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A ICONOGRAFIA SOBRE AMÉRICA NOS LIVROS ESPANHÓIS DE HISTÓRIA

(1900-1940)

Luciana Oliveira Correia


Universidad de Alcalá
musasativa@yahoo.com

Resumo:

Este trabalho é parte integrante do texto "América en los Manuales Españoles de Historia"
apresentado como trabalho de Suficiência Investigadora ao Programa de Doutorado
Desarrollo Psicológico, Aprendizaje y Educación: Perspectivas Contemporáneas, da
Universidad de Alcalá. A iconografia presente nos livros didáticos vem sendo cada vez mais
valorizada como documento para a História da Educação. Os desenhos, os mapas, as
fotografias, entre outros elementos presentes em livros didáticos espanhóis de História do
período de 1900 a 1940, aparecem como elementos a mais para se analisar o discurso sobre
América, além de desvelarem seu potencial de formação ideológica e de importância do
conteúdo de América na construção da idéia de civilização
espanhola.

Palavras-chave: Livros espanhóis de história, América, Iconografia.

Introdução

División Histórica [de la historia de América] – En tres períodos, equiparamos a los


tres que se han marcado para la historia moderna de la metrópoli [España], puede
considerarse su estudio. Son estos: 1º El descubrimiento y la actuación de los Reyes
Católicos (1492-1517); 2º Los grandes viajes y descubrimientos del siglo XVI (1517-
1558); 3º la obra Colonizadora y su organización (1598 a la independencia).(JAEN
MORENTE, 1929, p. 11)1

É interessante como a narrativa sobre a história de América nos livros espanhóis do começo
do século XX, sempre aplicou os marcos da história espanhola à história americana, e excluiu
qualquer outra compreensão sobre uma possível historicidade para América. De fato o livro didático
de História, de maneira mais enfática que os livros de outras disciplinas escolares, “adquire
especial delicadeza pelo seu manejo com imagens próprias e alheias”2(GARCIA, 2000, p.43).
O presente texto é parte integrante da pesquisa intitulada América en los Manuales Escolares
Españoles de Historia – 1900-1940 (CORREIA, 2008), apresentada como trabalho de
Suficiência Investigadora ao Programa de Doutorado “Desarrollo Psicológico, Aprendizaje y
Educación: Perspectivas Contemporáneas” da Universidad de Alcalá.

                                                            
1
Este trecho foi extraído do Manual Nociones de Historia de América de Antonio Jaen Morente,
manual este escolhido pelo Ministério de Instrucción Publica y Bellas Artes em Espanha do período da ditadura
de Primo de Rivera como livro oficial para a disciplina de mesmo nome.
2
Texto original em Espanhol, tradução nossa.


 
Através da análise de conteúdo sobre América de trinta e cinco livros de História do
inicio do século XX utilizados por alunos do ensino secundário3 na Espanha, buscamos
conhecer os seguintes aspectos:

• em que partes do currículo de história se localiza a temática América;


• desde quais expressões-chave esta centrada a narrativa;
• e principalmente qual o sentido de América para o ensino de História na
Espanha.

Dentre os elementos analisados, as imagens iconográficas apresentaram-se como


importantes informantes que ajudam a entender os nexos didático-pedagógicos do ensino de
história naquele país, particularmente as questões colocadas pela nossa pesquisa.

Os recursos iconográficos presentes nos livros didáticos constituem um tema que


apesar da importância que vem assumindo nos livros escolares mais recentes, contam com
uma escassa atenção por parte dos pesquisadores de didáticas específicas e dos próprios
historiadores. Segundo Valls Montés:

Desde [las] perspectivas didáctica e historiográfica, consideramos imprescindible el


que tanto los textos escritos como en las imágenes sean considerados como fuentes
documentales creadas y utilizadas distintamente según las épocas y las opciones
ideológicas, esto es, como documentos imprescindiblemente «historizados» y que, por
tanto requieren una descodificación actual que permita recuperar el significado de
muchas de las informaciones subyacentes a las mismas, que no son captables desde
una actual visión exclusivamente abstracta o formalista. Desde la vertiente didáctica,
esta preocupación estriba un claro interés profesional por estimular la conversión de
los textos y de las «ilustraciones» escolares en «documentos», de forma que permita
tanto su uso más critico por parte de los alumnos como el desarrollo por parte de estos
últimos, de hábitos interpretativos más profundo respecto del conjunto de imágenes
que envuelven nuestra vida cotidiana. (2007, p.124)

