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CURSOS ON-LINE – PORTUGUÊS – CURSO REGULAR

PROFESSORA CLAUDIA KOZLOWSKI

SINTAXE DE REGÊNCIA
Hoje, trataremos do assunto em epígrafe – SINTAXE DE REGÊNCIA.
Há sempre nas orações elementos regentes e elementos regidos. Chamamos de
regentes aos termos que pedem complemento e de regidos aos que complementam
o sentido dos primeiros.

Regente Regido
COMPREI - UMA CASA
DEPENDO DE VOCÊ
CRENÇA EM DEUS
ÁVIDO DE CARINHO
INSISTO EM LUTAR
VEJO - O MAR

A sintaxe de regência estudará, portanto, as relações de subordinação ou


dependência entre os elementos da oração.
Em palavras mais simples: regência significa “uso ou não de preposição”. Veremos
casos em que determinada palavra (substantivo, adjetivo, advérbio ou verbo) exige
certa preposição ou tem o seu sentido modificado em virtude do emprego de alguma
delas.
Os complementos servem a nomes (substantivos, adjetivos ou advérbios) e a verbos
– daí, a regência dividir-se em nominal e verbal.
REGÊNCIA NOMINAL – estuda a relação entre um substantivo, um adjetivo ou um
advérbio com o termo que complementa o seu significado.
REGÊNCIA VERBAL – analisa o emprego e o significado dos verbos de acordo com
a preposição do seu complemento indireto (ou a ausência da preposição no
complemento direto).
Nosso estudo terápor base, principalmente, as lições de Celso Pedro Luft presentes
nas seguintes obras:
- Dicionário Prático de Regência Nominal - Editora Ática – 4ª edição - 2003;
- Dicionário Prático de Regência Verbal – Editora Ática – 8ª edição – 2002.

REGÊNCIA NOMINAL
Conforme visto anteriormente, a regência nominal estuda a relação entre os nomes
(substantivos, adjetivos e advérbios) e os termos regidos por estes nomes. Essa
relação é sempre regida por preposição.
Muitos nomes derivados apresentam o mesmo regime dos verbos de que derivam.
Assim sendo, o conhecimento do regime de certos verbos permite que se conheça o
regime dos nomes cognatos, como o substantivo "obediência", o adjetivo
"obediente", e o advérbio "obedientemente", que regem a preposição a, exatamente
como ocorre com o verbo "obedecer", que lhes deu origem.

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A título de exemplo, segue uma pequena relação de substantivos e adjetivos


acompanhados das preposições mais usuais (segundo Celso Luft, op.cit.):
Substantivos
ƒ Admiração (a, de, ƒ Dúvida (acerca de, ƒ Medo (a, de)
por, para (com), de, em, sobre)
(OBS. Medo a evita
perante)
(OBS. preposição ambigüidades
ƒ Afeição (a, para omissível antes de apresentadas por
(com), por) oração desenvolvida – medo de: “medo do
“Não há dúvida (de) inimigo – o inimigo
ƒ Aversão (a, por,
que você é o melhor.”) teme ou é temido?”)
em)
ƒ Habilidade (de, em, ƒ Obediência (a, de,
ƒ Atentado (a,
para) para com)
contra)
ƒ Liberdade (a, para, ƒ Ojeriza (a, contra,
ƒ Capacidade (de,
de) por)
para, em)
ƒ Manutenção (de, ƒ Respeito (a, com,
ƒ Devoção (a, com,
em) de, com, para com,
para com, por)
por)

Adjetivos
ƒ Acostumado (a, ƒ Essencial (a, para, ƒ Prestes (a, em,
com) em) para)
ƒ Agradável (a, para, ƒ Fácil (a, para, em, ƒ Próximo, junto (a,
de) de) de)
ƒ Ansioso (de, para, ƒ Favorável (a, para) ƒ Relacionado (a,
por) com)
ƒ Hábil (em, para)
(OBS. preposição ƒ Satisfeito (com, de,
ƒ Habituado (a, com)
omissível antes de em, por)
oração desenvolvida – (OBS. Habituado
ƒ Semelhante (a, em)
“Estava ansioso que a com deve ser imitação
aula acabasse.”) de acostumado com ƒ Sensível (a, para)
“Estava habituado com
ƒ Ávido (de, por) ƒ Sito (em)
o chão de estrelas ...”)
ƒ Capaz (de, para) (OBS: Os verbos que
ƒ Imbuído (de, em)
indicam permanência
ƒ Compatível (com,
ƒ Impróprio (a, de, regem preposição em:
entre)
para) morar, residir, estar
ƒ Contemporâneo (a, – o mesmo ocorre com
ƒ Insensível (a, para,
de) os adjetivos
com, para com)
correspondentes: sito
ƒ Contíguo (a, com,
ƒ Passível (de, a) em; a construção sito
entre)
a surgiu na língua
(OBS. Passível a
ƒ Contraditório (a, escrita jornalística e de
empregado como se
de, com, entre) tabeliões, e não
fosse sujeito a, talvez
encontra abono na
ƒ Diferente (de, pela proximidade com
gramática normativa).
entre, por) passivo a)

