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6, 1 de novembro de 2004
REV NETDTA
DIVISÃO DE DOENÇAS DE TRANSMISSÃO HÍDRICA E ALIMENTAR
Notas epidemiológicas
Investigação de surto
Comunicação
Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por
Centro de Vigilância Epidemiológica Alimentos - REVNET DTA é publicada bimestralmente pela Divisão de
Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar, do Centro de Vigilância
Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar
Epidemiológica, Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Divulga
resultados de pesquisas originais, revisões, investigação de surtos,
Editores estatísticas, comentários, notas científicas e outros eventos.
Maria Bernadete de Paula Eduardo, Editor Geral É uma revista especializada na área de doenças transmitidas por
São Paulo, São Paulo, BR alimentos e campos relacionados, com ênfase em epidemiologia. Vem
sendo publicada desde 2001 (primeiro número em novembro de 2001):
Alexandre J. da Silva, Editor Associado Internacional Atlanta, nos meses de janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro.
Geórgia, USA
As opiniões expressadas pelos autores contribuintes à REVNET DTA não
Jeremy Sobel, Editor Associado Internacional refletem necessariamente a opinião da Divisão de Doenças de
Atlanta, Geórgia, USA Transmissão e Alimentar e do Centro de Vigilância Epidemiológica ou das
instituições a que pertencem os autores.
Elizabeth Marie Katsuya, Editor Assistente
São Paulo, São Paulo, BR
Envie seu artigo para:
Eliseu Alves Waldman, Editor Associado
São Paulo, São Paulo, BR e-mail: dvhidri@saude.sp.gov.br
Hillegonda Maria Dutilh Novaes, Editor Associado
São Paulo, São Paulo, BR Acesso eletrônico
Disponível em versão eletrônica para a Internet no site do CVE:
Letícia Maria de Campos, Editor Assistente
São Paulo, São Paulo, BR URL: http://www.cve.saude.sp.gov.br/htm/dta_menu.htm
Lilian Nunes Schiavon, Editor Assistente
São Paulo, São Paulo, BR
Publicação bimestral da Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e
Maria Lúcia R. de Mello, Editor Assistente Alimentar, Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE). Av. Dr. Arnaldo,
São Paulo, São Paulo, BR 351 – 6º andar – sala 607, São Paulo, SP, CEP 01246-001, Tel. 11 3081-
9804, Fax 11 3066-8258.
Trabalhos sobre morbidade hospitalar e mortalidade das três últimas décadas mostram um
declínio significativo das Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP) devido às ações de
saneamento básico implementadas, como melhoria dos sistemas públicos de abastecimento de
água tratada e rede de esgoto, no estado de São Paulo e Brasil, relação esta observada
também em outros países do mundo. O declínio dessas taxas para as doenças infecciosas, no
Brasil e no estado de São Paulo, é também explicado pelas ações de vacinação (doenças
imunopreveníveis) e no caso das doenças diarréicas, além das medidas de saneamento
básico, também pela introdução da Terapia de Reidratação Oral (TRO) nas unidades de saúde,
pela distribuição de sais hidratantes e pela divulgação de medidas simples como o soro
caseiro.
Por outro lado, fatores como a globalização da economia, a intensa mobilização das
populações através de viagens internacionais ou intensa migração, novos hábitos alimentares
como comer fora, processos tecnológicos de produção dos alimentos (uso de antibióticos na
criação de animais, ração, etc.) têm sido apontados como responsáveis pela mudança do perfil
das diarréias em todo mundo, pelo surgimento de novos patógenos e principalmente, pela
importância que os alimentos vêm adquirindo desde a última década como os principais
veiculadores da doença.
No estado de São Paulo, os surtos de doença diarréica aguda vêm sendo registrados pelo
CVE, desde 1992, contudo, seu sistema de vigilância foi somente priorizado a partir de 1999, e
implantado em todas Regionais de Saúde, com descentralização da investigação para os
municípios. A análise de dados sobre surtos de diarréia notificados ao CVE, por fonte de
transmissão, para o conjunto do estado de São Paulo, no período de 1992 a 2003, mostra a
crescente importância dos alimentos como veiculadores da doença, passando de 28,9% em
1992 para 52,2% em 2002 e 76,3% em 2003 (referente a notificações feitas até 07/06/2003).
