1) O documento apresenta uma análise detalhada da obra Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, classificando-a como uma tragédia moderna que mistura elementos clássicos e românticos.
2) Destaca-se a presença do mito sebastianista na obra, representando o patriotismo e esperança no regresso de um herói que salve a nação.
3) As personagens retratam um conflito familiar que acaba em ruína, característica típica de tragédias
1) O documento apresenta uma análise detalhada da obra Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, classificando-a como uma tragédia moderna que mistura elementos clássicos e românticos.
2) Destaca-se a presença do mito sebastianista na obra, representando o patriotismo e esperança no regresso de um herói que salve a nação.
3) As personagens retratam um conflito familiar que acaba em ruína, característica típica de tragédias
1) O documento apresenta uma análise detalhada da obra Frei Luís de Sousa de Almeida Garrett, classificando-a como uma tragédia moderna que mistura elementos clássicos e românticos.
2) Destaca-se a presença do mito sebastianista na obra, representando o patriotismo e esperança no regresso de um herói que salve a nação.
3) As personagens retratam um conflito familiar que acaba em ruína, característica típica de tragédias
www.sebentadigital.com | Portugus 11 ano Frei Lus de Sousa, de A.
Garrett | A prof Dina Baptista
1 Agrupamento de Escolas do Bzio | Escola Bsica 2,3/S de Vale de Cambra Portugus 11 ano Unidade: Frei Lus de Sousa, de Almeida Garrett
Sistematizao de conhecimentos | I
1. A Memria ao Conservatrio Real
Este texto, escrito por Garrett ao Conservatrio Real de Lisboa, antes da apresentao pblica da pea, um texto de reflexo sobre a Literatura, o Teatro e a funo do artista na sociedade, que contribui para entender melhor o pensamento e os objectivos do autor do Frei Lus de Sousa. E neste sentido, importa reter alguns momentos mais ilustrativos deste texto ilustrativos: . Preocupao de valorizar a cultura nacional, a sua histria e tradies; . Afirmao da independncia e liberdade do criador, perante diferentes tipos de limitaes, desde as classificaes literrias veracidade histrica, . Expresso de originalidade, ao afastar-se dos antigos e modernos, ou melhor, ao conciliar o que de melhor encontrava nos clssicos com a actualidade da sua escrita; . Defesa da misso pedaggica e cvica do artista.
2. Classificao da Obra:
Esta uma verdadeira tragdia - se as pode haver, e como s imagino que as possa haver sobre factos e pessoas comparativamente recentes. [...] NO ENTANTO, Contento-me para a minha obra com o ttulo modesto de drama; s peo que a no julguem pelas leis que regem, ou devem reger, essa composio de forma e ndole nova; porque a minha, se na forma desmerece da categoria, pela ndole h-de ficar pertencendo sempre ao antigo gnero trgico. [...] Almeida Garrett, Memria ao Conservatrio Real de Lisboa (lida em 6 de Maio de 1843)
2.1. Quanto ao CONTEDO, uma TRAGDIA:
. Nmero de PERSONAGENS diminuto: um pai (D. Manuel de Sousa Coutinho) uma me (D. Madalena de Vilhena), uma filha (Maria), um criado (Telmo Pais), um frade (Frei Jorge) e um romeiro que apenas aparece em duas cenas); . O DESAFIO das prepotncias divinas e humanas (a hybris): Madalena casa pela 2 vez sem ter a plena certeza da morte do seu primeiro marido, desafiando assim as leis sagradas do matrimnio; Manuel de Sousa incendeia o seu palcio afrontando o poder poltico e o domnio filipino; maria revolta-se contra a deciso final dos pais, contra Deus e as leis do matrimnio. . O CONFLITO (Agon) interior, de conscincia de Madalena e o conflito com outras personagens no caso de Telmo; . A Presena do SOFRIMENTO (o pathos) que se vislumbra logo na primeira cena e que cai gradualmente (climax) sobre Madalena, atingindo todas as restantes personagens . INCAPACIDADE DE LUTAR contra essa fatalidade contra essa fatalidade (se pudessem e assim conseguissem mudar o rumo dos acontecimentos, a pea seria um drama). Os protagonistas limitam-se a aguardar, impotentes e cheios de ansiedade, o desfecho que se afigura cada vez mais pavoroso; . A PERIPCIA (sbita mutao dos acontecimentos): alterao provocada pela chegada de D. Manuel com a deciso de incendiar o palcio; alterao provocada pela chegada do Romeiro); . O RECONHECIMENTO (a agnorisis): a identificao do Romeiro; . A CATSTROFE (katastroph) causada pelo regresso de D. Joo de Portugal: desonra = morte moral / morte psicolgica / morte fsica; . As semelhanas com o CORO GREGO: Telmo, dizendo verdades duras protagonista, e Frei Jorge, tendo sempre uma palavra de conforto, parecem o coro grego.
