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DIREITO ADMINISTRATIVO:
1- ESTADO/GOVERNO/ADMINISTRAÇÃO.
O termo “Estado” é de origem latina (status – estar de pé), mas na acepção atual, moderna, o termo
surge na clássica obra” O príncipe” de Maquiavel, no século XV.
Para o conceito, devemos verificar os elementos essenciais:
a) população: é o conjunto de pessoas que estejam nas fronteiras territoriais do Estado, sendo
submetidos à sua proteção. (estrangeiros inclusos).
b) território: é a faixa de terra que o Estado se mantém, incluindo o subsolo, águas internas e
litorâneas, espaço aéreo, navios, sedes de embaixadas, aeronaves.
c) governo independente: condução política dos negócios públicos. Desta forma, pode ser
conceituado como o conjunto de órgãos e de Poderes que se orientam, organizam-se para fins
políticos, de comando e direcionamento dos atos de concretização dos objetivos do Estado. É
expressão da soberania interna do País, sendo conduta independente, política e discricionária. (ex:
priorizar em um dado momento histórico políticas públicas - “fome zero”, ou escolar).
Ainda neste estudo, insta salientar as formas que este Estado se organiza: Unitário ou Simples (poder
público é único, exclusivo sobre todo o território).
Composto ou Descentralizado – o nosso é uma Federação (“organização formada sobre a base de
uma repartição de competências entre o governo nacional e os governos estudais, de sorte que a
União tenha supremacia sobre os demais estados membros, mas dotados de autonomia”)
Numa forma tradicional o Direito possui dois grandes ramos: direito público e direito privado.
Direito público: regula as relações entre os particulares e o Estado, bem como disciplina a atuação
dos entes estatais entre si. De maneira reflexa atinge os interesses privados.
Traço característico deste ramo é a desigualdade nas relações jurídicas, tendo sempre como
prevalência o interesse público sobre o interesse privado.
PALAVRAS CHAVES: interesse público; desigualdade nas relações;
Direito privado: tem por finalidade regular as situações privadas, particulares permitindo o convívio
harmônica entre as pessoas.
O que marca tal situação é a posição de equivalência jurídica entre os relacionantes. Como são
interesses privados não há justificativa para estabelecer uma desigualdade. Mesmo o Estado pode
estar submetido a este regime, quando sem o a coberta do interesse público primário.
Desde a formação da figura jurídica do Estado sempre houve normas para gerir seu funcionamento,
como competência de seus órgãos, sua relação com a população, não tendo um ramo específico para
seu estudo com princípios próprios. Como disciplina autônoma nasce no final do século XVIII e
início do século XIX.
Não ganhou status de importância porque vigorava as monarquias absolutas onde a vontade do
soberano prevalecia acima de tudo e de todos. Prevalecia a teoria da irresponsabilidade estatal, sendo
desnecessária uma disciplina jurídica para o soberano se submeter.
Segundo MSZDP: o Direito Administrativo surge como ramo autônomo juntamente com o Direito
Constitucional, e outros ramos do direito público, tendo em vista a afirmação do desenvolvimento do
Estado de Direito (base no princípio da Legalidade – criação de normas jurídicas por parte do
Estado, sendo ele mesmo submetido a elas), e sobre a separação do poderes (protege aos direito
individuais).
CONCLUSÃO: como disciplina específica, ou seja, como ciência autônoma apenas com as
revoluções liberais. Entretanto, havia antes normas, que apesar de esparsar em outras matérias,
tinham conteúdo, segundo nossa visão, de direito administrativo. Nos chamados Estados
Absolutistas as normas eram menos abrangentes, onde a figura do Estado era meramente de manter a
2-CONCEITO.
HELY LOPES MEIRELLES: “conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem os órgãos, os
agentes e as atividades públicas tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins
desejados pelo Estado”.
CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO: “ramo do direito público que disciplina a função
administrativa e os órgãos que a exercem”.
MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO: “ramo do direito público que tem por objeto os órgãos,
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração Pública, a atividade
jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se utiliza para a consecução de seus fins, de
natureza pública”.
-conjunto de regras e princípios: vide tópico” regime jurídico administrativo”. A administração esta
sujeita a todo o ordenamento, tendo regras específicas, próprias para a atuação. Sendo responsável
pelo interesse público, deve ter regramento específico.
