Este documento é uma resenha acadêmica sobre o livro "Mas afinal... o que é mesmo documentário?" de Fernão Pessoa Ramos. O resumo apresenta as principais definições e conceitos de documentário discutidos pelo autor, incluindo asserção, ética documental, fronteiras entre ficção e não ficção, e as quatro éticas documentais descritas: educativa, imparcialidade, interativa e modesta. O texto conclui recomendando o livro para estudantes e profissionais interessados em cinema.
Este documento é uma resenha acadêmica sobre o livro "Mas afinal... o que é mesmo documentário?" de Fernão Pessoa Ramos. O resumo apresenta as principais definições e conceitos de documentário discutidos pelo autor, incluindo asserção, ética documental, fronteiras entre ficção e não ficção, e as quatro éticas documentais descritas: educativa, imparcialidade, interativa e modesta. O texto conclui recomendando o livro para estudantes e profissionais interessados em cinema.
Este documento é uma resenha acadêmica sobre o livro "Mas afinal... o que é mesmo documentário?" de Fernão Pessoa Ramos. O resumo apresenta as principais definições e conceitos de documentário discutidos pelo autor, incluindo asserção, ética documental, fronteiras entre ficção e não ficção, e as quatro éticas documentais descritas: educativa, imparcialidade, interativa e modesta. O texto conclui recomendando o livro para estudantes e profissionais interessados em cinema.
Departamento de Comunicao Social Disciplina: Narrativa ficcional e documentrio Prof. Dr. Larissa Leda Rocha Aluna: Anna Karolyne Rocha Cantanhede Cdigo: CO11114-49
Resenha acadmica 1
As fronteiras do documentrio compem um horizonte de difcil definio. A qualificao de uma narrativa documentria, at bem pouco tempo, era negada por parcela de nossos crticos, seguindo algumas formulaes prprias semiologia dos anos 1960. 2 Bom material de referncia para iniciantes e profissionais, Mas afinal... o que mesmo documentrio? um livro de fcil compresso que traz informaes tcnicas, estilsticas sobre produes documentrias nacionais e estrangeiras, constituindo-se, acima de tudo, em uma leitura prazerosa para todos os interessados em cinema bem feito. Ferno Pessoa Ramos professor titular do Departamento de Cinema do Instituto de Artes da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas). Foi presidente fundador da SOCINE, a Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema, de 1997 a 2001. Seus projetos de pesquisa concentram-se na rea de Estudos de Cinema, cobrindo histria, teoria e ensino. Publicou artigos e livros sobre Cinema Documentrio, Cinema Brasileiro, Ensino de Cinema na universidade brasileira e Teoria do Cinema. Neste primeiro captulo da obra, Ramos trata da conceituao bsica acerca do seja o documentrio, destacando conceitos como fico, verdade, assero, tica, fronteiras e diferenciao de outros gneros audiovisuais. O autor comea falando um pouco da histria do documentrio clssico fazendo uma comparao com a nova linha de documentrio, perpassando pelas mudanas propiciadas pelo cinema verdade e pelo cinema direto na definio. Para ele, o documentrio uma narrativa
1 Karolyne Cantanhde graduanda do curso de Comunicao Social/Jornalismo da Universidade Federal do Maranho. 2 Citao retirada do livro Mas afinal... o que mesmo documentrio?, Ferno Pessoa Ramos, p. 21 basicamente composta por imagens-cmera, que estabelece asseres sobre o mundo, na medida em que haja um expectador que receba essa narrativa como assero sobre o mundo. ( p. 22) Para comeo de conversa, talvez essa seja a palavra que definiria o documentrio: assero. Asseres significam afirmaes, algo que remeta crena, no precisando que essa crena seja a verdade universal absoluta, mas uma verdade, dentre vrias outras. Definir no uma tarefa fcil, at porque os prprios realizadores sempre esto em busca de romperem estas classificaes metdicas, e no se sentem dentro delas; apenas realizam o trabalho. Na verdade, as melhores obras so aquelas mais instigantes, que mesclam um ou outro elemento de outra linguagem, que no ficam apenas no padro. Mas para efeito de estudo, preciso haver classificao, organizao. Nesse sentido, h certos elementos que concernem esttica documentria: a voz (over ou no), a entrevista ou depoimento, imagens de arquivo, trilha sonora, som