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3. Individualização do Poder/Institucionalização/Fulanização
O processo de institucionalização do poder traduz-se na devolução da titularidade do poder
a uma entidade abstracta (Rei, Crown, Estado). Na Idade Média, o poder era
individualizado, não havendo uma distinção clara entre a titularidade e o exercício do
poder. O estado é titular do poder. O titular do poder desaparece mas não o cargo.
Ausência de instituições e de regras institucionais. Os recursos que estão ao serviço do
poder são aqueles que estão em regime de propriedade privada ao dispor desse órgão.
Todo o poder é carismático (Max Webber), atribuído a quem tenha qualidade pessoais
dignas de um verdadeiro chefe, não sendo chefe aquele que descende de um chefe ou que
é eleito. O chefe era o mais rico, o mais bravo guerreiro/forte, o mais inteligente e hábil.
Evoque-se a disputa do poder retratada em “O combate dos chefes”, da b.d. Astérix, o
Gaulês. O melhor guerreiro, o melhor comandante ditava regras sem continuidade. Este
tipo de poder caracteriza-se por uma instabilidade crescente, na medida em que o chefe
pode a qualquer momento ser substituído por outro com qualidades mais dignas de chefia.
Há, por outro lado, uma descontinuidade e uma ruptura nas próprias regras do regime, uma
vez que é o chefe que dita as regras e, se ele é afastado, as regras que ele ditou perdem
valor e deixam de vigorar e é necessário novas regras. Não havia, também, distinção entre
o património pessoal do Chefe e aquele que lhe cabia por força do cargo que
desempenhava. Estas características valiam mais na Alta Idade Média do que na Baixa
Idade Média. Fala-se nos dias de hoje de uma medievalização do poder, de uma Nova
Idade Média, pois existem muitas analogias entre o nosso Estado e o tipo de Estado da
Idade Média: grande variedade de entidades; fragmentação do poder; insegurança geral e
incerteza em relação ao futuro. Com o suceder da institucionalização, o processo político
pauta-se pela estabilidade e continuidade.
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Disciplina: Ciência Política
Professor: Paulo Rangel
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. Nota: Max Webber, nas suas obras "Economia e a Sociedade" e “O Político e a ciência",
fala-nos de uma caracterização do poder em 3 tipos:
- Poder Carismático: resulta das qualidades pessoais; a pessoa impõe-se por si só.
- Poder Tradicional: resulta de um costume/tradição (ex. Legitimidade monárquica - Rei).
- Poder legal-racional: tem uma base normativa; estabelecimento prévio de certas regras.
Excurso – Transição da política Medieval para a política actual
Evolução do Estado – Absoluto; Liberal; Totalitário; Social
TEORIA DOS TRÊS ELEMENTOS DE GEORG JELLINEK
- Diz que o Estado é igual à soma de 3 elementos: Povo, território e soberania do Estado
Alega-se acerca desta teoria que tal concepção reveste interesse para uma perspectiva
Internacional do Estado de fora e por fora (não na sua essência interior), e por ser uma
teoria formal sem se reportar à essência do próprio Estado, apesar de nos dias de hoje
exercer forte influência, tanto na Teoria do Estado como no Direito Internacional Público.
O Estado deverá hoje ser visto como comunidade de homens/comunidade global que
obedece a um princípio de unidade.
A DIMENSÃO TERRITORIAL DO ESTADO
O Princípio Territorial é a base da configuração política do mundo no séc. XX. A
dimensão Territorial reflecte-se imediata e dinamicamente nos mais diversos domínios da
vida estadual, por outro lado, a capacidade de penetração territorial pelas ondas hertzianas,
os efeitos da poluição, o terrorismo, etc., documentam exemplarmente a superação e
dinamitam a concepção de Território enquanto fortaleza inexpugnável
LIMITES TERRITORIAIS
T.I.J. – “Estabelecer os limites entre estados vizinhos, é traçar a linha exacta de confronto
em que se exercem respectivamente os poderes e direitos soberanos”.
1º - O Território É o espaço geograficamente fechado onde se exerce o poder do Estado,
pelo que, delimita o âmbito de decisões Estaduais e limita o espaço de competências do
estado. O território é o "palco da autoridade estadual", uma vez que o Estado não detém
sobre o território uma relação de dominium (propriedade), mas sim de imperium
(autoridade). Contudo, existem ainda territórios que não pertencem a nenhum estado
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(Antártida e Alto Mar), assim como parcelas territoriais onde se verificam disputas de
territórios (Palestina).
Vigora o Princípio da territorialidade que afirma que o poder do Estado abrange todas as
pessoas e a todas as coisas que se encontrem em território nacional - lado positivo da
Jurisdição do Estado no território. Contudo, isto não implica que as regras se estendam de
forma igual. E o caso dos estrangeiros que, apesar de se encontrarem temporária ou
definitivamente no território nacional, gozam de diferentes direitos e obrigações, tais como
o de não poderem exercer o direito de voto ou de prestar serviço militar.
Contudo, é actual o conceito de cidadania europeia e a noção de integração europeia, pelo
que surge o Princípio de Standard Mínimo que diz que qualquer estrangeiro terá direito a
um conjunto de garantias mínimas. No território, não se exerce outro poder que não o do
seu próprio Estado - é o princípio da impermeabilidade (Jellinek) que corresponde ao lado
negativo da jurisdição do Estado no território. Em relação a este princípio, há hoje muitas
excepções que derivam da progressiva integração europeia e da consequente submissão à
autoridade exterior. Em 1º lugar, vejamos o caso da União Europeia, a maior manifestação
desta integração, que, como organização supra-estadual, emite normas obrigatórias
(Regulamentos Comunitários) e vinculativas para todos os Estados-membros. Estas
normas entram directamente na ordem jurídica interna (Princípio da aplicabilidade
directa), sobrepondo-se às normas nacionais. De seguida, refira-se o Direito Internacional
Privado, onde por vezes terão de ser aplicadas normas estrangeiras para a solução de um
caso concreto. Há ainda outros exemplos como a presença de forças de Estado de outros
territórios (Base das Lages), as zonas desmilitarizadas de 50km (o Estado abdica do direito
de ter tropas em certas zonas), o privilégio de extra-territorialidade (poderes dos
diplomatas e embaixadores e Presidente da República). Note-se que todas estas excepções
necessitam do consentimento do Estado.
O território não tem de ser contínuo. No caso português, o território é descontínuo; os
arquipélagos não estão ligados ao território Portugal Continental.
• Como é que o Estado divide o seu território? - Inicialmente, era por Bulas Papais.
Contudo, quando começaram as descobertas, o território começou a ser definido segundo o
Princípio Ocupante (o primeiro a chegar era dono do território). Segundo Hugo Grócio
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(grande jurista holandês), será território de um Estado aquilo que este controle, ou seja, só
pode ser titular de um território aquele que efectivamente domina esse território - Princípio
da efectividade. Este princípio está implícito na Conferência de Berlim (1885), acerca da
partilha de África após o Ultimato Inglês. As potências europeias vão, dividir o território
africano e vai então surgir e ser aplicado o Princípio da efectividade.
Nos nossos dias, fala-se em Princípio (teoria) da Efectividade virtual: um Estado não tem
de ocupar efectivamente o território, mas tem de demonstrar o seu domínio sobre esse
território. É a capacidade de afirmar a soberania sempre que necessário, assim como a
capacidade de deslocar tropas para o território.
FRONTEIRA – É uma linha contínua e fechada que delimita o território do Estado, espaço
onde se exercem os poderes estaduais. Os Estados coincidem historicamente com a época
dos descobrimentos. - “Primo ocupantis”, (o primeiro que chega).
Mais tarde Hugo Grócio defendendo “O Princípio da Efectividade”, diz-nos que o
Território é de quem o domina, princípio este, sancionado durante a “Conferência Africana
de Berlim em 1885”.
Limites territoriais/Aquisição Territorial – Poderão resultar dos usos, tradição, tratados
internacionais.
Sentido sociológico ou político do território: Território, desde logo é um factor de extrema
importância e mesmo decisivo para a integração de uma comunidade, enquanto objecto de
defesa, povoamento, aproveitamento e elemento de destino político colectivo, factores que
na prática estão na base da maior parte dos mais variados conflitos.
Modos de aquisição Territorial - “Aquisição Originária”
Res nullius = ocupação ((território já existente mas sem Estado (Sibéria))
= Acessão ((território cresce ou aumenta (Holanda))
“Aquisição Derivada”
= Cessão (tratado onde se transfere uma porção de um estado para outro)
= Sucessão ((Secessão de um estado (Alemanha pós 2º guerra) ou fusão ou
unificação de dois ou mais Estados até aí independentes (Alemanha federal e democrática)
ou descolonização (Angola, Moçambique)) .