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Advérbios
Os advérbios terminados em mente, via de regra, seguem o regime dos adjetivos de
que derivam.
Exemplos: análogo (a) - analogamente (a); contrário (a) - contrariamente (a);
contraditório (com) - contraditoriamente (com); diferente (de) - diferentemente
(de); favorável (a) – favoravelmente (a); relativo (a) - relativamente (a).

REGÊNCIA VERBAL E TRANSITIVIDADE


O conceito de REGÊNCIA VERBAL passa necessariamente pela definição da
TRANSITIVIDADE DO VERBO.
Há verbos que bastam por si mesmos – são os verbos INTRANSITIVOS.
Outros há que necessitam de informações suplementares, ou seja, do auxílio de uma
expressão subsidiária, que se apresenta sob a forma de COMPLEMENTO. Esses são
os verbos TRANSITIVOS.
Aliás, essa denominação provém do conceito de TRANSITAR/TRÂNSITO. Se esse
“trânsito” não encontra obstáculo algum, ele é DIRETO. O “obstáculo” é a
preposição.
Assim, quando não há preposição necessária (obstáculo), o verbo é TRANSITIVO
DIRETO, ou seja, liga-se ao complemento diretamente (OBJETO DIRETO).
No caso de a preposição ser obrigatória, o verbo é classificado como TRANSITIVO
INDIRETO e o complemento é antecedido de preposição (OBJETO INDIRETO).
Em todo momento, mencionamos “preposição necessária” ou “obrigatória”. Isso
porque há casos em que, mesmo sendo dispensável, a preposição é utilizada como
recurso estilístico (exemplo 1 abaixo), como, por exemplo, para evitar ambigüidade,
ou obrigatoriamente quando o objeto direto vier sob a forma de um pronome
oblíquo tônico (exemplo 2). Nesses casos, o complemento é chamado de OBJETO
DIRETO PREPOSICIONADO.
Exemplo 1 – Matou o caçador ao leão. – Sem a preposição, não saberíamos quem
matou quem.
Exemplo 2 – Nem ele entende a mim, nem eu a ele. – Os pronomes oblíquos
tônicos exigem sempre a preposição, mesmo que exerça a função de objeto direto.
Em determinadas construções, alguns verbos, mesmo acompanhados de
complemento direto (OBJETO DIRETO), podem requerer um outro complemento,
precedido de preposição (OBJETO INDIRETO). Esses verbos são os chamados
TRANSITIVOS DIRETOS E INDIRETOS ou BITRANSITIVOS, já estudados em aulas
anteriores.
Por fim, há também os que necessitam de uma informação adicional que venha a
complementar o sentido ou alcance do objeto (direto ou indireto) já apresentado.
Esses são os verbos TRANSOBJETIVOS, apresentados na Aula 2 - VERBOS. Essa
“informação complementar” vem sob a forma de PREDICATIVO DO OBJETO.
O predicativo do objeto pode estar ligado diretamente ao verbo (O júri considerou o
réu inocente) ou por meio de uma preposição (Os médicos consideravam a doença
como incurável.)

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Podem ser transobjetivos os verbos: chamar, considerar, julgar, reputar, supor,


declarar, crer, estimar, tornar, designar, nomear, sagrar, coroar, encontrar, achar,
deixar etc.
Como já ressaltamos antes, a transitividade de um verbo só pode ser definida na
oração, de acordo com os elementos presentes na construção.

