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A BIOLOGIA DA NUTRIÇÃO: FIQUE MAIS MAGRO A CADA ANO

01-12-2007

Dr. Henry S. Lodge,

A melhor maneira de perder peso é adotar um programa de


exercícios regulares e vigorosos, evitando os alimentos mais
prejudiciais à saúde e comendo menos de tudo. Gostaria que não
fosse assim, mas é. Este não é um capítulo sobre dieta, e sim sobre
nutrição. Portanto, siga o que Chris recomenda: pare de se
empanturrar com bobagens. A seguir, explico por que isso é
importante.
Mais uma vez, vamos voltar a Darwin e à maneira como o
corpo darwiniano reage aos alimentos. Dessa forma, você
compreenderá por que o aconselho enfaticamente a não entrar no
“modo faminto”, que o fará engordar. Também entenderá minha
insistente advertência para que não coma alimentos prejudiciais –
eles o deixarão com um apetite voraz e inflamarão as suas células.
O primeiro ponto e o mais elementar é que o corpo darwiniano
não está preparado para lidar com os excessos. Ele não sabe o que
fazer com as quantidades exageradas de alimentos que recebe de
modo constante. Como não foi “projetado” para a superabundância
nem para a ociosidade, reage da maneira mais louca, como se
essas duas coisas fossem sinais de fome.
Originalmente, na natureza, toda caloria era preciosa e, assim,
nossos ancestrais desenvolveram formas específicas – e muito
bem-sucedidas – de lidar com as previsíveis oscilações no
suprimento de comida. A gordura corporal está sujeita a variações
sazonais que são tão antigas quanto o tempo. No inverno, a
estação árida do ano, enfrentamos a fome ocasional desde o início
da vida no planeta. O corpo responde armazenando gordura e
diminuindo drasticamente a utilização de energia. Essa biologia está
entranhada em nós e em todos os outros animais do planeta.
Tendo em mente a reação humana à abundância, você poderá
pensar que todos os animais armazenam o máximo de gordura
possível sempre que há alimentos extras à disposição, mas isso
não é verdade. Os animais acumulam ou usam gordura em
resposta a necessidades que são identificadas de modo mais sutil.
No hemisfério Norte, as corças, por exemplo, param de crescer em
outubro e começam a armazenar gordura por meio das calorias que
ingerem para que consigam sobreviver ao inverno,
independentemente do seu tamanho e da quantidade de alimentos
de que dispõem. Na primavera, elas passam a queimar as calorias
para crescer novamente, aumentando seu volume de ossos e
músculos. E não ficam gordas. Quando há mais comida, tornam-se
maiores, contudo não acumulam gordura. As baleias jubartes
armazenam grandes quantidades de gordura quando se alimentam
nos baixios do Atlântico Norte durante o verão. Depois, usada a
gordura como combustível, nadam milhares de quilômetros para
procriar próximo ao equador. Elas não comem nada durante a
viagem, que leva cerca de seis meses, e sobrevivem utilizando ao
máximo cada caloria presente na gordura estocada.
A reação fundamental à primavera por parte da maioria dos
animais é a de usar as calorias extras no desenvolvimento da
musculatura magra e no crescimento. O objetivo é tornarem-se
mais fortes e maiores, e não engordar, ainda que haja comida à
vontade. No que se refere aos machos, é a época de desenvolver
novos tecidos – como músculos, ossos e tendões – para que
possam também caçar e entrar na competição pelas fêmeas. No
caso das fêmeas, além de tudo isso, esse é o momento de
direcionar cada porção a mais de energia para a gestação. As
mulheres armazenam gordura extra ao se prepararem para a
gravidez, porém não em excesso. E isso não é a mesma coisa que
obesidade. O tempo natural para o acúmulo de gordura antecede o
inverno, e não a primavera. A reação natural a esta estação é estar
esguio e com um bom condicionamento físico. A caça é abundante
e nós somos predadores saudáveis e eficientes. Com toda a
certeza, não desejamos nos sobrecarregar com 15 kg extras.
Mas, nos períodos que precedem a fome, é exatamente isso o
que temos vontade de fazer, assim como os ursos, que entram em
hibernação com a chegada iminente do inverno. Portanto, quais são
os sinais de fome para os seres humanos? O primeiro deles é a
vida sedentária. Na ausência de animais para caçar, ficamos à toa,
armazenando energia nessa disputa lenta com a morte. A
informação que o corpo recebe é que estamos inativos. Ele
interpreta a ociosidade como uma indicação de que estamos
morrendo de inanição e tão lentamente quanto possível, seja qual
for a quantidade de comida que ingerimos.