-ramo do direito público: isto quer dizer que o Estado, na maioria das vezes, esta num status superior
em relação ao restante. Entretanto, na modernidade o Estado atua em setores primariamente
destinados ao segundo setor (que opera o mercado, define a agenda econômica usando o lucro como
instrumento), ou seja, são relativamente despidas de privilégios.
Ex: banco do brasil.
-objeto: tendo em vista a atuação do Estado em cada contexto histórico, critérios foram adotados na
fixação de seu objeto. O conteúdo do DA tem variado muito no tempo e de acordo com o sistema
adotado (no europeu-continental, sua amplitude é bem maior do que no anglo-americano).
Em suas origens, na França, o DA tinha por objeto apenas a interpretação das leis administrativas e
atos complementares. Os próprios doutrinadores se limitavam a compilar as leis existentes e
interpretá-las, formando a chamada Escola Legalista, Exegética.
Há crítica a tal procedimento vez que, limitar o direito administrativo a interpretação das leis é
empobrecer o ramo. O Direito compreende o estudo de princípios e conceitos pensados e elaborados.
Num segundo momento, ampliou-se o objeto do DA, fixando-se os seus princípios (relação com o
Estado deve ser diferente com os demais) e aliando-se o estudo da Ciência da Administração, que
envolvia matéria de política administrativa (forma de atuação do Estado) e não apenas de matéria
jurídica.
Diante de um maior intervencionismo estatal na ordem social, sentiu-se a necessidade do DA se
concentrar na atividade jurídica do Estado, abandonando o estudo da Ciência da Administração.
Pode-se afirmar, pois, que o objeto do DA adotado pelo nosso sistema é reger as relações jurídicas
que nascem da ação da Administração, fixando suas prerrogativas e obrigações.
Estudaremos as relações internas na Administração pública com seus órgãos (Estado membro –
pessoa jurídica e seus órgãos Secretarias – há hierarquia, quem é responsável pelos seus atos;), com
seus agentes (qual o regime de trabalho dos seus agentes – celetistas , estatutários), bem como seu
relacionamento com a sociedade em geral (fornecimento de serviços públicos, diretamente ou
através de particulares – concessão ou permissão).
Sendo regida eminentemente por direito público, por este motivo este regime é o conjunto de normas
e princípios (especiais) relacionados apenas com os entes públicos oferecendo restrições e
prerrogativas.
Ex: princípio da legalidade: a Administração só faz o que é autorizado, o no civil - faz o que não é
proibido (contrato).
Ex: poder de polícia- fechar estabelecimento que não cumpre as normas sanitárias, sem ser
necessário pedido ao Poder Judiciário. Quando é o particular (bar e multa).
O Direito Administrativo é regido por princípios que são aplicados a outros ramos do direito público
e outros princípios somente são a ela aplicada.
b) secundários: relativo aos interesses diretos do Estado enquanto pessoa política. Vejam bem, este
mesmo Estado se relaciona como pessoa autônoma. Independente de ser gestor dos interesses
públicos primários, ele também tem interesse em se, por exemplo, desenvolver, crescer.
Este interesse da A.P só é legítimo quando não for contrário ao primário.
Por vezes a A.P procura uma construção que visa a si mesma, mas que protege o primário.
B) Autoridade nas relações: significa que a A.P pode submeter os particulares a obrigações de
maneira unilateral; ou modificando também as relações, nos chamados atos de império
Ex1: cláusulas exorbitantes – em seus contratos – altera, rescinda, aplique penalidades e o contratado
vai ter que aceitar.
Ex2: intervenção em propriedade: interesse social – tomar a propriedade, relativizando o direito de
propriedade.
CUIDADO: não se fala em supremacia do Estado, da Máquina, do Governo, mas sim do interesse
coletivo, em face do interesse individual.
Críticas ao princípio:
Doutrina minoritária: Marçal Justen Filho: legitima os abusos do Administrador (a arbitrariedade –
justificativa). Deve ser retirado, ocorrendo o chamado desvio de finalidade.
Doutrina Majoritária: O princípio deve ser aplicado de forma verdadeira, senão a ilegalidade irá
perdurar.
