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IM 321 / EM 742

Tópicos em solidificação
e fundição

Maria Helena Robert

DEF/FEM/UNICAMP
1 2.2012
Conteúdo:
MHRobert

1. Nucleação e crescimento do sólido


• Introdução à solidificação
• A “estrutura” do líquido
• Nucleação do sólido
• Crescimento do sólido

2. Formação da microestrutura de solidificação


• Microestrutura de metais puros
• Microestrutura de ligas binárias monofásicas
• Microestrutura de ligas binárias polifásicas
• Diagramas ternários

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Conteúdo:
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3. Formação da macroestrutura de solidificação


• Zonas estruturais – zona coquilhada
• Zona colunar
• Zona equiaxial central

4. Controle da estrutura de solidificação


• O significado de controle de estruturas
• Objetivos do controle de estruturas de solidificação
• A prática do refino: métodos térmicos, mecânicos e químicos.

5. A formação da estrutura na tecnologia de


semi-sólidos
• Conceitos, vantagens, aplicações
• Formação de estruturas na tixoconformação
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Porque estudar a
solidificação de metais

O que é “solidificação”

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Metais na forma de componentes,


produtos com formas geométricas
definidas – metais processados

Passaram por um processo de


conformação

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Processos clássicos de conformação

Mecânicos Metalúrgicos
(emprego de tensão (emprego de temperatura
metal no estado sólido) metal no estado líquido)

aplicada > ruptura aplicada < ruptura Taplicada < Tfusão Taplicada < Tfusão

Metalurgia do pó
Usinagem
Fundição

Lingotamento
Laminação Forjamento
Soldagem
Trefilação Extrusão Estampagem

Solidificação ???????
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MATÉRIA PRIMA METÁLICA

FUSÃO

solidificação solidificação solidificação

METALURGIA DO PÓ FUNDIÇÃO LINGOTAMENTO

deformação

PRODUTO SEMI ACABADO CONFORMAÇÃO


MECÂNICA

solidificação corte

SOLDAGEM USINAGEM

PRODUTO ACABADO

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Porque solidificação
E
V
I
T
A
R

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Porque solidificação
C
O
N
T
R
O
L
A
R

ESTRUTURA E PROPRIEDADES

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O que é solidificação

Propriedades de um material fundido

F (estrutura interna)

F (fenômenos envolvidos na solidificação do líquido


durante o seu resfriamento)
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Estrutura de um fundido
Al: CFC

Escala micro
Escala macro Escala sub-micro
microestrutura
macroestrutura

arranjo de grãos arranjo de fases arranjo de átomos


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A solidificação

a matéria prima da solidificação

o metal líquido
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“Estrutura” do líquido

DADO QUE, EM UM METAL:

 Lv ~ 25 - 40 Lf os átomos no líquido estão muito mais fortemente


ligados que no estado gasoso a “estrutura” do líquido é muito mais
próxima da do sólido do que a suposta falta de integração existente entre
átomos no estado gasoso indica a existência de um tipo qualquer
de “estrutura” no estado líquido

 para a maioria dos metais, rsol ~ 1,0 a 1,3 rliq a distância média entre
átomos no estado líquido não é muito diferente da distância entre átomos no
estado sólido
Metal Densidade do Densidade do rs/rl
sólido líquido
(g/cm3) (g/cm3)
Al 2,7 2,4 1,12
Pb 11,3 10,5 1,07
Au 19,3 17,2 1,12
Ag 10,5 9,3 1,13

 estudos de difração de R-X em líquidos ordenação de átomos em


pequenas distâncias, não mantida a longas distâncias.

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“Estrutura” do líquido

MODELOS PROPOSTOS:

MODELO 1:

Líquido - estrutura cristalina estática semelhante à do


sólido, com grande quantidade de defeitos
estruturais como vacâncias e átomos intersticiais

Mas: medidas de difusão no estado líquido mostram


que movimentos atômicos no líquido são muitas
ordens de magnitude (varias potências de 10) mais
rápidos do que no sólido

estrutura estática com grande quantidade de defeitos

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“Estrutura” do líquido

MODELO 2 :

Estrutura em evolução
agrupamentos locais e temporários
de átomos arranjados segundo a
estrutura cristalina do sólido entre
regiões desordenadas

embriões sólidos
instáveis
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Solidificação

estabilização dos embriões

NÚCLEOS da fase sólida

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Estruturas cristalinas mais comuns

Cúbica simples

Al

Cúbica de corpo
centrado (CCC) Cúbica de face Hexagonal compacta
centrada (CFC) (HC)

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Estruturas cristalinas mais comuns

Número de átomos por célula:

1 + 8 x 1/8 = 2

6 x 1/2 + 8 x 1/8 = 4

12 x 1/6 + 2 x 1/2 + 3 = 6

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NUCLEAÇÃO

Estabilização dos embriões: condições termodinâmicas adequadas

FORÇA MOTRIZ ENERGIA DE ATIVAÇÃO

Super-resfriamento do líquido

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NUCLEAÇÃO

Curva de
resfriamento na
solidificação

(T x t)

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NUCLEAÇÃO

GV

Líquido instável a T< Tf

DGV

DGV elevado

Nucleação ocorre a T < Tf

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NUCLEAÇÃO

Qualquer transformação:

Termodinâmicamente viável se:

Gfinal < Ginicial (força motriz)

Ocorre se:

Energia de ativação é fornecida

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NUCLEAÇÃO

Qual a energia de ativação requerida?