ambiente, cmera tremida, na mo, entre outros. Entretanto, as narrativas ficcionais muitas vezes se apropriam desses elementos, como tambm trabalham com asseres. Mas segundo o autor, no so da mesma forma e no para o mesmo pblico. Fico remete ao entretenimento, e no crena. E o expectador j vem sabendo disso, antes mesmo do ato de assistir o filme, e no filme esto s intenes do realizador. Ento por esses parmetros j se pode perceber para qual vis o filme ser. O que muita gente ainda acha (at mesmo estudantes de cinema) que os documentrios tm sempre que dizer a verdade, e ainda acham que necessariamente o gnero s se caracteriza pela verdade. Sobre isso, Ramos diz um documentrio pode ou no mostrar a verdade sobre um fato histrico. Podemos criticar um documentrio pela manipulao que faz das asseres que sua voz faz estabelece sobre o mundo histrico, mas isso no lhe tira o carter de documentrio (p. 29). H documentrios e documentrios. O que se pode dizer que h documentrios com a perspectiva equivocada e outros mais prximos do mundo histrico. A tica aqui, no vista como imutvel, uma s e no tem a ver com os preceitos morais na realizao de um obra, mas com os modos de enunciar, os modos de reconstituir ou interpretar o mundo e com a relao cineasta expectador. So elas: a tica educativa, a tica da imparcialidade, a tica reflexiva e a tica modesta. A tica educativa a do documentrio clssico. Essa tica se caracteriza pela argumentao, geralmente cumpre uma funo social e se concentra no seu contedo, se foca no saber. No h entrevistas, nem locao, mas apenas elementos que propiciem uma determinada linha de argumentao: imagens de arquivo, fotos, animao, locuo, entre outros. Filmes como o documentrio interativo Navegar, em um exemplo maranhense, faze bem o estilo. A tica da imparcialidade articulada a partir do recuo do sujeito frente realidade. Trata-se de tentar passar o retrato mais prximo da realidade para quem assiste. A esttica utilizada se prope a fazer com que o expectador veja o que est sendo passado com a maior fidelidade possvel, como se o prprio cineasta tivesse l. Da a utilizao da do gravador, da cmera tremida, do som ambiente, da cmera na mo. Um exemplo pode ser o documentrio Primrias, de 1960. Segundo Ramos o mundo deve ser oferecido em uma bandeja para que o espectador possa assumir de modo integral sua parcela de responsabilidade, seu engajamento. A tica de recuo no trabalha com cmera oculta. No haveria sentido em se ocultar para representar o mundo. O embate deve estar claro, e o recuo conquistado como recompensa da excelncia estilstica (p. 36). J a tica interativa nasceu da iniciativa da crtica tica da imparcialidade. Aqui est assumida a construo do mundo histrico pelo cineasta. Mistura argumentao e ao mesmo tempo o carter realista, se constituindo como uma interveno ativa do sujeito sobre a realidade. H depoimentos, montagem do filme, trilha, locaes e o cineasta aparece na tomada, assim como os equipamentos do set. Para o autor, o conjunto de valores que determina a substancia da tica interativa valoriza positivamente a interveno ativa do cineasta na composio do documentrio, assumindo sem vus as necessidades da argumentao (p. 38). H vrios exemplos, porque muitos cineastas optam por esse caminho. E por fim, a tica modesta no tem a inteno de educar, nem de observar, nem de construir uma assero sobre o mundo histrico. No tem locuao, nem sujeito da cmera que se embate com o mundo e nem olhar crtico sobre as coisas. Parte do eu para o mundo, do modo de ver do realizador sobre o mundo. Geralmente gravado em primeira pessoa, e tem a ver com questes sociais que concernem vida do prprio realizador. A tica modesta a personificao do modo performtico de Bill Nichols: o significado claramente um fenmeno subjetivo, carregado de afetos. [...] um tom autobiogrfico compe esses filmes, que tem semelhana com a forma de dirio do modo participativo (p. 170). O livro recomendado a todos que se interessam pelo cinema, como profissionais, professores, mas principalmente o universitrio, que bem no comeo de sua carreira precisa de importantes ensinamentos, como esse.
REFERNCIAS
RAMOS, Ferno Pessoa. Mas afinal... o que mesmo documentrio?. So Paulo: Editora do SENAC, 2008. NICHOLS, Bill. Introduo ao documentrio. Campinas (SP): Ed.Papirus, 2005.