Para este princípio a administração pode quase tudo, mas com limites baseados no outro princípio:
Indisponibilidade do Interesse Público.
Decorre do fato de que o Administrador exerce função pública (significa exercer uma atividade em
nome e interesse do povo), ou seja, o direito é indisponível, pois não o pertence. Sendo os interesses
qualificados por ser titulares os indivíduos, a A.P não pode simplesmente dispor deste interesse
O administrador não pode abrir mão de algo que não é dele.
Se exerce função pública ele exerce um “múnus público”. Interessante observar nas eleições que os
candidatos gastam tudo o que tem, como se fosse ganhar um grande prêmio. Na verdade ele exerce
um encargo, uma obrigação de bem servir o interesse coletivo, ao contrário do que representa a
nossa prática.
Ex: publicidade: tudo é manifestado nos Diários Oficiais.
Ex: bens públicos são inalienáveis (artigo 100, do C. Civil).
Artigo 2º da lei 9784/99- PAF.
O Administrador não pode agir segundo sua vontade, mas sim pautado pela lei, não como seu
próprio interesse. É um mero gestor.
Princípios Constitucionais:
A- Legalidade:
O Constituinte estava muito preocupado com este princípio, vez que aparece por volta de três vezes.
+ “ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer algo, senão em virtude de lei”. -artigo 5º, II
Este princípio esta delineado nos direitos e garantias individuais, ou seja, aqueles relativas à proteção
de indivíduo contra arbitrariedade de que poderão ocorrer em relação ao Estado.
Conclusão: para o particular é lícito fazer tudo o que a lei não proíbe.
Para o particular – pode tudo só não pode contrariar lei. “Critério de não Contradição à Lei”.
Entretanto, em relação à Administração pública tal princípio, nesta assertiva não é correto aplicar,
vez que temos a própria figura do Estado.
Dica: é importantíssimo identificar qual o fundamento do ato do Administrador, ou seja, a lei que o
define. Procurar o fundamento legal.
Conclusão: A.P não pode agir contra a lei e nem além da lei, mas somente nos limites que a lei
autoriza.
Obs: STF- entende uma aplicação mais abrangente do princípio. Obediência não somente às leis,
mas também às regras constitucionais.
Por exemplo: tenho um ato administrativo que viola o princípio da impessoalidade. Tal princípio
Ex: se algum ato administrativo fere a impessoalidade, faz-se um controle de legalidade deste ato, e
não controle de mérito.
B- Impessoalidade:
Este princípio aparece pela primeira vez com este nome no artigo 37, “caput” da Constituição
Federal, e infelizmente traz diferentes formas de interpretação, de entendimento. Temos duas
direções de aplicação:
1ª – em relação aos administrados: O administrador público não pode atuar visando interesses
pessoais, não visando seu próprio interesse, dos parentes, dos vizinhos.
Significa que a A.P não pode atuar visando a prejudicar ou beneficiar determinadas pessoas, ou seja,
sua conduta deve ser pautada para o interesse coletivo, público.
-Proibi-se a prática do nepotismo: quer proibir que o parente utilize deste situação para ingressar na
administração. Este tema ganha espaço a partir da redação da EC/45 – chamada de reforma do
Judiciário, criando o CNJ e CNMP, servindo estes para fazer controle administrativo na magistratura
e do ministério público. Passaram a repudiar o nepotismo no Brasil. Várias resoluções foram
editadas: CNJ – 07, 09 e 21, e CNMP – 01 e 07. Em resumo nada impede que o parente entre
Pela porta principal, mas o que se proíbe é a busca por facilidades. Súmula vinculante nº 13 STF.
1ª CÔNJUGES, COMPANHEIROS e PARENTES ATÉ TERCEIRO GRAU (consangüíneos ou
afins), não podendo ocupar cargo em comissão ou função de confiança (livre nomeação e
exoneração).
2ª dispensa ou inexigibilidade de licitação contratação direta – não pode ser feita com o
favorecimento de parentes.
3ª nepotismo cruzado;
Como fazer? Reclamação prevista nos artigo 102, I, “L”, da C.F. - preservar a competência do STF;
RISTF-artigo 156 e ss.
Ex: MPE do Estado do Ceará ajuizou reclamação contra ato do governador do Ceará Cid Gomes,
pois o mesmo nomeou seu irmão como chefe de gabinete Ivo Ferreira – não afastou, pois não é
função pública, mas um cargo político.
