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ÉTICA À NICÔMACO:

Livro 1
Toda arte e toda a investigação tende a um bem qualquer, fazendo com
que todas as outras coisas tendam também a ele. Muitas são as ações das
artes e ciências, assim como suas finalidades, que só são procuradas em
função daquelas. Há um bem o qual todas as ciências buscam em comum e
o conhecimento deste é de fundamental importância sobre nossas vidas, o
objeto do nosso estudo será determina – lo em linhas gerais partindo da
ciência política, pois esta define o que é certo, o que deve ser estudado e o
que deve ser ensinado, visto que ela se utiliza sobre as demais ciências e
legisla sobre elas, abrangendo portanto a finalidade das demais, que podem
beneficiar indivíduos ou toda a sociedade, sendo este último interesse mais
divino e nobre. A ciência política admite uma flutuação nos seus conceitos
de belo e justo, tornando - se existente quase que somente por convenção.
Flexibilidade de conceito semelhante existe referênte aos bens, pois ja
houve quem perecesse por causa de sua riquesa ou coragem, por isso
vamos nos contentar em encontrar a verdade de forma aproximada, e não
absoluta. Definido vulgarmente, a busca das ciências políticas pode ser a
felicidade, o bem viver, o ser rico ou ter saúde, para alguns pensadores este
objeto seria um bem que, de tão grandioso, torna-se inacessível e por existir
tão grandes divergências consideraremos os conceitos mais razoáveis.
Platão questionava “Estamos no caminho que parte dos primeiros principios
ou estamos nos dirigindo a eles ?” e para entrar nesta discusão avisamos
desde já que deve-se ter sido educado nos bons hábitos e ser ouvinte, como
dizia Hesiodo “Ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas,
bom o que escuta os conselhos dos homens judiciosos, mas o que por si não
pensa, nem acolhe a sabedoria alheia, este é em verdade um homem
inteiramente inútil” Existem três modos de vida, o do homem inútil, o da
vida política e o da vida contemplativa, podemos dizer que a razão da vida
dos primeiros citados (ignorantes) é a felicidade e que a honra é o bem da
vida política, pois muitos a buscam incessantemente, talves por quererem
um reconhecimento de uma vida honesta, nos permitindo colocar então a
virtude também como uma razão deste modo de vida, mas fica ainda o
quadro incompleto. Veremos somente mais tarde a vida comtemplativa.
Quanto a vida na busca pelo dinheiro, ela é forçada, a riquesa é util mas não
faz parte da nossa busca. Consideremos o bem universal, em uma visão
diferente da de Platão, os bem estão divididos em duas classes, aqueles por
si mesmos, buscados particularmente, e os que servem para proteger
outros bens ou afastar seus opostos, mas os bens não são uma espécie de
elemento comum que corresponda a uma idéia única, eles se mostram
diferentes nas diversas ciências e artes, sendo o objetivo destas, pois é pela
saúde do paciente que o médico busca a cura e quando esta é alcançada se
faz o bem procurado. Esta não correspondência única de idéias faz com que
o bem universal seja inatigível, deixando de ser o objeto de nossa busca,
assim como este conjunto de bens, pois procuramos aquele que é o
absoluto dos absolutos, um bem buscado por ele mesmo e não por qualquer
outra coisa, como a felicidade, pois a honra, o prazer, a razão, tudo é
buscado ao fim dela, fazendo desta um bem absoluto, auto suficiente e
finalidade de todas as ações. Concluido isso temos um esboço do que
procuramos. A quem diga que o começo é mais que a metade do caminho
pois é mais facil completar o que já esta começado que iniciar um trabalho.
Os bens que se relacionam com a alma são as ações e atividades psíquicas,
este são os bens no sentido mais verdadeiro da palavra, o homem feliz vive
bem, age bem. Nos jogos olímpicos não são os homens mais fortes e belos
que ganham mas os que competem, pois só no meio destes surgirão os
vencedores, assim sendo também as coisas nobres e boas da vida , que só
são conquistadas pelos que agem corretamente. O homem bom não
encontra conflitos dentro de si, mas sim paz entre seus interesses, que são
nobres. O homem que não se compraz nas ações nobres não é bom pois
quem consideraria justo um homem que não sente prazer em fazer o bem.
Portanto a felicidade é a melhor, a mais nobre, a mais aprazível coisa do
mundo, ela é nossa busca. Mas a felicidade não é facilmente alcançada sem
outros bens (os meios no qual se chega a ela) pois dificilmente um homem
que não tem amigos ou filhos, ou os tem e eles são perversos ou a morte
levou os bons, alcançará a felicidade, que alcançada por acaso não é tão
realizadora quanto aquela que foi intensamente procurada. O homem feliz é
aquele que consideramos que foi feliz durante a vida e até nos momentos
mais difíceis agiu com moral e nobreza. As atividades de cada um dá, ou
não, nobreza e felicidade a vida, portanto, nesta visão um homem de
atitudes nobres nunca se tornará um homem infeliz por nunca ter tomado
atitudes não nobres ou ignóbeis assim como também a felicidade ou os
infortúnios dos amigos e decendentes deste homem antes e depois da
morte não são capazes de tirar a felicidade de quem a tem ou da-la pra
quem nunca a teve. Louvamos a felicidade? Louvamos aos deuses porque
os comparamos conosco e vemos que eles são melhores, mas quando nos
comparamos com a justiça e a felicidade sempre louvamos aquela, talves
porque temos felicidade com algo maior, assim como o prazer pois ambos
não são louvados, nós os colocamos como algo que esta acima de nós. A
felicidade é uma vitude e portanto para entender aquela devemos estudar
esta. O político é o estudioso da virtude e para conhece-la como atividade
da alma, deve estudar a alma, assim com um oftalmologista deve também
ter um conhecimento geral de todo o corpo para entender o funcionamento
dos olhos. As virtudes são as disposições louváveis do espírito, e elas são
divididas em intelectuais (como a compreensão ou a sabedoria filosófica) ou
morais (como a liberdade ou temperança), sendo por estas virtudes que
consideramos os homens.

