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Cultura do Mamoeiro

Marcelo Rigotti
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Conteúdo:

Origem e Histórico,
Botânica,
Variedades,
Clima e Solo,
Propagação e Formação de Mudas,
Tratos Culturais,
Controle de Pragas e Doenças,
Colheita, Pós-Colheita e Embalagem,
Custos e Receitas.
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ORIGEM E HISTÓRICO.

Origem

O mamão, Carica papaya L., provavelmente seja originário das planícies do leste da
América Central, do México ao Panamá. Suas sementes foram distribuídas para o
Caribe e o sul da Ásia durante a exploração espanhola no século 16, de onde se
espalhou para a Índia, Pacífico e África. O mamão é hoje cultivado em todos os países
tropicais e muitas regiões sub-tropicais do mundo.

Aplicações

Economicamente, o mamão é amplamente cultivado para o consumo in natura e para


uso em sucos, doces e geléias de frutas secas e cristalizadas. Nutricionalmente, o
mamão é uma boa fonte de cálcio e uma excelente fonte de beta-caroteno, vitaminas A,
C e do complexo B, fonte de sais minerais como cálcio, potássio e magnésio. O mamão
também tem vários usos industriais, suas folhas e frutos produzem diversas proteínas e
alcalóides com importantes aplicações farmacêuticas e industriais. Destes, no entanto, a
papaína, uma enzima proteolítica particularmente importante que é produzida no látex
leitoso de frutos de mamão verde (mamão maduro não contém látex ou papaína).
Evolutivamente, a papaína pode ser associada com proteção contra predadores
frugívoros e herbívoros. Comercialmente, entretanto, a papaína tem variados usos em
bebidas, alimentos e farmacêutica, incluindo na produção de gomas de mascar,
amacianto de carnes, preparações de drogas de várias doenças digestivas e no
tratamento de feridas gangrenosas. Papaína também tem sido utilizada na indústria
têxtil, para gomagem e amolecimento de seda e lã e na indústria de cosméticos, em
sabonetes e xampu. As areas de produção estão localizadas na sua maioria em países
tropicais e sub-tropicais (Fig. 1).

Fig. 1. Países produtores de mamão.


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BOTÂNICA.

É uma árvore de crescimento rápido da família Caricaceae que inclui 31 espécies em


cinco gêneros (Carica, Jacaratia, Jarilla, Horovitzia e Vasconcella).

Morfologia

O mamão é uma planta perene arbórea que vive por cerca de 5-10 anos, embora as
plantações comerciais geralmente sejam replantadas mais cedo. O Mamoeiro
normalmente cresce como árvore monocaule com uma coroa de folhas grandes
palmadas emergindo do ápice do tronco, mas as árvore podem tornar-se multi-caule
quando danificado. O tronco é cilíndrico, mole e oco, varia de 30 cm de diâmetro na
base de cerca de 5 cm de diâmetro na coroa. Em condições ideais, as árvores podem
chegar a 8-10 metros de altura, mas em cultivo, eles geralmente são cortados quando
atingem alturas que tornam a colheita dos frutas difícil. Árvores cultivadas são
geralmente substituídas antes da copa atingir 4 m de altura (Fig. 2).

Fig.2. Plantação de mamão.

Flores

As flores nascem em inflorescência que aparecem nas axilas das folhas. As flores
fêmeas brotam próximas do tronco como flores individuais ou em grupos de 2-3,
amarelas que se inserem diretamente no caule (Fig. 4). As flores masculinas são
menores e mais numerosas e nascem com 60-90 cm de comprimento, com flores
distribuidas por inflorescências de pendúculos longos e pendentes (pendulas); órgão
reprodutor masculino existente, ativo e órgão reprodutor feminino rudimentar mas que
pode tornar-se funcional produzindo mamões deformados sem valor comercial (Fig. 3).
As flores hermafroditas são intermediárias entre as duas formas unissexuais, apresentam
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órgãos masculinos e femininos na mesma flor e não dependem de outras para a


fecundação. Tem forma alongada (elongata) ou arredondada (pentandrica) e seus frutos
podem ser cilíndricos (preferidos comercialmente) ou arredondados. O gênero funcional
das flores pode ser alterado ou invertido, dependendo das condições ambientais,
especialmente temperatura. Vários fatores induzem variabilidade nas flores ao longo do
ciclo da planta; os frutos em decorrência podem apresentar-se em formas diversas.
Assim flores hermafroditas podem tornar-se femininas, e masculinas tornarem-se
hermafroditas (produzindo o mamão-macho); as flores femininas são mais estáveis. O
sexo da planta é identificado após a emissão das flores (Fig. 5, 6 e 7).

Fig. 3. Flor masculina.


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Fig. 4. Flor feminina.

Fig. 5. Flor feminina.

Fig. 6. Flor hermafrodita.


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Fig. 7. Flor hermafrodita.

Frutos

Os frutos estão prontos para colheita de cinco a seis meses após a floração, que ocorre
cinco a oito meses após a germinação das sementes. Os frutos variam em tamanho, 7-30
cm de comprimento e variam em massa de cerca de 250 a 3000g. Os frutos são
arredondados a ligeiramente ovais, os frutos das árvores do sexo feminino são esféricos,
considerando que a forma dos frutos das árvores hermafroditas são afetadas por fatores
ambientais, principalmente temperatura, que modificam a morfologia floral durante o
desenvolvimento precoce da inflorescência. O fruto maduro tem casca lisa, amarela ou
alaranjada. Dependendo do cultivar, a espessura da polpa varia de 1,5 a 4 cm e a cor
pode ser do amarelo-pálido ao vermelho. Frutos maduros contêm numerosas sementes
de coloração cinzento-negro, esféricas de 5 mm de diâmetro. Um pomar com plantas
femininas necessita de mamoeiros masculinos - em 10-12% dos indivíduos -
uniformemente distribuídos no pomar para assegurar a produção.

VARIEDADES

As variedades de mamoeiro atualmente existentes em nossas condições são poucas,


genericamente, considera-se o cultivo de três grupos de mamoeiro.

- O grupo "Comum", bastante disseminado em cultivos caseiros, produz frutos grandes


de até dois quilos, com a cor da polpa variando de amarelo a avermelhado (Fig.8).
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Fig. 8. Fruto do tipo comum.

- O grupo "Solo" é constituído por planta melhor trabalhadas geneticamente, com


diversas variedades sendo exploradas em várias regiões do mundo, conhecidos como
"papaia" ou mamão havaiano, que produzem frutos de tamanho pequeno, de 300 a 650
gramas, de polpa avermelhada. Sunrise Solo, conhecida como mamão Havaí, Papaya ou
Amazônia. Tem forma de pêra e peso médio de 500g. Possui polpa vermelha-alaranjada
de boa qualidade e cavidade interna estrelada. A produção começa entre 8 e 10 meses
após o plantio, produzindo em média 40t/ha/ano. Improved Sunrise Solo cv. 72/12,
conhecida como mamão Havaí. A polpa é espessa e de coloração vermelha-alaranjada,
de boa qualidade, com boa resistência ao transporte e maior resistência ao
armazenamento. A produção começa a partir do nono mês após o plantio (Fig. 9).

Fig. 9. Fruto do tipo solo.

- O grupo "Formosa", constituído por alguns híbridos que se caracterizam pela produção
de frutos de polpa avermelhada e de tamanho médio, entre 1 e 1,3 quilo. Tainung nº 1,
apresenta casca de coloração verde claro e cor de polpa laranja-avermelhada, de ótimo
sabor. A produção média é de 60t/ha/ano. Tainung nº 2, apresenta polpa vermelha de
bom sabor, maturação rápida, com pouca resistência ao transporte. A produção média é
de 60 t/ha/ano (Fig. 10).
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Fig. 10. Fruto do tipo Tainung.

CLIMA E SOLO

Por ser uma planta tropical, o mamoeiro é extremamente sensível às geadas, a


temperatura ideal esta entre 22 e 26ºC (21 a 33ºC), chuvas entre 1.500 a 1.800 mm
(1.200 a 2.000 mm) anuais, caso contrário necessitam complementação com irrigação,
umidade relativa do ar entre 60% e 80%, luminosidade acima de 2.000 horas/luz/ano,
ventos moderados, brandos e altitude ideal de 200 m. (nunca acima de 800 m). Suas
folhas grandes, com um longo pecíolo, são também muito suscetíveis aos ventos fortes,
rasgando-se com facilidade.

O mamoeiro desenvolve-se melhor em solo de textura média, de preferência areno-


argilosos, planos a levemente ondulados, porosos, profundos (2 m a mais), sem
impedimento físico, bem drenados e ricos em matéria orgânica. Exige pH do solo entre
5,5 a 6,5. Os solos mal drenados, que acumulam água após as chuvas, podem favorecer
o aparecimento de podridões do colo e das raízes. As áreas com incidências de
nematóides devem ser evitadas, pela grande suscetibilidade das plantas e esses inimigos.
Evitar solos em baixadas ou sujeitos a encharcamento e os pedregosos.

PROPAGAÇÃO E FORMAÇÃO DE MUDAS

Propagação/Sementes

O mamoeiro pode ser propagado por sementes, estaquia e enxertia; comercialmente é


multiplicado por sementes. As plantas fornecedoras de sementes devem ser
hermafroditas, (elongata) que devem ser provenientes de flores auto polinizadas, em
plantações distantes das de outras variedades, plantas com bom estado sanitário, baixa
altura de inserção das primeiras flores, precocidade, alta produtividade, entre outras
características.

Os frutos fornecedores devem ser colhidos maduros, cortados superficialmente e


sementes retiradas com colher. Elas são lavadas em peneira sob jato de água (eliminar
mucilagem) e dispostas em camadas finas sobre jornal para secar à sombra por 2 a 3
10

dias. Em seguida são tratadas com fungicidas PCNB 75 PM13 g/kg de semente ou
Thiram 70 S -2,5 g/kg ou Captan 3,0 g/kg. Por fim a semente é ensacada e armazenada
na parte inferior da geladeira (6ºC), se necessário (Fig. 11).

Fig. 11. Sementes.

Formação de mudas

Característica do viveiro: a céu aberto, com cobertura a 2 m de altura, ou a 80 cm de


altura (bambu, folhas de palmeira, etc). As ripas ou a maior dimensão do viveiro devem
estar orientadas no sentido Norte-Sul; a cobertura deve permitir que as mudas recebam,
inicialmente, 50% de sol e gradualmente permite-se mais e mais entrada de luz solar até
o transplantio.

Os canteiros devem ter 1 m a 1,2 m de largura e comprimento variável; entre os


canteiros deve exister rua com 50-60 cm de largura.

O viveiro deve estar em local de fácil acesso, em terreno de boa drenagem, longe de
plantio de mamoeiros, próximo a fonte de água e em terreno plano a levemente
ondulado (Fig. 12).
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Fig. 12. Viveiro.

Preparo das mudas

Como recipientes a receber as sementes são utilizados sacos de polietileno preto com
furos, tubetes, bandejas de isopor, outras. Muito usado, o saco de polietileno deve ter
dimensões 7 cm x 18,5 cm x 0,06 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,06 (largura x altura x
espessura). O substrato - mistura para enchimento do saco - deve conter terra de mata
(terriço): areia lavada; esterco de curral bem curtido na proporção 3:1:1. Esse substrato
deve sofrer fumigação com brometo de metila e depois, cada m³ da mistura, deve
receber 1 kg de cloreto de potássio e 4,0 kg de superfosfato simples, 10 kg de calcário
dolomítico.

- Com sementes de flores hermafroditas lança-se 3 sementes por recipiente (6 a 8


sementes de origem desconhecida) e 2 sementes da variedade Formosa; lançadas ao
recipiente as sementes devem estar distantes entre si por 1 cm e serem cobertas com 1 -
1,5 cm de terra peneirada; irriga-se sem encharcar e cobre-se levemente a superfície
com palha (arroz, outra). A germinação deve dar-se após 10 a 20 dias.

- Em viveiros cobertos as irrigações devem ser diárias; para os descobertos 2 vezes por
dia (micro-aspersão); após o desbaste aumentar o volume de água e espacejar os turnos
de rega. Quando as plantinhas alcançarem 5cm. de altura desbasta-se deixando a mais
vigorosa.

Aplicações quinzenais de calda contendo triclofron 50S, (240ml/100l. de água) e


mancozeb (150g./100l.) de água podem prevenir o aparecimento de pragas e doenças 30
a 40 dias pós emergência das plantinhas, plantinha com 15-20cm. de altura, torna-se
muda apta ao plantio em local definitivo. Rejeitar mudas fracas e afetadas por doenças
ou pragas. Com solução de ureia a 0,1% fazer aducação foliar se as folhas mais velhas
amarelecerem.
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Para implantação de pomar com variedades do grupo Solo, levando-se em consideração


que:

1. Um grama de sementes da cultivar Sunrise Solo contém


aproximadamente 60 sementes;
2. Um hectare de mamoeiro no espaçamento 3,0 m x 2,0 m contém 1.666
plantas;
3. Serão utilizadas duas sementes por saquinho, no viveiro, e duas mudas
por cova; no campo;
4. Será produzido um excedente de 15% de mudas.

1.666 x 2 x 3 x 1,15 = 127,8


60

Serão necessários então 130 g de sementes para o plantio de um hectare de mamoeiro.

Nessas mesmas condições, caso sejam utilizadas três sementes por saquinho, no viveiro,
e três mudas por cova; no campo, devem ser adquiridos 300 g de sementes para o
plantio de um hectare de mamoeiro.

Para a implantação de pomar com híbrido do grupo Formosa, levando-se em


consideração que:

1. Um grama de sementes do híbrido Tainung N° 1 contém


aproximadamente 60 sementes;
2. Um hectare de mamoeiro no espaçamento 3,0 m x 3,0 m contém 1.111
plantas;
3. Será utilizada uma semente por saquinho, no viveiro, e uma muda por
cova; no campo,
4. Será produzido um excedente de 15% de mudas.

Serão necessários 22 g de sementes para o plantio de um hectare de mamoeiro.

TRATOS CULTURAIS

O terreno a cultivar deve de estar em zonas distanciadas um mínimo de 1,5Km de hortas


de mamão com problemas de viroses, assim como de cucurbitáceas, principalmente (
melancia, melão, abóbora, pepino, etc.) e solanáceas ( tomate, pimentas, malaguetas,
batata,etc.).

Os dois problemas mais importantes no desenvolvimento de uma plantação são: o vírus


da mancha anelar do mamão (VMAM) e as doenças por fungos (principalmente a
antracnoses), nos dois casos é necessário conservar uma atitude preventiva mais que
corretiva, seja através de uma gerencia adequada ou da utilização de outros tipos de
controles.

O terreno deve ser preparado com uma antecipação mínima de um mês antes do
transplante, isto com a finalidade de poder semear milho, cana o outro tipo de planta nas
margens da plantação de mamão que sirvam de barreira-armadilha para os pulgões que
são os transmissores do vírus da mancha anelar do mamão. Quando se faça o transplante
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do mamão, a barreira deve de estar estabelecida e deve de ser mantida durante todo o
ciclo produtivo, sugerimos que esta prática seja apoiada com o uso de armadilhas.
A plantação deve de ter um abastecimento de água próprio para uma boa administração
de água de rega durante todas as etapas de desenvolvimento da planta e evitar
encharcamentos o inundações por períodos superiores a 48 horas que podem provocar
apodrecimento das raízes, amarelecimento das folhas ou até a morte das plantas,
principalmente nas adultas (Fig. 13).

Fig. 13. Plantio.

Preparo do solo

Uma aração a 60 dias antes do plantio e uma a duas gradagens 20 a 30 dias após
consistem no preparo do solo. Antes da aração deve-se efetuar o controle de formigas e
grilos e antes e depois da aração a calagem (Fig. 14).

Espaçamento

Recomenda-se utilizar os espaçamentos de 3,00 m x 2,00 m a 3,00 m x 2,50 m para


variedades do grupo Solo e a adoção do espaçamento 4,0 m x 2,0 m para variedades do
grupo Formosa.

O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema simples
os espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m;

No sistema duplo os espaçamentos podem ser de 36m x 1,8m x 1,8m ou 4m x 2,5m x


2,5m.

Em terreno declivoso as linhas de plantio devem seguir as curvas de nivel; em terreno


plano a linha de plantio são marcadas no sentido da maior dimensão (comprimento).

Coveamento
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- As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os sulcos 30 a
40cm de profundidade (grandes plantações).

Fig. 14. Solo pronto para o plantio.

Calagem

No preparo do solo, faz-se uma calagem sempre que a saturação em bases, revelada pela
análise, for inferior a 50%, procurando-se elevá-la para 60%.

Adubação

- A adubação básica na cova pode ser constituida pela mistura de 6,5 kg de esterco de
curral bem curtido ou 1,2 kg de torta de mamona + 50g de cloreto de potássio + 400g.
de superfosfato simples + 70g. de FTE Br-8; essa mistura é adicionada à terra retirada
dos primeiro 10-15cm. (na abertura da cova) e lançada no fundo da cova. Usando tortas
aplicar adubo 30-40 dias antes do plantio. Sem recomendação, de análise do solo aplicar
300g. de calcario dolomitico no fundo da cova.

De formação- Após o pegamento das mudas no campo, inicia-se a adubação de


formação aplicando-se 20g de nitrocálcio por cova e por vez, aos 30 e 60 dias após o
plantio. Aos 90 e 120 dias, fazem-se novas adubações, agora com 50g de nitrocálcio e
30g de cloreto de potássio por cova e por vez.

De produção - A partir do inicio do florescimento, devem ser feitas adubações mensais,


usando-se 24g de nitrogénio, 12g de P2 O5 e 36g K2 O por planta e por vez, o que
corresponde à aplicação de 150 g de uma formula hipotética 16-8-24. Estas adubações
devem ser feitas em solo com umidade suficiente para permitir o aproveitamento dos
adubos, evitando-se aplicações em solos secos, o que poderia resultar em queimaduras
nas raízes.

Plantio
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O plantio ocorre em agosto e setembro, no início do período chuvoso, em dia fresco e


nublado, com solo úmido, em covas de 30 x 30 x 30cm, cavadas ou feitas com sulcador
na profundidade 30cm. São necessários 1.500 a 1.700 laminados ou sacos
plásticos/hectare, com três a quatro mudas por recipiente. No plantio, retirar o recipiente
para o bom desenvolvimento das raízes e comprimir cuidadosamente o terreno que
circunda os torrões para que estes não se desfaçam. Em pomares de Formosa formados
com sementes importadas, encontram-se apenas, plantas femininas e hemafroditas.
Como grande parte dos pomares brasileiros é implantada com sementes retiradas de
frutos produzidos em pomares comerciais é também comum a presença de plantas
masculinas. Já que, comercialmente, é mais interessante a produção de plantas
hermafroditas, devem-se plantar três mudas de mamoeiro por cova, em linha, espaçadas
de 15cm entre si, para posteriormente, no início do florescimento, eleger a planta
desejada na cova, eliminando as demais. Cobrir o solo, em volta da muda, com palha ou
capim seco (s/sementes). Para combater a erosão, recomenda-se o plantio em nível, uso
de terraços, patamares e banquetas, capinas em ruas alternadas.

Tratos culturais

Aos 100 120 dias do plantio no campo, as plantas iniciam o florescimento, sendo este o
momento mais apropriado para se identificar o sexo das flores produzidas.

Sexagem das mudas/Desbaste de plantas.

Por essa ocasião, faz-se uma seleção de mudas, procurando-se deixar uma planta
hermafrodita por cova e eliminado as demais com um corte rente ao chão. Elimina-se
duas das três plantas do grupo Solo plantadas por cova (desbaste), por ocasião do
florescimento, deixando-se na cova apenas a muda que possuir a flor hermafrodita. Para
mamoeiros do grupo Formosa desbasta-se plantas masculinas.

Desbrota

brotação lateral que nasce na axila das folhas deve ser eliminadas quando ainda
pequena. Iniciar essa pratica 30 dias pós-plantio.