Uma análise mais detalhada para os surtos de diarréia notificados no período de 2000 a 2002,
por fonte de transmissão, apontou os seguintes resultados para o estado de São Paulo: dos
728 surtos de diarréia envolvendo 17.181 casos, 36 (5%) foram devido exclusivamente por
exposição à água, com 2.338 casos, 1 (0,1%) por água e transmissão pessoa a pessoa, 32
(4,4%) por água e alimentos, num total de 69 surtos (9,5%), com 2.878 casos; 384 (52,7%),
devido exclusivamente a alimentos; e em 275 (37,7%) não foi possível identificar a via de
transmissão (ignorada). Entre os 69 surtos associados à água, 13 (18,8%) foram atribuídos à
falhas no sistema público de abastecimento de água; 6 (8,7%), devido ao uso de fontes
alternativas (poço, mina, água mineral etc.); 1 (1,4%) por água recreacional; e 49 (71%) devido
à caixa d’água doméstica com problemas.
Cabe destacar que surtos de rotavírus têm sido freqüentemente detectados por meio do
programa de MDDA, a partir da investigação do aumento de casos de diarréia nas semanas
epidemiológicas.
A análise dos surtos de diarréia com etiologia confirmada, notificados à Divisão de Doenças de
Transmissão Hídrica e Alimentar (DDTHA/CVE), mostra, nos últimos anos, uma elevação dos
surtos por rotavírus. Estes surtos representavam em 1999, 7,7% do total de surtos de diarréia e
2,7% do total de casos; em 2003 representam mais de 20% do total de surtos e 41% dos
casos. Se por um lado, observa-se um importante aumento dos surtos e de casos por este
agente etiológico, constata-se também a maior sensibilidade do sistema de vigilância
epidemiológica (SVE), nestes últimos anos, para a captação de diarréias.
Ações de vigilância sanitária de prevenção devem também ser enfatizadas tais como a
intensificação do rastreamento da cadeia de produção da água e de alimentos, ou de outros
fatores críticos identificados nas investigações de surtos de diarréia. São vários os exemplos
de investigações que não avançam em termos de medidas concretas, considerando-se os
aspectos envolvidos como causa do surto; por exemplo, nos surtos veiculados por erros no
preparo de alimentos em estabelecimentos comerciais, permanecem as condições críticas
como falta de higiene, prática de expor alimento em temperatura ambiente por longo período,
contaminação cruzada, pratos preparados com ingredientes de origem animal crus ou mal-
cozidos, vegetais e frutas sem desinfecção adequadas, erros de fácil correção, que reduziriam
definitivamente a incidência dos surtos de diarréia.
1. Bassit NP, Katsuya EM, Eduardo MBP. Vigilância epidemiológica dos surtos de
hepatite A no Estado de São Paulo, 1999-2003. Anais do VI Congresso Brasileiro de
Epidemiologia; Jun 2004; Recife, Brasil [disponível em CD].
2. CDC. Surveillance for waterborne-disease outbreaks associated with recreational water
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3. CDC/USDA/FDA. CDC'S Emerging Infections Program — Foodborne Diseases Active
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4. CVE. Vigilância epidemiológica das doenças de transmissão hídrica e alimentar no
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5. Divisão de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar. Monitorização da Doença
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7. Eduardo MBP, França ACC, Irino K, Vaz TMI, Guth EC. Investigação epidemiológica de
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8. Eduardo MBP, Vilela DB, Alvarez GG, Carmo GMI, Silva AJ, Reina M, Eid V, Vieira A,
Caldeira R, Baldi E. Primeiro surto de Cyclospora cayetanensis investigado no Brasil –
General Salgado, SP, 2000. Anais do VI Congresso Brasileiro de Epidemiologia; Jun
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9. Francescato RF, Sebastião PCA, Santos HHP. Freqüência de patógenos emergentes
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Disponível em: http://www.cve.saude.sp.gov.br <doenças transmitidas por
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11. Silva LJ. A epidemiologia das infecções de origem alimentar. Rev CIP 1998; 1(1): 5.