-outra forma de ferir a impessoalidade: a remoção de servidor para determinada localidade tem como
finalidade específica tornar proporcional o serviço nos setores que estão em necessidade. Atos de
remição com finalidade de punir o servidor.
2ª acepção em relação à Administração: isto quer dizer que os atos praticados pela Administração
Pública serão imputados não a pessoa física do administrador, mas sim a figura política, ao órgão.
Ex: Vacinação em massa não foi promovida pelo Secretário fulano de Tal da saúde, mas sim pela
Secretaria de saúde.
Inauguração de obras – não deve ser anunciado como realizada por tal ou tal político, mas sim pela
Secretaria de Obras.
Ex: artigo 37, § 1º da C.F. Proíbe que conste nomes, símbolos e imagens que caracterizem promoção
pessoal de autoridades e servidores públicos em publicidade de atos, programas, obras e serviços e
campanhas dos órgãos públicos.
O STF oferece uma interpretação extensiva ao princípio em tela, proibindo a vinculação além da
autoridade, o próprio partido.
Esta segunda acepção será encontrada no artigo 2º, III, da lei 9784/99.
Pergunta 1: qual princípio traduz a idéia de que a Administração Pública tem que tratar todos os
administrados sem discriminações, nem favoritismos, nem perseguições são toleráveis, simpatias ou
animosidades pessoais, políticas ou ideológicas não podem interferir na atuação administrativa.
CABM.
Parcela da doutrina nega a existência deste princípio, pela dificuldade de se conceituar moral
administrativa. Mas, segundo este princípio a administração e seus agentes devem se pautar por uma
conduta segundo os ditames éticos, e violando-os quebra-se a própria lei.
CABM- a ética pode ser traduzida na situação em que a Administração haverá de proceder de forma
sincera, honesta, boa-fé, a lealdade, a ética, a honestidade, a boa conduta, enfim muito mais do que a
moralidade comum, porque o administrador além de fazer o que é certo, deve fazer o melhor para a
boa administração.
D- Publicidade:
Esta ligado com a idéia de transparência na Administração Pública. Percebe-se este princípio como
uma conseqüência de outro: se o interesse público foi delegado aos cuidados do administrador então
todos seus atos devem ser dados ao conhecimento de todos.
A regra é que os atos administrativos devem ser publicados (dado ao conhecimento de todos) pelos
órgãos de imprensa ou afixados na repartição.
A) “““ artigo 5º, XXXIII ” todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena
de responsabilidade, “ Direito a informação
e
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:
Entretanto a parte final do artigo 5º, XXXIII, traz uma exceção à publicidade: sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;
Assunto de alta divergência acabou sofrendo regulamentação com a lei 11.111/05- a lei estabelece
que alguns documentos serão considerados como de alto sigilo conforme regulamentação, pelo prazo
de 30 anos prorrogáveis, podendo qualquer do povo provocar a Comissão de Averiguação e Análise
de Informações Sigilosas.
Apesar de parecer algo simplório, algumas questões foram enfrentadas pelo Poder Judiciário,
colaborando com construção do instituto.
-divulgação de salários: STF- considerou legal. A divulgação possibilita segundo Gilmar Mendes, o
controle social e oficial sobre os gastos públicos. "Por impedir a publicidade dos gastos estatais
relacionados à remuneração mensal dos servidores públicos", continuou Mendes, "as decisões do TJ-
SP causam grave lesão à ordem pública".
O princípio foi inserido por emenda constitucional 19/98, pretendendo o Governo criar direito aos
usuários dos serviços públicos, ou seja, todo agente público deve realizar suas atribuições como
presteza, perfeição e rendendo resultados positivos atendendo a comunidade.
Na verdade este surgiu para “profissionalizar” a A.P interferindo nos seus métodos de gestão
baseados em critérios da iniciativa privada tão elogiada. O intuito deste é retirar da A.P a vestimenta
de morosidade. RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO (busca-se o melhor rendimento com o menor
custo).
Através desta foram baseadas as privatizações.
* ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
Função Administrativa:
“Modernamente considera-se que existem três funções estatais: executiva (administrativa),
legislativa e judiciária, sendo dividas em três “unidades orgânicas” denominadas de “Poderes”,
recebendo à mesma denominação” Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder Judiciário”.
(MONTESQUIE- repudio a concentração de poderes em mãos restritas evitando seu abuso;” o poder
detêm o poder”).
É a mais ampla de todas, pois mesmo o seu conceito pode ser dado por exclusão: o que não for
legislativa (atos gerais, abstratos e que inovam na ordem jurídica) e judiciária (solução de conflitos
de interesses) é administrativa. Segundo JSCF: “é através do qual o Estado cuida da gestão de todos
os seus interesses e os de toda a coletividade (…) sendo desempenhada em todos os Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios (...)”.
Esse tema encontra previsão constitucional nos seguintes dispositivos:
- Art. 18
- Art. 37, caput e inciso XIX
- Art. 173
CR/88 prevê que Administração brasileira se organiza de forma direta e indireta.
E o que significa Administração Pública?
1) Acepções do termo “Administração Pública”.
Para MSZP e JSCF:
a) MSZP “em sentido objetivo, material ou funcional:
Ela designa a natureza da atividade exercida pelos referidos entes; nesse sentido, a administração
pública é a própria função administrativa “ou executiva (a qual dá andamento a atividades cotidianas
da sociedade, visando implementar comandos legais) que incumbe, predominantemente ao Poder
Executivo.
Neste sentido podemos afirmar que a Administração Pública esta presente nos três poderes-artigo 37,
caput, C.F.
“Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: (grifo nosso)”
Ex: o Poder Judiciário organizar concurso público para magistratura; está exercendo, atipicamente,
função executiva; o Poder Legislativo contrata alguém para fazer determinada obra nas localidades-
licitação- atipicamente exerce função administrativa.
Também pode ser exercida pelo Ministério Público e pelos Tribunais de Contas.
Atividade de fomento;
Pergunta: Qual sentido justifica a afirmação da existência da administração pública nos três poderes?
Ela designa os entes que exercem a atividade administrativa; compreende : Pessoas jurídicas, órgãos
e agentes públicos incumbidos de exercer uma das funções em que se triparte a atividade estatal: a
função administrativa;
JSCF - reunião das pessoas e dos órgãos que o Estado utiliza para desempenhar a função
administrativa.
A.2) em sentido estrito: conjunto de pessoas e órgãos que exercem somente função administrativa de
execução.
“apenas os órgãos administrativos e, sob o aspecto objetivo, apenas a função administrativa,
excluídos, no primeiro caso, os órgãos governamentais e, no segundo, a função política.”
O Brasil adota o sentido formal, para qual os entes que compõem a Administração Pública, são
aqueles enumerados na lei - artigo 42 do Decreto-lei nº 200, de 25-2-67, o qual, com a redação dada
pela Lei nº 7.596, de 10-4-87, determina que “a administração federal compreende:
2- Da organização Administrativa.
JSCF-” conjunto de normas jurídicas que regem a competência, as relações hierárquicas, a situação
jurídica, as formas de atuação e controle dos órgãos e pessoas, no exercício da função
administrativa.”
Vamos utilizar primeiramente o artigo 18, da C.F.: Quando os entes se organizam de forma política e
administrativa é baseada numa AUTONOMIA (ou seja, ao contrário de uma subordinação).
Ex: a Secretaria Municipal de Saúde não é subordinada, à Secretaria Estadual e nem ao Ministério.
Cada se organiza da forma que achar necessário (municípios com maior número de secretarias).
CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO.
Toda esta situação é o que podemos chamar de administração direta - recebe esta terminologia, pois
é o próprio Estado atuando.
Ocorre quando o Estado presta a atividade administrativa por si mesmo através de seus órgãos e
agentes .
Nesta situação existe uma pessoa política (União, Estados, D.F, e Municípios) que atuam por meio
de seus órgãos.
Conceito de ÓRGÃO PÚBLICO:
Órgãos: CABM-”unidades abstratas que sintetizam os vários círculos de atribuições do Estado;
repartições de atribuições”.
São centros de competência; unidades de atuação integrantes da estrutura da Administração Direta e
da estrutura da Administração Indireta (art. 1º, § 2º, I, Lei nº 9.784/99).
