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Conselho Nacional de Justiça

PEDIDO DE PROVIDÊNCIAS N.° 200910000049217


RELATOR : CONSELHEIRO JEFFERSON KRAVCHYCHYN
REQUERENTE : ASSOCIAÇÃO MATO-GROSSENSE DE MAGISTRADOS -
AMAM
REQUERIDO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MATO-
GROSSO
ASSUNTO : TJMT - RESOLUÇÃO 70/CNJ - PLANEJAMENTO E
GESTÃO ESTRATÉGICA - GATANTIA PARTICIPAÇÃO
ASSOCIAÇÕES DE CLASSE - MAGISTRADOS E
SERVIDORES - ADEQUAÇÃO COMISSÃO

DECISÃO LIMINAR

VISTOS,

Trata-se de Pedido de Providências, com requerimento de concessão de medida


liminar, apresentado pela Associação Mato-Grossense dos Magistrados – AMAM, em que pede
a intervenção deste Conselho Nacional de Justiça para que o Tribunal de Justiça do Estado do
Mato-Grosso cumpra a Resolução nº 70 do CNJ, que prevê o planejamento e a gestão estratégica
de forma democrática e efetiva.
Relata que, em virtude da Resolução mencionada, a requerente, por ofício,
indicou a integração da Juíza Gabriela Catarina Knaul de Albuquerque e Silva e do
Desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha à Comissão de Planejamento Estratégico.
Ressalta que o Tribunal requerido não respondeu ao oficio.
Adiante, alega que a associação ingressou com requerimento, solicitando
informações acerca da criação da comissão e, diante da necessidade de substituição da Juíza
Gabriela Catarina Knaul, a indicação da Juíza Viviane Brito Isernhagen para substituí-la. Noticia
que a associação não obteve resposta novamente. Aduz que os membros da associação
solicitaram providências para o cumprimento da Resolução nº 70 do CNJ, visto que a Comissão
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Regimental do Tribunal requerido funcionava sem a “participação democrática e efetiva” dos


membros indicados pela ora requerente. Assevera que os anseios da associação ora requerente
estão em consonância com a Resolução mencionada.
Requer, liminarmente, que o CNJ determine ao Presidente do Tribunal de
Justiça do Estado do Mato-Grosso que, se entender desnecessária a criação de Comissão de
Planejamento Estratégico, integre, à Comissão Regimental já existente, os membros indicados
pela Associação de Classe dos Magistrados, com participação obrigatória em todos os eventos,
por convocações prévias e reuniões registradas em atas. Além disso, pede que este Conselho
determine ao Presidente do Tribunal requerido o fornecimento de cópia de decisão da criação da
Comissão de Planejamento.
Em requerimento avulso, o Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do
Estado do Mato Grosso – SINJUSMAT afirma a sua legitimidade ativa para ingressar na causa e,
do mesmo modo que a Associação Mato-Grossense de Magistrados, alega a indicação de
membro para constituir a Comissão de Planejamento Estratégico do Tribunal requerido.
Acrescenta que este instituiu a Comissão Regimental e marcou uma série de audiências a serem
realizadas em curto prazo, sem possibilitar a participação dos representantes das entidades
associativas. Por fim, reitera o pedido da AMAM.
Por meio de nova manifestação, a Associação Mato-Grossense de Magistrados
noticia a decisão do Tribunal requerido, no sentido de acolhimento dos membros indicados para
a Comissão supracitada em 24 de agosto de 2009. Entretanto, prossegue, a comissão se
constituiu, se reuniu e deliberou sem a participação efetiva da associação, motivo pelo qual pede
novamente a convocação de seus membros para as reuniões e o registro em atas das decisões.
Em outra oportunidade, a requerente relata o recebimento de ofício do
Presidente da Comissão José Ferreira Leite, em 24 de setembro de 2009, em que o mesmo
informa que assegurará aos membros da requerente o conhecimento do que está sendo feito e não
a sua participação efetiva nas decisões nos termos da Resolução nº 70 do CNJ. Nesse viés, a
AMAM reitera o pedido inicial.
Na última manifestação, a associação alega que a Comissão do Tribunal
requerido está conduzindo os trabalhos sem a participação das entidades de classe. Afirma que,
em 28 de setembro de 2009, houve a realização de audiência pública, na qual tomou
conhecimento do regimento interno da comissão para a execução do planejamento estratégico,
elaborado unilateralmente. Pede, liminarmente, a integração dos membros indicados pela
Associação de Classe dos Magistrados à Comissão Permanente de Planejamento de Atividades
Programáticas do Poder e de Racionalização dos Serviços Judiciários.