12. Takimoto C et al. Inquérito populacional sobre doença diarréica e ingestão de alimentos
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13. WHO. The food handler. Food safety guidelines for the food handler [on-line] 2001
[Acessado em junho de 2004]. Disponível em:
http://www.hospitalitycampus.com/gfh.asp
Resumo
Surtos de diarréia devem ser investigados para identificação de seus agentes etiológicos e causas, com vistas ao
estabelecimento de medidas concretas e eficazes de controle e prevenção de casos similares no futuro. Em outubro de
2003, a análise de gráficos obtidos pelo programa de Monitoramento da Doença Diarréica Aguda – MDDA mostrou
elevação do número de casos de diarréia nos três meses anteriores, para o conjunto de municípios da Direção
Regional de Saúde de Assis – DIR VIII. O presente trabalho tem por objetivo descrever o surto de doença diarréica
ocorrido no município de Palmital no estado de São Paulo, provavelmente devido a rotavírus, apresentar os achados
da investigação realizada e recomendações de medidas sanitárias.
Introdução
Neste período foram notificados 389 casos de diarréia no município, sendo a população mais
atingida a de 0 a 4 anos. A partir desse aumento considerável de registros de casos
desencadeou-se uma investigação para identificação das causas e para a tomada de medidas
de controle e prevenção.
O presente trabalho tem como objetivo descrever os principais sintomas da doença; identificar
o agente etiológico responsável pela diarréia; identificar o mecanismo de transmissão;
identificar formas de interromper a transmissão e prevenir a ocorrência de novos casos.
Estudo descritivo
Foi realizado estudo descritivo para caracterização do quadro clínico, sexo, faixa etária,
construção da curva epidêmica dos casos registrados pela MDDA, mapeamento dos casos, e
levantamento de possíveis fatores de risco. As informações foram obtidas primeiramente a
partir de avaliação dos prontuários médicos de pacientes atendidos nas Unidades Básicas de
Saúde, no Programa de Saúde da Família e Santa Casa, bem como, de laudos de análise da
água do sistema público de água (da Vigilância Sanitária municipal e do Sistema de
Abastecimento de Água e Esgoto – SAAE) e dos de exames laboratoriais (laboratório prestador
SUS e IAL Regional), além de outros dados de sistemas oficiais de informações como SEADE
e DATASUS. Foram também realizadas entrevistas com médicos, enfermeiros, biomédicos e
profissionais da área saúde dos locais de atendimento dos casos.
- Casos não Encontrados: Selecionados 10% (5) a mais de casos, para, se eventualmente
algum (ns) caso(s) não fosse(m) encontrado(s) ou recusasse (m) a participar.
Resultados e Discussão
7,8
% in cid ê n cia
3,3
1,7 1,3
0,9 0,8 0,5 1,1 1 0,9 1,5 1,1 1 1 1,4
0,5 1,1
9 os
15 14 s
20 19 a s
25 24 s
30 29 a s
35 34 s
40 39 a s
45 44 a s
50 49 s
55 54 a s
60 59 s
65 64 a s
70 69 s
75 74 a s
80 a 7 n o s
e s
is
a a no
a an o
a no
a ano
a no
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a no
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a no
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os no
ma
an
an 9 a
4
a
a
0
5
10
Faixa etária
MDDA 2003
54
50
37
Nº de Casos
3031 31
26 26 26 2727
25
24
22 21
18 19 19 18
15 15 15 15 16
14 14
13
1112 12 11 12 11 11
7 8 8 7
4 5
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51
Semanas Epidemiológicas 2003
Figura 2 – Curva da Diarréia: Distribuição de casos de diarréia registrados pela MDDA nas SE
01 a 41 (janeiro a outubro). Município de Palmital, 2003
Observa-se pela curva de diarréia o aumento dos casos a partir da semana epidemiológica 27,
verificando-se que a maior ocorrência foi em crianças de 0 a 4 anos.
