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(1900-1940)
Resumo:
Este trabalho é parte integrante do texto "América en los Manuales Españoles de Historia"
apresentado como trabalho de Suficiência Investigadora ao Programa de Doutorado
Desarrollo Psicológico, Aprendizaje y Educación: Perspectivas Contemporáneas, da
Universidad de Alcalá. A iconografia presente nos livros didáticos vem sendo cada vez mais
valorizada como documento para a História da Educação. Os desenhos, os mapas, as
fotografias, entre outros elementos presentes em livros didáticos espanhóis de História do
período de 1900 a 1940, aparecem como elementos a mais para se analisar o discurso sobre
América, além de desvelarem seu potencial de formação ideológica e de importância do
conteúdo de América na construção da idéia de civilização
espanhola.
Introdução
É interessante como a narrativa sobre a história de América nos livros espanhóis do começo
do século XX, sempre aplicou os marcos da história espanhola à história americana, e excluiu
qualquer outra compreensão sobre uma possível historicidade para América. De fato o livro didático
de História, de maneira mais enfática que os livros de outras disciplinas escolares, “adquire
especial delicadeza pelo seu manejo com imagens próprias e alheias”2(GARCIA, 2000, p.43).
O presente texto é parte integrante da pesquisa intitulada América en los Manuales Escolares
Españoles de Historia – 1900-1940 (CORREIA, 2008), apresentada como trabalho de
Suficiência Investigadora ao Programa de Doutorado “Desarrollo Psicológico, Aprendizaje y
Educación: Perspectivas Contemporáneas” da Universidad de Alcalá.
1
Este trecho foi extraído do Manual Nociones de Historia de América de Antonio Jaen Morente,
manual este escolhido pelo Ministério de Instrucción Publica y Bellas Artes em Espanha do período da ditadura
de Primo de Rivera como livro oficial para a disciplina de mesmo nome.
2
Texto original em Espanhol, tradução nossa.
1
Através da análise de conteúdo sobre América de trinta e cinco livros de História do
inicio do século XX utilizados por alunos do ensino secundário3 na Espanha, buscamos
conhecer os seguintes aspectos:
Ainda que a produção analisada em nosso estudo tenha revelado uma certa diversidade
de orientações ideológicas6, algo que o estudo pôde verificar é que a narrativa sobre América
foi a parte mais convergente do ensino de história na Espanha. Autores orientação ideológica
mais conservadora ou mais liberal não divergiam na afirmação de que América foi a maior
obra da civilização espanhola. Os conteúdos nos livros espanhóis de História analisados
reservam sempre o mesmo lugar à temática América: entre os relatos sobre os séculos XV e
XIX, que reflete o apogeu e crise da civilização espanhola. Além de atribuir sempre um
mesmo sentido a historia de América: ter sido resultado do desenvolvimento da civilização
espanhola.
Alguns sinais da evolução dos livros didáticos de História apontados pela presença da
iconografia
No que diz respeito à qualidade das imagens encontradas, verificamos desde desenhos
que aparentemente fora feitos para os livros (figuras de personagens históricos, mapas,
reprodução de cenas históricas) até a utilização de fotografias em preto e branco de
documentos reais (principalmente quadros, monumentos, cartas, testamentos, etc). São poucos
os manuais que apresentam créditos das imagens, ou quando o fazem é normalmente em
relação aos quadros ou esculturas, constando o nome da obra em alguns casos o museu onde
está depositado.
no sentido de que foi a pratica cotidiana do discurso sobre América na escola o que criou elementos que
constituíram uma maneira comum de referir-se a América refletida no tanto o ensino como nos livros didáticos
de História.
4
2 – América através das imagens dos livros de História
2.1 – Os Mapas
Os mapas figuram um tipo de imagem que ilustra todas as fases da narrativa sobre
América. São, na sua maioria, desenhos feitos para os manuais. Poucos são os mapas
originários da época em que se está retratando. Nesta categoria de imagens, que por definição
se refere à representação geográfica, tem sua intencionalidade ideológica: um mapa mundi
com o título “España y sus posesiones en la época de Felipe II”, parece ter a intenção de
informar mais sobre o alcance dos territórios espanhóis e reforçar a idéia de “El imperio en el
que nunca se ponía el sol”8 do que simplesmente apresentar as posses de Espanha; uma
representação cartográfica intitulada “El sueño de Colón” aparenta ser muito mais do que a
concepção que o marinheiro tinha sobre o formato da terra.
8
Esta frase é atribuída a Felipe II.
5
Figura II. “Itinerario de Hernán Cortés”. (PEÑA, 1945,p.133).
Figura III.“España y sus posesiones en tiempo de Felipe II”. (MARINQUE, 1936, p. 219).
6
Figura IV. “Universidades en Hispano-América a Fines del siglo XVIII”. (PEÑA, Op. cit., p. 204).