É necessário reforçar a idéia de que os órgãos públicos não possuem personalidade jurídica,
integrando os entes federados (ex: União-formada por órgãos federados).
- Para firmar o conhecimento com exemplos de órgãos públicos federais: Tenho a União que possui
Poder Executivo, Poder Legislativo, Poder Judiciário (não são pessoas jurídicas)
Cada um deles engloba inúmeros outros órgãos: Poder Executivo (Presidência da República-órgão
de atuação é o órgão máximo; abaixo dela, aparecem os Ministérios, AGU, CGU, Casa Civil; abaixo
dos Ministérios, surgem outros órgãos, como Marinha, Exército e Aeronáutica); Poder Legislativo
(Congresso Nacional é órgão máximo, formado por outros dois órgãos: Senado Federal e Câmara
dos Deputados); e Poder Judiciário (vide art. 92, CR/88: STF, STJ, TST, TSE, etc.)
A doutrina tenta explicar relação entre órgão e pessoa jurídica, através de três teorias:
Teoria do mandato: agente público seria um mandatário do Estado; a teoria é criticada, porque o
mandato é instituto típico do Direito Civil, não conseguindo atender inteiramente ao Direito.
Administrativo. Havendo excessos do mandatário, Poder Público não responderia, já que mandato é
firmado por contrato.
Teoria da representação: Poder Público seria representado por agentes; a representação também é
instituto do Direito Civil. Com ela, tem-se a idéia de que Estado seria incapaz.
- Teoria do órgão: é a teoria atual; foi elaborada por Otto Gierke e baseia-se no princípio da
imputação volitiva: as decisões emanadas de órgãos públicos são atribuídas à pessoa jurídica, e não
ao órgão. Quem responde pelos atos desses órgãos é a pessoa jurídica a quem eles se vinculam.
Hely Lopes Meirelles, verificando a posição que estes órgãos ocupa na estrutura classifica-os como:
- Órgãos independentes: possuem status constitucional; previsão constitucional; representam o
próprio Poder.
Ex.: Presidência da República;
Congresso Nacional;
- Subalternos: não têm poder de decisão; apenas executam decisões de outros órgãos.
Ex.: escolas públicas, postos de saúde.
Polícia Legislativa;
CR/88 reconheceu o Ministério Público como órgão independente não ligado a nenhum dos outros
Poderes; alguns doutrinadores defendem que MP é, de fato, totalmente independente; outros dizem
que não pode haver órgão fora de Poder; por isso, MP seria órgão do Poder Executivo.
Entendimento semelhante se aplica aos Tribunais de Contas: para parte da doutrina, eles são órgãos
independentes, não se enquadrando em Poder algum. Para outra, são órgãos que pertencem ao Poder
Legislativo.
A Defensoria Pública vem pleiteando independência, afirmando ser órgão democrático de Direito;
contudo, essa manifestação não é explícita; pode ser enquadrada como órgão do Poder Executivo.
Daí se conclui que o Poder Judiciário é formado somente por órgãos da Justiça (art. 92): não se
incluem MP, Defensoria Pública. Porém, Conselho Nacional de Justiça não é formado somente por
membros do Judiciário.
Os órgãos públicos são desprovidos de personalidade jurídica, já que integram a estrutura do Estado
e das demais pessoas jurídicas. Contudo, em alguns casos, jurisprudência e doutrina moderna
reconhecem a CAPACIDADE PROCESSUAL – PERSONALIDADE JUDICIÁRIA.
Parte da doutrina reconhece que esta capacidade somente admitida àqueles órgãos com fundamento
constitucional (órgãos independentes e, para Hely Lopes Meirelles, órgãos autônomos também).
Somente é possível quando suas prerrogativas e competências funcionais forem violadas por outros
órgãos da mesma pessoa jurídica.
Ex: presidência da república e senado federal.
Em decorrência dessa questão, surge a polêmica: é cabível formação de litisconsórcio entre o órgão e
a própria pessoa jurídica a que pertence?
José dos Santos Carvalho Filho não admite a formação do litisconsórcio.
