
oferecer e não enquadrá-la num lugar comum. O grande problema do ensino está
relacionado em tratar pessoas diferentes de forma igual. Currículos rígidos,
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conteúdos programáticos fixados, isso se entende porque administrativamente é


muito melhor, mas não é o ideal.

O ambiente não cria a doença, só agrava por isso crianças que vivem num
ambiente agressivo tem grande possibilidade de se tornar agressiva. E se for
uma criança hiperativa tem possibilidade de ser um delinqüente. Isso acontece
por que a criança hiperativa já tem os seus problemas de dificuldade de
concentração, de percepção e se ele está num meio inseguro, à situação ficará
pior para ele, porque o hiperativo passa a desenvolver ao longo de sua vida uma
série de problemas psico-sociais, psico-ambientais e psicológicos. Uma criança
hiperativa é aquela que a professora está sempre colocando para fora da sala,
apanha mais dos pais, tem problemas de rejeição, estão sempre atrapalhando
mesmo sem querer por se sentir rejeitada. E com ela tem os demais
componentes emocionais equivalentes ao de qualquer pessoa, ela passa a ter
raiva, responde agressão com agressão. Na época escolar fica mais fácil
observar a hiperatividade devido ser necessário aumentar o nível de
concentração para aprender.
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CAPÍTULO – III –

DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO
DE DÉFICIT DE ATENÇÃO

Como já foi citado no capitulo anterior o propósito desta abordagem sobre


TDAH foi que, tendo em vista o crescente número de crianças hiperativas na sala
de aula e a problemática sofrida pelo professor, acredita-se na possibilidade de
minimizar tais dificuldades decorrentes da relação professor-aluno e deste com
os demais colegas.

Bem sabemos que o aluno hiperativo dispersa a atenção da turma devido


ao seu comportamento irrequieto, exigindo assim do professor uma atenção
especial, muitas vezes dificultada pelo excesso de alunos sob sua
responsabilidade. É sabido que, o professor necessita de uma ação didático-
pedagógica que envolva e valorize a afetividade, tentando assim contornar os
problemas de aprendizagem e também do comportamento do Educando. Temos
um fator crucial enfrentado em sala de aula, que é o despreparo do educador,
esse despreparo dificulta e inibe a aprendizagem da criança, já que o mesmo
necessita de estímulos especiais capazes de prender sua atenção.

Através de pesquisas específicas busca-se propiciar aos pais e a nós


pesquisadores suportes necessários para conduzir da melhor forma a
convivência familiar e o entrosamento do hiperativo na sociedade.
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A nossa abordagem fundamenta-se no Dr. Ênio Roberto de Andrade,


psiquiatra, coordenador do Ambulatório de Transtornos de Deficiência de
Atenção do Hospital das Clínicas de São Paulo, que segundo ele, a
hiperatividade só fica evidente no período escolar, quando é preciso aumentar o
nível de concentração para aprender. Diz ele que: "O diagnóstico clinico deve ser
feito com base no histórico da criança. Observação de pais e professores é
fundamental". (ANDRADE, 2000, p. 30). Içami Tiba alerta para não diagnosticar
como hiperativas pessoas mal-educadas que se sentem mais à vontade sob o
pretexto de serem consideradas "doentes" a fim de facilitar a aceitação de seu
comportamento impróprio. Segundo Içami: "Concentrar-se dá trabalho. Exige
esforço mental. (...) Tanto o hiperativo como o mal-educado são irritáveis por falta
de capacidade de esperar ". (TIBA, 2002, p. 152 e 153).

Sabe-se que crianças hiperativas dão muito trabalho à professora, mas


não é aconselhável combater a agitação, mas proporcionar atividades variadas
que ocupe a criança o maior período de tempo possível dando a ela liberdade de
escolha e de movimentos.