Quatro linhas de investigação dentro da temática iconografia e livros escolares em


Espanha orientou a analise destes elementos: 1 - o aumento quantitativo de imagens nas
publicações a partir dos anos 20 (VALLS MONTÉS, 2001); 2 - o fato deste aumento
quantitativo não estar registrado na legislação espanhola, uma vez que durante praticamente
toda a primeira metade do século XX houveram distintas formas de controle do conteúdo o
livro didático4; 3 – o registro de uma gradativa melhora qualitativa destas imagens utilizadas,
usando simultaneamente desenhos em preto e branco e fotografias de documentos, obras de
                                                            
3
Na Espanha do começo do século XX o “Bachillerato” ou “enseñanza Secundaria”, designan o nível de
educação formal regulado pós-primária, dirigida a pessoas da faixa etária entre 12 e 17 anos.
4
Segundo Villalain Benito (1997), durante a primeira metade do século XX em Espanha, houve um rigoroso
controle dos livros didáticos por parte do poder publico, e as formas de controle oscilou entre o que o autor
denomina de sistema de listas, ou seja, poder publico autorizava e listava uma série de livros para serem
adotados pelas instituições de ensino; passando pelo livro único da ditadura de Primo de Rivera, havendo um
concurso para escolha dos livro-textos das disciplinas escolares; durante o período da Segunda Republica e
Guerra Civil a liberdade total de escolha do livro de texto por parte dos catedráticos de instituto; e por fim
censura total dos livros de texto pelo regime franquista.

 
arte, monumentos e outros recursos que pudessem ser utilizados nos contextos históricos
narrados nos manuais; 4 – o grau de semelhança existente entre estas imagens utilizadas e o
objeto ou ação representada (VALLS MONTÉS, Idem).

No nosso estudo, a análise da iconografia revelou-se não somente como um recurso


de caráter latente ideológico, mas também como um sinal de evolução dos livros didáticos de
história. Entretanto preferimos apresentar de maneira descritiva a percepção da imagem
iconográfica de América no livro didático, focando principalmente a questão da
intencionalidade didático-pedagógica destes recursos.

Contextualizando nossa problemática

Na primeira metade do século XX, a Espanha apresentava um panorâma histórico


bastente dinamico. Em termos de marcos políticos-institucionais se registrou vinte três anos
de Monarquia Institucional, fruto da Restauração Borbônica do final do século anterior; seis
anos de ditadura do General Miguel Primo de Rivera; mais seis anos entre a Segunda
República e Guerra Civil, e o começo do regime do General Franco, que se encerrará com a
abertura democrática nos anos setenta.

Tomando por base a sucessão de reformas educativas e grades curriculares no mesmo


período, Valls Montés (2007) define que houveram três fases mais ou menos definidas da
trajetória da disciplina e dos livros de História no sistema educativos espanhol: primeira fase,
a criação do código disciplinar de história5 (1836-1890); segunda fase, a reformulação
positivista e eurocêntrica do código disciplinar (1890-1939); terceira fase, a exaltação das
formulações católico-patrióticas do código disciplinar (1939-1970).

Ainda que a produção analisada em nosso estudo tenha revelado uma certa diversidade
de orientações ideológicas6, algo que o estudo pôde verificar é que a narrativa sobre América
foi a parte mais convergente do ensino de história na Espanha. Autores orientação ideológica
mais conservadora ou mais liberal não divergiam na afirmação de que América foi a maior
obra da civilização espanhola. Os conteúdos nos livros espanhóis de História analisados
reservam sempre o mesmo lugar à temática América: entre os relatos sobre os séculos XV e
XIX, que reflete o apogeu e crise da civilização espanhola. Além de atribuir sempre um
mesmo sentido a historia de América: ter sido resultado do desenvolvimento da civilização
espanhola.