2.2 - Personagens
Outra classe de imagens são aquelas que representam os personagens da história de
América. São estas imagens as que melhor ajudam a afirmar o modelo narrativo
descoberta/conquista/independência-emancipação. O personagem de Colombo é o mais
apresentado e representado nos conteúdos de América: praticamente todos os manuais que
dispõe de alguma imagem há uma representação sobre a sua pessoa, seja através da
representação do seu rosto, seja uma representação de uma cena histórica em que aparece
como protagonista, mapas sobre os seus planos e sobre suas viagens, imagem de suas cartas e
até a sua assinatura. As representações sobre Cortés e Pizarro também adquirem semelhante
importância nas representações.
Não é raro aparecer no meio dos conteúdos sobre a descoberta e a conquista alguma
representação da rainha Isabel, de Felipe II ou Carlos I. Em contrapartida, as únicas imagens
de personagens indígenas são aquelas sobre Motezuma y Atahualpa. E os capítulos e lições
sobre a independência de América as imagens mais recorrentes são as de Bolívar e San
Martin, e são poucas as representações de personagens espanhóis.
7
Figura V. “Cristóbal Colón”. (AMADO, 1930, p. 554).
8
Figura VII. “Colón ante los Reyes Católicos”. (OPISSO, 1902, p.40).
9
Figura IX. “Pizarro y el Inca Atahualpa”. (OPISSO, Op.cit., p. 52)
10
Figura XI. “Bolívar”.(Ibden, p.355)
11
Figura XII. “San Martín”. (Ibden, p. 357)
12
Figura XIII. “Desembarque de Colón en América”. (ALTAMIRA CREVEA, 1929, p.387)
Figura XIV. “Hernán Cortés manda quemar las naves”. (OPISSO, Op.cit., p. 49).
13
Ainda dentro da categoria cenas de América, outra série de imagens de destaque são
aquelas representativas do cotidiano de América, percebidas principalmente naquelas que
simulam as ações das ordens religiosas e aspectos da paisagem das cidades. Poucas são as
imagens que representam o mundo do trabalho, a diversidade sócio-cultural dos vice-reinados
ou a vida privada colonial. Destaque para o fato de que nos livros revisados não encontramos
nenhuma imagem que fizesse referencia à escravidão negra ou aos negros como parte da
sociedade e do cotidiano da América colonial.
Figura XV. “San Lucas Beltrán misionero de Indias”. (MORENTE. Op.cit., p. 261)
Figura XVI. “Dibujo de una antigua pintura mejicana, que representa una escena de sacrificio
humano”. (PEÑA, Op. cit, p.70).
14
Figura XVII. “Explotación minera en América (Grabado del Siglo XVI)”. (CASTRO, 1947, p. 130)
15
Figura XVIII. “Vaso azteca. Rudimentaria cerámica indígena” y “ Antigua alfombra peruana, tejida
con la lana de llama teñida con colores vegetales”. (PEÑA, Op.cit., p. 71)
16
Figura XX. “Arquitectura hispanoamericana: estilo criollo. – a) Fachada de la Universidad de El Cuzco; b)
Iglesia de S. Lorenzo de Potosí.”. ( Ibidem, p.365)
17
Figura XXII. “Arquitectura americana indígena: a) Caracol Ch’inch en-Itza; b) Relieve del Juego de pelota del
Caracol; c) Templo de Nain”. (UTRILLA, 1928, p.358)
18
Figura XXIII. “Pirámide del Sol en Teotihuacan.(Méjico). Es anterior a la dominación azteca”. (PEÑA, Op.cit.,
p.72.)
19
Figura XXV. “Arquitectura hispanoamericana: Purismo español – a) Catedral de México; b) Palacio de Hernán
Cortés” (UTRILLA, Op.cit., p.362.)
Considerações finais: o que nos ensina a iconografia sobre América nos livros espanhois
de História
La Historia que nos interesa socialmente no es la que conocen los profesores, si no la
conocida por el español de calle que, en virtud de su conocimiento del pasado,
interviene a menudo en la historia contemporánea como un actor y colaborador.9
9
ALTAMIRA Y CREVEA, Rafael. (Apud). BOYD, Carolyn: Op.cit., p.15.
10
Original em Espanhol, tradução nossa.
20
história de América sem citar Colombo?”11 Certamente o ensino de Historia terá sua
participação nesta maneira quase natural de falar sobre América dos “españoles de calle”.
Referencias Bibliográficas
BOYD, C.P. Historia Patria – Política, Historia e Identidad Nacional en España: 1875-
1975. Barcelona: Pomares Corredor, 2000.
PEÑA, J.L. Historia del Imperio Español. Barcelona: Bosch Casa Editorial, 1945.
11
Idem.
12
A saber: esquema narrativo Descoberta/Conquista/ Independencia-emancipação; Sociedade Colonial e os
nomes de América.
21
RADKAU GARCIA, V. ¿Una lucha contra los molinillos? El Instituto Georg Eckert y los
manuales escolares. In: Historia de la Educación – Revista Interuniversitária. Salamanca,
n.19, p.39-49, 2000.
___. Los estudios sobre los manuales escolares de historia y sus nuevas perspectivas.
Didáctica de las Ciencias Experimentales y Sociales. Barcelona, n. 15, p. 23-36, 2001.
___. Historiografía Escolar Española: siglos XIX y XX. Série Proyecto Manes. Madrid: UNED
Ediciones, 2007.
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