REGÊNCIA VERBAL E SIGNIFICAÇÃO DOS VERBOS


Enquanto que os nomes (regência nominal) exigem uma e/ou outra preposição, não
tendo seu significado alterado, alguns verbos, a depender da acepção que se deseje
apresentar, podem exigir determinada preposição, aceitar mais de uma ou até
mesmo dispensá-la.
Ou seja, os substantivos e adjetivos podem reger diversas preposições sem que
tenham seu sentido alterado. Já os verbos apresentam sentidos diferentes a
depender da preposição que for utilizada. Essa é a diferença significativa entre
regência nominal e verbal e é por isso que o estudo da sintaxe de regência verbal é
bem mais complexo do que o de regência nominal.
Em relação às provas de concursos públicos, o número de questões que envolvem
aspectos de regência verbal é infinitamente maior que o de questões sobre regência
nominal. Isso você irá perceber nos exercícios de fixação.
Há verbos que admitem mais de uma regência sem ter seu sentido alterado.
Falar sobre o assunto. Falar do assunto. Falar acerca do assunto.
Ele não tarda em chegar. Ele não tarda a chegar.
Em algumas construções, a preposição é usada, mais do que para reger, para
acrescentar novos matizes de significação aos verbos.
Cumpri o dever. / Cumpri com o dever. – O verbo é originalmente transitivo direto
(primeiro exemplo). A preposição serve para acentuar a idéia de cuidado, zelo.
Fiz que ele fosse aprovado./ Fiz com que ele fosse aprovado. – O verbo fazer é
transitivo direto. A preposição emprega valor de dedicação, esforço.
Comi o bolo. / Comi do bolo. – Apenas um pedaço do bolo, e não todo ele, foi
comido.

COMPLEMENTOS VERBAIS COM REGÊNCIAS DIFERENTES


Quando, em uma construção, surgirem dois ou mais verbos com regências diferentes
em relação a um mesmo elemento, o rigor gramatical exige que se apresentem os
dois objetos distintos.
Entrei e saí do quarto com extrema rapidez.– CONSTRUÇÃO CONDENADA

O verbo entrar rege a preposição em (entrei no quarto), enquanto que o verbo


sair exige a preposição de (saí do quarto). Assim, para que se observe a norma
gramatical, devemos colocar cada verbo acompanhado de seu complemento:
Entrei do quarto e saí dele com extrema rapidez.

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Se a transitividade dos verbos for a mesma, seja direta, seja indireta com a mesma
preposição, pode-se apresentar somente um dos elementos.
O amigo que muito admiro e estimo veio aqui hoje.
O pronome relativo que retoma o substantivo amigo. Tanto o verbo admirar
quanto estimar são transitivos diretos. Assim, não há preposição antes do pronome
relativo que exerce a função de objeto direto de ambos os verbos.
O amigo que muito admiro e me preocupo veio aqui hoje .
Essa construção está condenada. Enquanto o verbo admitir é transitivo direto, o
verbo preocupar-se exige o complemento regido pela preposição com (Eu me
preocupo com o amigo). Assim, para corrigi-la, devemos repetir o pronome
relativo, tomando o cuidado em usar, no segundo caso (com preposição), o relativo
quem (assunto a ser tratado na aula sobre PRONOMES).
O amigo que muito admiro e com quem me preocupo veio aqui hoje.
Todavia, alguns autores, para empregar ao texto maior brevidade e concisão,
admitem a forma gramaticalmente inadequada.
“Não se recorda ou não sabe que perdeu uma carta?” (Machado de Assis)
O verbo recordar é transitivo indireto, com a preposição de (alguém se recorda de
alguma coisa), ao passo que o verbo saber apresenta emprego transitivo direto
(alguém sabe alguma coisa). No entanto, um único complemento (o direto) foi
apresentado.
Note que essa “simplificação” ocorre também em outras construções:
Ele esteve com ela antes e durante o velório. (antes do velório)
Ele esteve com ela antes, durante e depois do velório. (durante o velório)

COMPLEMENTOS COMUNS A MAIS DE UM VERBO


Se, em uma série de verbos com a mesma regência, apresenta-se um mesmo
complemento expresso junto a um deles, pode-se repeti-lo (valorizando cada um dos
verbos) ou omiti-lo (dando ênfase ao conjunto de ações).
Eu muito os admiro e os respeito.
Eu muito os admiro e respeito.
Tanto o verbo admirar como o respeitar são transitivos diretos, o que possibilita
essa construção.

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS


Agora, iremos analisar as possibilidades de sintaxe de regência de alguns verbos. É
lógico que nosso objetivo não é esgotar (até porque isso seria impossível), mas
simplesmente apresentar.
Sempre que surgirem dúvidas, busque o auxílio de um bom dicionário de regência
(como o indicado no início de nossa aula).

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Em alguns verbos, destacaremos observações feitas por mestres consagrados, como


Celso Luft, Evanildo Bechara e outros.
Como tudo na língua, a sintaxe de regência também sofre mutações decorrentes do
uso. Por isso, serão registradas, também, algumas “inovações sintáticas” ocorridas
em certos verbos e ressaltadas por Celso Luft em seu Dicionário Prático.

