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Conversas recentes com clientes europeus e americanos indicaram semelhanças entre esforços

bem-sucedidos de arquitetura empresarial, apoio e características de arquitetos em posições


de destaque. CIOs e arquitetos devem entender que o sucesso deve ser agregado ao valor da
arquitetura empresarial, às capacidades individuais e às habilidades de gerenciamento.
Análise

Como a abordagem de processos de arquitetura empresarial mudou/evoluiu nos últimos anos?

Historicamente, tecnólogos que se sobressaíam no setor de TI costumavam se dedicar à


arquitetura empresarial como se isso fosse um exercício acadêmico, sem se preocupar
diretamente com o contexto do negócio nem com o valor dessa prática para a estratégia da
empresa. Os arquitetos focavam em preencher planilhas, elaborar declarações e criar complexos
modelos de tecnologia que posteriormente eram ignorados pelos líderes de TI e de negócios. À
arrogância tecnológica se acrescentava a impotência da arquitetura empresarial. Em 2008, esse
comportamento nos levou a prever que 55% das iniciativas de arquitetura empresarial corriam o
risco de desaparecer.

Em 2009, observamos um aumento dos esforços de arquitetura empresarial revigorados e


atualizados, com mais clareza acerca de foco, escopo e metas, demonstrando o valor
corporativo do conteúdo e dos processos de arquitetura empresarial.

O principal motivo dessa mudança foi a crise financeira, que levou executivos a buscar
processos que simultaneamente otimizassem a destinação de recursos (sem transferir dívidas
para o futuro) e identificassem oportunidades de inovação (tanto na área tecnológica quanto
no mercado em que a corporação atua).

Cases que ilustram essa mudança de foco são identificados por:

– Maior interesse em dar suporte à arquitetura de informação e à arquitetura corporativa,


assim como à arquitetura de tecnologia;
– Maior interesse em aproveitar a arquitetura empresarial para sustentar cortes de custos e
esforços de otimização de orçamentos, como foi demonstrado por mais de 450 executivos que
participaram das conferências do Gartner sobre arquitetura empresarial e otimização de
custos;
– Reconhecimento de que usar a arquitetura empresarial para lidar com mudanças de TI e
corporativas gera resultados mais eficazes de redução de gastos operacionais;
– Reconhecimento de que os principais desafios da arquitetura empresarial estão relacionados
mais com pessoas e negócios do que com tecnologia;
– Interesse crescente em diferentes abordagens de suporte de arquitetura empresarial que
satisfazem distintas necessidades de negócios e pessoas.

Companhias que estão iniciando ou reformulando seus esforços de arquitetura empresarial devem
prestar atenção a como outras empresas lidam com arquitetura empresarial hoje em dia, além de
avaliar usos de arquitetura empresarial que tenham propósitos mais definidos. Isso pode
significar acrescentar profissionais à equipe de arquitetura empresarial, e não apenas
arquitetos tradicionais ou “certificados”, mas também estrategistas e projetistas. Os
esforços bem-sucedidos de arquitetura empresarial evoluíram para além do foco em tecnologia e
estão efetivamente direcionados a agregar valor ao negócio e não só à estrutura de TI.

Quais sinais mostram que os esforços de arquitetura empresarial estão sendo bem-sucedidos?

O sucesso de um processo de arquitetura empresarial é medido pela sua capacidade de facilitar


a mudança corporativa. O sucesso acontece quando o processo de arquitetura empresarial
permite o consumo dos produtos da arquitetura empresarial (por exemplo, princípios, modelos e
direcionamentos) pelos executivos que tomam decisões para garantir a evolução da companhia. O
sucesso é visível quando líderes de TI e negócios:

– colaboram para o amadurecimento da arquitetura empresarial;


– aproveitam os produtos da arquitetura empresarial para tomar decisões estratégicas e
operacionais;
– percebem o momento em que a mudança ocorre e visualizam seu impacto nos negócios.

Em conversas com clientes neste ano, ouvimos o sucesso ser descrito como o momento em que a
utilização da arquitetura empresarial e de seus produtos definitivamente se integra à rotina
corporativa.
Nossas conversas com clientes para identificar sinais de sucesso também revelaram que:

– Um esforço de arquitetura empresarial reflete a estratégia corporativa, de tal forma que


facilita o processo de mudança corporativa e de TI;
– Processos e produtos de arquitetura empresarial auxiliam a tomar e a informar decisões
operacionais e técnicas;
– A arquitetura empresarial é aceita e usada pelos líderes corporativos como uma forma de
conduzir operações, crescimento e transformações do negócio;
– Os esforços de arquitetura empresarial são constantemente divulgados nos setores de TI e
administrativo;
– Há uma relação explícita entre a arquitetura empresarial e o valor tangível e demonstrável
do negócio;
– Os esforços de arquitetura empresarial criam uma forma de verificar e validar processos,
gerando continuamente dados que permitem a rápida identificação de defeitos associados com os
projetos e iniciativas de mudança;
– Uma companhia aproveita os processos de arquitetura empresarial para gerenciar mudanças,
portanto precisa alinhar e integrar as questões de TI com as corporativas. Isso inclui
estimular a colaboração entre diferentes áreas da companhia e permitir a transformação do
negócio.