As imagens iconográficas apareceram como um elemento a mais da maneira de falar


sobre América7 presente nos livros de História. O uso de iconografia atribuiu um aspecto mais
                                                            
5
O autor esta se baseando na definição feita por Raimundo Cuesta Fernandez, que explica o Código Disciplinar
de História da seguinte maneira: “una tradición social que se configura históricamente y que se compone de un
conjunto de ideas, valores, suposiciones y rutinas, que legitiman la función educativa a la historia y que regulan
la orden práctica de su enseñanza. Alberga, pues, las especulaciones retóricas y discusivas sobre su valor
educativo, los contenidos de su enseñanza y los arquetipos de la práctica docente, que se suceden en el tiempo y
que se consideran, dentro de la cultura dominante, valiosos y legítimos” (CUESTA FERNANDEZ, 1998, p.9).
6
Segundo Boyd (2000), na Espanha do século XX tiveram distintos projetos nacionalistas estiveram em disputa,
tensionando principalmente entre grupos de católicos-conservadores e de liberais. Esta disputa se refletiu no
ensino e na produção do livros didáticos de historia.
7
Esta expressão é uma paráfrase à “maneiras de fazer cotidianas” de Michel de Certeau presente na obra a
Invenção do Cotidiano (CERTAU, M. A Invenção do Cotidiano: 1. Artes do fazer. Petrópolis: Vozes, 1994),

 
atrativo à narrativa. E isso não somente por haver se constituído como elemento estético-
ilustrativos, mas também pela capacidade pedagógico-representativa destes recursos. E foi
esta última característica que procuramos analisar, avaliando quais imagens os livros
espanhóis de história utilizam para ilustrar os conteúdos sobre América.

Alguns sinais da evolução dos livros didáticos de História apontados pela presença da
iconografia

Ainda que os documentos curriculares não tenham demonstrado de maneira clara


nenhuma decisão específica sobre o uso de imagens nos livros didáticos, a análise
comparativa do conteúdo dos livros revisados neste estudo revelaram o uso dos recursos
iconográficos como um sinal da evolução dos manuais de História. Os livros editados entre
as duas primeiras décadas do século XX, apresentam poucas imagens, enquanto que aqueles
editados depois da década dos 20 o uso de recursos iconográficos se fazem mais presentes.

Alguns livros de história, a exemplo daqueles editados durante o período da


Restauração (entre finais do século XIX e duas primeiras décadas do século XX), são bastante
pobres na apresentação de imagens. Foram os manuais intitulados de História da Civilização
Espanhola – editados a partir da segunda década do século XX – que trazem uma maior
quantidade de recursos iconográficos. Os manuais oficiais da ditadura de Primo de Rivera
foram os que fizeram um uso mais massivo de imagens: o manual Historia de la Civilización
Española en sus Relaciones con la Universal há 452 imagens e o manual Nociones de
Historia de América 223. Os livros editados entre os anos da Segunda República e Guerra
Civil não há tantas imagens como as edições oficiais que lhes antecederam. E entre aqueles
manuais editados durante os primeiros anos do regime franquista, os manuais intitulados
Historia del Império Español são os que trazem mais imagens iconográficas.

No que diz respeito à qualidade das imagens encontradas, verificamos desde desenhos
que aparentemente fora feitos para os livros (figuras de personagens históricos, mapas,
reprodução de cenas históricas) até a utilização de fotografias em preto e branco de
documentos reais (principalmente quadros, monumentos, cartas, testamentos, etc). São poucos
os manuais que apresentam créditos das imagens, ou quando o fazem é normalmente em
relação aos quadros ou esculturas, constando o nome da obra em alguns casos o museu onde
está depositado.

Um ultimo elemento por nós percebido são as legendas e textos informativos.


Algumas figuras dispõem de títulos e legendas com um conteúdo absolutamente ideológico, o
que nos demonstra que a intenção do seu uso era não somente informar, mas sim formar
opinião. Por exemplo o Manual Nociones de História de América, todas as imagens além de
dispor de títulos e legendas também possuem notas explicativas, mas este conjunto de
recursos informativos não oferecem mais detalhes objetivos sobre os créditos das figuras, e
sim figuram a representação didático-pedagógica atribuída pelo seu autor.