Pedido de Providências n.° 200910000049217


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É o relatório.
Decido:
A Resolução nº 70 de 18 de março do corrente ano, estabelece em seu art. 2º, §
4º:
Art. 2º O Conselho Nacional de Justiça e os tribunais indicados nos incisos II
a VII do Art. 92 da Constituição Federal elaborarão os seus respectivos
planejamentos estratégicos, alinhados ao Plano Estratégico Nacional, com
abrangência mínima de 5 (cinco) anos, bem como os aprovarão nos seus
órgãos plenários ou especiais até 31 de dezembro de 2009.
[...]
§ 4º Os tribunais garantirão a participação efetiva de serventuários e de
magistrados de primeiro e segundo graus, indicados pelas respectivas
entidades de classe, na elaboração e na execução de suas propostas
orçamentárias e planejamentos estratégicos.

Ocorre que, compulsando as informações trazidas nos autos, verifico que a


participação dos magistrados designados pela requerente, bem como dos representantes dos
servidores, limitou-se à ciência posterior das deliberações relacionadas à Proposta Orçamentária
2010, o que notadamente descumpre a Resolução em voga.
Assim, não parece efetiva, como determina a Resolução citada alhures, a forma
de atuação e representação disponibilizada aos representantes dos magistrados e servidores.
Ademais, na Resolução mencionada traz-se rol de atributos de valores do
judiciário para a sociedade, dentre os quais se tem a transparência (art. 1º, III, “i”); a qual, sob a
minha ótica, não restou respeitada.
Portanto, neste juízo de cognição sumária, entendo que a impossibilidade de
participação efetiva dos serventuários designados poderá macular o Planejamento Orçamentário
e Estratégico da Corte requerida. Atente-se que tal impedimento pode também significar prejuízo
para toda a gama de servidores do Judiciário mato-grossense, logicamente interessados em
participar desse projeto.
Verifica-se ainda que a participação efetiva dos magistrados e serventuários
designados por suas entidades representativas não acarretará, sob qualquer enfoque, prejuízo à
parte adversa.
Assim, presentes os requisitos ensejadores da medida liminar, determino ao
TJMT que possibilite a atuação efetiva dos representantes da magistratura: Desembargador
Carlos Alberto Alves da Rocha e Juíza de Direito Viviane Brito Isernhagen; e dos representantes
dos servidores devidamente indicados, na elaboração e na execução de suas propostas
orçamentárias e planejamento estratégico, sob pena de descumprir-se a Resolução nº 70 deste
Conselho.
Pedido de Providências n.° 200910000049217
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Notifique-se o Tribunal requerido para que cumpra imediatamente a liminar,


com a convocação prévia dos participantes, respeitando a antecedência necessária,
disponibilizando, inclusive, a pauta a ser deliberada, o que deve ser comprovado nos autos.
Intimem-se as partes pela via disponível mais célere.
Depois de tomadas as providências acima determinadas, inclua-se o feito em
pauta para submissão desta decisão liminar ao referendo do Plenário deste Conselho, na sessão
subseqüente.

Brasília, 07 de outubro de 2009.

Conselheiro JEFFERSON KRAVCHYCHYN


Relator

Pedido de Providências n.° 200910000049217

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