O psicólogo San Goldstein, autor de vários livros sobre TDAH, alerta sobre
4 subtipos de TDAH: - o desatento, o hiperativo/impulsivo, o combinado e o não
específico e descreve o comportamento observado em cada um deles. Para ele o
tratamento de crianças com TDAH exige um esforço coordenado entre
profissionais da área médica, saúde mental e pedagógica em conjunto com os
pais. O mesmo sugere uma variedade de intervenções específicas que o
professor pode fazer para ajudar a criança com TDAH a se ajustar melhor na sala
de aula. Segundo ele com a crescente conscientização e compreensão da
comunidade em relação ao impacto significativo que os sintomas do TDAH têm
sobre as pessoas e suas famílias, o futuro parece mais promissor.

3.1- IMPORTÂNCIA DE TRATAMENTO MÉDICO


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As razões para que um Médico faça o diagnóstico é muito importante tanto


para uma criança como para um adulto com o Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade. No primeiro momento, faz-se necessário fazer o tratamento desse
transtorno para que a criança não cresça estigmatizada como o "pestinha",
"preguiçoso", ou como "desocupado que aterroriza os professores".

Segundo passo, cuidar para que a criança não fique com o seu
ensino/aprendizado defasado na escola e também com suas relações sociais
prejudicadas, ele tem que estar preparado para enfrentar o mercado competitivo
e os colegas de igual pra igual.

Terceiro e ultimo passo, é fazer um tratamento do Transtorno para se


tentar minimizar conseqüências futuras do problema, como a propensão ao uso
de drogas (o que é relativamente freqüente em adolescentes e adultos com o
problema), transtorno do humor (depressão, principalmente) e transtorno de
conduta.

Quem deve diagnosticar? O diagnóstico deve ser feito por um profissional


de saúde capacitado, geralmente neurologista, pediatra ou psiquiatra. O
diagnóstico pode ser auxiliado por alguns testes psicológicos ou
neuropsicológicos, principalmente em casos duvidosos, como em adultos, mas
mesmo em crianças, para o acompanhamento adequado do tratamento.

O tratamento envolve o uso de medicação, geralmente algum psico-


estimulante específico para o sistema nervoso central, uso de alguns
antidepressivos ou outras medicações. Deve haver um acompanhamento do
progresso da terapia, através da família e da escola. Além do tratamento com
medicamento, uma psicoterapia deve ser mantida, na maioria dos casos, pela
necessidade de atenção à criança (ou adulto) devido à mudança de
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comportamento que deve ocorrer com a melhora dos sintomas, por causa do
aconselhamento que se deve fazer aos pais e para tratamento de qualquer
problema específico do desenvolvimento que possa estar associado.

Ressaltando que é de fundamental importância nesse tratamento o


acompanhamento da família e de seus professores, pois é necessário seu o
auxílio para que a criança possa reestruturar seu ambiente, minimizando sua
ansiedade. O propósito de todo esse acompanhamento é ajudar os pais a
reconhecerem e compreenderem que a permissividade não é útil para a criança,
mas que utilizando um modelo claro e previsível de recompensas e punições,
baseado em terapias comportamentais, o desenvolvimento da criança pode ser
melhor acompanhado.

3.2- TIPOS DE MEDICAMENTOS

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade exige, em muitos


casos, tratamentos com estimulantes. No entanto, tratamento com o uso de
medicamentos com terapias comportamentais exibe resultados que ajuda
significativamente a qualidade de vida de quem apresenta estas características.

Segundo alguns estudiosos do assunto, o portador do TDAH - Transtorno


de Déficit de Atenção e Hiperatividade apresenta problemas relacionados com o
funcionamento das áreas corticais pré-frontais. Sendo que a manifestação deste
comportamento biológico depende das condições do meio social e ambiental em
que o cerca tais como: organização familiar, escolar e de trabalho. Algumas
manifestações favorecem o aparecimento das formas mais graves do transtorno.
Assim sendo, é aconselhável a intervenção com medicamentos adequados, bem
24

como uma intervenção com terapia e neurofeedback, sobre a estrutura ambiental


na qual a pessoa vive.