ELEMENTOS COMPONENTES DO TERRITÓRIO
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- Domínio terrestre (solo e subsolo), domínio aéreo (milhas/campo de efectividade),
domínio lacustre (linha média entre margens como critério de delimitação de fronteiras),
domínio fluvial aquático (navegáveis e não navegáveis), domínio marítimo (mar
territorial).
• Domínio terrestre - É o espaço situado dentro das linhas de fronteiras. É constituído não
apenas pela superfície (solo), mas também pelo subsolo (toma uma posição importante em
matérias como as minas, o petróleo, infra-estruturas).
• Domínio aéreo - É importante na navegação aérea. Há diferentes opiniões sobre o limite
do domínio aéreo: 25 milhas; gravidade; Princípio da efectividade; não há limite.
• Domínio lacustre - lagos, mares interiores
• Domínio fluvial - RIOS → Contíguos: são aqueles que separam dois Estados (como por
exemplo o Rio Minho). Sucessivos: são aqueles que atravessem dois ou mais Estados
(como por exemplo o Rio Danúbio, Tejo, Reno, Douro). - Problemas: poluição;
navegabilidade; construção de barragens.
Como se faz a definição das fronteiras?!
- Se o rio não for navegável é pela linha média; Se o rio for navegável é pelo sulco mais
profundo.
DOMÍNIO MARÍTIMO - Divide-se em águas interiores, mar territorial, zona contígua e
zona económica exclusiva(ZEE). Determinam-se 3 milhas marítimas como limite próprio
do princípio da efectividade - (jurisdição absoluta permitindo apenas passagem
inofensiva)
A linha que separa o Território terrestre do Território marítimo é a baixa-mar. Linha de
base do mar Territorial
Águas Interiores ((é a porção de terra que está limitada pela linha de maré alta e a linha de
maré baixa (linha base do Mar Territorial). O Estado dispõe de toda a soberania que exerce
em território terrestre, excepto em relação ao Direito de Passagem Inofensiva, ou seja, no
espaço de mar territorial, tem de tolerar a passagem de navegação de outros Estados, sem
intenção de ofensa. Consideram-se também águas interiores os mares completamente
fechados, os lagos e os rios, bem como as águas no interior da linha de base do mar
territorial). Esta fronteira foi estabelecida em 1982 na Convenção de Montego Bay.
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Mar Territorial - É uma faixa de águas costeiras que alcança 12 milhas náuticas a partir da
linha da baixa-mar ao longo da costa de um Estado que são consideradas parte do território
soberano daquele Estado. Dentro do mar territorial, o Estado goza de direitos soberanos
idênticos aos de que goza no seu território e nas águas interiores, para exercer jurisdição,
aplicar e regulamentar o uso e a exploração dos recursos no seu leito e subsolo. Entretanto,
as embarcações estrangeiras civis e militares têm o "direito de passagem inocente" pelo
mar territorial, desde que não violem as leis do Estado nem constituam ameaça à
segurança.
Zona Contígua - permite que o Estado mantenha sob seu controle uma área de até 12
milhas náuticas, adicionais às 12 milhas do mar territorial, ou seja 24 milhas náuticas, para
o propósito de evitar, fiscalizar, policiar ou reprimir as infracções às suas leis e
regulamentos aduaneiros, fiscais, de imigração, sanitários ou de outra natureza no seu
território ou mar territorial.
Zona Económica Exclusiva - é uma faixa de água que começa no limite exterior do mar
territorial de um Estado costeiro e termina a uma distância de 200 milhas náuticas a contar
a partir da linha de maré baixa (excepto se o limite exterior for mais próximo de outro
Estado) na qual o Estado costeiro dispõe de direitos especiais sobre a exploração e uso de
recursos biológicos e não biológicos da água super jacente, do solo e subsolo marinhos,
instalação de infra-estruturas submarinas e investigação científica, respeitando
escrupulosamente o regime de liberdade de navegação à superfície.
Plataforma Continental - compreende o leito e o subsolo das áreas submarinas que se
estendem além do seu mar territorial, em toda a extensão do prolongamento natural do seu
território terrestre, até ao bordo exterior da margem continental ou até uma distância de
200 milhas marítimas das linhas de base a partir das quais se mede a largura do mar
territorial, nos casos em que o bordo exterior da margem continental não atinja essa
distância.
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Disciplina: Ciência Política
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2º - POVO - Elemento humano. Unidade de poder. Conjunto de pessoas que estão ligadas
ao Estado por um vínculo jurídico comum, o vínculo da nacionalidade, residentes ou não
no território - conceito jurídico-político.
POPULAÇÃO- Formada por nacionais, estrangeiros e apátridas que independentemente
da sua nacionalidade residem sob a alçada/autoridade estadual – conceito demográfico –
económico.
NAÇÃO – Corresponde ao estado, idade trans-temporal, ideia espiritual de princípio de
cultura, ideológico. Conjunto de pessoas que está ligado por um sentimento de pertinência
comum (segundo Zipellius), a uma mesma Comunidade que radica em factores de ordem
étnica, cultural e política; é uma apologia do Estado, uma ligação à sua história e aos seus
valores - conceito sociológico-espiritual
“ as Nações são mistérios, cada uma é um todo, um mundo a sós” F. Pessoa.
LEI DA NACIONALIDADE - - A Nacionalidade é um vínculo de carácter jurídico o que
significa que é a Lei que define quais os Nacionais do Estado, e orienta-se
fundamentalmente por dois critérios básicos: aquisição originária da nacionalidade que é
aquela que se adquire no momento do nascimento. Se é o direito que estabelece esse
vínculo, é o estado que vai, naturalmente, estabelecer critérios para definir quem é
Nacional: Ius soli – “Local de nascimento - território”("direito do solo") estabelece como
critério originário de atribuição de nacionalidade o território onde nasceu o indivíduo.
Segundo esta regra, não importa a nacionalidade dos pais, apenas o local do nascimento do
sujeito. É a regra mais favorecida pelos países de imigração (como os das Américas e mais
recentemente regra adoptada por Portugal), que buscam acolher a família do imigrante e
assimilá-la à sociedade local. Ius sanguinis –("direito de sangue") É nacional de um Estado
o filho(a) de um nacional daquele Estado; em outras palavras, trata-se da nacionalidade
por filiação. A maioria dos países que adoptam o ius sanguinis como regra de atribuição de
nacionalidade que estipula que esta é transmitida tanto pelo pai quanto pela mãe. Países
como a Alemanha, e outros Europeus mais conservadores preocupados com a imigração
restringem este critério.
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Pode-se falar em e em aquisição derivada da nacionalidade que será adquirida por factor
posterior ao nascimento ((adopção, reconhecimento de filiação, casamento e por factores
não familiares (naturalização, mudança de Estado, sucessão de Estado)).
• Aquisição originária da nacionalidade - 1º Critério) São cidadãos nacionais aqueles que
reúnam o critério do ius sanguinis + ius solis. Também são nacionais, aqueles que
nasceram em território estrangeiro mas que estão ao serviço de Portugal. 2° Critério) São
cidadãos nacionais aqueles que são filhos de portugueses que (vivem no estrangeiro, desde
que registados pelos pais no registo.
3° Critério) Aqueles que são filhos de estrangeiros mas que nasceram em Portugal só serão
cidadãos nacionais se os pais residirem em Portugal há mais de 10 anos. No caso de os
pais serem de um país de língua portuguesa, o requisito dos 10 anos baixa para 6 anos. 4°
Critério) Aquelas pessoas que não tendo qualquer outra nacionalidade e nasceram em
Portugal, o Estado Português concede-lhes a nacionalidade portuguesa.
Representação Política
Uma democracia representativa é aquela em que há uma representação política.
Existem vários mecanismos de escolha de representantes.
* A eleição
* 0 Sorteio – (a sua democraticidade estará na igualdade que realiza) raramente utilizado
pelo facto deste não medir a preferência dos cidadãos nem reconhecer a capacidade dos
candidatos
* Cooptação - os titulares dos poderes escolhem os próprios titulares do Poder.
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* Hereditariedade dinástica – podem ser compatíveis com a democracia, porque os
poderes são essencialmente simbólicos e com moderação. Os representantes do povo têm
um mandato revogável; é um mandato limitado (eleições periódicas) o que garante que
exerçam de acordo com a vontade do eleitorado. A forma da democracia semi-directa é o
referendo. Reduz-se ao sim/não, reduz as alternativas da escolha sendo frequentemente
discutida a sua democraticidade.
Para que o referendo possa ser considerado como forma democrática é necessário que não
seja um órgão a convocá-lo, que se trate de decisões de matéria de consciência e que sejam
grandes reformas.
