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Bases: intenções

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cada vez mais
claras e óbvias
Partido Comunista Brasileiro A Força Aérea dos EUA
N° 131 – 11.11.2009
deixou muito claro que o
objetivo das bases dos
O império teima EUA na Colômbia é
permitir ao Império
Casos de Colômbia e Honduras lançar “operações
militares de todo o tipo
mostram EUA ainda na era Bush numa sub-região crítica
do nosso hemisfério,
onde a segurança e a
estabilidade estão sob
ameaça constante de
movimentos insurgentes
financiados pelo
narcotráfico (...) e de
governos anti-EUA".

Honduras: ativista protesta contra


a ditadura diante de barreira policial

Em Honduras, o governo da dupla Obama-Clinton


manobrou em favor do golpe na mesma medida em que
O acordo prevê que os
anunciava estar a favor da democracia.
militares e civis norte-
Na Colômbia, o Império que desaba mas não perde a pose
americanos, incluindo
joga bem mais claro. A Força Aérea americana revelou
forças privadas de
que a base militar de Palanquero, a principal das sete defesa e segurança,
previstas para operar na Colômbia, vai fornecer ao ficarão autorizados a
Pentágono "a oportunidade de conduzir operações de utilizar qualquer
todo o tipo na América do Sul”. instalação do país –
Se a alegação para implantar as bases é combater incluindo aeroportos
o narcotráfico e o terrorismo, que “operações de todo comerciais – para fins
tipo” seriam essas? Ocupar a Amazônia, a Venezuela, militares.
o Aquífero Guarani? Com isso, a Colômbia se
torna um novo Estado
dos EUA – o primeiro na
Cidade, emprego, ambiente, juventude: América do Sul.
por um programa revolucionário O objetivo, enfim, é
Nenhum direito a menos, garantir que a América
só direitos a mais do Sul seja para
Ajude um desempregado: reduza a sempre o quintal dos
EUA.
jornada de trabalho para 40 horas
Passeio por Havana .

Frei Betto*

Havana, nesta época do ano, é banhada por suave temperatura. O calor é amenizado
pelo hálito de frescor que sopra das águas azuladas por trás do Malecón. A umidade
reflui, embora a população se mantenha atenta à meteorologia: Outubro e novembro
são meses de furacões. Ano passado, ceifaram quase 20% do PIB, hoje calculado em
US$ 50 bilhões.

Não há sinal de que o desastre se repita este ano. Impossível, contudo, prever as
reações vingativas de Gaia, cruelmente estuprada por nossa ambição de lucro e solene
desprezo à mãe ambiente.

A visita a Cuba, na penúltima semana de outubro, não tinha agenda de trabalho. Fui a
convite do querido amigo José Alberto de Camargo que, para comemorar aniversário,
escolheu a cidade reencantada pela literatura de Lezama Lima, Alejo Carpentier e
Nicolás Guillén.

A comitiva (comitiva do coração) incluiu os jornalistas Chico Pinheiro


e Ricardo Kotscho, este acompanhado de Mara, sua mulher. Alojados no octogenário
Hotel Nacional, brindamos o desembarque com o daiquiri de La Floridita, onde
Hemingway tomava seus porres. Visitamos a casa de praia em que ele morou e
escreveu “O velho e o mar”, bem como o Hotel Ambos Mundos, no qual viveu seis
anos e redigiu “Por quem os sinos dobram”.

Foram dias de boa culinária caribenha no El Templete, à beira do porto, e em El


Oriente, frequentado por Saramago e García Márquez.

Entre mojitos e o aroma perfumado dos charutos Cohiba, cuja fábrica percorremos,
mantivemos proveitosas conversas com cidadãos anônimos e autoridades do país,
como Ricardo Alarcón, presidente da Assembleia Nacional; Eusébio Leal, historiador
da cidade (e responsável pela restauração da área colonial de Havana); Homero
Acosta, secretário do Conselho de Estado (no qual se congregam ministros e
dirigentes do país); Armando Hart, do Centro de Estudos Martianos; Abel Prieto,
ministro da Cultura; e Caridad Diego, responsável pelo Gabinete de Assuntos
Religiosos (que cuida da relação entre Estado e denominações confessionais).