A análise dos casos por Plano de Tratamento mostra que a maioria dos casos é leve tendo
recebido o tratamento A – sais de hidratação oral em casa.
O rastreamento feito junto aos laboratórios da cidade mostrou que naquele que atende a rede
municipal, 54 amostras haviam sido encaminhadas para a pesquisa de Rotavírus, e delas 27
foram positivas para o agente (Kit - ROTA Rich).
Durante a investigação foram encontrados 5 casos com diarréia, dos quais foram coletadas
amostras com encaminhamento para o IAL Central, uma delas, positiva para Rotavírus do
Grupo A.
Análises realizadas pelo Pró-Água (VISA e IAL - Marília) e pelo SAAE Municipal não mostraram
resultados em desacordo com os parâmetros determinados pela legislação vigente.
No estudo analítico foram avaliados 68 fatores de risco, variáveis constantes dos formulários
do CVE para investigação de surto. Dos 50 casos estudados, 74% apresentavam história de
contato anterior com caso de diarréia, sendo a transmissão pessoa-a-pessoa o fator de risco
para diarréia encontrado com significância estatística (OR = 68,31; IC 95%; λ² = 48,59; p <
0,0001).
Este surto de doença diarréica foi identificado por meio da Monitorização da Doença Diarréica
– MDDA, pois seu acompanhamento permite a detecção de variações no curso natural da
doença. Ressalte-se, contudo, que a identificação não foi oportuna por falta exatamente da
análise semanal dos gráficos por parte das equipes locais, com investigação desencadeada
após ocorrência de considerável número de casos.
Constata-se que o aumento de casos foi devido a surto de diarréia, onde a via de transmissão
identificada foi o contato pessoa-a-pessoa. A identificação de um percentual alto (54%) de
positividade para rotavírus no laboratório que atende a demanda do SUS e o achado de
rotavírus em um dos casos estudados sugere que o surto ocorrido na cidade teve como causa
provável o rotavírus.
A investigação em questão, apesar de tardia, foi útil, pois permitiu discutir as dificuldades das
equipes locais, bem como, a definição de um fluxo de encaminhamento de amostras do
material ou de cepas para o IAL para a realização de exames de identificações e subtipagens
dos agentes etiológicos.
Bibliografia consultada
1. Waldman E A. Vigilância em Saúde Pública. Série Saúde & Cidadania. São Paulo: Ed.
Peirópolis; 1998. Vol. 7, p. 91 - 112.
2. Centro de Vigilância Epidemiológica. Manual de Monitorização das Doenças Diarréicas
Agudas – MDDA. São Paulo: Secretaria de Estado da Saúde; 2002.
Resumo
Doenças veiculadas por alimentos representam atualmente, na maior parte dos países, a principal causa de surtos de
diarréia. No dia 21 de setembro de 2004, técnicos da DDTHA/CVE foram acionados para investigar um possível surto
por intoxicação alimentar, com 28 doentes entre 55 comensais (TA = 51%), ocorrido em um evento científico realizado
por instituição pública, nos dias 20 e 21 de setembro de 2004. Este trabalho resume os achados da investigação
realizada para a identificação de um surto de diarréia devido à Salmonella Typhimurium associado a sanduíche de
2
tomates secos e queijo branco [TA = 61,5%(24 doentes/39 expostos); RR = 2,46; IC de 95% = 1,02 -5,96; X = 4,69; p <
0,05]. Medidas sanitárias foram tomadas a partir da identificação do surto e do alimento contaminado, visando a
prevenção de novos surtos.
Introdução
As doenças transmitidas por alimentos são responsáveis atualmente pela maior parte dos
surtos de diarréia em quase todos os países. O desenvolvimento econômico e a globalização
do mercado mundial, as alterações nos hábitos alimentares, com a crescente utilização de
alimentos industrializados ou preparados fora de casa, alteraram o perfil epidemiológico dessas
doenças, expondo a população a vários tipos de contaminantes(1). Dados da DDTHA/CVE
para o período de 1999 a 2002, mostram que cerca de 60% dos surtos de diarréia ocorridos no
estado de São Paulo foram veiculados por alimentos (2). Apesar de que o principal local de
ocorrência seja ainda o domicílio (cerca de 20%), restaurantes, refeitórios, bufês e outros
serviços de alimentação têm sido responsáveis por um importante percentual de surtos de
diarréia ou toxinfecções alimentares (2).