Quais as características de um arquiteto empresarial eficaz?

Um arquiteto empresarial com todas as habilidades necessárias é praticamente impossível


encontrar. As conversas com arquitetos bem-sucedidos, entretanto, revelam características
pró-ativas, capacidade de negociação e de comunicação sinérgica. Eles também parecem ter
facilidade em pensar analiticamente, além de compreender profundamente o negócio com o qual
estão envolvidos. Normalmente, esses profissionais falam mais a respeito do sucesso dos seus
negócios do que dos produtos e processos de arquitetura empresarial que desenvolveram e
gerenciam.

Nossas conversas se focaram na sua perspectiva corporativa, assim como na sua capacidade de
criar uma visão do futuro. Além do mais, eles expressaram sua paixão pelos projetos e seu
comprometimento para transformá-los em realidade. A principal característica de um arquiteto
empresarial bem-sucedido é o talento para liderar pessoas. Os arquitetos que possuem essa
habilidade costumam dizer que a parte mais desafiadora do seu trabalho é negociar com
companheiros e inspirá-los a atingir as metas propostas pela arquitetura empresarial –
especialmente quando é necessário manter objetivos corporativos e tratar de exigências de
acionistas relevantes simultaneamente.

Liderar, neste caso, não significa que os arquitetos devem estar sempre protegendo os
esforços de arquitetura empresarial na linha de frente da batalha. Muitos conseguem liderar
apoiando outros profissionais, removendo obstáculos e fornecendo maneiras com as quais os
outros podem aproveitar melhor suas habilidade e talentos para perseguir e alcançar as metas
da companhia.

Bom senso político também é uma característica vital. É importante entender quais indivíduos
dentro de uma companhia possuem a combinação de influência e poder necessária para tomar
decisões e formar parcerias. Por exemplo, decisões tomadas pela diretoria podem não ser
implementadas adequadamente sem o apoio dos gerentes. Entender o panorama político e
descobrir como movê-lo a seu favor é um fator essencial para a liderança.

Arquitetos empresariais bem-sucedidos reconhecem que talvez não possuam todas as habilidades
de que precisam. Por isso, aproveitam talentos de outros profissionais para criar produtos de
arquitetura empresarial eficazes, se beneficiando do conhecimento disponível nos ambientes
interno e externo da companhia. Alguns inclusive direcionam as habilidades de outros para
facilitar que a equipe gerencie os processos de arquitetura empresarial. Esses profissionais
normalmente são respeitados por seus companheiros e são capazes de reunir as melhores
características da equipe, favorecendo o sucesso da arquitetura empresarial.

Quais orientações os CIOs devem dar aos arquitetos empresariais?

Um estudo de março de 2009 mostrou que 70% dos arquitetos empresariais se reportavam ao CIO e
25% também mantinham uma relação com um líder fora da companhia – enquanto apenas 5% se
reportavam diretamente a um executivo de liderança que não era o CIO.
Já que 95% dos arquitetos empresariais se reportam aos CIOs, o apoio e a orientação dos CIOs
é essencial para o sucesso da arquitetura empresarial.

Ficou evidente que esforços de arquitetura empresarial bem-sucedidos tiveram um CIO que os “
adotou”, os integrando ao conjunto de tarefas fundamentais do “departamento de CIO”, às vezes
por meio de relatórios, às vezes como parte da estratégia de TI e da função de planejamento.
Esses executivos veem a arquitetura empresarial como uma disciplina estratégica e um elemento
muito importante para seus objetivos mais amplos como CIOs. Seu papel é fornecer orientações
específicas para a visão a longo prazo da função da arquitetura empresarial. Em alguns casos,
notamos que o CIO é o principal apoiador do programa de arquitetura empresarial e o chefe
direto do arquiteto.

Nos casos em que o papel do CIO é fundamental, percebemos que ele:

– Estimula, analisa e concorda com o processo e com os produtos de arquitetura empresarial;


– Estimula, analisa e concorda com a abrangência e com as consequências da implantação da
arquitetura empresarial;
–Verifica se há recursos suficientes para completar o processo de mudança;
– Apoia os resultados da arquitetura empresarial inclusive em encontros com acionistas;
– Assegura que todos os acionistas relevantes foram identificados e que estão cientes (ou
serão informados) do processo de arquitetura empresarial;
– Verifica se a diretoria e outros setores da empresa apoiam a arquitetura empresarial;
– Participa e talvez até preside o Conselho de Análise de Arquitetura Empresarial;
– Ajuda a equipe de arquitetura empresarial a combinar seus projetos com os de TI e os
corporativos.

Como gerentes funcionais, os CIOs que lideram esforços de arquitetura empresarial


bem-sucedidos articulam claramente suas expectativas e mantêm a equipe de arquitetura
empresarial confiante:

– Oferecendo orientações adequadas a cada fase do processo de arquitetura empresarial;


– Revendo constantemente as metas a ser atingidas e comunicando os resultados aos principais
acionistas;
– Elaborando uma análise final para confirmar que os objetivos foram alcançados, que os
custos se mantiveram dentro do limite e para destacar lições aprendidas durante o processo.

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