Livro 2
A virtude intelectual é adquirida com o tempo, ao passo que a virtude moral
é adquirida pelo hábito, pois a natureza não nos dá virtudes, mas sim a
capacidade de recebe-las e esta se aperfeiçoa pelo hábito, assim como as
demais coisas que nos vem por natureza, primeiro recebemos a potência e
depois cumprimos a atividade, nos tornamos justos praticando a justiça, um
exemplo de como isso acontece é o das cidades-estados, onde os
legisladores tornam a população honesta imponto leis que dizem que se
deve agir de uma maneira certa, da mesma forma transforma-se uma
cidade em um lugar ruim para se viver governando–a pelas regras más,
assim como geramos a virtude a destruimos. Por toda esta importância é
que devemos estudar os atos, pois eles constituem a vitude pelo hábito,
quanto mais enfrentamos nossos medos mais nos tornamos corajosos e
quanto mais nos tornamos corajosos mais temos a capacidade de enfrentar
nossos medos. O prazer e a dor estão ligados com a virtude dos atos, pois o
homem que enfrentas seus medos e se alegra com isso é corajoso e o
homem que o faz mas sente–se aborrecido ou sofre com isso é um covarde,
fazemos as coisas certas por que nos dão prazer e deixamos de fazer as
coisas erradas por nos trazer dor ou mesmo por não nos dar prazer, ou vice-
versa, este é também o esquema usado no castigo, quando deixamos de
fazer uma determinada coisa por que o castigo não nos faz feliz. As ações
são ditas justas e temperadas quando são equivalentes às de um homem
com estas qualidades, mas isto não significa que aquele que as praticou
tenha estas qualidades, mas que apenas as praticou deste modo, o que faz
parte do caminho para chegar a ter tais virtudes, pois pela prática de atos
justos se faz um homem justo e pela prática de atos temperantes se faz um
homem temperante, e sem a prática de tais atos jamais se tornariam assim.
Quanto à virtude, ela é uma disposição, pois não somos julgados por elas,
mas sim consideram–nos por termos disposição a uma determinada virtude.
Ela é responsável a dar excelência aos nossos atos. O excesso e a falta
destroem as boas obras de arte, por isso o artista sempre deve buscar o
meio termo, assim também é em relação à virtude moral, onde as paixões e
ações prescisam deste. Portanto a virtude é mediana, pois busca o meio
termo, que é relativo, pois a cada situação tem–se um diferente, o que pra
uma pode ser em excesso para outro pode ser falta, deve– se analisar o
momento. As ações erradas, como o adultério, o roubo o assassinato, são
sempre más, nelas não existe nem falta nem excesso nem meio termo,
sempre, em qualquer situação são desprezíveis. Alcançar o meio termo,
assim como alcançar o centro de uma circunferência não é pra qualquer
pessoa, mas para a que sabe agir em relação a medida, ocasião, motivo e
maneira que convém, e por ser tão difícil chegar neste meio termo e tão
facil se desviar dele devemos sempre nos distanciar de um extremo,
caminhando em direção ao outro, nos aproximando da atitude mediana.
Não censuramos o homem que se desvia um pouco demais ou de menos
mas somente aquele que se desvia considerávelmente, pois este não passa
desapercebido.

Livro 3
As virtudes, ações e paixões, são de natureza voluntária ou involuntária, e
após esta distinção nosso julgamento sobre os atos devem mudar, pois as
ações involuntárias são dignas de perdão e até compaixão, pois são
realizadas por ignorância, sob compulsão ou até mesmo pressão, deixando
bem claro a diferença entre “na ignorância” e “por ignorância”, pois um
homem bêbado age na ignorância e não pro ser ignorante, o que o difere
daquele que age involuntáriamente é o peso na consiência, a intensão, e o
que age voluntariamente tem plena consiência do que vai fazer, mesmo nos
momenos de cólera, pois se considerássemos estes momentos como de
inconciência nenhum dos animais ou criançlas agiriam por vontade própria,
e as ações irracionais das paixões são tão humanas quanto a racionalidade
e portanto não podem ser consideradas involuntárias. Depois de definido
voluntário e involuntário, vamos discutir sobre a escolha, pois os animais e
crianças praticam atos voluntários mas não os escolhem, assim como o
homem em cólera, fora deste momento nós sempre escolhemos nossas
atitudes, e a escolha é aquilo elegido de prefência à outras coisas. Quanto
ás deliberações, não deliberamos sobre os fins,mas sobre os meios, um
médico não delibera se deve ou não curar um paciente, mas sim como deve
faze–lo, assim, clamamos por ajuda, discutimos e pedimos a opinião de
terceiros porque não confiamos na nossa capacidade de decidir. Os bens
são aquilo sobre o que nos deliberamos e escolhemos, e os fins aquilo que
cada um deseja. Cocluindo, depende de nós praticar atos nobres ou vís
assim como depende de nós sermos virtuosos ou viciosos. Ninguém
recrimina um cego de nascença ou aquele que o é por causa de um
acidente ou doença mas sim aquele que o é pela bebedeira, pois foi de
forma consiênte que ele escolheu tal caminho, da mesma forma agimos
quanto a ignorância ou maldade alheia. O homem é o pai de sua pópria
vontade! Falemos um pouco de coragem, que, como ja definimos, é o meio
termo entre o medo, que é a expectativa do mal, e a temeridade, ou “tudo
posso”. O que se deve temer? Alguns temem a desonrra, o que é louvavel,
pois aqueles que não a temem tornam-se desavergonhados. A idéia é que
algumas coisas devem ser temidas, e só o homem que enfrenta estes males
é que realmente é corajoso, temos que ver ainda, que coragem é um
adjetivo relativo, pois o covarde para guerra pode ser corajoso enquanto
negociante. Sem dúvia alguma, a morte é o maior dos medos e aquele que
a enfrenta em nome da honra é o mais corajoso e digno desta. “Coragem é