O estudo
Foi realizado estudo de coorte retrospectiva por meio de entrevistas com todos os doentes e
não doentes que almoçaram no local, no primeiro dia do evento. Foi aplicado um questionário,
conforme modelo dos formulários de investigação de surtos da DDTHA/CVE, aos participantes
que fizeram as refeições no local do evento no primeiro dia, sendo que os ausentes,
responderam a esse inquérito, pelo telefone.
Definiu-se como caso todos os que almoçaram no local no dia 20/09/2004 e apresentaram pelo
menos dois dos sintomas relatados: diarréia líquida ou pastosa, cefaléia, náusea, mal-estar,
febre, dor abdominal, dor no corpo (mialgia e/ou artralgia), anorexia e vômito. Considerou-se
caso confirmado laboratorial aquele indivíduo que teve a etiologia identificada pelos testes
laboratoriais e caso clínico-epidemiológico, o que apresentou quadro clínico compatível e
almoçou no local do evento. Considerou-se surto dois casos ou mais da mesma doença
resultante da ingestão de alimento comum servido no local do evento, no dia 20/09/2004,
confirmados por critérios laboratorial ou clínico-epidemiológico.
Inspeção sanitária foi realizada na cozinha do local do evento no segundo dia, e posteriormente
aos fornecedores de matéria prima utilizada nos sanduíches. Não foi feita visita à sede do bufê
por este não dispor de sede fixa e nem de licença para funcionamento como prestador de
serviços de alimentos, o que antemão configura infringência à legislação sanitária. Não foram
realizados testes no alimento suspeito, pois não restaram sobras do que se consumiu no dia
20/09/2004. A vigilância sanitária coletou amostras de matéria prima similar à servida no dia
anterior para a análise laboratorial.
A distribuição dos sintomas pode ser observada na Tabela 1, destacando-se que 50% dos
doentes apresentaram febre alta.
Tabela 1 - Distribuição dos sintomas. Surto de diarréia. Município de São Paulo, 20/09/2004.
Sintomas Nº %
Diarréia 20 71,43
Cefaléia 19 67,86
Náusea 16 57,14
Mal estar 15 53,57
Febre 14 50,00
Cólicas 13 46,43
Dor no corpo 11 39,29
Vômito 4 14,29
Anorexia 4 14,29
A data do início dos sintomas do primeiro caso foi dia 20/09/2004 e do último caso, 22/09/2004.
A duração mediana da doença foi de 4 dias, variando de 1 dia a 7 dias. O período mediano de
incubação foi de 26,5 horas, variando de 2,5 a 57,5 horas. Seis pessoas necessitaram de
atendimento médico, e três dela, de antibióticos.
Número de Casos 4
0
14:00
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20:00
22:00
20/set 21/set 22/set
Data e Hora do Início dos Sintomas
Em todas as cinco pessoas que coletaram amostra de fezes o resultado foi positivo para
Salmonella Typhimurium, porém, bactéria não resistente aos antibióticos recomendados. Cinco
casos foram confirmados pelo isolamento da bactéria e 23, por critério clínico-epidemiológico.
Testes de significância estatística para os alimentos foram feitos através do software Epi Info
versão 6.04d, CDC/OMS, 2001. O estudo epidemiológico implicou o sanduíche de tomate seco
com queijo branco [TA = 61,5%(24 doentes/39 expostos); RR = 2,46; IC de 95% = 1,02 -5,96;
X2 = 4,69; p < 0,05].
Conclusões
Cabe destacar que preparações muito manipuladas, como sanduíches, são consideradas de
alto risco, especialmente, quando são elaboradas por pessoas que não possuem treinamento
adequado. Dessa forma, não se descarta a possibilidade de que a contaminação tenha
ocorrido no momento do preparo dos sanduíches. Manipuladores assintomáticos podem
disseminar o patógeno para alimentos como o identificado neste surto, hipótese possível, pois
um dos funcionários do bufê já apresentava dor de cabeça e mal-estar no primeiro dia.