Vídeo Democracia/Democracia Mediática
Grande parte da participação política é feita pelos órgãos de Comunicação social; Todas as
decisões políticas são tomadas sob pressão dos media; Isto fez com que os Partidos e os
sindicatos perdessem algum poder. Sartori dizia que "deixamos de viver numa sociedade
onde existe o homo Sapiens para existir o homo videns (Homem que vê televisão)
Sondagens – Democracia de opinião
Muitas decisões dos partidos são influenciadas pelas sondagens. A popularidade dos
políticos é muito importante e os partidos tomam muitas vezes decisões em função das
audiências. As sondagens não transmitem aquilo que as pessoas pensam mas o que os
mass média as levam a pensar
Passagem da Democracia liberal Típica para a Democracia dos Partidos
A representação popular e o sufrágio (Soberania Nacional)
No século XIX, havia restrições ao sufrágio censitário em razões de ordem socio-política:
em função do sexo, em função da idade, em função da raça, por indignidade e relativas aos
militares.
Exemplo disto revela-se: O Sufrágio restrito: o direito de voto era reconhecido só a certas
categorias de cidadãos; era o sufrágio censitário pois o direito de voto condicionava-se à
posse de uma certa fortuna, expressa no nível de contribuição directa paga, ou seja só
votava quem tinha dinheiro.
- 0 Sufrágio capacitário: o direito de voto era reservado a quem possuísse certo nível de
instrução, ou seja, só votava quem sabia ler e escrever ou tivesse dinheiro. Era raro, dado a
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capacidade económica praticamente inexistente. Tal servia para que a burguesia
conservasse o Poder político → vão-se escolher os melhores para traçarem as metas →
Doutrina da Soberania Nacional (é da Nação e não do povo a obrigação). Nota: Votar era
uma função e não um direito - eleitorado função
- Mandato representativo: o deputado, sempre que é eleito, está a representar toda a nação.
Por isso, tem plena e total liberdade de voto e consciência. No fundo, cada deputado era
independente e racional.
- Avanço para um sistema político em que o órgão que comanda a vida política é o
Parlamento - século XIX. Os partidos só já nasceram no Parlamento. O direito de sufrágio
foi, progressivamente, alargado, até chegar ao conceito de "um Homem, um voto". SÉC
XX - Deste modo, desapareceram alguns limites ao voto: em função do sexo, em função
da idade, em função da raça.
É agora sufrágio universal (soberania popular ou fraccionária): é o dto de voto para todos
os cidadãos juridicamente capazes. A consagração do sufrágio universal representa o
culminar de 1 longo processo evolutivo. A consagração do sufrágio universal será o
reencontro dos ppios lógicos da democracia; vai constituir 1 entendimento da "Soberania
do Povo”: a todos e cada 1 dos cidadãos (cada cidadão dispõe de 1 parcela da Soberania).
O voto não é 1 simples função mas passa a ser 1 dto - eleitorado de direito. Os deputados
não representam necessariamente a nação, mas aquelas pessoas que efectivamente os
elegeram. Por isso, o mandato toma-se imperativo: o deputado tem de cumprir as suas
funções e as directrizes do partido: Embora teoricamente não haja um mandato imperativo,
na prática existe, organizado pelos partidos que os deputados representam.
Democracia dos Partidos
Nas modernas democracias, o papel fundamental nas eleições é dos partidos.
• Partidos do Quadro - são aqueles que não têm muitos militantes; são constituídos por
pessoas notáveis. Ex: partido trabalhista; Partidos Conservadores (mais à direita); Partidos
liberais (mais progressistas). Estes Partidos deram origem aos Partidos na América.
(Nascem no final do séc. XIX, princípios do séc. XX. Começaram a defender que, antes
das eleições, tem de haver uma votação dentro do próprio partido - votação primária, onde
só votam os militantes.
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• Partidos de massas - têm uma organização muito forte, devidamente estruturada sempre
com muitos militantes.
Partidos Socialistas: (1ºs a aparecer): a militância servia par obter
fundos. Lógica da formação. Integração social (Catch all Parties)
Partidos comunistas: organização impecável baseada em células, composta
por poucas pessoas, nos locais de trabalho: centralismo democrático (pirâmide
hierárquica muito rigorosa). (Catch all Parties)
Partidos Fascistas: assentavam na força física; os militantes
• Partidos de eleitores - são aqueles que têm muitos militantes, cujo o fundamento é o
arregimentar eleitores (pelo que utilizam discursos mediáticos, atractivos e abstractos) e o
inter-classicismo.
• Partidos de Protesto - como por exemplo o PP (causa Ultramar; aumento das reformas,
... ) e o Bloco de Esquerda (aumento dos impostos sob as empresas; legalização das drogas
leves; direitos dos homossexuais).
Funções dos Partidos
1°) Enquadramento dos eleitores:
- Ideológico (posicionamento ideológico dos eleitores) - Os partidos políticos
desenvolvem a consciência política dos cidadãos, permitindo que estes percebam mais
claramente as opções políticas e seleccionarem os candidatos que vão participar nas
eleições. Sem partidos, os eleitores não poderiam conhecer as orientações dos diferentes
candidatos e votariam nos notáveis tradicionais (pessoas mais suas conhecidas), princípio
este defendido pelos partidos de esquerda que se opunham veementemente a este tipo de
escolha, a escolha das elites tradicionais sociais.
- Selecção dos candidatos → Métodos:
(primárias) ___________ * votação por todos os militantes - disciplina de voto
(directas) ___________ * nomeação pelo Director Partidário
* eleitores descubram o quadro de preferências
Os partidos escolhem os candidatos a propor aos eleitores, mas qualquer pessoa se pode
autopropor a uma eleição (dentro de certos requisitos), sem o apoio de um partido. A
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maior parte dos candidatos eleitos são apresentados por partidos políticos utilizando vários
processos segundo a sua própria estrutura.
2°) Enquadramento dos eleitos:
- Sociológico (procuram impulsos para a sua actuação no meio da sociedade) e Ligação
parlamentar.
Relação que se estabelece entre a Direcção Partidária e o Grupo Parlamentar:
• Partidos de Quadro: a relevância/predominância é o grupo parlamentar.
• Partidos de Massas: quem domina é a direcção - direcção introvertida.
• Partidos de Eleitores: quem manda na Direcção Partidária são os deputados, embora não
chegue ao extremismo dos Partidos de Quadros; é virado para os eleitores - direcção
extrovertida
Catch all Parties – são partidos populares, interclassistas, adaptados às exigências
funcionais dos tempos modernos, da Mediocracia. Consideram-se partidos Nacionais
dispondo de um “programa de agregação”, com direcção extrovertida que promove os
eleitos que tendem a ganhar primazia sobre os eleitores em detrimento da própria
burocracia partidária
Onde há disciplina de voto, há um partido rígido (rigorosa disciplina partidária). Onde não
há disciplina de voto, fala-se em partidos flexíveis, onde um deputado pode votar no
Parlamento de forma autónoma, mesmo que isso implique votar de forma contrária ao seu
partido. Ex: Daniel Campelo em Ponte de Lima
O sistema português caracteriza-se:
* representação eleitoral,
* não há maiorias absolutas mono partidárias (dentro de um só partido).
Contudo, isto nem sempre se verifica, como por exemplo com o Prof. Doutor Cavaco
Silva, dado o seu carisma e a introdução por ele do conceito "estabilidade".
Estado no tocante aos seus fins
Os Estados de acordo a relação Estado/Sociedade:
• Estado Absoluto/Totalitário
• Estado Liberal
• Estado Social de Direito
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• Estado Pós-Social
1º) - Século XVII/XVIII - Estado Absoluto - Tem a sua realização perfeita no Estado-de-
Polícia: intervenção do Estado na vida dos cidadãos. Com o decorrer do tempo, foi-se
verificando uma centralização do poder do Rei, até que concentrou em si a totalidade dos
poderes – absolutismo. Ex: D. João V; Marquês de Pombal. O Estado-de-Polícia é aquele,
em que o Soberano, deve promover a nação em termos técnicos, culturais, económicos,
políticos, etc., para manter a nação no Mundo das nações civilizadas, na vanguarda. No
Estado-de-Po1ícia está implícita a ideia de que o Príncipe/Rei (o Soberano) é a pessoa
mais independente (não depende de ninguém; só depende de Deus) e mais esclarecida a
mais iluminada, que está em condições de reunir todos os sábios e decidir com
conhecimento de causa e sabedoria. O Rei está, assim, em condições de decidir o que é
melhor para todos! Como dizia Otto Mayer "o soberano iluminado conseguia fazer tudo
sozinho". Isto implica que o Rei queira fazer do seu Estado um Estado de admiração dos
outros, um Estado progressista, avançado, imponente. O Príncipe tinha de velar pelo
programa do Estado, mas também pela felicidade do Estado. Trata-se da construção, de
um Estado não como realidade jurídica, mas como um conjunto de meios à disposição da
Comunidade. Este tipo de Estado vai nivelar a sociedade: a sociedade feudal vai
desaparecer e surge a sociedade com duas categorias: o Príncipe e os súbditos (não têm
direitos individuais). Ao fazer esta divisão (dualismo), vai criar um sentimento de
humildade. Ao contrário do que muitas vezes se pensa, o absolutismo fez surgir o conceito
de igualdade. O Estado modela, interfere e regula a sociedade!