Na solidificação:
Qual o super-resfriamento requerido?

DG = DGs . S - DGv . V
SL Lf DT
Tf
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NUCLEAÇÃO HOMOGÊNEA

DG = SL.4pr – LfDT 4 pr
2 3

Tf 3
2 SL Tf
r* =
LfDT

16 p SL3 Tf 2
DG* =
3 (LfDT)2

 sl → tensão superficial sólido/líquido


Lf → calor latente de fusão do metal
r → raio do embrião sólido
Tf → temperatura de solidificação do metal
DT → super-resfriamento
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NUCLEAÇÃO HOMOGÊNEA

Frequência de nucleação:

I = NKT exp (–Q/KT) (eq. Arrenhius)


h

N → número de átomos ou moléculas que participam da reação


K → constante de Boltzman;
h → constante de Planck
T → temperatura da reação
Q → energia de ativação requerida

OU:
I = NKT exp (–16 p sl3 Tf2 / 3 Lf2 DT2 KT)
h

N → número de átomos/núcleo
T → temperatura de nucleação = Tf – DT
Q → energia de ativação requerida = DG*
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NUCLEAÇÃO HOMOGÊNEA

Frequência de nucleação:

I x DT
Ligas de Al: DT = 120 °C !!!

Na prática: DT <<<<< 120 °C

Algo auxilia a nucleação

O QUE ????

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

Ação de
substratos de
nucleação

ST

: ângulo de molhamento

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

 : ângulo de molhamento

Eficiência do
substrato

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

lt – st
cos q = sl

DG = sl.Asl + (lt – st) Ast - DGv.V

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

DG = sl.Asl + (lt – st) Ast + DGv.V

Asl = 2p r2 (1-cos q )
Ast
Alt função de r, q
Ast = p r2 (1-cos2 q )
V
V = 1 p r3 (2 - 3cos q + cos3q)
3

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

2 SL Tf
r* =
Lf DT

16 p SL3 Tf 2
DG* = f(q)
3 (Lf DT)2

f(q) = ¼ (2-3 cosq + cos3q)

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

f(q) = ¼ (2-3 cosq + cos3q) nucleação


16 p SL3 Tf 2 f(q)
1,0
homogênea
DG* =
3 (LfDT)2

f(q) = ¼ (2-3 cosq + cos3q) 0,5

nucleação
heterogênea

0 p/4 p/2 3p/4 p q

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

Aumento da eficiência do

substrato:

redução da energia para


nuclear

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NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

f (q)

Aumento da eficiência do
substrato:

redução da taxa de nucleação


(menor número de sítios de
nucleação)

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NUCLEAÇÃO OCORRE COM

NA PRÁTICA MENOR SUPER-RESFRIAMENTO


MENOR TAXA DE NUCLEAÇÃO

NUCLEAÇÃO HETEROGÊNEA

Ação de substratos adicionados propositalmente ou não:

• Refinadores de grãos
• Impurezas
• Paredes de moldes

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CRESCIMENTO DO NÚCLEO

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INTERFACE SÓLIDO/LÍQUIDO

LÍQUIDO

SÓLIDO

Região de arranjo – desarranjo atômico

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DEPENDE DO
ENERGIA DE NÚMERO DE
INTERFACE LIGAÇÕES JÁ
EFETIVADAS

11 3
2

ÁTOMO 1 – perdeu 3/12 de Lf ÁTOMO 3 – perdeu 7/12 de Lf

ÁTOMO 2 – perdeu 4/12 de Lf ÁTOMO 4 – perdeu 9/12 de Lf

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Tipos de INTERFACES

Interface
plana Interface rugosa
ou difusa

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MHRobert

EVOLUÇÃO DA INTERFACE SÓLIDO/LÍQUIDO

INTERFACES DE CRESCIMENTO

CRESCIMENTO
NORMAL OU
RUGOSO

CANTOS
ARREDONDADOS

INTERFACE
DIFUSA

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MHRobert

EVOLUÇÃO DA INTERFACE SÓLIDO/LÍQUIDO

INTERFACES DE CRESCIMENTO

INTERFACE DIFUSA – CRESCIMENTO RUGOSO

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EVOLUÇÃO DA INTERFACE SÓLIDO/LÍQUIDO

INTERFACES DE CRESCIMENTO

CRESCIMENTO
LATERAL OU
FACETADO

CANTOS COM
ARESTAS

INTERFACE
42 PLANA MHRobert
MHRobert

EVOLUÇÃO DA INTERFACE SÓLIDO/LÍQUIDO

INTERFACES DE CRESCIMENTO

CRESCIMENTO FACETADO
INTERFACE
43 PLANA MHRobert
MHRobert

PREVISÃO DO TIPO DE INTERFACE DE CRESCIMENTO

Variação da energia de interface com a deposição de um átomo:

(Modelo de Bragg/Williams)

DGi ~ NKT DSi p (1-p) + p lnp + (1-p) ln(1-p)


R

ENERGIA LIVRE RELATIVA


a

CERÂMICOS
a < 2 INTERFACE DIFUSA
CRESCIMENTO NORMAL
SÓLIDO RUGOSO
METAIS

a > 2 INTERFACE PLANA


CRESCIMENTO LATERAL
PROPORÇÃO DE ÁTOMOS ORDENADOS (p)
SÓLIDO FACETADO
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Formação da microestrutura de
solidificação

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MHRobert

Formação da estrutura de um fundido

CRESCIMENTO NUCLEAÇÃO

Escala micro
Escala macro Escala sub-micro
microestrutura
macroestrutura

arranjo de fases arranjo de átomos


arranjo de grãos
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1. Metais puros
2. Ligas binárias monofásicas
3. Ligas binárias bifásicas
4. Ligas ternárias (ou +) monofásicas
5. Ligas ternárias (ou + ) polifásicas

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Metais puros

Só um tipo de átomo presente


Só um tipo de estrutura cristalina a ser formada - só uma fase
Com uma só composição química

ESTRUTURA RESULTANTE: MONOFÁSICA

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Metais puros
Só um tipo de átomo presente

Num momento
qualquer durante a
solificação:

%A %A

sólido líquido
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Metais puros

Txt

Tf constante

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Metais puros

Frente de solidificação
se mantém constante
até o final

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Metais puros

Somente
grãos de
uma só
fase

Al 99,98 Sn puro
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MHRobert

Ligas binárias
monofásicas

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Ligas binárias monofásicas


Dois tipos de átomos presentes

Os dois tipos de átomos se misturam totalmente em qualquer


porcentagem, tanto no líquido quanto no estado sólido (formam
solução sólida)

Só um tipo de estrutura cristalina a ser formada – uma só fase

Solidificação em equilíbrio: Solidificação fora do equilíbrio:


uma só composição química, segregação (coring) devido
homogênea em todo o volume difusão limitada no sólido e no
líquido

ESTRUTURA RESULTANTE: MONOFÁSICA

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Ligas binárias monofásicas

EQUILÍBRIO
Dois elementos:

• Solubilidade total no líquido


• Solubilidade total no sólido
• Difusão total no líquido
• Difusão total no sólido

tempo 1: tempo 2: Cl (%B)


Cl (%B)
%B médio
%B médio
Cs (%B)
Cs (%B)
sólido líquido
sólido líquido
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Ligas binárias

COEFICIENTE DE PARTIÇÃO:

K = C s / Cl

relação entre a composição química do


sólido (Cs) e a composição química do
líquido (Cl) presentes em uma determinada
temperatura durante a solidificação

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Ligas binárias monofásicas

K <1

K >1

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REGRA DA ALAVANCA:

Liga C, em T:
T
fases presentes:
a b
Composição: Ca Composição: Cb
C
Quantidade: Q - B Quantidade: A – Q
COMPOSIÇÃO, % A-B A-B

Fa . %Ca + Fb .% Cb = %C total na liga

Fa + Fb = 1
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Ligas binárias monofásicas

Fora de equilíbrio:
Dois elementos:

• Solubilidade total no líquido


• Solubilidade total no sólido
• Difusão limitada no sólido
• Difusão limitada no líquido

%B
Num momento
qualquer durante a Cl = f (x)
solificação: Cs = f (x)

%B líquido
sólido
x

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Ligas binárias monofásicas

“Coring” :
gradientes de composição devido
à segregação na solidificação

Cu-Ni

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Ligas binárias monofásicas


Num momento qualquer durante a solificação:

• Difusão limitada no sólido


• Difusão limitada no líquido

duas
possibilidades de
desenvolvimento

%B da interface:

%B
sólido líquido
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Ligas binárias monofásicas

1.

DTi + X
DTi

Super-resfriamento
constitucional

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MHRobert

Ligas binárias monofásicas

DTi + X > DTi Ri + X > Ri

dendritas

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IMPORTANTE !!!

DENDRITA: MICROESTRUTURA (DENTRO DO GRÃO)


GRÃO: MACROESTRUTURA

Grão 3 Grão 2

Grão 1

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formação de dendritas por efeito


térmico
metais ou ligas com elevado calor latente
+ reduzida condutividade térmica

DTi + X
DTi

efeito térmico

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Estruturas dendríticas:

DTi + X DTi + X
DTi DTi

efeito constitucional efeito térmico

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MHRobert

Ligas binárias monofásicas


2.

DTi + X ~ DTi

Frente de
solidificação
se mantém
constante
até o final

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Ligas binárias monofásicas

fase a em aços austenita em aços


(ferrita) 90 x (325x)

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