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CICLO B
47. SERVIR
– A vida cristã consiste em imitar Cristo.
– Jesus nos ensina com a sua vida que não veio para ser servido, mas para servir. Imitá-lo.
A nossa santidade não consiste tanto numa imitação externa de Jesus, mas
em permitir que o nosso ser mais profundo se vá configurando com Cristo.
Despojai-vos do homem velho com todas as suas obras e revesti-vos do
homem novo...3, recomendava São Paulo aos Colossenses.
O Senhor é tudo para nós. “Esta árvore é para mim uma planta de salvação
eterna; dela me alimento, dela me sacio. Pelas suas raízes eu me enraízo, e
pelos seus ramos eu me estendo; a sua sombra alegra-me e o seu espírito,
como vento delicioso, fertiliza-me. À sua sombra levantei a minha tenda, e,
fugindo dos grandes calores, ali encontro um abrigo cheio de frescor. As suas
folhas são a minha defesa, os seus frutos a minha perfeita delícia, e eu
saboreio livremente os seus frutos, que me estavam reservados desde o
princípio. Ele é o meu alimento na fome, na sede a minha fonte e na nudez o
meu vestido, pois as suas folhas são espírito de vida. Quando temo a Deus,
Ele é a minha protecção; e quando vacilo, o meu apoio; quando combato, o
meu prémio; e quando triunfo, o meu troféu”6. Nada desejo fora d’Ele.
Em diversas ocasiões o Senhor proclamará que não veio para ser servido,
mas para servir: Non veni ministrari sed ministrare8. Toda a sua vida foi um
serviço contínuo e a sua doutrina é um apelo constante aos homens para que
se esqueçam de si próprios e se dêem aos outros. Percorreu os caminhos da
Palestina servindo a cada um – impondo as mãos a cada um9 – dos que
encontrava à sua passagem. Permaneceu para sempre na sua Igreja – e de
modo particular na Sagrada Eucaristia – para nos servir diariamente com a sua
companhia, com a sua humildade, com a sua graça. Na noite anterior à sua
Paixão e Morte, querendo ensinar algo de suma importância, e para que
ficasse sempre clara esta característica essencial do cristão, lavou os pés aos
seus discípulos, para que eles fizessem também o mesmo10.
O serviço deve ser alegre, como nos recomenda a Sagrada Escritura: Servi
o Senhor com alegria15, especialmente nos trabalhos da convivência diária que
possam ser mais difíceis ou ingratos e que costumam ser com frequência os
mais necessários. A vida compõe-se de uma série de serviços mútuos diários.
Procuremos exceder-nos nessas tarefas, mostrando-nos sempre alegres e
desejosos de ser úteis. Encontraremos muitas ocasiões de serviço no exercício
da profissão, na vida familiar..., com parentes, amigos, conhecidos, e também
com as pessoas que nunca mais voltaremos a ver. Quando somos generosos
na nossa entrega aos outros, sem indagar se a merecem ou não, sem ficar
muito preocupados se não nos agradecem..., compreendemos que “servir é
reinar”16.
Aprendamos de Nossa Senhora a ser úteis aos outros, a pensar nas suas
dificuldades, a facilitar-lhes a vida aqui na terra e o seu caminho para o Céu.
Ela nos dá exemplo: “No meio do júbilo da festa, em Caná, apenas Maria
repara na falta de vinho... Até aos menores detalhes de serviço chega a alma
se, como Ela, vive apaixonadamente pendente do próximo, por Deus”17.
Então encontramos facilmente Jesus, que vem ao nosso encontro e nos diz:
Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a
mim o fizestes18.
(1) 1 Pe 2, 21; (2) Fil 2, 5; (3) Col 3, 9; (4) Rom 8, 29; (5) Mt 3, 17; (6) Santo Hipólito, Homilia
de Páscoa; (7) Mc 10, 35-45; (8) Mt 20, 8; (9) Lc 4, 40; (10) cfr. Jo 13, 4 e segs.; (11) Paulo VI,
Carta Encíclica Populorum progressio, 26.03.67, 13; (12) Bem-aventurado Josemaría Escrivá,
Forja, n. 72; (13) cfr. Lc 19, 35; (14) Albino Luciani, Ilustríssimos senhores, pág. 59; (15) Sl 99,
2; (16) cfr. João Paulo II, Carta Encíclica Redemptor hominis, 4.03.79; (17) Bem-aventurado
Josemaría Escrivá, Sulco, n. 631; (18) Mt 25, 40.