2°) Estado liberal - (Estado negativo) - corresponde ao séc. XIX e ao Estado não
intervencionista, e abstencionista do “laissez faire, laissez passer”. Surge, no pós
revoluções liberais.
► Estado Autoritário - Caracteriza-se por não ter uma ideologia forte, ou pelo menos não
tão forte como os Estados Totalitários. São Estados que dão uma certa liberdade à
sociedade civil, nomeadamente para as relações económicas se afirmarem. É um Estado
autocrático, onde existe uma centralização de poderes num único detentor; o detentor do
poder vai exercer o poder em nome próprio - autocracia. É um Estado não-democrático.
Características do Estado Autoritário:
• Não submissão a mecanismos regulares de eleição - não há formas de controle de acção
dos governantes por parte dos governados; não há eleições regulares, podendo haver
eleições formais, sem uma verdadeira escolha por parte dos cidadãos. A função das
eleições é, neste contexto, a de dar uma ideia de democratização, tendo um carácter
plebiscitário. Veja-se o exemplo da Constituição de 1933, que foi sujeita a um plebiscito,
mas onde as pessoas apenas podiam dizer se a aceitavam ou não, e nunca alterar as suas
disposições.
• Não tem uma forte ideologia do Estado. Contudo, não admitem a repressão
revolucionária, mas permite-se uma certa autonomia privada em termos religiosos
económicos, etc. Não há, deste modo, uma absorção completa do Estado, mantendo-se
uma esfera jurídica privada.
Existe uma ideia de pluralismo social. A religião é o limite, que não permite a situação de
totalitarismo como aconteceu em Portugal. A Constituição de 1933 consagrou direitos,
liberdades e garantias, direitos fundamentais e direitos sociais, mas previa que o exercício
destas liberdades devem ser regulamentadas ou limitadas pela lei. Tal como em Portugal,
este tipo de Estado surge muitas vezes como tentativa de resposta a períodos de
instabilidade, actuando como formas de reorganização política e económica. São também,
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muitas vezes, sistemas transitórios (ex.: Napoleão III). É um facto que se pode passar deste
tipo de Estado para um estado democrático como aconteceu em Espanha.
• Não existe um partido único - pode haver vários partidos políticos, ou seja um
multipartidarismo, embora restringidos pelo Estado (Ex: Brasil). O caso português era o de
um Estado representativo sem partidos, pelo que existiram estruturas intermédias que
intervinham na feitura das leis e na formação da vontade política. Havia uma
representação orgânica, sendo a União Nacional, apesar de não ser um partido político,
uma organização com ideias políticas.
Não havia, pois, nenhuma lei que vedasse os partidos políticos, mas era exigida à
formação de qualquer associação política uma prévia autorização, que muitas vezes não
era dada.
O autoritarismo não é uma categoria estanque, pelo que há imensa variedade:
* Autocracias tradicionais - vigora o poder tradicional, o poder de origem divina
incontestável. Esta autocracia é típica dos povos islâmicos, onde o Soberano detém todos
os poderes. Ex: Arábia Saudita
* Ditaduras militares - é um despotismo aceite, sendo o poder exercido directamente pelos
militares. Assumem normalmente a forma de um Presidencialismo autoritário, pelo que as
funções de executivo, Chefe de Estado e Chefe Militar concentram-se numa só pessoa.
* Democracias vigiadas - existe um poder militar forte e compatível com um
multipartidarismo e com algumas liberdades públicas É o caso do Brasil.
* Ditaduras carismáticas, baseadas na autoridade pessoal - Partem de uma situação de
ditadura militar, evoluindo para sistemas feitos à medida de um líder carismático,
tornando-se de difícil classificação. É o caso de Portugal, uma vez que a Constituição de
1933 defendia ideias de liberdade e ideais salazaristas à mistura. Em Maio de 1926, a
Ditadura Militar pôs fim ao caos que era a 1ª República. A Constituição de 1993 baseou-se
numa ideia de criação de um Estado forte - era o início do Regime do estado Novo.
Inspirou-se no fascismo e no nazismo; todavia há uma recusa clara destes regimes
enquanto regimes totalitários. O Sa1azarismo seguiu uma via criativa e original
Tinha como características: poder executivo forte e independente do poder legislativo;
poder legislativo limitado à criação de bases gerais dos regimes jurídicos; o Chefe de
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Disciplina: Ciência Política
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Estado era uma figura meramente representativa, que era eleita por períodos longos;
aparentemente, era o Chefe de Estado o órgão mais poderoso, dado que tinha o poder
sobre o Governo e também sobre a Assembleia Nacional, podendo dissolvê-la; contudo, na
prática, os poderes estavam concentrados no Governo, que a partir de 1945 passa a ter
capacidade para legislar quase em situação de paridade com a assembleia Nacional; o
chefe de Estado é uma figura meramente representativa; opressão mitigada, visto que
havia fortes restrições à liberdade de expressão, assim como era anti-parlamentar e proibia
os partidos políticos.
Apesar de não haver 1 oposição à ideologia politica dominante, havia 1 certo
pluralismo social, alguma liberdade económica, bem como limites ao respeito da moral
religião e alguns aspectos jurídicos. A Constituição de 1933 previu formas de intervenção
do Estado ao nível económico, consagrando directrizes económicas, reconhecendo no
entanto 1 certa liberdade de iniciativa privada. Aqui se encontra o pluralismo ao nível
económico.
Trata-se de um regime nacionalista, cujo lema era "Deus, Pátria e Família".
Mas o balanço é negativo!
Estado Autoritário Estado Totalitário
- há uma certa autonomia privada - não há autonomia privada
- o regime subtrai-se ao controlo político - abolição da liberdade e direitos
- não há abolição total à liberdade - fundamentais
- anti-democracia
PRINCÍPIO DA SEPARAÇÃO DOS PODERES - Desde logo este é o princípio
fundamental para se compreender as Democracias. Teve origem em Montesquieu, que
defendia que os poderes de Estado nas suas diferentes funções deveriam ser distribuídos
por vários complexos orgânicos distintos e separados entre si e assim evitar o despotismo.
Classicamente considerava-se a existência de três funções: Legislativa – Produção de
normas gerais e abstractas que regulem o comportamento dos cidadãos (lei); o poder
legislativo, convocado pelo executivo, deveria ser separado em duas câmaras: câmara dos
comuns, composto pelos representantes do povo, e a câmara dos Aristocratas, formado por
Lordes, nobres, que detinham o poder executivo o e com a faculdade de impedir (vetar) as
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Disciplina: Ciência Política
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decisões da câmara comuns. Essas duas câmaras teriam assembleias e deliberações
separadas, assim como interesses e opiniões independentes. Reflectindo sobre o abuso do
poder real, Montesquieu conclui que "só o poder trava o poder", daí a necessidade de cada
poder manter-se autónomo e constituído por pessoas e grupos diferentes lei só era lei se
tivesse a aprovação das três classes e sancionada pelo próprio Rei. Cada classe social tinha
uma função específica no poder político e cada classe julgava-se a si mesma, para evitar
tensões sociais (separação com interacção das três classes).
Os Nobres eram julgados segundo a equidade pela câmara dos Nobres, o povoléu
(povo) era julgado pelos Tribunais populares. Isto porque só o poder judicial era
completamente separado dos outros poderes.
O Rei era afastado e havia dois tipos de poder judicial: Poder judicial (poder
independente) – O rei não pode julgar ninguém nem ser julgado, Tribunais – eram órgãos
temporários, eram eleitos pelo povo periodicamente e eram obrigatoriamente compostos
pelo povo. Nas causas criminais o próprio acusado poderia recusar o juiz alegando
parcialidade.
Administrativa ou Executiva – (próximo de Locke), prossecução de diferentes
finalidades/interesses públicos em execução das leis; O Executivo seria exercido por um
rei, com direito de veto sobre as decisões do parlamento. Judicial – Decisão/resolução dos
conflitos ou relações jurídicas litigiosas, poder executar as coisas entre as pessoas.
Actualmente poderemos juntar a estes uma nova função, um novo poder, que corresponde
tendencialmente a um quarto poder que é a função política ou governamental que tem
como matéria a “actividade directiva suprema do Estado”, (actos políticos ou de governo).
Ex: Nomeação de 1º Ministro, declarar o Estado de Emergência, veto presidencial,
referendos, etc.