2.2. Quanto FORMA e presena de DETERMINADAS CARACTERSTICAS prprias do Romantismo um DRAMA ROMNTICO: . No em verso, mas em prosa (repugnava-me tambm pr na boca de Frei Lus de Sousa outro ritmo que no fosse o da elegante prosa portuguesa que ele, mais do que ningum, deduziu com tanta harmonia e suavidade.); . No tem cinco actos (mas 3 actos); . No respeita as unidades de tempo e de lugar; www.sebentadigital.com | Portugus 11 ano Frei Lus de Sousa, de A. Garrett | A prof Dina Baptista 2 . No tem assunto antigo; . A linguagem adequada realidade quotidiana das personagens: fluente, entrecortada com reticncias, exclamaes, interrogaes, elipses, anacolutos, repeties, aproximando-se do tom coloquial, retratando os movimentos afectivos das almas e o ritmo dos impulsos da conscincia. E, por isso, to diferente do tom altivo e abstracto da linguagem clssica.
. Crena no sebastianismo (O Mito sebastianismo est espalhado por toda a obra. Logo no incio (I,2), Madalena diz a Telmo: ,mas as tuas palavras misteriosas, as tuas aluses frequentes a esse desgraado D. Sebastio ; . O tema da morte (entendida para os Romnticos como a melhor soluo para os conflitos): Morte psicolgica de Madalena e Manuel e morte fsica, em cena, de Maria; . Crena em agouros, em dias aziagos, em supersties; . As vises de Maria, os seus sonhos e o seu idealismo patritico; . O titanismo de Manuel de Sousa incendiando a casa s para que os Governadores do Reino a no utilizassem; . O Individualismo, acentuado pelo confronto entre o indivduo e a sociedade, entre o cdigo moral estabelecido e o desejo de ser feliz) e presente na atitude que Maria toma no final da pea ao insurgir-se contra a lei do matrimnio uno e indissolvel, que fora os pais separao e lhos rouba: Amor/Indivduo versus Sociedade . O esprito cristo, redentor de uma condenao irremedivel. Fonte: http://faroldasletras.no.sapo.pt/frei_luis_de_sousa.htm
FREI LUS DE SOUSA: Entre o Clssico e o Moderno: TRAGDIA MODERNA / TRAGDIA de natureza SIMBLICA-PATRITICA
3. As personagens As personagens, em nmero reduzido, esto relacionadas umas com as outras de modo surpreendente e formam um todo fechado, ou seja, uma famlia. E neste sentido, pode-se dizer que a famlia uma espcie de personagem do drama. No entanto, para alm de a construo das personagens ter em conta o conceito de famlia, a verdade que estas esto nitidamente orientadas para um acontecimento final que corre para a runa iminente.
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FREI Jorge Coutinho: irmo de Manuel de Sousa, amigo da famlia e confidente nas horas de angstia. Vai ter um papel importante na identificao do Romeiro.
Fonte: Guerra, Joo; Vieira, Jos (1998) Manuel Aula Viva, 11 ano - Portugus B. Porto Editora, p. 216.
4. O Mito Sebastianista Lenda ou mito que assenta sobre uma f visionria e messinica: crena na vinda de um heri que regenere a nao
4.1. A Construo do Mito [...] Veio depois a derrota de Alccer Quibir e o desaparecimento do Rei (1578). A nao caiu sob o domnio castelhano. A literatura chorou, com a perda de D. Sebastio, o desfazer das esperanas desmedidas, a runa dum povo que, havia pouco, deslumbrara o mundo com os Descobrimentos e a criao de um grande Imprio. [...] Foi ento que surgiu, como instintiva reaco, o sebastianismo. Julgou-se que s a f visionria poderia salvar-nos. Na primeira metade do sc. XVI vrios pretensos profetas, desafiando os rigores da Inquisio, haviam aliciado adeptos, nomeadamente cristos novos. Entre esses profetas contava-se Gonalo Anes, de alcunha o Bandarra, sapateiro de Trancoso (Beira Alta), homem cujas trovas, largamente divulgadas, se tornariam o evangelho do sebastianismo. O Bandarra tinha-se inspirado na Bblia para verberar a corrupo da poca e fazer obscuras predies, entre as quais, parece, estavam a da conquista de Marrocos, a da derrota dos Turcos e a do Quinto Imprio. [...]. Durante o sc. XIX, o sebastianismo foi passando da esfera poltica para os domnios literrio e culturolgico. O sonho herico de D. Sebastio, a sua morte na batalha, o mito do seu regresso e a quimera do Quinto Imprio inspiram poetas e prosadores. [...] No Frei Lus de Sousa de Garrett, Telmo, o velho criado, quem associa f no retorno do Rei a convico de que D. Joo de Portugal, seu amado amo, um dia aparecer. Outros autores, entre os quais Padre Antnio Vieira (sc. XVII), viram o Encoberto em outros reis, que construiriam o Quinto Imprio. uma literatura poltico-messinica, que se fortaleceu ainda no incio do sculo XX com o movimento literrio Saudosismo (liderado por Teixeira de Pascoaes) e depois por Fernando Pessoa, sobretudo na Mensagem. Mesmo na actualidade, o sebastianismo explorado literariamente (ex: Manuel Alegre). Fonte: Coelho, Jacinto do Prado, DICIONRIO DE LITERATURA in http://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_sebastianismo.htm
www.sebentadigital.com | Portugus 11 ano Frei Lus de Sousa, de A. Garrett | A prof Dina Baptista 4 4.2. A Permanncia do Mito O Sebastianismo evoluiu para simples PATRIOTISMO e os Sebastianistas identificaram-se com os opositores da Unio Ibrica. O Sebastianismo enraizou-se no esprito nacional como trao caracterstico, poderoso fermento de reaco em momentos agudos de crise. Fonte: Jacinto Prado Coelho, Dicionrio de Literatura
4.3. Frei Lus de Sousa e o Mito Sebastianista ou a mensagem Anti-Sebastianista No Frei Lus de Sousa, o mito sebastianista alimenta, desde o incio, o conflito vivido pelas personagens, na medida em que a admisso do regresso de D. Sebastio implicava idntica possibilidade da vinda de D. Joo de Portugal, que combatera ao lado do rei na batalha de Alccer Quibir, o que, desde logo, colocaria em causa a legitimidade do segundo casamento de D. Madalena. No inocente, nem fruto do acaso, o facto de Garrett ter concebido que Madalena aparecesse em cena justamente a ler Os Lusadas. Efectivamente, tal facto est tambm associado ao mito sebastianista que, deste modo, marca a obra desde o seu incio. Quem se encarregar, pois, de dar corpo a tal mito? Telmo Pais, o velho aio de D. Joo e em cuja morte no acredita, e Maria, filha de D. Madalena de Vilhena e de Manuel de Sousa Coutinho, educada por Telmo. Fonte: in http://faroldasletras.no.sapo.pt/frls_sebastianismo.htm
PORM,
No Frei Lus de Sousa, Garrett tambm faz pe em evidencia os seus efeitos catastrficos do Sebastianismo, e neste sentido, poder-se- falar numa mensagem anti-sebastianista: No Sebastianismo, como ele representado no Frei Lus de Sousa por Telmo e Maria, reside no somente a crena em que o Rei ao voltar (o Encoberto) conduzir a uma poca de brilho em Portugal . Infiltraram-se nele concepes messinicas mais antigas e relativas ao fim prximo do mundo. [...] O Regresso que se realiza do Frei Lus de Sousa , visto de l, - e temos de o ver assim, segundo a vontade da prpria obra -, um anti-regresso. No leva redeno, mas catstrofe, e no a uma graa, mas sim a uma desgraa. O nimbo messinico volta do mito sebstico paira volta do regresso destruidor de D. Joo de Portugal. Fonte: W. Kayser, Anlise e Interpretao da obra literria in Manual Plural, 11 ano, Lisboa Editora, p. 111.
ABAIXO EL-REI SEBASTIO
preciso enterrar el-rei Sebastio preciso dizer a toda a gente que o Desejado j no pode vir. preciso quebrar na ideia e na cano a guitarra fantstica e doente que algum trouxe de Alccer-Quibir.
Eu digo que est morto. Deixai em paz el-rei Sebastio deixai-o no desastre e na loucura. Sem precisarmos de sair o porto temos aqui mo a terra da aventura.
Vs que trazeis por dentro de cada gesto uma cansada humilhao deixai falar na vossa voz a voz do vento cantai em tom de grito e de protesto matai dentro de vs el-rei Sebastio.
Quem vai tocar a rebate os sinos de Portugal? Poeta: tempo de um punhal por dentro da cano. Que preciso bater em quem nos bate preciso enterrar el-rei Sebastio. Manuel Alegre