                                                                                                                                                                                          
no sentido de que foi a pratica cotidiana do discurso sobre América na escola o que criou elementos que
constituíram uma maneira comum de referir-se a América refletida no tanto o ensino como nos livros didáticos
de História.

 
2 – América através das imagens dos livros de História

Segundo a reconstrução feita pelos livros didáticos, a história de América começa, na


narrativa espanhola, com a chegada da esquadra colombina à ilha de Guanahaní, em 12 de
outubro de 1492, e termina como relato sobre a perda de Cuba e Porto Rico e 1898. Alguns
livros pincelam algum aspecto antes de 1492 sobre as civilizações que viviam no “novo
continente”, mas sempre destacam que antes da chegada de Colombo não há nada digno de
nota da história de América. As imagens distribuídas sobre os conteúdos de América servem
para reforçar este propósito.

Revisando os manuais, podemos perceber pelo menos quatro grupos de representações


iconográficas sobre América. São elas: os mapas, os personagens históricos, as cenas sobre
América e as expressões da cultura material. Ainda que cada um destes grupos apresentem
aspectos peculiares, em seu conjunto estas imagens ajudam a compreender representações
sobre América.

2.1 – Os Mapas

Os mapas figuram um tipo de imagem que ilustra todas as fases da narrativa sobre
América. São, na sua maioria, desenhos feitos para os manuais. Poucos são os mapas
originários da época em que se está retratando. Nesta categoria de imagens, que por definição
se refere à representação geográfica, tem sua intencionalidade ideológica: um mapa mundi
com o título “España y sus posesiones en la época de Felipe II”, parece ter a intenção de
informar mais sobre o alcance dos territórios espanhóis e reforçar a idéia de “El imperio en el
que nunca se ponía el sol”8 do que simplesmente apresentar as posses de Espanha; uma
representação cartográfica intitulada “El sueño de Colón” aparenta ser muito mais do que a
concepção que o marinheiro tinha sobre o formato da terra.

Figura I. El Sueño de Colón”. (CERECEDA, 1943, p. 105)

                                                            
8
Esta frase é atribuída a Felipe II.

 
Figura II. “Itinerario de Hernán Cortés”. (PEÑA, 1945,p.133).

Figura III.“España y sus posesiones en tiempo de Felipe II”. (MARINQUE, 1936, p. 219).


 
Figura IV. “Universidades en Hispano-América a Fines del siglo XVIII”. (PEÑA, Op. cit., p. 204).

2.2 - Personagens
Outra classe de imagens são aquelas que representam os personagens da história de
América. São estas imagens as que melhor ajudam a afirmar o modelo narrativo
descoberta/conquista/independência-emancipação. O personagem de Colombo é o mais
apresentado e representado nos conteúdos de América: praticamente todos os manuais que
dispõe de alguma imagem há uma representação sobre a sua pessoa, seja através da
representação do seu rosto, seja uma representação de uma cena histórica em que aparece
como protagonista, mapas sobre os seus planos e sobre suas viagens, imagem de suas cartas e
até a sua assinatura. As representações sobre Cortés e Pizarro também adquirem semelhante
importância nas representações.
Não é raro aparecer no meio dos conteúdos sobre a descoberta e a conquista alguma
representação da rainha Isabel, de Felipe II ou Carlos I. Em contrapartida, as únicas imagens
de personagens indígenas são aquelas sobre Motezuma y Atahualpa. E os capítulos e lições
sobre a independência de América as imagens mais recorrentes são as de Bolívar e San
Martin, e são poucas as representações de personagens espanhóis.


 
Figura V. “Cristóbal Colón”. (AMADO, 1930, p. 554).

Figura VI. “Autógrafos de Colón”. (MORENTE, 1929, p. 64).


 
Figura VII. “Colón ante los Reyes Católicos”. (OPISSO, 1902, p.40).