Salmonella representa um grupo de bactérias que pode causar doença diarréica e geralmente,
é encontrada em alimentos de origem animal como carnes, leite e derivados, ovos, entre
outros. Existem aproximadamente 2000 sorotipos diferentes de Salmonella. Os sorotipos mais
comuns atualmente no mundo são Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium, sendo
que a Salmonella Typhimurium fagotipo DT 104 é considerada um patógeno emergente e
altamente virulento, resistente a vários antibióticos (3, 4, 5). No surto em questão, não foi
possível identificar o fagotipo, mas, pelo antibiograma supõe-se não se tratar da S.
Typhimurium DT 104.
A Revista Eletrônica de Epidemiologia das Doenças Transmitidas por Alimentos - REVNET DTA adota normas
do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas, publicadas no New England Journal of Medicine
1997;336:309-16 e na Revista Panamericana de Salud Publica 1998;3:188-96, documentos que devem ser consultados
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Estrutura do artigo: os artigos devem seguir a estrutura convencional: introdução, material e métodos, resultados e
discussão, embora outros formatos, de acordo com a temática, possam ser aceitos. A introdução deve ser curta,
definindo o problema estudado, declarando brevemente a importância do trabalho e salientando suas contribuições ao
conhecimento técnico-científico do tema em questão. Os métodos empregados, a população de estudo, as fontes de
dados e o critério de seleção, entre outros, devem ser descritos clara e completamente, e de forma concisa. Em
resultados, limitar-se à descrição dos resultados alcançados, sem incluir comparações ou interpretações. O texto deve
ser complementar e não repetitivo do que está descrito em tabelas e figuras. Na discussão, além de acrescentar as
Autoria: o conceito de autoria é baseado na substancial contribuição de cada uma das pessoas listadas como autores,
relacionados com o conceito do projeto de pesquisa, analises e interpretação de dados, revisão crítica e escrita.
Manuscritos com mais de seis autores devem ser acompanhados por uma declaração especificando a contribuição de
cada um. Nomes que não cabem dentro desses critérios devem figurar em Agradecimentos.
Critérios para aceitação do manuscrito: os manuscritos submetidos à revista REVNET DTA que estiverem de
acordo com as "instruções aos autores" e que estão em acordo com a política editorial serão enviados, para seleção
prévia, aos editores associados e/ou editores revisores. Cada manuscrito será submetido a três referências de
reconhecida competência no respectivo campo. O anonimato é garantido no processo de julgamento. A decisão com
respeito a aceitação é tomada pelo corpo editorial. Cópias com opiniões ou sugestões feitas pelos editores
associados/revisores serão enviadas aos autores, visando-se a troca de idéias e o aprimoramento do artigo, caso seja
necessário. Em cada artigo serão indicadas as datas do processo de arbitragem, incluindo-se as datas de recepção e
aprovação.
Manuscritos rejeitados: manuscritos que não forem aceitos não retornarão, a menos, que sejam reformulados por
seus autores e re-apresentados, iniciando-se um novo processo. Nós encorajamos todos a participar da revista e
estamos à disposição dos autores para esclarecer os critérios de publicação.
Manuscritos aceitos: cada manuscrito aceito ou condicionalmente aceito, com sugestões de alterações, voltará para o
autor para aprovação das alterações que podem ter sido feitas para a necessária compatibilização ao processo de
edição e estilo do jornal.
Princípios éticos: quando as pesquisas/estudos envolvem seres humanos, a publicação de artigos com seus
resultados está condicionada ao cumprimento dos princípios éticos internacionais e da legislação nacional vigente. Tais
artigos deverão conter uma clara afirmação deste cumprimento, incluída na seção de material e métodos do artigo.
Uma carta indicando o cumprimento integral dos princípios éticos e da legislação vigente, devidamente assinada por
todos os autores, assim como, uma cópia de sua aprovação junto à Comissão de Ética deve ser enviada junto com o
artigo.
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Política de Correções: