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Marcelo Rigotti
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Conteúdo:
Origem e Histórico,
Botânica,
Variedades,
Clima e Solo,
Propagação e Formação de Mudas,
Tratos Culturais,
Controle de Pragas e Doenças,
Colheita, Pós-Colheita e Embalagem,
Custos e Receitas.
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ORIGEM E HISTÓRICO.
Origem
O mamão, Carica papaya L., provavelmente seja originário das planícies do leste da
América Central, do México ao Panamá. Suas sementes foram distribuídas para o
Caribe e o sul da Ásia durante a exploração espanhola no século 16, de onde se
espalhou para a Índia, Pacífico e África. O mamão é hoje cultivado em todos os países
tropicais e muitas regiões sub-tropicais do mundo.
Aplicações
BOTÂNICA.
Morfologia
O mamão é uma planta perene arbórea que vive por cerca de 5-10 anos, embora as
plantações comerciais geralmente sejam replantadas mais cedo. O Mamoeiro
normalmente cresce como árvore monocaule com uma coroa de folhas grandes
palmadas emergindo do ápice do tronco, mas as árvore podem tornar-se multi-caule
quando danificado. O tronco é cilíndrico, mole e oco, varia de 30 cm de diâmetro na
base de cerca de 5 cm de diâmetro na coroa. Em condições ideais, as árvores podem
chegar a 8-10 metros de altura, mas em cultivo, eles geralmente são cortados quando
atingem alturas que tornam a colheita dos frutas difícil. Árvores cultivadas são
geralmente substituídas antes da copa atingir 4 m de altura (Fig. 2).
Flores
As flores nascem em inflorescência que aparecem nas axilas das folhas. As flores
fêmeas brotam próximas do tronco como flores individuais ou em grupos de 2-3,
amarelas que se inserem diretamente no caule (Fig. 4). As flores masculinas são
menores e mais numerosas e nascem com 60-90 cm de comprimento, com flores
distribuidas por inflorescências de pendúculos longos e pendentes (pendulas); órgão
reprodutor masculino existente, ativo e órgão reprodutor feminino rudimentar mas que
pode tornar-se funcional produzindo mamões deformados sem valor comercial (Fig. 3).
As flores hermafroditas são intermediárias entre as duas formas unissexuais, apresentam
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Frutos
Os frutos estão prontos para colheita de cinco a seis meses após a floração, que ocorre
cinco a oito meses após a germinação das sementes. Os frutos variam em tamanho, 7-30
cm de comprimento e variam em massa de cerca de 250 a 3000g. Os frutos são
arredondados a ligeiramente ovais, os frutos das árvores do sexo feminino são esféricos,
considerando que a forma dos frutos das árvores hermafroditas são afetadas por fatores
ambientais, principalmente temperatura, que modificam a morfologia floral durante o
desenvolvimento precoce da inflorescência. O fruto maduro tem casca lisa, amarela ou
alaranjada. Dependendo do cultivar, a espessura da polpa varia de 1,5 a 4 cm e a cor
pode ser do amarelo-pálido ao vermelho. Frutos maduros contêm numerosas sementes
de coloração cinzento-negro, esféricas de 5 mm de diâmetro. Um pomar com plantas
femininas necessita de mamoeiros masculinos - em 10-12% dos indivíduos -
uniformemente distribuídos no pomar para assegurar a produção.
VARIEDADES
- O grupo "Formosa", constituído por alguns híbridos que se caracterizam pela produção
de frutos de polpa avermelhada e de tamanho médio, entre 1 e 1,3 quilo. Tainung nº 1,
apresenta casca de coloração verde claro e cor de polpa laranja-avermelhada, de ótimo
sabor. A produção média é de 60t/ha/ano. Tainung nº 2, apresenta polpa vermelha de
bom sabor, maturação rápida, com pouca resistência ao transporte. A produção média é
de 60 t/ha/ano (Fig. 10).
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CLIMA E SOLO
Propagação/Sementes
dias. Em seguida são tratadas com fungicidas PCNB 75 PM13 g/kg de semente ou
Thiram 70 S -2,5 g/kg ou Captan 3,0 g/kg. Por fim a semente é ensacada e armazenada
na parte inferior da geladeira (6ºC), se necessário (Fig. 11).
Formação de mudas
O viveiro deve estar em local de fácil acesso, em terreno de boa drenagem, longe de
plantio de mamoeiros, próximo a fonte de água e em terreno plano a levemente
ondulado (Fig. 12).
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Como recipientes a receber as sementes são utilizados sacos de polietileno preto com
furos, tubetes, bandejas de isopor, outras. Muito usado, o saco de polietileno deve ter
dimensões 7 cm x 18,5 cm x 0,06 cm ou 15 cm x 25 cm x 0,06 (largura x altura x
espessura). O substrato - mistura para enchimento do saco - deve conter terra de mata
(terriço): areia lavada; esterco de curral bem curtido na proporção 3:1:1. Esse substrato
deve sofrer fumigação com brometo de metila e depois, cada m³ da mistura, deve
receber 1 kg de cloreto de potássio e 4,0 kg de superfosfato simples, 10 kg de calcário
dolomítico.
- Em viveiros cobertos as irrigações devem ser diárias; para os descobertos 2 vezes por
dia (micro-aspersão); após o desbaste aumentar o volume de água e espacejar os turnos
de rega. Quando as plantinhas alcançarem 5cm. de altura desbasta-se deixando a mais
vigorosa.
Nessas mesmas condições, caso sejam utilizadas três sementes por saquinho, no viveiro,
e três mudas por cova; no campo, devem ser adquiridos 300 g de sementes para o
plantio de um hectare de mamoeiro.
TRATOS CULTURAIS
O terreno deve ser preparado com uma antecipação mínima de um mês antes do
transplante, isto com a finalidade de poder semear milho, cana o outro tipo de planta nas
margens da plantação de mamão que sirvam de barreira-armadilha para os pulgões que
são os transmissores do vírus da mancha anelar do mamão. Quando se faça o transplante
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do mamão, a barreira deve de estar estabelecida e deve de ser mantida durante todo o
ciclo produtivo, sugerimos que esta prática seja apoiada com o uso de armadilhas.
A plantação deve de ter um abastecimento de água próprio para uma boa administração
de água de rega durante todas as etapas de desenvolvimento da planta e evitar
encharcamentos o inundações por períodos superiores a 48 horas que podem provocar
apodrecimento das raízes, amarelecimento das folhas ou até a morte das plantas,
principalmente nas adultas (Fig. 13).
Preparo do solo
Uma aração a 60 dias antes do plantio e uma a duas gradagens 20 a 30 dias após
consistem no preparo do solo. Antes da aração deve-se efetuar o controle de formigas e
grilos e antes e depois da aração a calagem (Fig. 14).
Espaçamento
O mamoeiro pode ser plantado em fileiras simples e fileiras duplas. No sistema simples
os espaçamentos podem ser 3,6m x 1,8m ou 4m x 2,5m;
Coveamento
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- As covas devem ter 30cm x 30cm x 30cm a 40cm x 40cm x 40cm e os sulcos 30 a
40cm de profundidade (grandes plantações).
Calagem
No preparo do solo, faz-se uma calagem sempre que a saturação em bases, revelada pela
análise, for inferior a 50%, procurando-se elevá-la para 60%.
Adubação
- A adubação básica na cova pode ser constituida pela mistura de 6,5 kg de esterco de
curral bem curtido ou 1,2 kg de torta de mamona + 50g de cloreto de potássio + 400g.
de superfosfato simples + 70g. de FTE Br-8; essa mistura é adicionada à terra retirada
dos primeiro 10-15cm. (na abertura da cova) e lançada no fundo da cova. Usando tortas
aplicar adubo 30-40 dias antes do plantio. Sem recomendação, de análise do solo aplicar
300g. de calcario dolomitico no fundo da cova.
Plantio
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Tratos culturais
Aos 100 120 dias do plantio no campo, as plantas iniciam o florescimento, sendo este o
momento mais apropriado para se identificar o sexo das flores produzidas.
Por essa ocasião, faz-se uma seleção de mudas, procurando-se deixar uma planta
hermafrodita por cova e eliminado as demais com um corte rente ao chão. Elimina-se
duas das três plantas do grupo Solo plantadas por cova (desbaste), por ocasião do
florescimento, deixando-se na cova apenas a muda que possuir a flor hermafrodita. Para
mamoeiros do grupo Formosa desbasta-se plantas masculinas.
Desbrota
brotação lateral que nasce na axila das folhas deve ser eliminadas quando ainda
pequena. Iniciar essa pratica 30 dias pós-plantio.
Desbaste de frutos
Essa prática tem por finalidade a eliminação de frutos defeituosos, com tamanho
reduzido e com pedúnculos muito curtos, pois a forma, o tamanho e o peso dos frutos
são fatores limitantes na comercialização do mamão. Como norma de orientação ao
desbaste, recomenda-se que sejam deixados um ou dois frutos por axila.
Doenças
Controle de viroses
Manter o pomar limpo de plantas daninhas, para evitar a formação de possíveis colônias
de vetores. Mergulhar os instrumentos de corte utilizados nos tratos culturais e colheita
em solução com hipoclorito de sódio, a 5%. Antes de instalar o viveiro, erradicar das
imediações hortaliças como abóbora, pepino, melancia e solanáceas, que são
hospedeiras de vetores. Erradicar as plantações velhas de mamoeiros, assim como
plantas isoladas.
Controle da antracnose
Controle precisa ser feito de forma preventiva, com pulverizações quinzenais com
produtos à base de cobre, benzimidazol mais chlorotalonil ou mancozeb, os galpões de
armazenamento e os vasilhames de transporte e embalagem devem ser desinfetados.
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A colheita deve ser feita com os frutos ainda em estado verdoengo, os frutos atacados
devem ser retirados das plantas e enterrados.
Deve ser feito um monitoramento do pomar localizando as lesões que aparecem na parte
inferior das plantas mais velhas. As folhas devem ser arrancadas das plantas, colocadas
em sacos plásticos e levadas para fora da área, não devendo ser arrastadas pelo pomar.
As pulverizações com fungicidas à base de cobre devem começar quando a lesão inicial
ainda esta com a coloração pardacenta.
Controle de nematóides
PRAGAS
Controle do ácaro-branco
Recomenda-se a retirada das brotações laterais das plantas de mamoeiro, bem como a
aplicação de acaricidas nos ponteiros. Devem ser aplicados produtos à base de enxofre,
na formulação pó-molhável, evitando-se a mistura com óleos emulsionáveis ou produtos
cúpricos.
Em função da rápida multiplicação dos ácaros brancos, devido ao seu curto ciclo de
vida, torna-se importante realizar inspeções periódicas no pomar (monitoramento),
utilizando-se uma lupa de bolso de dez aumentos, com o objetivo de identificar os
primeiros focos de infestação. Com esse monitoramento, é possível determinar o
período mais adequado para o início das medidas de controle sem que haja prejuízos ao
pomar.
Controle da coleo-broca
"System approach"
O "system approach" pode ser traduzido como uma análise sistêmica de todo o processo
de produção das frutas, desde as práticas culturais em campo, passando pelo processo de
embalagem da fruta em casas de embalagem, até o seu embarque com destino ao
consumidor.
Para as variedades do grupo Formosa, o peso médio dos frutos deve variar de 800 a
1.100 g. Para as variedades do grupo Solo, os frutos devem variar de 350 a 550 g,
apresentar casca lisa e sem manchas, polpa vermelho-alaranjada, cavidade ovariana
pequena e em formato de estrela, polpa com espessura superior a 20 mm, sólidos
solúveis acima de 14° Brix e maior longevidade pós- colheita.
Devem ser evitados danos mecânicos aos frutos, tais como: cortes, abrasões e choques,
pois os frutos mecanicamente danificados apodrecem mais rapidamente do que aqueles
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intactos. Durante a colheita, o operário deve se proteger com luvas e blusa de manga
comprida, para evitar queimaduras com o látex que escorre dos frutos.
Processamento.
A composição do mamão pode variar em função dos teores de nutrientes do solo, época
do ano, da cultivar e do grau de maturação do fruto mas, em média, o pH do fruto varia
de 5,0 a 5,7; a acidez total titulável de 0,05 a 0,18 %; os sólidos solúveis totais de 7,0 a
13,5 % ; os açúcares totais de 5,6 a 12,0 %; os açúcares redutores de 5,4 a 11,0 %; a
pectina de 0,5 a 1,5 %; a vitamina C de 40 a 90 mg por 100 g de polpa e a vitamina A
de 0,12 a 11,0 mg por 100 g de polpa. Os produtos de destaque são a polpa ou purê de
mamão, o néctar, o doce em calda, o doce cristalizado e geléias. Além destes, existem
outros produtos como a papaína, a pectina e o óleo.
Embalagem
Custos e receitas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Oliveira, A. M.G.; Souza, L. F. S.; Van Raij, B.; Jesus, A. F.; Bernardi, M. A. C. C.
2004. Nutrição, calagem e adubação do mamoeiro irrigado. Circular Técnica, 69.
Embrapa Mandioca e Fruticultura - Cruz das Almas – BA.
Borges, A.L.; Coelho, E.F.; Trindade, A.V. 2002. Fertirrigação em fruteiras tropicais.
Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 114-121.