Desbaste de frutos

Essa prática tem por finalidade a eliminação de frutos defeituosos, com tamanho
reduzido e com pedúnculos muito curtos, pois a forma, o tamanho e o peso dos frutos
são fatores limitantes na comercialização do mamão. Como norma de orientação ao
desbaste, recomenda-se que sejam deixados um ou dois frutos por axila.

Erradicar plantas atacadas de viroses e outras doenças, de modo sistemático.

CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS.

Doenças

Doenças de maior importância econômica

No viveiro: "damping-off" ou tombamento das mudas.


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No campo: mancha anelar, amarelo letal do mamoeiro, meleira, podridões de


Phytophthora, antracnose, varíola, oídio, nematóide-das-galhas e nematóide reniforme.

Pós-colheita: podridões de Phytophthora e antracnose.

Controle de viroses

Usar sementes obtidas de plantas sadias para a formação de mudas, preferencialmente


oriundas de pomares onde não tenha ocorrido viroses. Utilizar mudas sadias na
implantação do pomar.

Estabelecer os viveiros distantes de plantios de mamoeiro. Treinar pessoal para


reconhecimento visual das plantas com sintomas de viroses, no início da ocorrência.
Vistoriar o plantio duas vezes por semana, eliminando as plantas com sintomas de
viroses. Para que a erradicação de plantas doentes dê bons resultados, é necessário que
todos os produtores da região façam este tipo de controle.

Manter o pomar limpo de plantas daninhas, para evitar a formação de possíveis colônias
de vetores. Mergulhar os instrumentos de corte utilizados nos tratos culturais e colheita
em solução com hipoclorito de sódio, a 5%. Antes de instalar o viveiro, erradicar das
imediações hortaliças como abóbora, pepino, melancia e solanáceas, que são
hospedeiras de vetores. Erradicar as plantações velhas de mamoeiros, assim como
plantas isoladas.

Medidas para evitar o tombamento de mudas

Instalar o viveiro em local ensolarado, usar sementes tratadas com fungicidas (e se o


plantio for a partir de sementes, diminuir a densidade de plantas, utilizar solo ou
substrato permeável e preferencialmente tratado e irrigação moderada.

É muito importante conhecer o agente etiológico envolvido para que se possa


recomendar um controle adequado da doença, uma vez que diferentes patógenos
produzem sintomas muito semelhantes, porém exigem métodos de controle distintos.
Após identificar o agente causal, deve-se adotar as seguintes medidas:

Rhizoctonia = aplicar produtos à base de PCNB (pentacloronitrobenzeno), sob a forma


de rega no solo;

Fusarium = aplicar chlorotalonil em pulverização no colo da planta;

Phytophthora e Pythium = aplicar metalaxyl.

Controle da antracnose

Controle precisa ser feito de forma preventiva, com pulverizações quinzenais com
produtos à base de cobre, benzimidazol mais chlorotalonil ou mancozeb, os galpões de
armazenamento e os vasilhames de transporte e embalagem devem ser desinfetados.
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A colheita deve ser feita com os frutos ainda em estado verdoengo, os frutos atacados
devem ser retirados das plantas e enterrados.

Controle da pinta preta

Deve ser feito um monitoramento do pomar localizando as lesões que aparecem na parte
inferior das plantas mais velhas. As folhas devem ser arrancadas das plantas, colocadas
em sacos plásticos e levadas para fora da área, não devendo ser arrastadas pelo pomar.
As pulverizações com fungicidas à base de cobre devem começar quando a lesão inicial
ainda esta com a coloração pardacenta.

Controle de nematóides

Se o nematóide já estiver estabelecido na área de cultivo, a eliminação das plantas e


isolamento da área são as medidas mais seguras. Contudo, o melhor controle é o
preventivo. Deve-se conhecer o histórico da área, e sempre efetuar o monitoramento.
Recomenda-se o plantio de mudas sadias e água de irrigação de boa qualidade. O uso de
matéria orgânica, de plantas não-hospedeiras, antagônicas ou supressivas a
fitonematóides, em consórcio ou rotação, que podem constituir-se em métodos
alternativos para o controle químico.