nobre, portanto seu fim é nobre, pois cada coisa é definida por seu fim,
assim conclui–se que é com uma finalidade nobre que um homem corajoso
age e resiste conforme lhe apronta a coragem. Porém, morrer para fugir da
pobreza, ao amor, ou a qualquer coisa dolorosa, não é próprio de um
homem corajoso, mas sim de um covarde, pois é fraqueza fugir do que nos
atormenta, e um homem desta espécie enfrenta a morte não por ela ser
nobre, mas para escapar de um mal.” A paixão é confundida com a coragem
pois ela, mais do que qualquer coisa, leva o homem a enfrentar o perigo e
às vezes, cegado pela paixão o faz não por coragem, mas por impulso, pois
a paixão só torna-se coragem quando lhe é acrecentado os motivos e a
escolha e para os verdadeiramente corajosos, que agem pela honra, a
paixão só lhes dá mais força. Não são corajosos também os otimistas, que
só lutam por estarem vencendo com freqüencia, ou os ignorantes, pois
estes assim que tomam o conhecimento da realidade fogem dela. È por
enfrentarem o que é penoso que os homens são chamados de corajosos,
pois a coragem envolve o que é penoso pois é mais difícil enfrentar o
penoso do que abster – se do agradável. Temperança é o meio termo das
paixões e prazeres. Podemos fazer a distinção de prazeres do corpo e da
alma (como a honra). A temperança se relaciona com os prazeres do corpo,
mas não com todos pois não são chamados de intemperantes aqueles que
vêem cores demais ou ouvem músicas demais. Além do homem, nenhum
animal tem o prazer relacionado assim, pois o cheiro de lebre não deleita o
cão, mas este se deleita em come–la, e o fato do cheiro da lebre dizer–lhe
que esta está perto o faz ralacionar. A intenperança nos domina não como
homens mais como animais. Os intenperantes excedem, não só no prazer,
mas também no sofrimento, como o homem que sofre demasiadamente por
uma perda se torna inconveniente. A intemperança é uma disposição mais
voluntária que a covardia, pois é motivada belo prazer e a outra pelo medo,
evitação. O homem temperante deseja as coisas como se deve desejar e no
momento em que se deve faze–lo, como determina o principio racional.
Livro 4 A liberalidade é o meio termo entre o a prodigalidade e a avareza, o
homem liberal é desprendido, na medida certa, de seus bens materiais, o
pródigo é aquele que esbanja dinheiro a ponto de disipar todos os seus
bens, e o avarento é prezo à riqueza pelo amor. Coisas úteis podem ser bem
ou mal usadas, e a riqueza é uma destas coisas, o homem que sabe usar–la
é o liberal, que é louvado mais por dar o dinheiro que tem do que por saber
receber da fonte certa, ele também sabe o momento, a quantia e a pessoa
certa a receber, todavia aquele que dá às pessoas que não deve, busca o
dinheiro na fonte errada, tendo em vista o que não é nobre ou sofre ao dar,
não pode ser considerado liberal. O homem liberal não é chamado assim por
ter muitas posses, mas pelo modo de agir, tendo disposição em dar. O
pródigo, que peca pelo excesso, pode ser considerado melhor que o
avarendo, pois este por dar exessivamente acaba na pobreza e com ela tem
grandes chances de se tornar liberal quando “criar juízo”, além disso, ao dar
demasiadamente acaba por ajudar outras pessoas, diferentemente do
avarento que não ajuda nem a si mesmo. Porém os pródigos não visam a
honra e na ansia de gastar não exigem pegar riqueza da fonte certa, o que
os torna também semelhantes aos avarentos que não visam o nobre e são
apegados demais a riqueza que vem da fonte errada, diferente dos
migalheiros que não dão para que não necessitem um dia de pegar dinheiro
da fonte errada e eles não invejam o bem alheio, como o avarento. A
avareza é incurável. A magnificência é semelhante ao liberalismo, pois
consiste nos gasto astronômicos mas na dose certa, com o objetivo certo,
portanto todo homem magnificente é liberal, mas nem todo homem liberal é
magnificente, depende da quantia. O homem magnificente não deve gastar
demais em coisas erradas, ele sabe gastar certo as quantias grandes em
nome da honra, com bom gosto, e assim como o gasto seu resultado
também deve ser grandioso. O homem magnificente deve gastar, porém,
dentro de seu orçamento, pois o homem pobre que tenta se tornar
magnificente sem ter, no entanto, o suficiente para isso é tolo. Os
mesquinhos são aqueles que em tudo que fazem verificam e reverificam o
quanto devem gastar e sempre acham que estão gastando demais, acabam
estragando um belo banquete por economizar palitos de dente, mas eles
não são ofensivos as outras pessoas e por isso não é repreensíveis. A
magnanimidade se relaciona com honras grandiosas e com o homem que
esta a altura destas, pois aquele que é arrogante a ponto de pensar que é
digno da honras das quais não é, é tolo e pretensioso, embora nem todos
que pensem estar acima do que realmente estão podem ser chamados de
pretencioso. As pessoas que se consideram menos merecedoras do que
realmente são são indevidamente humildes. A magnanimidade é como o
coroamento das virtudes, pois ela as torna maiores e não existe sem elas
por isso é dificil ser verdadeiramente magnânimo sem possuir um caráter
bom e nobre. Os humildes e pretenciosos não são considerados maus, pois
não fazem mau a ninguém, são apenas equivocados. A honra também tem
seu meio termo, não se deve deseja–la demasiadamente que se viva
exclusivamente para isso nem despreza–la ao ponto de torna–la irrelevante,
o seu meio termo não tem uma definição própria, mas seus extremos agem
sempre como se ele não existisse. A calma é o meio termo da cólera, ela
tende ao excesso, que é indefinido, mas se assemelha como a pacatez. O
homem que entra em cólera com as pessoa certas e nas horas certas são