Outros doutrinadores admitem a formação do litisconsórcio;
Precedente do STJ:
STJ - RESP 241637 / BA; DATA: 20/03/2000. PROCESSUAL CIVIL – CÂMARA MUNICIPAL -
PERSONALIDADE JUDICIÁRIA. A Câmara Municipal não tem personalidade jurídica e sim
A despeito de não possuírem personalidade, alguns órgãos possuem inscrição no CNPJ, mas não é
pessoa jurídica. A necessidade é para viabilizar a administração de verbas públicas- cada um possui
a sua própria receita. O fato de possuírem CNPJ não os transforma em pessoas jurídicas. Quem
responde por ele é a pessoa jurídica pelo qual esta envolvido.
Quando a prestação do serviço é deslocado dentro da mesma pessoa, ou seja, enviado a pratica dos
atos aos órgãos temos o instituto da Desconcentração.
CONCLUSÃO:
Os órgãos públicos decorrem do fenômeno administrativo chamado desconcentração: Pessoa jurídica
continua sendo uma só; sua personalidade jurídica não é alterada pelo surgimento de órgãos
públicos. Desconcentração se presta a acelerar decisões, simplificar processos e está presente nos
três Poderes, visto que neles há órgãos públicos. E, como conseqüência da desconcentração, tem-se a
aplicação da teoria do órgão; da capacidade processual dos órgãos, etc.
São mecanismos de criação para tornar mais eficiente a prestação dos serviços, retirando do núcleo e
deslocando para outras pessoas – se retira do centro esta se fazendo a chamada descentralização.
Ocorre quando o Estado não atua diretamente através de seus órgão, mas de entes dotados de
personalidade jurídica própria. Conclusão: temos duas pessoas jurídicas (políticas e as responsáveis
pela execução da atividade).
Veja: na desconcentração temos uma pessoa jurídica e os órgãos, e na descentralizada envolve a
relação entre pessoas jurídicas, mas há uma exceção em que teremos pessoa física.
A palavra descentralização, para o Direito Administrativo, é bastante abrangente, tendo então
modalidades de descentralização;
-Descentralização técnica, funcional, de serviço, por outorga (HLM), delegação legal (JSCF)
Esta é a prevista no art. 37, XIX, CR/88. Através de lei específica poderá ser criada autarquia ou
autoriza a instituição de empresas públicas, sociedade de economia mista e fundação (todas as
pessoas jurídicas).
Isto quer dizer que agora a atividade administrativa será prestada por outra pessoa jurídica, e não
mais diretamente pelo Estado;
Quando a União cria uma autarquia, teremos duas pessoas jurídicas; Tal situação não exclusiva da
União, mas de todos os entes assim como ocorre na desconcentração.
É chamada de Administração Indireta.
Autarquias e fundações públicas- pessoas jurídicas de direito público (estarão sobre o regime de
direito público, ou seja, possuirão restrições e privilégios – poder de polícia; prazos processuais);
Empresas Públicas (Caixa Econômica Federal e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos) e
SEM (banco do Brasil e Petrobras)- pessoas jurídicas de direito privado;
- CABM: para o autor, só se transfere a execução; titularidade permanece com Poder Público, sendo
pessoas jurídicas de direito privado;
1- Constituição.
Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista (tais entes existem pela
própria previsão constitucional e legal) .
ATENÇÃO: a lei 11.107/05 (lei de consórcios públicos), estes são pessoas jurídicas – é uma
reunião , em regra, de entes públicos;
Quando ele se reveste de personalidade jurídica de direito público receberá o nome de:
ASSOCIAÇÃO PÚBLICA, passando a ser da Administração Indireta- somente existe pela lei;
Artigo 41 da Código Civil- são pessoas jurídicas de direito público.
Posteriormente mais detalhes.
Somente por lei específica (é uma lei que tratará apenas do assunto, não podendo afirmar outra
disciplina – ex: aumento de remuneração) será: (artigo 37, XIX, C.F.).
AUTARQUIAS:
1.Conceito:
MSZDP- “pessoa jurídica de direito público, criada por lei, com capacidade de auto-administração,
para o desempenho de serviço público descentralizado, mediante controle administrativo exercido
nos limites da lei”
Decreto-lei 200/1967:
Artigo 5º, I: Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e
receita próprios, para executar atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu
melhor funcionamento, gestão administrativa e financeira descentralizada.
Exs: INSS; INCRA;CNEN;IBAMA.