Evitar a utilização de máquinas agrícolas vindas de áreas contaminadas por nematóides.


Construir na propriedade pedilúvio e rodolúvio para desinfecção de calçados e
máquinas em trânsito, respectivamente. Adicionalmente, deve-se fiscalizar a entrada e
saída de equipamentos utilizados nos tratos culturais e não permitir trânsito de pessoas e
equipamentos não autorizadas na área.

PRAGAS

As principais pragas do mamoeiro são o ácaro-branco (Polyphagotarsonemus latus), o


ácaro-rajado (Tetranychus urticae) e o ácaro-vermelho (T. desertorum).

Controle do ácaro-branco

Recomenda-se a retirada das brotações laterais das plantas de mamoeiro, bem como a
aplicação de acaricidas nos ponteiros. Devem ser aplicados produtos à base de enxofre,
na formulação pó-molhável, evitando-se a mistura com óleos emulsionáveis ou produtos
cúpricos.

Em função da rápida multiplicação dos ácaros brancos, devido ao seu curto ciclo de
vida, torna-se importante realizar inspeções periódicas no pomar (monitoramento),
utilizando-se uma lupa de bolso de dez aumentos, com o objetivo de identificar os
primeiros focos de infestação. Com esse monitoramento, é possível determinar o
período mais adequado para o início das medidas de controle sem que haja prejuízos ao
pomar.

O ácaro-branco prefere folhas novas, enquanto o ácaro-rajado aloja-se na parte inferior


das folhas mais velhas, entre as nervuras mais próximas do pecíolo.
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Controle dos ácaros tetraniquídeos

O controle é feito eliminando-se as folhas velhas e aplicando-se acaricidas nas restantes,


sempre direcionando o jato para a superfície inferior das folhas.

Controle da coleo-broca

Tão logo se observe a presença do inseto na propriedade, deve-se realizar


monitoramento constante do pomar, localizando as plantas atacadas e destruindo as
larvas e os adultos mecanicamente. Em seguida, deve ser aplicado um inseticida que
tenha ação de contato ou de profundidade, pincelando-se ou pulverizando-se o caule,
desde o colo até a inserção das folhas mais velhas. As plantas drasticamente infestadas
devem ser arrancadas e queimadas.

"System approach"

O "system approach" pode ser traduzido como uma análise sistêmica de todo o processo
de produção das frutas, desde as práticas culturais em campo, passando pelo processo de
embalagem da fruta em casas de embalagem, até o seu embarque com destino ao
consumidor.

O sistema visa a produção de frutas de alta qualidade, sem resíduos de agrotóxicos e


sem a presença de pragas qualificadas como quarentenárias pelos países importadores,
especialmente as moscas-das-frutas.

COLHEITA, PÓS-COLHEITA E EMBALAGEM.

Características do fruto de mamoeiro para o comércio.

Para as variedades do grupo Formosa, o peso médio dos frutos deve variar de 800 a
1.100 g. Para as variedades do grupo Solo, os frutos devem variar de 350 a 550 g,
apresentar casca lisa e sem manchas, polpa vermelho-alaranjada, cavidade ovariana
pequena e em formato de estrela, polpa com espessura superior a 20 mm, sólidos
solúveis acima de 14° Brix e maior longevidade pós- colheita.

Momento certo da colheita do mamão.

Para comercialização e consumo local, deve-se colher os frutos quando apresentarem


estrias ou faixas com 50% de coloração amarela. Frutos destinados à exportação ou
armazenamento por períodos longos devem ser colhidos no estádio entremaduro ("de
vez"), caracterizado pela mudança da cor verde-escura para verde-claro da casca, pelo
início da coloração rósea da polpa e pelo amadurecimento das sementes, que tornam-se
negras.

Cuidados durante a colheita.

Devem ser evitados danos mecânicos aos frutos, tais como: cortes, abrasões e choques,
pois os frutos mecanicamente danificados apodrecem mais rapidamente do que aqueles
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intactos. Durante a colheita, o operário deve se proteger com luvas e blusa de manga
comprida, para evitar queimaduras com o látex que escorre dos frutos.

Conservação dos frutos.