calmos (vingar-se é humano), aqueles que entram em cólera por qualquer
motivo se tornam arrogantes e os pacatos demais, que não entram em
cólera por nada deste mundo, são tidos como tolos. Não é fácil dizer até
quando se está no meio termo, mas aquele que quase chega a este e o que
passa um pouco, não merecem ser repreendidos, nem tampouco é possível
definir o perfil daquele merecedor de repreenção pois isto depende de cada
situação. As pessoas que em sua vida social evitam demais magoar os outro
e para isto concordam com tudo, sem jamais se opor, para não desagradar
outras são chamadas de obsequiosas, aduladoras, enquanto as que não
estão nem aí com os sentimentos alheios e somente discordam, se opondo
a tudo dito ou feito são consideradas grosseiras. Estas disposições são
censuráveis, assim como o seu meio termo louvável, mas este não tem um
nome determinado, embora se assemelhe com a amizade, se difere dela por
tratarmos estranhos e íntimos de maneiras diferentes, esta qualidade se
trata de ser conveniente no concordar ou discordar. Falemos agora
daqueles que buscam a verdade ou a falsidade tanto em atos e palavras
quanto em suas pretenções. È considerado jactansioso o homem que se
arroga em coisas que trazem glórias quando as não tem, ou mais do que
tem, o homem falsamente modesto tende ao contrario, a negar ou a
minimizar o que possui e o homem que observa o meio termo, não exagera
nem subestima, é veraz quer em seu modo de viver quer em suas palavras,
declarando o que efetivamente possui, nem mais nem menos. Cada uma
destas formas de agir podem ser adotadas com ou sem um objetivo, mas
cada um age segundo seu caráter, e o caráter do homem verdadeiro(veráz)
é louvado assim como o do homem falso (jactancioso) é repugnado. O
homem veráz é assim com suas palavra e conduta, mesmo quando a honra
não esta em jogo, evitando a falsidade, se compraz mais em atenuar a
verdade do que em exagera–la pois os exageros são desagradáveis. O
homem que diz ter mais do que possui sem ter objetivo algum com isso, ou
em razão de conseguir dinheiro é repugnante, sendo aquele que o faz com
um objetivo honrrado, ainda que jactansioso não é merecedor de
repreensão, pois não é a potencialidade que faz o jactancioso mas seu
propósito. Os homem falsamente modestos parecem mais simpáticos, mas
por subestimarem seus atos e méritos negando possui-los, enquanto são
óbveis são impostores e devem ser repreendidos. O lazer também faz parte
da vida, como o falar e o ouvir, e o homem jocoso em excesso ou seja,
aquele que provoca riso sem levar em conta a conveniência do que diz, é
considerado vulgar, enquanto aquele que não sabe ser engraçado e não
suporta os que são, é rústico e grosseiro e aqueles que gracejam com
medida são espirituosos. A vergonha é mais um sentimento que uma
virtude, mas é tomada como medo da desonhra e por isso é uma disposição
de caráter, ela é bem vista apenas nos jovens, pois estes vivem pela
emoção, ela acaba servindo para moldar seus caraters, já nas pessoas mais
velhas, entretanto, a vergonha não é bem vista, pois um homem experiente
não deve ter do que se envergonhar e caso tenha cometido um ato para tal,
é uma pessoa má, pois nos envergonhamos das ações que cometemos
consientemente e um homem bom jamais cometeria atitudes más
voluntariamente, o despudor também é repreensível pois não se
envergonhar dos maus atos praticados é ruim. Livro 5 Falemos da justiça e
injustiça, o homem justo é conhecido por praticar atos justos e o injusto,
analogamente é conhecido por praticar atos injustos. A justiça é a virtude
completa, ela resume todas as virtudes pois é o exercicio delas, do mesmo
modo a injustiça é o vício inteiro, porém, o ganâncioso, na maioria das
vezes, não mostra seus vícios, mas sem dúvida tem uma dose de maldade e
por isso deve ser repreendido. O homem que comete adultério e com isso
pretende ganhar algum dinheiro é pior que aquele que o faz por vontade
carnal e sofre perdas por isso, pois o primeiro é considerado injusto, sua
motivação é o prazer proporcionado pelo ganho, enquanto que a este
atribui–se apenas uma deficiência moral em particular, mas se alguém
comete um ato em particular este só pode ser considerado injusto, portanto
temos dois tipos de injustiça, a geral e a particular, sendo esta ùltima
diferente do vício completo, e assim também é com a justiça pois ela tem
seu lado particular, que difere do bem completo. A justiça deve ser
proporcional , e assim vemos que o justo é o proporcional e o injusto é o
que viola a proporção. Uma espécie de justiça é a corretiva, pois para ela é
indiferente, não importa se um homem bom lesou um homem mau, ou se o
contrário aconteceu, pois o juíz perguntará quem lesou e que foi lesado,
tentando trazer equilíbrio ao caso, trazendo prejuízo para o que teve
“ganho” na ação, resarcindo, de certa forma, a vítima que “perdeu” ao ser
ferida ou roubada. Para isso serve o juíz, para equilibrar, e a justiça
corretiva, da qual ele faz uso, serve para trazer este equilíbrio, o igual. A
justiça, segundo alguns autores, não deve privilegiar ninguém, mas deve
ser recíproca, e a base do relacionamento humano está aí, pois os homens
buscam se igualar para ser manter unidos, como exemplo pensemos em um
arquiteto que fez uma casa e um sapaterio que fez um sapato, se trocarem
seus feito não estarão iguais, por isso deve–se ter uma justiça igualitária,
para que a igualdade seja alcançada e ninguém saia perdendo, pois um
médico não procura outro médico, mas se associa a um agricultor, pois
necessitamos de coisas desiguais para viver. Esta é a razão pela qual se
instituiu o dinheiro, pois todos os bens devem ser igualados de alguma
forma, para que o trabalho de um não valha mais do que o de outro.