Faça exercícios contra a decadência


Os sinais de que o período de fome está próximo podem diferir
entre humanos e outros animais, no entanto a biologia das reações
é essencialmente a mesma. É a biologia da decadência. Como você
já sabe, a mensagem central deste livro é: experimentamos tanto
o crescimento quanto a decadência. E, sem dúvida, essa
também é a essência da biologia da nutrição. Em termos simples, a
química por trás da obesidade envolve a decadência. Ela
interrompe a ação de todos os sistemas orgânicos possíveis para
que tenhamos chance de sobreviver ao inverno, à seca e à fome. O
fato de haver comida suficiente – e até em excesso – hoje não
altera esse processo. ...pág. 161.....

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Pare de comer amidos, os alimentos brancos


Um dos alimentos que estão cavando sua sepultura é o amigo
(carboidrato refinado). Por isso, o atual alvoroço a respeito dos
maus carboidratos está basicamente correto. Os maus carboidratos
são os alimentos brancos – batata – arroz branco e quase todos os
itens elaborados com farinha de trigo refinada. Os bons
carboidratos são aqueles encontrados na natureza – nas frutas, nas
hortaliças e em todos os grãos que contêm relativamente poucas
calorias. O amido é ruim porque envia ao corpo sinais constantes
que provocam o desejo de consumir mais um pedaço. Gorduras e
proteínas mandam sinais para que paremos de comer após certo
ponto, mas os carboidratos, bons ou maus, não. Na natureza
precisávamos ingeri-los em quantidades substanciais, a fim de
obtermos calorias suficientes para continuarmos vivos. Assim, o
estômago cheio era o sinal que nos fazia interromper a ingestão
desses alimentos.
Embora o amito que consumimos hoje seja misturado com
calorias, o sinal de parar não surge mesmo quando já comemos o
bastante. Pior do que isso: o amigo deflagra uma rápida sensação
de fome intensa pouco tempo depois de termos nos alimentado. Ele
vicia. Cheio de calorias, praticamente não possui valor nutritivo.
Além disso, volta a nos deixar famintos 30 minutos após o término
da refeição.
O amigo é prejudicial porque se constitui basicamente de
açúcar, e este desempenha um papel-chave na maneira como o
corpo interpreta seu próprio suprimento de comida. Resumindo, o
acúmulo de açúcar diz ao corpo quanto comemos. Isso parece
estranho, no entanto é verdade. E por isso é importante. As
substâncias químicas que usamos para digerir a comida são
poderosas e perigosas. Sua função é destruir e absorver os
alimentos que ingerimos. Sendo assim, têm a capacidade de
danificar partes do corpo. O ácido gástrico, por exemplo, pode
queimar as paredes do estômago, enquanto o excesso de insulina –
substância que é um agente essencial da digestão – chega a
causar a morte repentina. Por esse motivo, precisamos liberar ácido
gástrico e insulina nas quantidades exatas para a digestão. Não
podemos errar para menos porque precisamos absorver toda a
energia que conseguirmos. Por outro lado, se exagerarmos na
dose, começaremos a digerir nosso próprio corpo. Portanto,
precisamos receber um sinal digno de confiança por parte da
comida que ingerimos para que sejamos capazes de regular o fluxo
desses elementos digestivos.
O açúcar é esse sinal. Na natureza, o conteúdo de açúcar era
proporcionalmente muito próximo à quantidade de gordura e de
proteína em cada refeição. E essa taxa era surpreendentemente
constante na maioria das plantas e das espécies animais. O
aumento do açúcar livre na corrente sangüínea depois de uma
refeição era um indicador preciso de quantas calorias havíamos
acabado de consumir. Por isso mesmo se tornou o principal sinal de
controle para a digestão. Não o único, entretanto, o mais
importante. Hoje, a quantidade de açúcar livre nos alimentos é
conhecida como índice glicêmico (IG) e é um indicador essencial
em nutrição. O IG não consta dos rótulos nutricionais, porém quem
sofre de diabetes e lida com essa doença de modo sério sabe de
cor os índices glicêmicos de todos os alimentos que consome.
Como não existe muito açúcar livre na natureza, uma pequena
elevação na sua quantidade marca o fim de uma lauta refeição. E
lembre-se de que todas as substâncias envolvidas no processo
digestivo, como a insulina, mostram as mudanças no nível de
açúcar presente no sangue.
Mas essa resposta cuidadosamente equilibrada, desenvolvida
ao longo de milhões de anos por peixes, aves, e dinossauros,