O conceito “Separação dos Poderes” pode ter vários sentidos:
a) Material – o que está em causa é saber qual o conteúdo, as características de cada
função.
b) Formal – cada função usa uma forma típica para actuar. - Função legislativa – criação
de leis, decretos-lei e decretos regionais - Função Judicial – actua em função das sentenças
e acórdãos
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- Função executiva – actos administrativos, Regulamentos e contratos; c) Organizatório –
as diferentes funções vão surgir concretizadas e concentradas em vários órgãos. Ex:
Função legislativa – Parlamento; Função Judicial – Tribunais; Função Administrativa –
Governo
Desta questão organizatória fazem ainda parte as Autarquias, Institutos Públicos (ligados à
função administrativa), Chefe de Estado (Ligado às funções legislativas), tornando esta
questão bastante complexa; d) Político – repartição do poder dentro do próprio Estado
entregando cada parte a uma determinada classe (ideia de constituição mista).
A Separação de Poderes que aqui é referida é a que corresponde ao significado mais
estrito e mais frequente deste Princípio, tratando-se portanto da separação ou divisão
horizontal dos poderes, mas para além deste o mesmo princípio comporta ainda a divisão
vertical encontrada nos estados Federais ou através da descentralização política ou
administrativa, ou ainda da separação realizada mediante o reconhecimento de um
pluralismo social independente do Estado. A formulação clássica deste princípio deve-se a
Locke (Two Treatises of government) e Montesqieu (De l’Esprit des Lois), mantendo-se
nos dias de hoje, procurando estabelecer uma limitação ao próprio poder, ou seja,
conseguir equilíbrio entre poderes assim garantindo garantia de liberdade aos cidadãos.
Montesqieu – Queria um equilíbrio de poderes – A separação de poderes não é rígida (há
interacção entre as classes sociais), nem puramente organizatória (há uma separação em
sentido social). Defendia existirem dois poderes. O rei tinha o poder executivo; as duas
Câmaras (Povo (comuns) e Aristocracia) detinham o poder legislativo.
John Locke (Séc. XVII), foi um filósofo do predecessor Iluminismo, tinha como noção de
governo o consentimento dos governados diante da autoridade constituída, e, o respeito ao
direito natural do homem, de vida, liberdade e propriedade. Influencia, portanto, nas
modernas revoluções liberais: Revolução Inglesa, Revolução Americana e na fase inicial
da Revolução Francesa, oferecendo-lhes uma justificação da revolução e a forma de um
novo governo. Em ciência política, costuma ser enquadrado na escola do direito natural ou
jus naturalismo que apresentou uma proposta para a separação de Poderes:
Povo: (lado democrático) → Poder legislativo (parlamento), Poder supremo de uma
República (Comonwealth)
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Rei:
- Poder executivo/judicial - (tribunais)
- Poder federativo - (poder do estado se relacionar com o exterior. Corresponde ao que
hoje é o relacionamento Internacional (política externa e de defesa)
- Poder prorrogativo – (prerrogativa real) – o poder está ali apenas para cobrir lacunas; o
Rei tem margem de manobra para resolver problemas de lacunas existentes na lei)
Para além das várias ordens judiciais, existem os Tribunais Constitucionais (os
juízes do Tribunal Constitucional são 13, 10 eleitos pela A.R. e os 3 restantes pelos 10 já
nomeados sendo eleitos por 9 anos e não pode ser reconduzidos) permanentemente no seio
de grandes polémicas devido a questões como a da recente Constituição Europeia e a
questão da legitimidade do princípio Constitucional vs Princípio Maioritário/Princípio do
Estado de Direito. Os Tribunais Constitucionais necessitam de uma legitimidade
reforçada, visto terem o poder de legislação negativa (desfazer as leis inconstitucionais). O
Direito Constitucional é Direito Público.
DIREITOS FUNDAMENTAIS
São os direitos que integram o “estatuto jurídico-material básico do homem e do cidadão”
como exigência da dignidade da pessoa humana. São portanto direitos básicos do homem
enquanto pessoa. Não se trata portanto de direitos concedidos ou outorgados pelo estado
mas sim de direitos anteriores ao próprio estado e limitando estas a sua soberania
definindo deste modo um “estatuto indisponível”, que o Estado e cada um tem de
respeitar. Elencam basicamente os direitos de liberdade (Direito à vida, liberdade de
expressão, liberdade física, etc.), direitos de igualdade (princípio geral da igualdade,
direito de voto, igualdade dos cônjuges), e direitos de prestação do Estado nomeadamente
prestações sociais (direito à saúde, direito ao ensino). Alguns desses direitos constam de
um catálogo constitucional denominado de declarações de direitos constituindo marcos
históricos do maior significado no reconhecimento e consagração dos direitos
fundamentais.
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Aquela que é considerada a 1ª declaração dos Direitos Fundamentais “Magna Carta
é 1 documento inglês de 1215 que limitou o poder dos monarcas da Inglaterra,
especialmente o do Rei João, que o assinou, impedindo assim o exercício do poder
absoluto.
Resultou de desentendimentos entre João, o Papa e os barões ingleses acerca das
prerrogativas do soberano. Segundo os termos da Magna Carta, João deveria renunciar a
certos direitos e respeitar determinados procedimentos legais, bem como reconhecer que a
vontade do rei estaria sujeita à lei. Considera-se a Magna Carta o primeiro capítulo de um
longo processo histórico que levaria ao surgimento do constitucionalismo.
A Bula Áurea (1225) é também muito importante na evolução dos Direitos e é
muitas vezes esquecida.
1628 - A Petição de Direitos (Petition of Rights) foi um documento dirigido ao monarca
em que os membros do Parlamento inglês da época pediram o reconhecimento de diversos
direitos e liberdades para os súbditos de sua majestade. A petição constituiu um meio de
transacção entre o Parlamento e o rei, e, na verdade, a petição pedia a observância de
direitos e liberdades já reconhecidos na própria Magna Carta, mas que não eram
respeitados pelo poder monárquico, que só aos poucos, com o crescimento e afirmação das
instituições parlamentares e judiciais, foi cedendo às imposições democráticas.
1689 – Bill of rights - Assinado por Guilherme de Orange após a revolução gloriosa na
Inglaterra, ele intitula-se rei como Guilherme III apoiado pelo parlamento e pelo exército.
Declaração de direitos que determina, entre outras coisas, a liberdade, a vida e a
propriedade privada, assegurando o poder da burguesia na Inglaterra.
Estas cartas tiveram papel fundamental na história dos Direitos, mas não há dúvida
que foi inspirada na Revolução Americana (1776) e nas ideias filosóficas do Iluminismo, a
Assembleia Nacional Constituinte da França revolucionária aprovou em 26 de Agosto de
1789 e votou definitivamente a 2 de Outubro a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão, sintetizando em dezassete artigos e um preâmbulo os ideais libertários e liberais
da primeira fase da Revolução Francesa.
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Pela primeira vez são proclamadas as liberdades e os direitos fundamentais do Homem (ou
do homem moderno, o homem segundo a burguesia) de forma ecuménica, visando abarcar
toda a humanidade.
Nota: Os Direitos não estão contemplados na Constituição Francesa porque se considera
que esses Direitos Fundamentais estão acima da própria Constituição.
Mudança da Ideologia dos Direitos fundamentais:
- Democratizações dos Direitos fundamentais – Os Direitos Fundamentais deixam de ser
vistos como meros direitos individuais (sociedade de grupos)
- Objectivisação dos Direitos Fundamentais – concepção objectiva dos direitos; os direitos
passam a ser protegidos, porque socialmente se revelam como instituições positivas; são
de facto verdadeiras garantias institucionais.
- Socialização dos Direitos Fundamentais – aparecimento dos direitos sociais, como o
direito à saúde, à habitação, ao emprego, assim como o direito à greve e à liberdade
sindical. O indivíduo não só pode exigir ao Estado a abstenção, mas também exigir
prestações positivas na esfera social.
- Nova reformulação do Princípio da Igualdade – há uma protecção acrescida por parte do
Estado aos mais desfavorecidos
Distribuição territorial do Poder do Estado – Formas de organização Política
Nos finais da idade média, a centralização e territorialização do poder vai fazer com que o
desenvolvimento político possa ser analisado como um processo de inter-acção entre a
penetração do centro numa certa sociedade e a resposta da periferia (que consiste na
formação de reivindicações de forma política). A organização do Estado muito vai
depender da capacidade de afirmação do centro e da periferia; daí que esta interacção
centro/periferia nos remeta para o problema da distribuição territorial do Estado.
Hoje a equação centro/periferia já não é um simples problema interno de cada Estado. O
problema coloca-se no plano da comunidade Internacional. O Estado é ameaçado de
dentro pela atomização do poder e ameaçado de fora pela sua crescente centralização.