Portanto a injutiça é o excesso e a falta, ter muito pouco é ser sua vítima e
ter demais é agir injustamente. Porém, nem todos os que agem
injustamente são injustos, um homem que comete adultéio pode até saber
quem é a mulher com a qual deita, mas não faz isso em nome do pecado,
mas pela paixão, portanto cometeu uma injustiça mas não é injusto, este
exemplo se aplica aos demais casos tambèm. A justiça existe apenas entre
homens cuja as relações são regidas pela lei, e esta (a lei) só existe entre os
quais injustiças podem ocorrer. Existe uma justiça por natureza (que é igual
em todos os lugares e imutável com o tempo) e outra existente só por
convenção (que difere de acordo com a região e o costume, muda). O
homem deve agir voluntariamente, de forma que, se seu ato não foi
voluntário, foi coagido, cometidos na ignorância, sem sua escolha, (por
exemplo quando um homem esta bêbado e comete algum erro sem pensar
sobre seus atos, o ato é injusto, não o homem) ou em cólera, não pode ser
considerado justo ou injusto, mas sim infortúnios. Quanto à equidade, que é
a dispodição de reconhecer igualmente o direito de cada um, ela não é
idêntica à justiça mas superior a esta. O papel do homem equitativo é o
instrumento de correção de uma lei quando esta é deficiente e não prevê
algum caso particular, o equitativo não é superior a lei natural, mas a
compreende e sabe aplica– la no sentido específico. Algumas leis não
podem ser específicas, e esta é a razão deles. Livro 6 Falaremos agora das
virtudes da alma, que é formada por três elementos que controlam a ação e
a verdade: a sensação, a razão e o desejo. A origem da ação é a escolha e a
origem desta é o desejo e o raciocínio dirigido a algum fim, por isso a
escolha não pode existir sem a razão e o intelecto, nem sem a moral, pois
as boas e as más ações não podem existir sem uma combinação de
intelecto e de caráter. Porém o intelecto não move nada então é necessário
que exista o intelecto prático, que vise a algum fim. São cinco as virtudes
pelas quais a alma possui a verdade: a arte, o conhecimento científico, a
sabedoria prática, a sabedoria filosófica e a intuição ou razão intuitiva. O
conhecimento científico é a convicção de um homem, a qual chegou este de
uma maneira conhecida por ele desde os pontos de partida até as
conclusões, seu conhecimento puro é tido de maneira acidental. Toda arte é
relacionada com a criação, invenção, no estudo das maneiras desta
produção, de coisas que existem ou ainda não. “A arte e o acaso visam
sobre os mesmos objetos”. A sabedoria prática consiste na capacidade de
raciocinar e agir naquilo tocante ao bem e ao mau para os homens, difere–
se da arte por ser a arte excelente na sua elaboração e não em sua ação. A
sabedoria prática é a capacidade verdadeira e raciocinada de agir no que se
refere as ações humanas, já o conhecimento científico é o juízo acerca de
coisas universais e necessárias, tanto suas conclusões quanto
demonstrações são derivadas dos primeiros princípios. Consideramos um
homem sábio não em um campo particular, mas em âmbito geral, pois a
sabedoria deve ser a mais perfeita forma de conhecimento, ela deve ser a
combinação entre a razão intuitiva e o conhecimento científico. A sabedoria
prática possue um campo gigantesco, ela envolve tudo sobre o que o
homem pode deliberar e visa como agir, ela necessita de experiência por
isso não se pode ser jovem e sábio, já a sabedoria filosófica não visa a ação
mas o estudo, é necessário ter ambas pois uma completa a outra. A
sabedoria política e a prática correspondem à mesma disposição da alma
mas são diferentes pois a política relaciona–se com a ação na cidade e a
prática com o indivíduo e ele mesmo. Investigações e deliberações são
diferentes, pois esta ùltima refere–se na investigação de algo em particular
e implica o raciocinio, a deliberação excelente é aquela que tende a
alcançar o bem, um bom deliberador normalmente é também dotado de
sabedoria prática, pois deve agir naquilo que delibera pra alcançar o bem. A
inteligência também difere da sabedoria prática, posto que esta encarrega–
se de agir em suas delibeações e aquela se ocupa em julgar. A inteligencia
não consiste em ter sabedoria prática, mas em aprender, no exercício da
arte de conhecer, no opinar, ela é idêntica a perspicácia e o homem
perspicaz é observador e sagaz. Dicernimento é o julgar segundo a verdade,
e a ele converge tudo aqui explicado, inteligência, sabedoria prática, razão
intuitiva; ás pessoas dotadas destes atributos também é conferido o
dicernimento, que assim como estas formas de sabedoria (exeto a
inteligência) vem com o tempo. Mas qual sera o benefício de ter a sabedoria
prática e filosófica? pois um homem sem virtude não se torna bom apenas
por conseguir estas sabedorias com o tempo se não as usasse, o fato é que
elas trazem complemento a vida, fazem parte da felicidade deixam nos
cientes daquilo que acontece e daquilo que vivemos, elas não nos tornam
virtuosos e bons mas nos dão instrumentos para decidirmos se o queremos
ser. As disposições das virtudes, com as quais todos nascem de nada
adiantariam sem a razão, do mesmo modo que um corpo forte poderia cair
ao chão sem a visão, por isso a razão é indispensável para a formação das
virtudes em nós, estas então quando praticadas e estimuladas implicam em
sabedoria prática. Livro 7 Vamos comentar agora sobre outras três espécies
de disposições morais, o vício, a incontinência e a bestialidade, sua
disposições contrárias são respectivamente a virtude, a continência e uma
espécie de habilidade heróica, sobrehumana, divinificada, sendo esta última
rara de encontrar tanto quanto ao homem bestial, que pode ser encontrado
entre os bárbaros, pois os bestias possuem imensa deformidade moral. A
incontinência ou frouxidão é dada ao homem que age mal segundo suas
paixões, mesmo que consiente de seus atos, Sócrates descorda desta
posição, pois segundo ele um homem não agiria errado tendo conhecimento
e consiência de seus atos, salvo por ignorância, descordando dele
acreditamos que é possível que isso aconteça quando o homem, na
ausência da ignorância, se deixa levar por suas paixões, dominado por seus
prazeres assim o faz quando suas convecções são fracas, portanto devemos
ter compaixão por sua incapacidade de se manter firme em seus objetivos.
Mas se a contingência se ressumir a manter suas idéias sobre todas coisa
pode se tornar uma coisa ruim no caso de não se querer abandonar uma
idéia má, sendo a incontingência neste caso uma coisa boa, fazendo–o a
abandonar. Além desta visão dizemos que o incontinênte é aquele que tem
o conhecimento mas não o usa, os incontinêntes são semelhantes aos
homem adormecidos e embriagados quem não escolhem o que fazem no
momento, ou aqueles que procuram os prazeres da carne por demais, mas
ninguém é incontinênte em absoluto, porém algumas pessoas são
demasiadamente que as chamamos assim, estes, por serem impulsionados
por seus desejos podemos compara–los e equipara-los aos intemperantes.