O TDAH por ser uma doença que acaba desenvolvendo um aspecto


comportamental, é como outra doença qualquer, diferenciando o tratamento para
cada nível de hiperatividade. Segue abaixo alguns tipos de tratamentos:

Estimulantes – são opções mais usadas para tratamentos dos Transtornos


de Déficit de Atenção. No Brasil, a Ritalina é o medicamento mais comum para
esse tipo de tratamento. Outras opções de tratamento são remédios
homeopáticos.

Psicoterapia Comportamental – funciona como uma modalidade de


tratamento que tem o principal objetivo transformar os padrões de interação que
o cliente tem com seu ambiente social. É sabido que as ações, sentimentos,
crenças de cada individuo são conseqüências das experiências adquiridas ao
longo da vida, ou seja, características biológicas e influências familiar e cultural.
O pré-requisito comportamental para o desenvolvimento da capacidade e a
motivação para escrever e vivenciar uma nova história, satisfação e qualidade de
vida são os propósitos da psicoterapia comportamental para o TDAH.

Neurofeedback – é um tratamento no qual o paciente aprende a identificar


e controlar algumas funções importantes do organismo ligados ao sistema
nervoso autônomo, tais como tensões musculares, temperatura do corpo e
batimentos cardíacos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Escolas devem se tornar um lugar de aprendizagem para todos. Nós não


podemos nos dar ao luxo de criar currículos e programas educacionais que
somente favoreçam uma parcela privilegiada da sociedade, seja em termos
econômicos ou em termos de habilidades físicas e cognitivas. Nós precisamos ter
currículos e programas que proporcionem uma educação de qualidade para
todos. Aos educadores devem ser dados os instrumentos necessários para que
eles possam ver todos os alunos, incluindo os com deficiência, com um potencial
ilimitado de aprender.

De acordo com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases, 1998, p.62) a Educação


Especial tem como objetivo:

.. atendimento educacional adequado às necessidades especiais do


alunado, no que se refere a currículos adaptados, métodos, técnicas e
materiais de ensino diferenciados, ambiente emocional e social dos alunos,
pessoal devidamente motivado e qualificado;

Portanto, a busca incessante de conhecimento e qualificação deve ser


constante para proporcionar uma educação de qualidade, integradora e sem
qualquer tipo de preconceito.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1- AMARAL, L. Sobre crocodilos e avestruzes: falando de diferenças


físicas, preconceitos e sua superação. In: AQUINO, J. G.(coord.).
Diferenças e preconceitos na escola: alternativas teóricas e práticas. São
Paulo: Summus, 1998.

2- ANDRADE, Enio Roberto de. Indisciplinado ou hiperativo. Nova Escola,

São Paulo, 2000.

3- DISTRITO FEDERAL. Ministério da Educação. Constituição da


Republica Federativa do Brasil: Brasília. Distrito Federal, Ministério da
Educação, 1988.

4- FERREIRO, Emília. Reflexões sobre alfabetização /Emília Ferreiro trad.


Horácio Gonzáles (et. Al) 24ª edição atualizada. São Paulo: Cortez, 2001.

5- GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de

atenção da criança/Sam Goldstein; Michael Goldstein. Tradução: Maria


Celeste Marcondes. Campinas, São Paulo: Editora Papirus, 1994.
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6- JANNUSSI, G. A luta pela educação do deficiente mental no Brasil.


Campinas: editores associados, 1992.

7- MATO GROSSO. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes


Educacionais: Estado de Mato Grosso. Cuiabá, Secretaria de Estado de
Educação. 1998.

8- PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo,


sonho e representação. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 1978.

9- ROHDE, Luiz e BENCZIK, Edyleine. Transtorno do Déficit de


Atenção e Hiperatividade. O que é? Como ajudar? Editora Artes
Médicas, 1999.

10 - TIBA, Içami. Quem ama educa. 6ª ed. São Paulo: Gente, 2002.

11 - VALLET, Robert E. Tratamento de Distúrbios da Aprendizagem. São


Paulo: EPU, Edição da Universidade de São Paulo, 1977.

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