Agradar
a) No sentido de acariciar, acarinhar, é transitivo direto.
Com as mãos calosas, agradava o filho choroso.

b) No sentido de satisfazer, contentar, é transitivo indireto.


Suas palavras agradaram ao público que o ouvia.
Por analogia com contentar (transitivo direto), também ocorre a transitividade
direta, não obstante impugnação dos puristas: “Essa regência (transitiva direta) se
justifica nas acepções contentar e afagar, mimar.” (Celso Luft).
Esforça-se mas não consegue agradá-lo.
E o que fazer na hora da prova? Analisar as demais opções e procurar identificar
o posicionamento da banca – se tradicional (transitividade indireta) ou moderna
(direta). De qualquer forma, se houver menção a “norma culta”, segue-se a sintaxe
original (agradar a alguém).

Aspirar
a) No sentido de respirar, sorver, é transitivo direto.
"Aspirava o cheiro das rosas abertas depois da chuva." (Rachel de Queiroz)

b)No sentido de desejar, pretender, buscar, é transitivo indireto (com preposição A).
"E quem mora no beco, só aspira ao beco." (Rachel de Queiroz)
Não se diz aspiro-lhe, e sim aspiro a ele(s), a ela(s).
Só encontra o amor quem a ele aspira.

Assistir
a) No sentido de ver, presenciar, estar presente, é transitivo indireto. Esse objeto
indireto deve ser encabeçado pela preposição a, e se for expresso por pronome de
3ª pessoa, exigirá a forma a ele(s), ou a ela(s) (nunca lhe/lhes).
Todos assistiam ao espetáculo (a ele).
Vimos em nossa aula de verbos que os verbos transitivos apenas indiretos não se
constroem na voz passiva porque só o objeto direto da ativa pode transformar-se

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no sujeito da passiva. Ainda se lembra disso? Pois é, agora a coisa vai complicar um
pouquinho.
Na linguagem coloquial, dada sua proximidade com os verbos VER, PRESENCIAR,
OBSERVAR (todos eles transitivos diretos), é usual o emprego do verbo ASSISTIR
(que, nessa acepção, é transitivo indireto) em voz passiva: A missa foi assistida por
milhares de fiéis.
De qualquer forma, segundo a linguagem culta formal, deve-se abolir essa
construção.
Para a prova, mais uma vez recomendamos cuidado: bancas tradicionais exigem os
aspectos cultos da gramática, devendo ser respeitada a sintaxe original.
Outras mais modernas podem aceitar a forma passiva. O jeito é analisar as opções e
agir com bom senso.

b) No sentido de prestar assistência, confortar, ajudar, proteger, servir, é transitivo


direto OU indireto (indiferentemente).
O médico assiste os doentes.
Ele assistiu-lhe (ao doente) na enfermidade.
Para lembrar: se for para prestar socorro, não importa a regência – assista o/ao
acidentado de qualquer forma.

c) No sentido de caber, pertencer de direito ou razão, é transitivo indireto.


Não lhe assiste o direito de reclamar.

d) No sentido de morar, constrói-se com preposição EM, sendo intransitivo. Aliás,


essa é a sintaxe empregada aos verbos que indicam permanência (morar, residir,
estar, situar-se).
“Assiste em Lisboa.” (Caldas Aulete, citado por Celso Luft)

Atender
a) Quando o complemento for pessoa, é transitivo direto ou indireto
O diretor atendeu os/aos alunos.
Se a preferência for pelo pronome (e não o substantivo), usa-se somente de forma
direta o, a, os, as (e não lhe/lhes):
O diretor os atendeu.

b) Quando o complemento for coisa, é transitivo indireto. No entanto,


modernamente é aceita também a forma direta para coisa.
O governo não atende as/às reivindicações dos grevistas.

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Atenda o/ao telefone, por favor.


Resumo: Modernamente, aceitam-se a sintaxe direta ou indireta, indistintamente. Se
o complemento estiver expresso por um pronome, usa-se a forma direta (o,a, os,
as).

Chamar
a) No sentido de chamar a presença de alguém, é transitivo direto:
Eu chamei meu filho e pedi um favor.
Ninguém o chamou aqui, seu moço.

b) Na acepção de pedir auxílio ou atenção, é transitivo indireto, com a preposição


por.
"Gurgel tornou à sala e disse a Capitu que a filha chamava por ela." (M. Assis)

c) Com o sentido de apelidar, dar nome, qualificar, admite as seguintes construções:


Chamaram-no covarde.
Chamaram-no de covarde.
Chamaram-lhe covarde.
Chamaram-lhe de covarde.
Nessa construção, é um verbo transobjetivo, apresentando o complemento verbal
(objeto direto ou indireto) e o predicativo do objeto (que pode vir acompanhado de
preposição ou não).
Esse é o único verbo transobjetivo que apresenta complemento indireto. Todos os
demais possuem apenas objetos diretos.