Todo homem busca os prazeres da vida e foge dos desprazeres, mas
somemte quem o faz com excessividade pode ser considerado assim,
mesmo que seja em apenas uma àrea de sua vida, assim como
consideramos um mau ator, ele não é mau como homem completo, mas
apenas em sua representação. A incontinência, assim como a bestialidade,
pode vir da natureza, pelo hábito ou por problemas, doenças e dificuldades,
como um estuprador que quando criança sofreu maus tratos e por isso
quando adulto cometeu estes pecados. Todas a bestialidades e
incontinências vêm da deficiência moral, e a incontinência brutal, bestial e
aquilo que é excessivamente demais não é simplismente incontinência mas
supera este conceito. A incontinencia pelo apetite é mais reprovável do que
pela cólera, pois se dá pelo impulso, não é colocada sobre a razão ou ao
julgo do raciocinio ao ser praticada, ja pela cólera, como quando um insulto
nos é dado este vai ao raciocínio e antes mesmo de termina-lo nos
premeditamos e concluímos que é preciso revidar, ela, com sua natureza
ardente e impetuosa, ouve mas não escuta a razão. Por isso a cólera é
menos reprovável que o apetite, pois é levada pelo raciocinio enquanto o
outro sequer isso faz, embora perdoemos com mais facilidade os erros
cometidos em razão do apetite este é reprovável também por especular, dá
a nós, com o tempo a malícia de buscar o que queremos mesmo que por
meios errados, já a cólera não, está é sincera e momentanêa. Quanto aos
prazeres, dores, apetites e aversões, a maioria das pessoas são medianas
quanto a estes sentimentos, e as outras tendem mais aos seus extremos.
Alguns prazeres são necessários, outros não, seus extremos nunca, e o
homem que busca a estes é vicioso. Um homem que fere outro sem estar
em cólera é mais recriminado que aquele que o faz em tal situação, pois o
que faria o primeiro quando encolerado? Por isso a intenperança se faz pior
do que a incontinência. O intenperante é incurável, pois nunca se
arrependende do caminho o qual escolhe, já o incontinênte é curável, pois
este é capaz de se arrepender. A intenperança e o vício diferem–se pois o
viciado não tem conhecimento de si e o incontinênte tem. O prazer também
é estudado pelo filósofo político, e existem sobre ele três visões, a primeira
defende que o prazer, absolutamente, não é um bem, pois eles são evitados
pelas pessoas temperantes, as sábias buscam o que é isento de sofrimento,
não a ele, que é um obstáculo ao pensamento pois quando em seus braços
um homem não consegue concentrar–se em nada, não exite arte no prazer
enquanto que em todo bem ela esta presente e as crianças e o animais
irracionais buscam a ele. Uma segunda visão defende que nem todos os
prazeres são bons, pois existem prazeres que são ignóbeis e censuráveis e
há aqueles que prejudicam a nós e fazem mal saúde. Há ainda uma terceira
visão dizendo que o prazer não é o bem supremo pois não é um fim mas
sim um processo, discordando de todas estas visões defendemos que o
prazer pode ser o bem supremos, pois é a busca comum entre os animais
irracionais as crianças e os homens. Em relação aos prazeres do corpo,
existem aqueles que são nobres, muito desejados, e os vís, que se
relacionam com os intemperantes. O homem que busca os excessos do
prazer se torna mau pois acaba por não buscar os prazeres necessários a
todos os homens. A causa dos prazeres da carne se tornarem mais
desejáveis é que estes afastam o sofrimento, pelos homens sofrerem muito
buscam os prazeres da carne em excesso para compensar. Livro 8
Falaremos agora na amizade, pois ela é uma virtude (ou implica em uma)
que é necessária à vida tanto dos mais ricos, pois de que adiantaria toda a
riqueza se não tivesse amigos para compartilha–la, quanto para os mais
pobre, pois para estes a amizade torna–se um refúgio. A amizade ajuda aos
jovens, fazendo–os evitar os erros e escolherem os caminhos certos, e aos
mais velhos, nas atividades que declinam com o passar dos anos. A amizade
liga os pais com os filhos, é observada também nos outros animais, ela é a
força que mantém as cidades unidas, os legisladores são seus defensores
pois devem evitar o faccionismo, que faz com que as cidades se disolvam.