No que concerne ao critério de distribuição territorial do poder do Estado, há três tipos
principais:
Estado Unitário/Estado Federado/Estado Regional
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Estado Unitário – É um Estado que tem um único pólo de governo, uma só Constituição e
um poder centralizado que se estende a todo o território. É como o Estado Português pode
ser Parcial (encontram-se regiões politicamente autónomas e regiões com descentralização
administrativa com condições jurídico políticas diferentes de região para região) e
Homogéneo, i.é, com uniformidade ou igualdade no essencial da organização das regiões.
O Estado caracteriza-se pela intervenção em vários sectores da sociedade e pelo
facto de proteger os cidadãos, inclusive dos próprios, havendo nesse sentido uma redução
do espaço de liberdade individual. É o chamado Estado pós-liberal
A administração Pública está organizada segundo o princípio hierárquico, que tem
três fundamentos: - Fundamento técnico – eficiência da acção; - Fundamento jurídico; -
Fundamento político – o Governo tem legitimidade Democrática, pelo que tem de haver
relações de hierarquia.
Neste contexto surgem quatro poderes (hierarquia Interna e Externa):
1º - Poder de direcção – é a faculdade de dar ordens (comandos individuais e
concretos) e instruções em matéria de serviço aos funcionários públicos. Não carece de
consagração legal expressa. Correspectivo é o dever de obediência.
2º - Poder de fiscalização (Inspecção) – É a faculdade de um superior fiscalizar
continuamente o comportamento dos subalternos, o funcionamento dos serviços bem
como o estrito cumprimentos das ordens emanadas superiormente.
3º - Poder disciplinar – Interage com o poder de Inspecção e é a faculdade de poder
observar processos jurídicos, processos legais e punir mediante a aplicação de sanções
previstas na lei.
4º - Poder de superintendência ou controlo hierárquico (só existe na hierarquia
Externa) – É o poder de revogar ou suspender os actos administrativos do subalterno:
1) Por iniciativa do superior hierárquico que vai avocar a resolução do caso.
2) Em consequência de um recurso hierárquico interposto perante o superior em que este
pode então confirmar ou rever o recurso. Toda a Administração Pública é confirmada por
esta hierarquia
Na hierarquia Interna o Ministro que se situa no vértice da cadeia hierárquica, através da
delegação de poderes (Desconcentração Derivada – art.º 35º e ss CPA), pode conceder a
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Disciplina: Ciência Política
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um subalterno uma sua competência, não alterando o vínculo hierárquico dado o
subalterno ter o dever de obediência, assim cumprindo as ordens e instruções (comandos
gerais e abstractos) do seu legítimo superior hierárquico, dadas em objecto de serviço e
sob forma legal.
DESCENTRALIZAÇÂO
- Política - Ex: os Açores e Madeira são dotados de estatuto político-administrativo
próprios
Administrativa
- O Estado é desconcentrado
- Descentralização horizontal – O Governo distribui as suas competências por diferentes
ministérios
- Desconcentração Vertical – O Governo distribui os poderes a órgãos de hierarquia
inferior. Ex: direcções regionais
Funcional - O Estado atribui competências especiais a uma entidade colectiva, que se
encontra ao seu serviço para atingir determinados fins. Ex: Universidades Públicas
Territorial - São as chamadas autarquias locais (freguesias, municípios, etc.), consagradas
na Constituição
Existem, neste tipo de Estado três tipos de Administração:
Administração Directa:
- São serviços do estado que se encontram espalhados por todo o Território
- Esta Administração vai estar desconcentrada
- Surge neste contexto, a noção de Princípio de Hierarquia = refere que os órgãos
superiores da administração têm poderes sobre os inferiores da Administração, que terão
de obedecer. É o chamado Poder de Direcção. Neste sentido, terá de haver um forte poder
de direcção, para dar origem a uma coerência às decisões das Direcções Gerais, por forma
a estarem de acordo com o poder superior.
Administração Indirecta:
- São os chamados Institutos Públicos
- Esta Administração exige a descentralização funcional, na medida em que são criadas
certas Instituições para que o estado consiga atingir determinados fins.
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Disciplina: Ciência Política
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Apontamentos: Sousa Gomes
Administração Autónoma:
- São as chamadas Autarquias Locais
- Esta Administração exige uma descentralização Territorial
Fala-se ainda, nas Relações de Tutela, que são as que se estabelecem entre o Estado e a
Administração Indirecta e entre o Estado e a Administração Autónoma.
O Estado dá um determinado sentido à actuação da Administração indirecta, tendo poder
de orientação, para que o Instituto Público prossiga interesses do estado. Não há
possibilidade do estado dar ordens concretas às pessoas colectivas; ele apenas tem a
faculdade de emitir orientações genéricas.
Estabelece-se aqui uma Tutela Intrínseca, na medida em que o Estado define o
conteúdo dos Institutos Públicos, o sentido da sua actuação, ou seja, o Estado actua por
dentro. Embora estas Entidades estejam separadas do Estado, desenvolvem actividades
relacionadas com os fins do Estado, pelo que se designa por Tutela Directiva ou Intrínseca
(Superintendência Tutelar).
Dado os Institutos Públicos desenvolverem actividades relacionadas com o Estado,
este tem de ter algum controlo sobre estes, daí que a Tutela seja apertada/Intrínseca.
Assim, o Estado pode não só apreciar a sua legalidade, como também pode questionar e
fiscalizar a sua conveniência de oportunidade (no tempo) – o Mérito.
O Estado como interventor em várias áreas da vida social, elabora um certo
planeamento de índole central, sendo esta entidade responsável pela repartição dos
recursos, no sentido de harmonizar o território português, para diminuir as desigualdades.
A Tutela Intrínseca é um mecanismo de controlo que está a meio do caminho do
Princípio hierárquico e da tutela Extrema ou Tutela propriamente dita.
O conjunto de institutos desta Tutela constitui a Administração Pública Indirecta do
estado.
A personalidade colectiva do Direito Público caracteriza-se:
- Autonomia Administrativa, ou seja, capacidade de praticar actos definitivos, que podem
ser automaticamente apreciados pelos tribunais
- Autonomia Financeira, ou seja, dispõe de recursos/receitas próprias (pelo que podem
distribuir por onde acharem necessário), pois cobram taxas pelos serviços que
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Disciplina: Ciência Política
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desempenham. Contudo, nem todas cobram taxas, visto que há algumas que vivem do
orçamento do estado.
- Têm poderes concretos que lhe são atribuídos para cumprir os objectivos para os quais
foi criada – competências. Por outro lado, o Estado, em relação a Administração
Autónoma, não define o seu ramo. É de notar que o único controlo do Estado sobre as
Autarquias é um controlo de mera legalidade e não um controlo político, dado que a
ideologia políticas das autarquias advém da colectividade.
Estabelece-se neste sentido, uma Tutela Extrínseca, na medida em que o Estado actua por
fora.
Tem como características:
- Tutela de mera legalidade – o Estado só pode controlar a legalidade e não o mérito dos
actos da administração Pública
- a Tutela não se presume – o Estado só pode exercer o controlo nos casos previstos pela
lei
- o estado não pode substituir o ente tutelado (não tem uma Tutela substituta).
Existem também relações de colaboração entre o estado e as autarquias locais, como por
exemplo através de incentivos fiscais, etc.
Nota: Democracia e Descentralização são dois conceitos intimamente relacionados, na
medida em que a descentralização vai permitir que as pessoas participem activamente para
a formação de uma vontade política e cívica que lhes vai afectar directamente. Com efeito,
a Descentralização garante a proximidade dos cidadãos em relação ao Estado.
Critérios e razões de identificação de famílias:
• Britânica - sistema de governo parlamentar, bipartidarismo, 1º Estado com
reconhecimento de liberdades públicas.
•Norte-americana – sistema de governo presidencialista, federalismo, mecanismo de
fiscalização da constitucionalidade.
• Francesa – ruptura com o Estado Absoluto, certidão de nascimento do Estado
Constitucional, Representativo e de Direito, marca o início do constitucionalismo
directo, berço do sistema de governo semi-presidencial, grande instabilidade ao longo da
linha cronológica.
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Disciplina: Ciência Política
Professor: Paulo Rangel
Apontamentos: Sousa Gomes
• Soviética (ex. soviética) – diferença fundamental de todos os outros modelos e famílias.
• Estado Federal.
É um Estado mais complexo, uma vez que reúne vários Estados. Assim, existem dois
poderes: o poder dos Estados Federados e o do Estado Federal.
Não é um Estado descentralizado (não chega a ter um centro), mas não centralizado (tem
duas sedes do Poder legislativo, duas sedes do Poder Executivo e duas sedes do Poder
Judicial). Existe, deste modo, uma repartição de poderes entre os poderes (federal e
central), em que ambos exercem soberania sobre determinados domínios. Tanto o poder
central como os poderes federais têm faculdades constituintes, ou seja, existem duas
ordens constitucionais: a Ordem: Constitucional Federal e a Ordem Constitucional de cada
Estado Federado.