Permaneci um dia a mais para encontrar-me com Raúl Castro, atual


presidente, com quem almocei no sábado, 24, e Fidel que, na tarde do mesmo dia, me
recebeu em sua casa, com direito a jantar.

Cuba se encontra grávida de si mesma. Após 50 anos de Revolução, é hora de


analisar erros e impasses. Mira-se o passado para enxergar melhor o futuro.

Em 2010, o 9º congresso do Partido Comunista deverá submeter o país à verificação


de suas contradições e elaboração de novas estratégias, sobretudo no que concerne à
economia e à emulação ética.

Engana-se quem supõe Cuba retrocedendo ao capitalismo. Ainda que se


multipliquem aberturas à economia de mercado, devido à globalização e o mundo
unipolar hegemonizado pelo neoliberalismo, não interessa à Ilha priorizar a
acumulação privada da riqueza em detrimento da maioria da população.

A América Central é o espelho no qual Cuba não quer se ver: ali os


índices de violência são, hoje, os mais altos do mundo, com 23 assassinatos/ano por
cada grupo de 100 mil habitantes. No Brasil, o índice é de 31/100 mil e, em Cuba,
5,8/100 mil. Basta dizer que, no Rio, a polícia matou, em 2007, 1.330 pessoas. No
ano anterior, em todo os EUA foram mortas pela polícia 347 pessoas.

Os cubanos são conscientes de as falhas do país não poderem ser todas atribuídas ao
criminoso bloqueio imposto, há mais de 40 anos, pela Casa Branca (e, agora, em vias
de distensão pela administração Obama).

A manutenção, por longo tempo, de medidas justificadas pela Guerra Fria, começa a
ser questionada. É o caso do caráter paternalista do Estado que assegura, a 11 milhões
de habitantes, gratuitamente, cesta básica, saúde e educação de qualidade.

Por essa razão, a qualidade de vida em Cuba, onde o analfabetismo


está erradicado, figura em 51º lugar, entre 182 países, no Índice de Desenvolvimento
Humano 2009, da ONU. O Brasil mereceu a 75ª classificação. Não se cogita alterar o
direito universal e gratuito à saúde e à educação. Porém, a redução dos subsídios à
alimentação deverá coincidir com o aumento de salários e da produtividade agrícola,
de modo a diminuir a importação de 80% dos alimentos consumidos.

Busca-se solução a curto prazo para a duplicidade de moedas: o CUC adquirido pelos
turistas (evita o câmbio paralelo e a evasão de divisas) e o peso utilizado pelo cidadão
cubano.

O turismo, ao lado da exportação de níquel, é das principais fontes de arrecadação de


Cuba que, com tamanho 64 vezes inferior ao Brasil, recebe 2,5 milhões de turistas
por ano, metade dos que desembarcam em nosso país no mesmo período.

Toda a América Latina se opõe, hoje, ao bloqueio e apoia a


reintegração de Cuba nos organismos continentais. A questão política mais relevante
nas relações internacionais é a urgente libertação dos cinco cubanos presos nos EUA
desde 1998, condenados a penas elevadíssimas, acusados – acreditem! – de evitar
atos terroristas.

Os cinco lograram abortar 170 atentados planejados contra Cuba dentro da


comunidade cubana de Miami.

Fernando Morais, com quem jantamos em Havana, promete lançar, em 2010, livro
em que conta a esdrúxula história do processo movido pela Justiça usamericana
contra os cinco cubanos.

PS: A quem possa interessar: Fidel goza de muito boa saúde e excelente bom
humor.
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*Frei Betto – Escritor
Este espaço está sempre aberto para artigos
e manifestações da comunidade
Na Internet, acompanhe uma nova
experiência de socialização da informação:
http://guizovermelho.dihitt.com.br
Vídeos revolucionários:
Veja a emocionante homenagem
a Che Guevara, pela cantora
Nathalie Cardone:
http://www.youtube.com/watch?v=NdRip7nmTTo
Os Eremitas e a origem do trabalho:
http://www.youtube.com/watch?v=QEfQhhHNEOE
ORKUT:
PCB de Cascavel
http://www.orkut.com.br/Profile.aspx?uid=15747947519423185415
Comunidade:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=54058996

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