Pode–se dizer que a mais autêntica forma de justiça é uma espécie de
amizade pois os homens amigos não necessitam de jusitça. Além de
necessária a amizade é nobre pois louvamos os homens de muitos amigos,
estes são considerados bons, porém existem vários debates relacionados
com a amizade, há aqueles que dizem que só se é amigo de seus
semelhantes, enquanto outros defendem que “dois do mesmo ofício não se
entendem”, vamos tentam definir as espécies e graduações de amizades,
mas antes vamos olhar o amor, pois nem todas as coisas merecem ser
amadadas mas apenas o bom, o agradável e o útil. A benevolência quando
reciproca se torna amizade, e para serem amigas as pessoas devem
conhecer uma à outra. As amizades não são acidentais, as pessoas são
amadas por proporcionarem algum bem ou prazer e é por isso que as
amizades e desfazem facilmente, pois quando uma das partes cessa de ser
agradável ou útil a outra deixa de ama–la, este “útil” não é fixo mas muda
constantemente; este tipo de amizade é comum nos velhos, pois estes
buscam o últi, já nos jovens as amizades mais comum são aquelas que
proporcionam o prazer pois este buscam acima de tudo aquilo que é
agradável e as coisas imediatas, mas com o passar do tempo seus prazeres
mudam e estas amizades são subistituídas rapidamente. A amizade perfeita
é aquela existente entre os homens bons e semelhantes nas suas virtudes,
tais pessoas desejam o bem de modo igual, mutuamente, e suas virtudes
raramente mudam por isso estas amizades são as mais duradouras,
praticamente permanentes, já que encontram um no outro todas as
qualidades que os amigos devem possuir, amizades como estas são raras
assim como homens assim também o são, além disso este tipo de amizade
leva temo e intimidade. Quando a amizade é por interesse é mais
rapidamente configurada e neste a afinidade não é elemneto base, o
homem mau pode se tronar amigo do bom e vice-versa, esta amizade é
mais fraca, estes são menos amigos. Apenas a amizade entre os bons é
invunerável à calúnia pois difícilmente desacreditamos de alguém que
durante muito tempo foi posto à prova, pois ali está a confiança,
diferentemente dos outros tipos de amizade. A distância não faz
desaparecer a amizade mas apenas sua atividade, no entanto a ausência
durante um logo tempo faz com que as pessoas esqueçam de suas
amizades. Entre as pessoas idosas e as acrimôniosas (as rudes) é mais
difícil encontrar a amizade pois estas são mais mal–humoradas e não
encontram muito prazer no convivio, que é a base desta. Existem amizades
em que os envolvidos dão e recebem diferentemente, como a amizade de
pai para filho, ou a de quem manda com a de quem obedece, ou a do
marido para com sua esposa, esta não dá, o mesmo que recebe pois tem
uma visão diferente, porém o amor trocado é proporcional. Igualdade e
semelhança formam a amizade, e amigos se firmam assim, amando sem
esperar ser amado da mesma maneira e intensidade, que depende do
relacionamento que os amigos tem entre si, os deveres de um pai para com
seu filho não são os mesmo de irmãos entre si. Da mesma forma a justiça
tem intensidades, pois é mais grave ferir a um grande amigo do que um
estranho, um filho a um desconhecido. Existem três formas de constituição
de poder, igual em numero de desvios ou perversões: a mornarquia, cuja a
perversão é a tirania, ambas são o governo de um homem só, mas há uma
grande diferença, pois um rei, aquele que deve ser superior aos seus
suditos em tudo, não necessita de mais nada, já é completo e por isso
governa, para o bem de seu povo, sem visar vantagem própria, ao contrario
do tirano que visa únicamente o bem próprio, oposto a monarquia, melhor
forma, a tirania é a pior forma de governo. Uma segunda forma de governar
é a aristocracia, e seu desvio constitue a oligarquia, que pela maldade dos
governantes que distribuem desigualmente os bens da cidade visando
beneficios a si mesmos. A terceira forma é o que podemos chamar de
timocracia, que seria uma espécie de governo baseado na posse de bens,
chamado pela maioria de “governo do povo”, sua degeneração é a
democracia, que é a menos má forma de degeneração, pois apresenta um
pequeno desvio, que é onde todos são iguais, o que é característico de um
local sem governo ou com um chefe fraco onde todos agem conforme sua
própria vontade. Todas estas constituições conservam a amizade e a justiça
na dose certa, mas nas formas desviantes de governo quase não se pode
dizer que a justiça exista, assim como a amizade, na tirania estas quase não
existem mas na democracia, onde a igualdade está presente entre os
cidadãos, elas estão presentes mais intensamente que naquela. Existem
três formas de amizade, a dos amigos iguais entre si, dequeles em que um
é superior que o outro e daqueles que são amigos para tirar vantegem
disso, que é a amizade com base na utilidade. A pimeira é mais sólida, e
dificíl de se desfazer pois amigos iguais ente si ficam juntos pelo amor
comum existente entre eles, a segunda é bem menos sólida pois, por serem
diferentes entre si o que é superior deverá receber mais e,
proporcionalmente, o inferior menos. Mas o caso mais propenso a disolução
é o tercerio em que se busca um ganhar em cima do outro, pois quando
uma das partes não fica satisfeita não há mais razão para a amizade existir.
Livro 9 Na amizade entre o inferior e o superior surge um problema que a
deixa ainda mais fraca, pois quando uma das partes não recebe o que
esperava, ainda que seja a que receberia menos a amizade se desfaz, assim
como ocorre na pela utilidade. Deve–se retribuir certo para cada tipo de
pessoa, pois antes de dar sustento para qualquer outro deve–se cuidar dos
pais, pois foram eles quem lhe sustentaram durante seu crescimento, assim
sendo também conviniênte convidando as pessoas certas para as ocasiões
certas e dando as honras certas a aqueles que merecem na ocasião certa.
Analisando, uma amizade que foi feita pelo interesse pode ser desfeita
quando este não existem mais e o amigo que se sentir prejudicado pelo fim
desta deve culpar a si mesmo, pois escolheu basear sua amizade em algo
insólido. Já quando uma das partes muda e passa a fazer o mal, seu amigo
tem o direito de deixar a amizade, pois ninguém o irá censurar por isso,
porém o bom amigo quando vê que seu companheiro tem cura, ajuda este a
recuperar seu caráter. Um amigo que ultrapassa o outro na forma de
pensar, situação que chega a ser comum quando se trata de amigos de
infância, neste caso a amizade não prescisa continuar, pois não existem o
comum entre eles. Mas mesmo que a amizade tenha acabado devemos
considerar a intimidade que tivemos outrora com aquela pessoa, a não ser
que o rompimento tenha sido causado pelo excesso da maldade, assim
como devemos tratar amigos diferentemente dos estranho assim o
devemos fazer no caso dos ex–amigos. A benevolência é um elemento da
relação amigável, mas não é a amizade, podemos senti–la por uma pessoa
sem que esta saiba disso, ou mesmo sem conhece–la, o que não é possível
ocorrer com a amizade, pois para esta é necessário intimidade, mas
podemos dizer que a benevolência é um primeiro passo para que a amizade
ocorra. A conformidade de opinião também se assemelha com a amizade,
mas não com todas, pois não podemos dizer que somente pelas pessoas
terem a mesma opinião sobre qualquer assunto estão em conformidade,
mas sim quando concordam no modo de agir, portanto ela esta mais ligada
com uma espécie de amizade política. Critíca–se muito se um homem deve
amar acima de tudo a si mesmo, pois isto pode ser uma característica de
um egoísta, mas de acordo com o que falamos aqui o melhor amigo de um
homem é aquele que visa o seu bem acima de tudo ainda que ninguém
saiba disso, estes caracteres se enquadram corretamente no amor que
deve–se ter pra si mesmo acima de tudo, o homem deve ser seu próprio
melho amigo, mas diferente do modo que a maioria o é, não sendo egoísta.