Custar
a) No sentido de ser custoso, difícil, tem como sujeito aquilo que é difícil, podendo
apresentar-se sob a forma de uma oração reduzida de infinitivo, que pode vir
precedida da preposição a.
Custa-me o seu silêncio. (O seu silêncio é custoso para mim.)
Custa-me dizer que acendeu um cigarro.
Custou-me muito a brigar com Sabina.
Como vimos na aula sobre concordância verbal, quando o sujeito é representado por
uma oração (sujeito oracional), o verbo permanece na 3ª pessoa do singular.
Na linguagem cotidiana, dada a sua proximidade com “demorar” ou “ser difícil”,
houve alteração na construção, atribuindo-se valor à pessoa (Custei a entender essa
lição, Ele custou a chegar aqui.).

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Essa inovação sintática, presente até em registros literários, segundo CEGALLA


(Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa), ainda não foi sancionada pelos
gramáticos.
Para a prova, leve a sintaxe originária: Custou-lhe chegar aqui. Custou-me entender
a lição.

b) No sentido de causar, acarretar conseqüências, é transitivo direto e indireto.


A imprudência custou-lhe lágrimas amargas.
c) No sentido de indicar preço, é intransitivo.
Esta casa custou trinta mil dólares.

Informar, Avisar, Comunicar, Cientificar


Agora, começamos a conhecer alguns verbos que admitem dupla regência, ou seja,
indistintamente direta e indireta para coisa ou pessoa (serão chamados de flexíveis),
e outros que apresentam somente uma forma para coisa e outra para pessoa
(inflexíveis).
Parece que estou falando grego, não é? Vamos, então, partir para os exemplos.
Assim, o conceito fica claro.
Dentre os verbos flexíveis, podemos destacar:
- INFORMAR: Eu posso informar alguma coisa a alguém (direto para coisa e indireto
para pessoa) ou informar alguém de/sobre alguma coisa (direto para pessoa e
indireto para coisa).
O ministro informou o povo sobre as novidades na Economia.
O ministro informou as novidades na Economia ao povo.
- AVISAR:
Avisei o amigo do acidente. / Avisei o acidente ao amigo.
Por isso, em construções de voz passiva, tanto a pessoa como a coisa podem exercer
a função de sujeito paciente, porque qualquer desses elementos pode ser o objeto
direto, indiferentemente:
O amigo foi avisado do acidente. O acidente foi avisado ao amigo.

Outros verbos não possuem essa “flexibilidade”. Vamos analisar alguns desses
verbos inflexíveis
- COMUNICAR: Como o sentido originário desse verbo é “TORNAR ALGO COMUM
(enfatiza-se a coisa em detrimento da pessoa).
Assim, esse verbo apresenta a sintaxe direta para coisa e indireta para pessoa =
COMUNICAR ALGO A ALGUÉM.
Comunicamos ao diretor a decisão do grupo.

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Por isso, segundo a norma culta, condena-se a construção de voz passiva em que a
pessoa se apresente como sujeito, uma vez que ela exercia a função de objeto
indireto da voz ativa. Somente a coisa pode ser o sujeito paciente:
A decisão do grupo foi comunicada ao diretor.
(e não: O diretor foi comunicado da decisão do grupo)

- CIENTIFICAR: O sentido de CIENTIFICAR é TORNAR ALGUÉM CIENTE (enfatiza-


se a pessoa em detrimento da coisa).
Enquanto o verbo comunicar apresenta construção direta para coisa e indireta para
pessoa, o verbo cientificar é direto para pessoa e indireto para coisa (Eu cientifiquei
o diretor da decisão do grupo.).
Agora, para uma melhor compreensão, vamos traçar um paralelo entre COMUNICAR
e CIENTIFICAR.
COMUNICAR ALGO A ALGUÉM ≠ CIENTIFICAR ALGUÉM DE ALGO
Celso Luft observa que às vezes ocorre a inovação sintática cientificar algo a
alguém, que atinge também verbos como informar, avisar, certificar. Contudo, em
linguagem culta forma, é preferível a sintaxe originária cientificá-lo de.
No decorrer dos exercícios de fixação, encontraremos mais alguns verbos de dupla
possibilidade de regência.