acabou se tornando uma verdadeira barafunda neste mundo de
fast-food. Pense no tempo em que éramos caçadores-coletores.
Antes de inventarmos a agricultura, comíamos mais de 200 plantas
diferentes, frutas, nozes e uma centena de animais selvagens, além
de minhocas e insetos. Havia muito pouco amido ou açúcar nesses
alimentos. Grãos como o trigo e raízes vegetais como batatas,
todos altamente ricos em amido, são criações da agricultura
introduzidas apenas há 10 mil anos. Embora isso pareça muito
tempo para nós, não é nada comparado com a evolução do nosso
aparelho digestivo.
Por um longo período, mal conseguíamos coletar alimentos
suficientes na savana para sobreviver, mas, agora, dispomos de
quantidades excessivas de comida, que, em combinação com a
vida sedentária e as gorduras prejudiciais, estão nos matando.
Vou dizer algo sobre o que você deve pensar na hora do jantar
hoje à noite: há mais açúcar livre (a substância que flui diretamente
na corrente sangüínea para acionar a resposta digestiva) no purê
de batata do que no açúcar branco. Agora, tenha em mente o tempo
em que comíamos carne de caça.pois bem, uma lata de coca-cola
contém mais açúcar livre do que 2,5 kg de carne de veado. E veja:
há mais açúcar livre – para não falar de gordura saturada – num
pacote de batata frita do que em 2,5 kg de carne de alce. Como o
corpo reage a isso? O sinal que enviamos com uma refeição de mil
calorias, composta por refrigerante, batata frita e hambúrguer, é o
de que acabamos de ingerir 10 mil calorias de “comida natural”. E o
corpo enlouquece, apressando-se em liberar mais insulina e outras
substâncias digestivas como resposta.
Esse é o verdadeiro problema com o amido. Numa refeição
como essa, mobilizamos um poder digestivo 10 vezes maior
do que realmente precisamos, ou seja, uma quantidade 10 vezes
maior de insulina, de ácido gástrico e de algumas dúzias de outras
substâncias químicas perigosas. E as coisas começam a acontecer.
Primeiro, absorvemos até a última caloria da comida que ingerimos.
Segundo, por entender que obviamente “matamos um enorme
animal”, o corpo tenta armazenar cada fração do excesso de
energia sob a forma de gordura. Terceiro, como agora dispomos de
insulina suficiente para digerir uma caça imensa – embora só
tenhamos “matado refrigerante, hambúrguer e batata frita” –, o nível
de açúcar no sangue desaba e ficamos de novo com fome. Com
muita fome. E comemos de novo, em geral mais uma farta porção.
Para o corpo darwiniano, passamos da gula à inanição e, depois,
novamente à gula em cerca de duas horas – e não há nenhuma
explicação possível para isso! Esse ciclo ultra-rápido entre essas
duas situações não tem paralelo na natureza. Falei a respeito dos
sinais específicos que enviamos quando nos exercitamos e quando
somos sedentários, no entanto a alimentação moderna está tão fora
dos parâmetros do nosso projeto original que acabamos não
transmitindo nenhum sinal coerente. O sistema inteiro se desmonta
num tumulto de hiperabsorção de calorias e decadência. É como se
houvesse muitos roqueiros destruindo guitarras no palco: a cena
produz um tremendo barulho, mas nada de música. Um dos
resultados desse desmoronamento é a ocorrência de diabetes em
adultos. Outros são obesidade, artrite, doenças do coração, câncer
e derrame.
Portanto, atenha-se a esta mensagem simples: pare de comer
bobagens. Elimine os amigos e o açúcar e substitua-os por frutas,
hortaliças e grãos integrais – grãos por refinar, como os do pão de
sete cereais. Não consuma mais comida do que deseja. Diga não
às porções exageradas – da batata frita na lanchonete à pipoca no
cinema. Considere seriamente a possibilidade de pedir uma entrada
e uma salada como refeição completa. Até isso costuma ter mais
calorias do que precisamos, em todo caso já é um começo.

Gordura como combustível


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Fonte:
Páginas 162 a 165 – “Fique mais jovem a cada ano”, atrase seu
relógio biológico”, Chegue aos 80 anos com a saúde, o vigor e a
forma física de um cinqüentão; Chris Crowley e Henry S. Lodge, M.
D.; GMT Editores Ltda, Rio de Janeiro, Sextante, 2007

OBS:
NÃO DEIXE DE LER ESTE LIVRO.
SE VOCÊ DESEJA TER SAÚDE, SER SAUDÁVEL, MAGRO, FORTE, TER
VIGOR E QUALIDADE DE VIDA, ESTE LIVRO FOI FEITO PARA VOCÊ. -
RECOMENDO VIVAMENTE.

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