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O Brasil ambiciona exportar software, assim como pretende exportar muitos outros
produtos. Mas a verdade é que a participação brasileira no comércio internacional é
insignificante – menos de 1%. Quando e como o país terá uma participação mais
expressiva no mercado mundial?
Pelo lado das negociações com a Europa e com os Estados Unidos, na Alca, vai ser
complicado. E quanto mais nós formos reconhecidos como um país competitivo na
agricultura e em algumas outras áreas, mas dificuldade teremos para conseguir concessões.
Temos que entender que vai ser deste jeito. As concessões feitas a um país que é
expressivo são mínimas. No plano interno, acho que é a questão de o Brasil ser mais
competitivo, especialmente na parte de tributos. Reduzir impostos seria a saída para que se
conseguisse alcançar um volume maior de produção, ter um preço mais competitivo e, com
isso, exportar mais. Vejo que, no Brasil, a capacidade produtiva de alguns setores da
indústria está estourada – tanto que o pessoal está começando a deixar de exportar para
atender ao mercado interno. É o momento de investir para ampliar a produção. Mas se você
quer fazer um investimento de, digamos, 1 bilhão de dólares, precisará investir quase R$
300 milhões somente em impostos. Então fica evidente que o grande obstáculo do
crescimento econômico e conseqüentemente das exportações é a falta de uma reforma
tributária.
Como assim?
Analisemos, por exemplo, a implantação de um ERP (NR: Enterprise Resources Planing,
software de gestão empresarial que faz com que os vários departamentos de uma empresa
“conversem” entre si). De nada adianta o cliente instalar um novo ERP se não treinar
devidamente os funcionários, se não motivá-los e se revisar os processos da companhia.
Porque se os meus processos estiverem errados e eu automatizá-los de qualquer jeito, a
única mudança é que vou aumentar a velocidade com que eu faço as coisas de forma
errada. Isso vale também para outros softwares, como o CRM (NR: Customer Relationship
Management, software para gerenciar o relacionamento com clientes). Nesses casos, o uso
do software serve para perpetuar os erros que existiam nos processos da empresa.
O líder empresarial brasileiro sabe trabalhar com tecnologia? O repassa esta questão
para um gerente de TI, abdicando de reflexões estratégicas sobre o papel da
tecnologia em seus negócios?
Realmente, há alguns anos, a escolha de um sistema de gestão era liderada pela área de TI.
Hoje, isso vem mudando. Vários gestores perceberam a importância da tecnologia da
informação e o quanto ela pode melhorar os resultados. da empresa e fazê-la se diferenciar
da concorrência. Mas a gente percebe que os gestores ainda não estão “educados” em
relação à TI.
Na graduação?
Até mesmo nos MBAs, muito dessas coisas que eu mencionei agora não são ensinadas. Há
exceções, é claro. Algumas escolas estão mais à frente. Mas o grande conjunto de escolas
recém estão começando a falar nisso. Ainda ficam ensinando lá Taylor, Fayol... Há um
grande problema que é o fato de que as universidades brasileiras não estão formando
gestores para usar estas novas ferramentas.
Que nota você daria para as escolas brasileiras de administração, como um todo?
Daria um 6 ou 7.
Além da Datasul, há outras nacionais que estão fora das preferências do governo?
Datasul, Microsiga e Logocenter, todas nacionais: se você perguntar para essas três
quantos clientes de governo elas têm, elas dirão que não têm nenhum. A Datasul tem
dificuldade para vender até para empresas do governo de Santa Catarina. A única exceção
que eu citaria no Brasil é o governo do Rio Grande do Sul. A Datasul tem conseguido
vender para o Banrisul, para a Sulgás e para a Procergs, que está se convertendo numa
prestadora de serviços para outras empresas e tem feito algumas coisas revolucionárias.