Esquecer
Admite três construções diferentes:
Esqueci o nome dele.
Esqueci-me do nome dele.
Esqueceu-me o nome dele.
Quando pronominal (esquecer-se), o verbo necessariamente é empregado com
complemento indireto (esquecer-se de algo).
Se este complemento for oracional, especialmente em orações desenvolvidas
(iniciadas pela conjunção que), admite-se a omissão da preposição DE: “Nunca me
esquecerei que no meio do caminho tinha uma pedra” (Drummond).
O que nas duas primeiras construções é objeto (direto ou indireto) passa a sujeito
na terceira: "O nome dele esqueceu-me" significa que esse nome apagou-se da
memória, saiu da lembrança. Essa sintaxe emprega à construção um valor
involuntário da ação ocorrida (algo foi esquecido por mim).
"Nunca me esqueceu esse fenômeno." (M. Assis)
= O fenômeno (sujeito) nunca esqueceu a mim (objeto indireto)
Tudo o que acontece com o verbo ESQUECER se repete com o verbo LEMBRAR.

Lembrar

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a) Com o sentido de trazer à lembrança, evocar, recordar-se, é transitivo direto.


Seu penteado lembrava as divas de Hollywood.
b) Com sentido de vir à memória, aceita, à semelhança do que ocorre com o verbo
esquecer, três modelos de construção:
Lembro o acontecimento.
Lembro-me do acontecimento.
Lembra-me o acontecimento

Implicar
a) No sentido de ter implicância com, mostrar má disposição para com alguém, é
transitivo indireto.
Implicou com os irmãos..

b) No sentido de comprometer-se, enredar-se, envolver-se em situações


embaraçosas, é acompanhado de pronome reflexivo e de complemento introduzido
pela preposição EM.
Atualmente não são poucos os políticos que se implicam em negociatas.

c) No sentido de trazer como conseqüência, acarretar, é transitivo direto.


"... um dever que implica desdouro para meu amigo, se eu me esquivar a cumpri-
lo." (C. C. Branco)
"...sem que a investida do novo chefe implicasse a menor quebra no movimento
político e social." (Latino Coelho)
Celso Luft: “Implicar em algo é inovação em relação a implicar algo por influência
dos sinônimos redundar, reverter, resultar, importar. Aparentemente brasileirismo.
Plenamente consagrado, admitido até pela Gramática Normativa.
P.ex.: Tal procedimento implica (em) desdouro (Rocha Lima, Gramática Normativa
da Língua Portuguesa, pg. 401)”
Em relação a essa inovação, já vejamos uma questão de prova da ESAF:

(AFRF/2002.1) Julgue os períodos abaixo em relação à correção gramatical.


b) A prática do racismo é definida como crime na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa
Lei estão definidas várias condutas que implicam tratamento discriminatório,
motivado pelo preconceito racial. / A prática do racismo é definida como crime
na Lei nº 7.716/89, isto é, nessa Lei estão definidas várias condutas que
implicam em tratamento discriminatório, motivado pelo preconceito racial.

Este item foi considerado CORRETO pela banca.

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Na acepção de trazer como conseqüência, acarretar, tradicionalmente o verbo


implicar é transitivo direto (“Seu silêncio implicava consentimento.”). Contudo,
provavelmente seguindo a doutrina recente, a construção com o verbo transitivo
indireto foi tida por correta em ambos os períodos – implicam tratamento /
implicam em tratamento.

Obedecer
É um verbo transitivo indireto, que rege a preposição a.
Em relação à possibilidade do emprego dos pronomes oblíquos lhe/lhes no lugar de
a ele(s)/ela(s), a maioria esmagadora dos gramáticos se posiciona favoravelmente
à troca.
Ele não é capaz de obedecer às ordens de seu chefe.
Quem lhe desobedecer sofrerá sanções.
Mesmo sendo um verbo transitivo indireto, modernamente admite voz passiva,
reminiscência do antigo regime transitivo direto. São diversos registros literários
dessa possibilidade. Essa observação, inclusive, consta da Nova Gramática do
Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, e é abonada por Celso
Luft (“A voz passiva é vista como normal - Alguém é obedecido.”).
"A Senhora manda, e é obedecida." (José de Alencar)
Em linguagem culta formal, contudo, ainda se recomenda a construção indireta.
Para a prova, tome muito cuidado. Algumas bancas são extremamente tradicionais e
ficam naquele “feijão com arroz”. Outras já preferem inovar e explorar novos
conceitos. O candidato deve procurar identificar o posicionamento da banca e, se
isso não for possível, analisar as demais opções antes de tachar a afirmação como
certa ou errada.
Idêntica é a construção do antônimo desobedecer.
Ele não podia mais desobedecer às vontades de Deus.