Figura VIII. “Hernán Cortés”. (SOTERAS, 1929, p.234)


 
Figura IX. “Pizarro y el Inca Atahualpa”. (OPISSO, Op.cit., p. 52)

Figura X. “Atahualpa”. (MORENTE, Op.cit., p.147).

10
 
 
Figura XI. “Bolívar”.(Ibden, p.355)

11
 
 
Figura XII. “San Martín”. (Ibden, p. 357)

2.3 - Cenas de América


Uma terceira categoria de imagens muito recorrentes são aquelas que representam
cenas de América. Uma das séries destas imagens são aquelas cenas que ajudam a reconstituir
episódios considerados “marcos” na colonização americana tais como: a chegada da esquadra
de Colombo às Antilhas e a suas três viagens subseqüentes; a ordem de Cortés para a
destruição dos navios que acompanhavam sua expedição para a Conquista do México; o
encontro de Pizarro com Atahualpa; a batalha de Otumba; entre outras. Durante nossa revisão
não encontramos nenhuma representação dos “marcos” sobre a independência de América.

12
 
 
Figura XIII. “Desembarque de Colón en América”. (ALTAMIRA CREVEA, 1929, p.387)

Figura XIV. “Hernán Cortés manda quemar las naves”. (OPISSO, Op.cit., p. 49).
13
 
 
Ainda dentro da categoria cenas de América, outra série de imagens de destaque são
aquelas representativas do cotidiano de América, percebidas principalmente naquelas que
simulam as ações das ordens religiosas e aspectos da paisagem das cidades. Poucas são as
imagens que representam o mundo do trabalho, a diversidade sócio-cultural dos vice-reinados
ou a vida privada colonial. Destaque para o fato de que nos livros revisados não encontramos
nenhuma imagem que fizesse referencia à escravidão negra ou aos negros como parte da
sociedade e do cotidiano da América colonial.

Figura XV. “San Lucas Beltrán misionero de Indias”. (MORENTE. Op.cit., p. 261)

Figura XVI. “Dibujo de una antigua pintura mejicana, que representa una escena de sacrificio
humano”. (PEÑA, Op. cit, p.70).

14
 
 
Figura XVII. “Explotación minera en América (Grabado del Siglo XVI)”. (CASTRO, 1947, p. 130)

2.4 - Cultura material de América


Um último conjunto de imagens que pudemos perceber são aquelas que representam a
cultura material em América. A impressão que este tipo de imagem nos deixa é que se quer
demonstrar um antes e um depois da presença e colonização espanhola no continente
americano. O antes é representado por meio de imagens que rememoram as grandes
civilizações americanas: suas esculturas, escrita, objetos e principalmente sua arquitetura e
monumentos. Ainda que na narrativa sobre a sociedade colonial se encontre tais
representações, a referência feita a elas, em relação à cultura, é de um passado distante da vida
na América, já superado ou integrado na cultura colonial.
O depois da colonização aparece representado por imagens que oferecem a idéia da
chegada da civilização nas terras do Novo Mundo, trazido pela obra colonizadora espanhola:
as cidades fundadas pela ação colonizadora, igrejas, monastérios, universidades e palácios,
imagens de escritores hispano-americanos, documentos escritos, estátuas, entre outras
imagens.

15
 
 
Figura XVIII. “Vaso azteca. Rudimentaria cerámica indígena” y “ Antigua alfombra peruana, tejida
con la lana de llama teñida con colores vegetales”. (PEÑA, Op.cit., p. 71)

Figura XIX. “Arte Maya”.(MORENTE, Op.cit., p. 128)

16
 
 
Figura XX. “Arquitectura hispanoamericana: estilo criollo. – a) Fachada de la Universidad de El Cuzco; b)
Iglesia de S. Lorenzo de Potosí.”. ( Ibidem, p.365)

Figura XXI. “Monumento a Vasco Nuñez de Balboa. Panamá”.( Ibden, p. 74).