A conservação é feita em câmaras refrigeradas com umidade mínima de 80% e


temperatura entre 12 a 13ºC.

Processamento.

A composição do mamão pode variar em função dos teores de nutrientes do solo, época
do ano, da cultivar e do grau de maturação do fruto mas, em média, o pH do fruto varia
de 5,0 a 5,7; a acidez total titulável de 0,05 a 0,18 %; os sólidos solúveis totais de 7,0 a
13,5 % ; os açúcares totais de 5,6 a 12,0 %; os açúcares redutores de 5,4 a 11,0 %; a
pectina de 0,5 a 1,5 %; a vitamina C de 40 a 90 mg por 100 g de polpa e a vitamina A
de 0,12 a 11,0 mg por 100 g de polpa. Os produtos de destaque são a polpa ou purê de
mamão, o néctar, o doce em calda, o doce cristalizado e geléias. Além destes, existem
outros produtos como a papaína, a pectina e o óleo.

Embalagem

As embalagens mais usadas são as de papelão ondulado e de madeira. Mais


recentemente, a embalagem plástica (caixa plana) tem recebido grande aceitação pelo
mercado de frutos. As ceras recomendadas para o mamão são a de carnaúba, de
polietileno, de éster de sacarose, todas na concentração de 1:4 (20 litros de cera para 80
de água).

Custos e receitas

A comercialização da produção normalmente é feita por meio de cooperativas,


intermediários, exportadores ou pelo próprio produtor, mediante entrega direta nas
centrais de abastecimento. Considerando o grande volume de mamão comercializado
nas CEASAs, considera-se que este é o principal centro de distribuição da produção. A
partir das CEASAs, volumes menores são distribuídos às feiras livres, supermercados,
quitandas, frutarias, bares e hotéis.

Considerando as principais regiões produtoras de mamão no Brasil e a sazonalidade da


produção, os menores preços ocorrem nos meses de dezembro a fevereiro, que nos
últimos anos variaram em torno de US$ 0,12/kg de frutos.

O custo de implantação e manutenção é variável em função de diversos fatores, como


variedades, nível de tecnologia, local de instalação, uso ou não de irrigação,
disponibilidade de mão-de-obra, espaçamento etc. No caso da utilização de irrigação,
deve-se acrescentar a estes custos, aproximadamente, R$ 1.200,00/hectare/ano,
considerando o custo do investimento (vida útil do equipamento de 10 anos) e os custos
variáveis (energia elétrica e mão-de-obra).

Orçamento para implantação de 01 (um) hectare de mamão espaçamento: 4,0 (entre


linhas x 2,5 (entre plantas).
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Operações Unidade Quantidade


Aração Trator/dia. 2,0
Calagem h/dia 2,0
Gradagem -Mecânica Trator/dia 1,5
Preparo das covas h/dia 2,0
Adubação de fundação h/dia 4,0
Adubação de cobertura h/dia 4,0
Preparo das covas h/dia 10,0
Plantio e replantio h/dia 6,0
Capinas manual h/dia 10,0
Limpeza e desbaste h/dia 1,0
Controle fitossanitário h/dia 3,0
Irrigação h/dia 2,0
Colheita h/dia 8,0

Material e Insumo Unidade Quantidade


Mudas Unidade 1.000
Esterco de curral tonelada 10,0
Adubos* Kg -
Inseticida kg 2,0
Fungicida litro 2,0
Micronutrientes litro 1,0

* A adução e calagem devem seguir as recomendações da análise química do solo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Oliveira, A. M.G.; Souza, L. F. S.; Van Raij, B.; Jesus, A. F.; Bernardi, M. A. C. C.
2004. Nutrição, calagem e adubação do mamoeiro irrigado. Circular Técnica, 69.
Embrapa Mandioca e Fruticultura - Cruz das Almas – BA.

Carvalho, J.G.; Paula, M.B. 1986. Exigências nutricionais do mamoeiro. Informe


Agropecuário, Belo Horizonte, 12(134), 32-36.

Borges, A.L.; Coelho, E.F.; Trindade, A.V. 2002. Fertirrigação em fruteiras tropicais.
Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 114-121.

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