Vamos ver uma questão de prova:

(NCE UFRJ / INCRA / 2005)


25 - Sabemos que só os verbos transitivos diretos admitem a forma passiva;
por isso, a alternativa que mostra uma forma adequada de passiva é:
(A) O pai do candidato foi comunicado do ocorrido;
(B) Os professores são muito obedecidos pelos alunos;
(C) O chefe foi substituído pelo novo funcionário;
(D) O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio Quadros;
(E) A peça será acontecida no dia 28 de agosto.

O gabarito foi a letra C. Note que a banca da UFRJ não aceitou a forma passiva do
verbo OBEDECER (opção B), considerando-a inadequada.

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Em relação aos demais verbos:


a) o verbo COMUNICAR apresenta como objeto direto a COISA e indireto a
PESSOA. Por isso, estaria incorreta a forma passiva de pessoa como sujeito paciente
(O pai foi comunicado).
c) o verbo SUBSTITUIR é transitivo direto – Uma pessoa substitui outra. Assim, é
possível a construção passiva: O chefe foi substituído. Essa foi a resposta certa.
d) na acepção de “ser o sucessor”, o verbo SUCEDER constrói-se com objeto
indireto: Ele sucedeu ao pai na gestão dos negócios.
Contudo, há registros clássicos da transitividade direta do verbo (sintaxe em
desuso). Luft registra que “é compreensível certa inclinação por sucedê-lo na
linguagem culta formal”, muito comum no português clássico, talvez por influência
do verbo substituir. Note que a banca não aceitou a forma direta, considerando
incorreta a construção de voz passiva O presidente Juscelino foi sucedido por Jânio
Quadros.
e) O verbo ACONTECER pode ser INTRANSITIVO (algo acontece) ou TRANSITIVO
INDIRETO com a preposição a (algo acontece a alguém). Não há, pois, objeto direto
para que se possa construir voz passiva.

Pedir
Trata-se de um verbo transitivo direto. Somente aceita o complemento regido pela
preposição para quando houver subentendida, entre o verbo e a preposição, uma
palavra como licença, autorização, permissão.
Pedimos que sejam observadas as regras de convivência.
Os alunos pediram para sair. (permissão para sair)

Perdoar - Pagar – Agradecer


Na língua culta, constroem-se com objeto direto em relação à coisa e objeto indireto
em relação à pessoa.
Perdoai-lhes, Senhor, porque não sabem o que fazem!
Agradeci-lhe os presentes.
Já paguei as contas a meus credores.
Contudo, por influência de verbos do mesmo campo semântico – desculpar alguém /
indenizar alguém– surgiu uma nova estrutura: objeto direto para a pessoa
(perdoar alguém / pagar alguém), o que levou à possibilidade de construção passiva:

Todos foram perdoados pelo rei (o rei perdoou todos).


Neste mês, os empregados não serão pagos (a empresa não pagará os
empregados).

Preferir
O verbo é transitivo direto e indireto (Preferir uma coisa a outra).

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"Capitu preferiu tudo ao seminário." (M. Assis)


Em virtude da proximidade semântica com querer, desejar (uma coisa mais do
que outra), passou a ser comum na linguagem coloquial a forma preferir uma coisa
mais do que outra ou preferir muito mais, construções condenadas pelos gramáticos.
Para a prova, tenha sempre em mente a sintaxe original: PREFERIR ALGO A OUTRA
COISA.
Não há impedimento algum para a construção com somente o complemento direto:
Prefiro os antigos moldes.

Proceder
a) No sentido de ter fundamento é intransitivo.
Seu pedido não procede.
b) Como portar-se, conduzir-se, é intransitivo também, sempre seguido de adjunto
adverbial de modo.
Sua esposa procedia brilhantemente em público.
b) Na acepção de provir, originar-se, descender, usa-se com preposição de.
A língua portuguesa procede do latim.
c) Usa-se com preposição a (transitivo indireto) no sentido de dar início, realizar.
Proceder-se-á ao início da sessão.

Responder
A regência primária apresenta complemento indireto, com a preposição a:
Responder às cartas, às perguntas, ao questionário.
Contudo, na língua vigente no Brasil, a sintaxe direta para coisa já está consagrada,
ainda que repudiada pelos puristas.
O verbo, nesse caso, pede objeto direto para coisa e indireto para pessoa
(Responder algo a alguém). O objeto indireto pode se apresentar sob a forma de
pronome (lhe/lhes).
Não irei responder-lhe o pedido de casamento.
Respondo as suas cartas..
Essa construção possibilita a voz passiva:
As cartas foram respondidas.