A- personalidade jurídica:
Norma não especificou em qual categoria é encontrada. Com a lei 6.016/1943 que dispõe sobre
imunidade de bens, rendas e serviços das autarquias expressamente identificou como pessoa jurídica
de direito público. Mais recentemente o próprio código civil – art. 41, IV. É titular de direitos e
obrigações próprios, independentes do ente que o criou, possuindo privilégios e restrições inerentes
ao direito público.
3.Das Prerrogativas:
Tributárias: elas gozam de imunidades (patrimônio , renda e serviços) em suas atividades-fins, vide
art. 150, § 2º , C.F./88; ou seja, se houver outra destinação, haverá a incidência.
Bens públicos;
Cobrança de seus créditos por meio de Execução Fiscal;
Privilégios Processuais: artigo 188, CPC c/c lei 9469/1997, art. 10 – 4C-2R.; reexame necessário;
isenção de custas judiciais, salvo reembolsar as despesas judiciais feitas pela parte vencedora (lei
9.289/1996, art. 4º, I, § único); dispensa de apresentação de instrumento procuratório para a prática
de atos processuais; dispensa de depósito prévio para a interposição de recurso.
Prerrogativas quanto à prescrição de valores por ela devidos: tem-se cinco anos para se
Cobrar crédito de uma autarquia: prescrição qüinqüenal (dec. 20.910/1932, art. 1º c/c Dec.-lei
4597/1942, art. 2º).
Entretanto, foi ajuizada uma ADI. 2.135/DF, pelos partidos PT, PDT, PC do B, PSB com o intuito
de atacar a constitucionalidade da emenda por vício formal com base no artigo 60 § 2º da C.F.
PETIÇÃO INICIAL:
Em medida liminar o STF, a partir de agosto de 2007, declarando expressamente que tal decisão teve
eficácia “ex nunc”, valendo todos as legislações produzidas no período da emenda.
Por conseqüência retornou a redação original do artigo 39, C.F.
Obs: precedência de concurso público 9.962/2000 e artigo 37, II, bem como as regras de acumulação
de cargos – artigo 37, XVII, ambos da C.F.
4.2.Dirigentes:
A forma de investidura será a prevista na respectiva lei, sendo competente para a nomeação privativa
do presidente da república (art. 84, XXV, C.F.), que poderá ou não ser precedida de aprovação pelo
Senado Federal:
Ex1: presidentes e diretores do Banco Central – autarquia federal – art. 52, III, “d”, C.F.
Ex2: casos em que a lei determinar – ANATEL, ANEEL e a ANP – art. 52, III, “e”, C.F.
5- Controle.
Segundo CABM: controle é o poder “que assiste à Administração Central de influir sobre elas com o
propósito de conformá-las ao cumprimento dos objetivos públicos em vista dos quais forma criadas,
harmonizando-as com a atuação administrativa global do Estado”.
Na verdade não há relação de subordinação com Administração Direta; não há hierarquia entre eles;
O que existe é vinculação ou coordenação.
Esse vínculo gera um controle, chamado de controle finalístico / controle de resultados / tutela
administrativa, que exige expressa previsão em sua lei criadora, sob pena de acabar a autonomia;
Ex: INSS e MPAS.
Por este motivo o exercício deste controle é feito por lei, delimitando o quanto e a forma de
exercício deste controle. Visa assegurar que o ente está cumprindo com os objetivos formalizados na
lei instituidora
Na esfera federal, vide decreto-lei 200/67, art. 26, que prevê a tutela administrativa, feita pelo
Ministério ao qual se vincula a pessoa da Administração Indireta e é denominada de supervisão
ministerial.
Art. 26. No que se refere à Administração Indireta, a supervisão ministerial visará a assegurar,
essencialmente:
I - A realização dos objetivos fixados nos atos de constituição da entidade.
Considerações Finais:
A) Foros de litígio judiciais e prescrição;
As autarquias federais – autores, rés, assistentes ou oponente tem suas causas examinadas pela
Justiça Federal (art. 109, I, C.F.), incluindo o julgamento de mandados de segurança (art. 109, VIII).
Verificar causas específicas (ex: justiça do trabalho).
Sendo Estadual ou Municipal – justiça estadual comum, geralmente nas varas das Fazendas
Públicas.