Todo o homem feliz necessita de amigo, aquele que está em dificuldade
precisa deste para ajuda–lo a crescer e o que tem abundância para ter
alguém a quem ajudar, pois memso que este posua toda a riqueza ainda
sim não seria feliz pois “o homem é um ser político” e a convivência é
esencial. A felicidade é atividade e atividade é algo que se faz e por isso não
esta conosco desde o principio, não nos pertencem, temos que executa–la.
O ditado “não ser homem de muitos convidados, nem homem de nenhum”
é aplicável à vida na amizade? Ora se for para amizades que buscam pelo
prazer devemos ter um limite para ela assim como para o tempero na
comida, apenas uma certa quantia basta, assim como para as amizades que
visam a utilidade, pois ter que retribuir serviços em excesso não é bom e
não ter tempo de vida o suficiente para tal não é caracteristica do homem
digno. Porém na amizade nobre, dos bons amigos, seu numero é fixado pela
convivência, devemos ter quanto mais amigos comos quais conseguirmos
conviver, pois o convívio é a pricipal caracteristica da amizade e não
consiguiremos conviver devidamente com um numero muito grande de
amigos. A amizade é mais nobre quando estamos na riqueza, pois aí vemos
e ajudamos a quem amamos, ela se faz mais necessária na dificuldade,
onde os amigos nos ajudam a prosperar. Livro 10 Analizaremos o prazer,
pois é ele e o sofrimento que guiam os jovens. Comprazer–se das coisas
apropriadas e desprezar as más tem fundamental importância na formação
do carater. Eudoxo acreditava que o prazer é o bem, pois todos os animais
buscam a ele, e seu oposto, o sofrimento, é um objeto de aversão a todos.
Segundo ele, o prazer quando buscado em razão de um outro bem, como a
justiça, torna–se mais digno ainda, confirmando a idéia de que o bem só
pode ser acrecido pelo bem. Mas Platão, descordando desta idéia, diz que
qualquer bem acrecentado de um outro torna–se mais digno, e que o prazer
não é o bem supremo pois o bem divino não tem como tornar-se mais
digno. Tem-se ainda que o prazer é indeterminado, pois admite uma
graduação e o bem a que procuramos não, ele é determinado. O prazer
acompanha a atividade e por isso não o sentimos continuamente, algumas
coisas nos são prazerosas quando novidades, e nem tanto quando deixam
de o ser, isso se dá por causa da estimulação espiritual, assim como de
início prestamos mais atenção a algo e depois, com nossa atividade menos
intensa, já não mais tanto. O Prazer complementa as atividades tornando a
vida completa, estando os dois (prazer e vida) intimamente ligados, ele
difere em várias espécies, por ocorrer sua divisão de acordo com a
atividade que este complementa e intensifica, e cada atividade que é
realizada com prazer é assim feita de uma maneira melhor, sendo assim
alguém que tenha prazer em estudar geometria fará mais descobertas e
entendera melhor o assunto por ter nele afinidade e prazer e quando nos
comprazemos demais em uma determinada atividade nos dedicamos
demasiadamente a ela e não servimos a mais nenhuma outra.
Análogamente evitamos fazer aquilo que nos é penoso. Estes conceitos
sobre o que é prazeroso e o que é penoso variam de pessoa para pessoa
pois o que é quente para um homem fraco pode não o ser para um robusto.
Depois de termos discutido a respeito das virtudes, das formas de amizade
e das várias espécies de prazer resta–nos discutir em linhas gerais a
natureza da felicidade, já que ela é o fim da natureza humana, o bem
supremo. Podemos começar reiterando que a felicidade é uma atividade
pois não está acessível a aqueles que passam sua vida adormecidos, ela
não é uma disposição. À felicidade nada falta, ela é completamente auto-
suficiente, é uma atividade que não visa a mais nada a não ser a si mesma.
Uma vida virtuosa exige esforço e não consiste em divertimento, portanto
podemos dizer que a recreação não consistem em felicidade, por isso
concluímos que a boa atividade na virtude torna–se felicidade. Porém para
por em prática os atos justos e bons são necessárias outras coisas, por
exemplo, um homem liberal necessitara de dinheiro para por em prática
seus atos, por isso devemos questionar o que é melhor, a vontade ou o ato,
pois quanto mais nobres e justos forem os atos mais coisas serão
necessárias para sua realização. Temos então que a contemplação é a
melhor das atividades pois para ela ser realizada não necessitamos de mais
nada, por isso podemos concluir que os animais incapazes não participam
da felicidade total pois são privados desta atividade (contemplação) e as
pessoas que mais são capazes de realiza–la são as mais felizes. O homem
para ser feliz prescisa também de bens exteriores pois nossa natureza não
basta a si mesma, embora estes itens não devam ser, necessáriamente,
muitos ou grandes, mas sim como Sólon os colocou, dizendo que o homem
deve ser moderadamente provido de bens exteriores. Alguns pensam que
por natureza nos tornamos bons, outros acreditam que é pelo hábito, e
outro pelo ensino, mas quanto a natureza, não depende de nós, ela se dá
em decorrência da vontade divína, e pelo ensino, alguém que vá aprender
deve estar preparado para tal, tornando–se capaz de gostar ou sentir
aversão de maneira correta através do hábito. Fazer com que as pessoas
ajam da maneira correta desde a infância é uma tarefa àrdua, e devem
existir leis definindo como deve ser educação dos jovens, leis que devem
vigorar também para os adultos pois a maioria das pessoas age certo mais
por medo do castigo do que pelo gosto à nobreza, pois somente quando o
homem tem um raciocinio que vise a honra o legislador deve agir de
maneira diferente, deixando o poder coersivo, o que raramente pode
ocorrer, pois a maioria das pessoas não pensa assim e o legislador deve
continuar com este papel importante e para executa-lo deve ter uma visão
universal do que é ético.

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