São exemplo os EUA, a Confederação Helvética (que já não é considerada uma
Confederação), a RF A, o Canadá, a Argentina, a Áustria, a Austrália, a Bélgica, o Brasil,
a Rússia, a União Indiana.
A organização federal do Estado é compatível com diferentes sistemas de governo e com
diferentes modelos de intervenção. Ex: Há Estados Federais que são repúblicas (Suíça e
EUA).
Há Estados Federais que são monarquias (Bélgica).
É também compatível com diferentes graus de desenvolvimento.
Neste tipo de Estados, o Presidente não, depende do Parlamento nem o Parlamento
depende do Governo, sendo ambos independentes.
O Federalismo protege as identidades minoritárias, garante a autonomia e a identidade das
minorias que assim são representadas.
Interessa salientar o conceito de Federalismo como movimento político, ideológico, como
corrente partidária. Com efeito, este movimento inicia-se com a Revolução Americana de
1776, nomeadamente com o "The Federalist Papers", um conjunto de artigos sobre os
princípios da Constituição e onde se fazia a apologia do Federalismo. O Federalismo tem
sofrido uma evolução histórica do seu significado (ideologia).
Inicialmente, Federal era a pessoa a favor da descentralização/desagregação; hoje, Federal
é a pessoa que quer concentrar o poder. Ou seja, em si pode significar coisas opostas!
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Disciplina: Ciência Política
Professor: Paulo Rangel
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Características do Estado Federal:
• Autonomia constituinte, pelo que cada Estado membro da Federação tem uma
Constituição própria, assim como tem o poder de a elaborar e a alterar livremente. Isto não
implica que não haja limitações gerais ao poder constituinte. O facto de integrarem um
Estado Federal limita os diversos Estados Federados, em matéria de Revisão
Constitucional (ex: obrigação de preservar a democracia).
A título de exemplo, o caso americano, onde todos os Estados têm de ser republicanos.
É de realçar que, apesar da autonomia da cada Estado, verifica-se que as Constituições
desses Estados são todas muito semelhantes. São Estados que partem de uma história
comum; daí que essa identidade faça com que surjam semelhanças entre as Constituições.
Mas também não é menos verdade que, depois de estarem formados, os Estados têm
tendência a copiar as Constituições dos outros Estados. A este respeito, Lijphart falava em
"isomorfismo" (causado pela identidade e pelo efeito de imitação), ou seja, a mesma forma
de Constituição.
• Intervenção no processo de revisão da Constituição. Os Estados Federados são chamados
a participar na feitura das leis do Estado Federal, assim como para a revisão da
Constituição.
Ex: Na Suíça, o Parlamento tem de aprovar a revisão constitucional, tem de se fazer um
referendo e só depois é que é aprovada Estado a Estado Federado. Na Alemanha, as
alterações são aprovadas na Câmara Baixa por 2/3 e depois pela Câmara Alta igualmente
por 2/3. Na Áustria, o seu Federalismo é fraco, pouco frágil, na medida em que as
Revisões Constitucionais apenas cabem à Câmara Baixa. Nos EUA, as alterações da
Constituição traduzem-se nas Emendas, equivalentes a uma Revisão Constitucional, já se
tendo dado 30 ao longo de 200 anos. Esta revisão só se tomará vigente quando haja uma
aprovação por parte do Senado (que representa os Estados Federados) e por parte da
Câmara dos Representantes (que representa o povo federal).
• Bicamaralismo do Parlamento - É a forma de organização dos Parlamentos dos Estados
Federais; é o critério pelo qual o Parlamento está sempre separado pela Câmara Baixa
(representa o povo federal) e pela Câmara Alta (representa os Estados Federados).
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Assim, em Estados Federais, existe uma Câmara que representa o povo da Federação - a
Câmara Baixa - cujo número de representantes depende da demografia da economia e do
território do país em causa, funcionando como em Estados Unitários, onde existe um
órgão representativo do povo, de acordo com a importância demo gráfica e económica
deste povo. Por outro lado, a Câmara Alta representa os Estados Federados enquanto
"verdadeiros" Estados. Por princípio, a Câmara Alta obedece a uma lógica de paridade ou
igualdade: na grande maioria dos Estados Federados, os Estados Pequenos e os Estados
Grandes estão representados pelo mesmo número de deputados.
Mas há excepções, como é o caso da Alemanha, onde há sobre-representação dos Estados
mais pequenos - esta é também a regra que vale na União Europeia.
O Bicamaralismo, enquanto fenómeno político, remonta à Idade Média, onde existiam os
chamados Estados Gerais. Neste período, havia a Câmara dos Lordes, composta por
nobres, cuja importância máxima deu-se no século XVIII e XIX na Inglaterra, bem como a
Câmara dos Comuns composta por cidadãos normais. Inicialmente, a lógica do
Bicamaralismo é a repartição social dos poderes.
Por último, importa salientar que o fenómeno bicamaralista é comum mesmo em Estados
unitários, como é o caso da Itália, Espanha, assim como em Estados de grandes dimensões.
Quanto à sua composição, a Câmara Alta divide-se em Senado (resulta de um acto
eleitoral - os membros são eleitos ou pelo povo federal ou pelo Parlamento Federado) e em
Conselho (resulta de uma nomeação pelo executivo, do Governo Federado). Quanto aos
seus poderes, a Câmara Alta divide-se em Câmara Parlamentar propriamente dita (igual à
Câmara Baixa) e em Câmara de segunda leitura (só tem poder de veto suspensivo, pelo
que tem menos poderes do que a Câmara Baixa). O Estado normal dos Estados Federais é
a Câmara Alta propriamente dita. Ex: caso dos EUA
No caso da Alemanha, verifica-se uma Câmara Mista (Câmara de segunda leitura se as
matérias não dizem respeito aos Estados Federados; Câmara propriamente dita se as
matérias dizem respeito a questões dos Estados Federados).
Como se designam os membros da Câmara Alta?
Nos EUA, os Senadores são eleitos pelo povo federal, e não representam o Governo do
Estado mas sim o próprio Estado. Na Alemanha, os representantes do Bundesrat
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(Conselho de estado Federal) são nomeados pelo Governo do estado Federal. Há, neste
país, um carácter fortíssimo do Federalismo, na medida em que cada Estado Federado está
representado no Bundesrat.
Como se representam as competências entre Câmara Alta e Câmara Baixa?
Há países cujas competências são as mesmas, como é o caso dos EUA ou da Suíça tendo
poderes orçamentais idênticos, bem como o poder de veto, isto é, não passa nenhuma lei
que seja vetada por uma das Câmaras. Há, no entanto, uma ligeira primazia da Câmara
Alta. No caso alemão, só metade das leis estão sujeitas à aprovação de ambas as Câmaras,
enquanto que a outra metade passa por apenas uma Câmara. A Câmara Alta (Bundesrat)
detém a faculdade de veto suspensivo sobre uma lei da Câmara Baixa (Bundestag). No que
diz respeito às moções de censura, na Alemanha estas só poderão existir se tiverem um
carácter construtivo, isto é, se com ela estiverem previstos os novos Ministros o novo
governo. Em Portugal, pode haver moções de censura desde que se aliem todos os partidos
para derrubar o Governo, ainda que não se preveja o novo Governo. A moção de censura
construtiva reforça a estabilidade política governativa, que é um exemplo de realidade
constitucional.
• Princípio da especialidade das matérias federais.
Destina-se a estudar como se repartem, na sua generalidade, as matérias da Federação e
dos Estados Federados. As matérias que competem à Federação estão taxativamente
expressas na Constituição Federal (Negócios estrangeiros e Defesa Nacional; Liberdade de
comércio e transporte, por forma a garantir um Mercado Comum nas Federações; emissão
de moeda - estabelecimento de uma moeda única; definição do sistema de pesos e
medidas). Deste modo, a Federação só terá competência para praticar actos específicos da
própria Federação, expressamente previstos. Todas as matérias que não estejam
taxativamente definidas na Constituição Federal, como sendo da Federação, estarão a
cargo dos Estados Federados. Note-se que, no Canadá, o Princípio da especialidade é
previsto ao contrário.
Cada vez mais, verifica-se o alargamento da intervenção da Federação, assim como uma
interpretação cada vez mais alargada da Constituição - Teoria das Competências
implícitas. Defende que a Federação não possuirá apenas aquelas competências que
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estejam expressamente previstas na Constituição, mas também aquelas que sejam
tacitamente indispensáveis para a sua realização. São as chamadas competências
implícitas. Ex: Quando a Constituição Federal dá competência à Federação para criar
moeda está-lhe implicitamente a dar competência para criar um Banco emissor.
Nas Federações, existem leis federais e leis estaduais, pelo que muitas vezes surgem
conflitos de competência. A regra que tem sido utilizada é aquela que o Direito Federal
derroga o Direito dos Estados Federados; prevalece a norma federal. Nota: Confederações
Consiste num vínculo entre Estados que, actuando como Estados Federados, não perdem a
sua soberania, isto é, não perdem a sua personalidade jurídica internacional. São fundadas
não por 1 constituição mas por 1 tratado, que vem consagrar as suas relações externas.
Não existe, pois, o problema da dualidade da Ordem Jurídica. As decisões (actos políticos,
leis) são tomadas no Estado Confederado e depois transpostas para o Estado Federado,
pelo que, sem esta transposição não haveria 1 eficácia ou vigência. A fragilidade ténue do
vínculo confederativo fica demonstrado com a expressão, “Vamos formar 1 firme liga de
amizade", afastando-o da integração do vínculo federativo.
A verdade é que as confederações não têm 1 papel muito relevante na actualidade,
porque o vínculo confederal é instável. Quando se forma 1 confederação, tende a evoluir
para um de dois estádios:
- Ou rapidamente se desintegra e os países voltam a ser independentes (ex: Países
Árabes).
- Ou então evoluem rapidamente e formam uma federação.
Deste modo, concluiu-se que Federação e Confederação são diferentes: enquanto que a
Federação é uma associação de Direito Constitucional e é fundada por uma constituição, a
Confederação é uma associação de Direito Internacional e é fundada por um tratado e não
por uma constituição.
É importante salientar ainda que, nem sempre, o título que os Estados dão a si mesmo, é o
que realmente corresponde à realidade constitucional. Ex: A Áustria diz-se um Estado
federal mas está mais próxima do Estado Regional.
A Espanha diz-se um Estado Regional mas está mais próxima do Estado Federal
assimétrico.
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Professor: Paulo Rangel
Apontamentos: Sousa Gomes
• Estados Regionais
Só têm uma Ordem Constitucional (só uma ordem de Poder Constitucional). Só que nesta
ordem prevê-se duas ordens do Poder legislativo e administrativo, pelo que as regiões são
sempre político administrativo. Deste modo, considera-se um meio caminho entre o
Estado unitário e o Estado Federal. Não estamos perante um quadro federal porque não
tem duas câmaras, mas também não estamos perante um quadro unitário. O Estado
Regional implica a existência de regiões dotadas de autonomia política legislativa,
administrativa e tributária. Contudo, as regiões não têm faculdade ou autonomia
constituinte. A região é criada pela própria Constituição, que as prevê e que estabelece
ainda os órgãos dessa região (Assembleia Regional e Governo Regional). As regiões
elaboram o seu próprio estatuto que tem de ser aprovado pela Assembleia da República,
pelo que não é uma Constituição. Após a aprovação, passam a ser leis estatutárias
(adquirem um grau de consistência elevado). As regiões não têm representação específica
numa Câmara, assim como não têm tribunais próprios nem força de superação própria.
Apesar das suas dimensões, a Suiça é um Estado Federado, tendo cada “cantão” a
sua própria constituição, os seus próprios organismos governamentais e uma grande
independência. Note-se que a Suiça se auto-intitula de “confederação” e não de
“federação”, mas de facto constitui uma federação no sentido preciso do termo, isto é, um
Estado dividido em regiões amplamente autónomas mas que não constituem em si mesmas
Estados sob o ponto de vista internacional.
A Suiça é, por excelência, a terra da democracia semi-directa. No plano federal, é
obrigatório o recurso ao referendo para qualquer modificação da constituição. Existe
igualmente iniciativa popular na federação e nos cantões. Existe, por último, mas apenas
nos cantões, um direito de destituição popular dos eleitos, análogo ao “recall” americano,
mas mais amplo.
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O facto de ter um sistema de governo directorial significa que existe um Parlamento que
elege um Governo – o Directório. Uma vez eleito, o Governo não depende mais do
Parlamento. Não pode ser afastado, nem censurado, durante os 4 anos do seu mandato.
Logo, este sistema não é parlamentar porque não há responsabilidade do Governo. Sem
esta responsabilidade, o sistema já não é parlamentar. O sistema suíço tem o grande mérito
de assegurar uma estabilidade perfeita do executivo. Isto porque, para além de todas estas
características, os conselheiros federais são reeleitos indefinidamente (alguns permanecem
no poder mais de trinta anos), pelo que esta permanência lhes assegura uma autoridade
considerável sobre as assembleias, indispensável à estabilidade do executivo.
Sistema de governo de Israel: Semi-Parlamentar Israelita
É um sistema muito estranho. Passou a ser utilizado em 1996. É basicamente um sistema
de laboratório, ou seja muito retórico. Tem um sistema em que há eleições (dois votos –
um para Presidente e outro para o Parlamento).
Embora sejam ambos na mesma altura, o Primeiro-ministro e o Governo podem ser
dissolvidos pelo Parlamento; e o Primeiro-ministro pode dissolver o Parlamento. Contudo,
o Parlamento ao fazer cair o Primeiro-ministro cai também, e vice-versa. Isto faz com que
quem acabe por ir para Primeiro-ministro seja o que tem o discurso mais agressivo, em vez
de um Primeiro-ministro moderado.
Sistema Presidencial
Surge nos EUA, no século XVIII. Nos meados do século XVIII existiam 13 colónias,
produto de sucessivas fusões e redistribuições. Com mais ou menos autonomia, todas as
colónias possuíam instituições de governo próprio, com assembleias representativas e
algumas até dispondo de autênticas constituições (as duas colónias livres). Contudo, um
forte sentimento de lealdade à Coroa e múltiplos laços de dependência as uniam à
Inglaterra. A Mãe-Pátria, afastado do perigo holandês e conquistado à França o Canadá
(1760), decidiu pôr em prática uma série de reformas destinadas a obter a compensação
dos gastos que até aí havia largamente pesado sobre o tesouro metropolitano. Em 1774, os
colonos decidiram-se reunir, convocando o I congresso Continental. O Rei Jorge III teve
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necessidade de levar as tropas para repor a ordem nos colonos. A 4 de Julho de 1776 deu-
se origem a 13 novos Estados, livres e soberanos. Em 1781, coligam-se, naturalmente em
confederação. A inviabilidade do sistema revelou-se sobretudo quando, findas as
operações militares em 1782 a celebração de paz exigiu a consolidação da independência.
Em 1787 acabaram por se consolidar em federação (EUA).
- Quanto ao sistema do governo, adoptaram o sistema presidencial porque:
Tinham uma certa desconfiança dos sistemas parlamentares (quem oprimia os cidadão era
o Parlamento). Formalmente quem ainda tinha o poder executivo era o REI que tem a
legitimidade dinástica ou seja surge a ideia de substituir a legitimidade do Rei. Só se
verifica um sistema presidencial puro nos EUA. Na América do Sul existem os sistemas
presidências mas em rigor não são puros.
Características:
Não há uma distinção orgânica entre o Chefe de Estado e o Chefe de Governo (Governo)
O chefe de Estado é o Governo. Todo o poder de direcção politica cabe ao chefe de estado
(órgão unipessoal) – lógica do sistema presidencial.
O chefe de estado tem secretários que colaboram e ajudam mas não são responsáveis
(mesmo que tenham opinião contrária). A política executiva é unicamente de
responsabilidade do presidente. O presidente é eleito em princípio por eleição directa e
universal.
poderes - sociedade
- grupos sociais que se articulam com o Estado
- sistema federalista
O Sistema de Governo é o Presidencialista: não há Governo enquanto órgão autónomo,
mas apenas um conjunto de secretários que auxiliam o Chefe de Estado que é também
Chefe do executivo. Fala-se a propósito de um casamento sem divórcio já que não há
possibilidade do Congresso destituir o Presidente e vice-versa. As comissões de inquérito
de responsabilidade criminal são a única possibilidade de destituir o Presidente.
- expresso
- Veto
- de bolso / de gaveta (não é tomada nenhuma atitude)
- Chefe de Estado
- Presidencialismo - Parlamento 2 órgãos activos
Este sistema, conjugado com factores de ciência política e combinações partidárias, está a
um passo do sistema presidencialista, e na prática francesa não se verificou o sistema
semi-presidencial antes de 1986, apesar de este estar previsto na Constituição de 1958. É
que, pelas tais razões de ciência política, é desejável uma não coincidência entre as
maiorias que sustentam o Chefe de Estado e a Assembleia, para se verificar o verdadeiro
semi-presidencialismo. Aquilo que aconteceu até 1986 foi que houve uma coincidência de
maiorias.
Obs:
Então é assim;
A Cadeira é uma seca, mas o Professor Rangel é um espanto, daí, estes apontamentos são
fulcrais para tremendo combate que se avizinha, nomeadamente em Direito
Constitucional, Direito Público, Administrativo etc,…, portanto meus caros
correligionários…, toca a dar-lhe e não esqueçam os sublinhados.