17
 
 
Figura XXII. “Arquitectura americana indígena: a) Caracol Ch’inch en-Itza; b) Relieve del Juego de pelota del
Caracol; c) Templo de Nain”. (UTRILLA, 1928, p.358)

18
 
 
Figura XXIII. “Pirámide del Sol en Teotihuacan.(Méjico). Es anterior a la dominación azteca”. (PEÑA, Op.cit.,
p.72.)

Figura XXIV. “Plaza del Cuzco”. (MORENTE, Op.cit., p. 153)

19
 
 
Figura XXV. “Arquitectura hispanoamericana: Purismo español – a) Catedral de México; b) Palacio de Hernán
Cortés” (UTRILLA, Op.cit., p.362.)

Considerações finais: o que nos ensina a iconografia sobre América nos livros espanhois
de História
La Historia que nos interesa socialmente no es la que conocen los profesores, si no la
conocida por el español de calle que, en virtud de su conocimiento del pasado,
interviene a menudo en la historia contemporánea como un actor y colaborador.9

A frase de Rafael Altamira – incansável defensor do valor educativo do ensino de


História em Espanha – é quase um convite a não deixar passar despercebido um outro aspecto
da imagem de América produzida pelos livros de História: o seu reflexo no pensamento do
“español de calle”. Embora a nossa pesquisa não teve o propósito de conhecer o que os alunos
espanhóis aprenderam sobre América ao longo dos tempos, e nem tampouco recorreu a algum
recurso metodológico que auxiliasse na resolução desse questionamento, o processo de
pesquisa (bem como a experiência de viver em Espanha) revelaram aspectos importantes que
ajudaram a refletir sobre o que se aprende sobre América.
Não era incomum que “españoles de calle”, ao tomar conhecimento da nossa pesquisa,
fizessem comentários como “a parte da Historia de Espanha ensinada na Escola que eu mais
gosto é sobre a descoberta da América por Colombo”10, ou “ como você se atreve a falar de

                                                            
9
ALTAMIRA Y CREVEA, Rafael. (Apud). BOYD, Carolyn: Op.cit., p.15.
10
Original em Espanhol, tradução nossa.

20
 
 
história de América sem citar Colombo?”11 Certamente o ensino de Historia terá sua
participação nesta maneira quase natural de falar sobre América dos “españoles de calle”.

A iconografia sobre América presente nos livros espanhóis de História é um elemento


a mais do discurso sobre América. Assim mais que ilustrar o conteúdo, os recursos
iconográficos demonstram o seu potencial de formação ideológica e de reforço da importância
de América na construção da civilização espanhola. O registro de uma “formação lógica” de
grupos iconográficos também desvelam o seu potencial criador e recriador de
representações. Os mapas, personagens, cenas históricas e elementos da cultura material
representativos da História de América nos livros escolares não parecem ter a intenção de dar
a conhecer as terras, sociedade ou cultura do novo mundo, mas sim de enfatizar o quanto que
a civilização espanhola foi importante para Novo Mundo.

Igual que os outros elementos analisados na nossa pesquisa12, as imagens também


apontam elementos importantes na reflexão sobre uma possível construção pedagógico-
histórica da temática América na educação espanhola. A revisão dos livros didáticos nos faz
refletir se o que sempre foi tratado como América Espanhola não deveria ser tratado como Espanha
Americana.

Referencias Bibliográficas

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1975. Barcelona: Pomares Corredor, 2000.

CASTRO, J.R. El Imperio Español. Zaragoza: Librería General, 1947.

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OPISSO, A. Historia Universal: Edad Moderna. Barcelona: Antonio J. Bastinos, 1902.

PEÑA, J.L. Historia del Imperio Español. Barcelona: Bosch Casa Editorial, 1945.

                                                            
11
Idem.
12
A saber: esquema narrativo Descoberta/Conquista/ Independencia-emancipação; Sociedade Colonial e os
nomes de América.
21
 
 
RADKAU GARCIA, V. ¿Una lucha contra los molinillos? El Instituto Georg Eckert y los
manuales escolares. In: Historia de la Educación – Revista Interuniversitária. Salamanca,
n.19, p.39-49, 2000.

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VALLS MONTÉS, R. De los manuales de historia a la historia de la disciplina escolar: nuevos


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22
 
 

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