Simpatizar
O verbo simpatizar não é pronominal. Pede objeto indireto regido da preposição
com.

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Simpatizei com ela. (correto)


Simpatizei-me com ela. (errado)
Não simpatizei com ele nem com suas idéias.
O verbo antipatizar apresenta o mesmo regime.
A classe antipatizou com o novo professor.

Visar
a) No sentido de dirigir a pontaria, apontar arma de fogo contra algo ou alguém, é
transitivo direto.
Visei o alvo.
b) No sentido de pôr o visto em, é transitivo direto.
As autoridades visaram o passaporte.
c) Na acepção de ter em vista um fim, pretender, deve empregar-se de preferência
com a preposição a, embora modernamente, devido à aproximação com verbos
como buscar, pretender, objetivar (transitivos diretos), se acumulem exemplos
com objeto direto.
Nela visei, acima de tudo, ao bem da comunidade.
O verbo visar já se constrói, nesse sentido, sem a preposição:
Essa sociedade não visa lucro.
Essa inovação ocorre, principalmente, quando o complemento vem sob a forma
nominal de infinitivo.
Eles visam alcançar suas metas.

Vamos ver como a ESAF tratou do assunto:

(TCU/ 2006) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical.


A precariedade dos serviços públicos é responsável por cerca de(1) 8% das
barreiras ao crescimento do País. Esse impacto se deve aos(2) efeitos em
cascata que as deficiências no setor público causam à economia. No Brasil,
esses problemas parecem tão arraigados à rotina nacional que aparentam ser
imutáveis. Não são. O Reino Unido está implementando uma reforma que visa
o(3) aumento de produtividade e à melhoria da qualidade dos serviços
públicos.
O primeiro passo aconteceu com o estabelecimento de alguns princípios:
• metas nacionais de desempenho, mensuráveis e disponíveis para
comparação pelo público;
• clara definição de responsabilidades entre as entidades públicas;
• aumento de flexibilidade, por meio da(4) simplificação de processos e da
redução da burocracia;

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• oportunidade de escolha por parte do público em relação aos provedores de


serviços.
A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões
de libras.
(Adaptado de Revista Veja, n. 49, p.154.)
a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

O gabarito foi a letra c – o verbo visar, no sentido de objetivar, originalmente é


transitivo indireto.
Assim, em “uma reforma que visa o aumento de produtividade”, devemos inserir a
preposição a: visa ao aumento de produtividade.
Caso restasse alguma dúvida em relação à possibilidade de se construir sob a forma
direta (modernamente aceita), a banca tratou de sepultá-la com a apresentação do
outro objeto indireto: “visa (...) à melhoria da qualidade dos serviços públicos”.
É assim que se faz prova: diante de uma questão cujo tema é polêmico, você deverá
analisar com cuidado todas as possibilidades. Normalmente, bancas consagradas,
como a ESAF, procurar fugir desse debate, indicando, de alguma forma, o seu
posicionamento.

VERBOS DE DESLOCAMENTO X VERBOS DE PERMANÊNCIA


Verbos que indicam deslocamento (chegar, ir, voltar, etc.) constroem-se com a
preposição a, opondo-se aos que indicam permanência (morar, residir, etc.), que se
constroem com a preposição em.
Ele chegou ao colégio muito cedo.
O presidente veio a São Paulo de avião.
Ele mora na rua Virgílio de Resende.
Ficarei em casa a noite.
Se você ficou pensando naquela clássica expressão ENTREGAMOS À DOMICÍLIO,
muito comum nos letreiros de pizzarias, farmácias e afins, vamos entender.
Para começar, como veremos na próxima aula, palavras masculinas não podem ser
precedidas de “a” com acento grave, pois não apresentam um artigo definido
feminino antes de si (afinal de contas, elas são masculinas!!!). Então, não ocorre
crase.
Em relação à regência do verbo entregar, eu lhe pergunto: a entrega por ser feita a
alguém em algum lugar, não é? O complemento que indica a “pessoa que recebe a
entrega” é regido da preposição A (Entreguei ao porteiro). Mas “domicílio” não é uma
pessoa, e sim um local (expressão de valor adverbial). Por isso, a preposição que

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antecede esse vocábulo é EM – Entregamos em qualquer ponto do país (e não a


qualquer ponto do país).
Por isso, a entrega é feita em domicílio ou no domicílio, e nunca “à domicílio”.
E agora, consegui acabar com aquela confusão que a pizzaria causou?
Agora, até bateu uma fome. Ainda bem que nossa aula está chegando ao fim.
O passo seguinte é resolver as questões de fixação, até mesmo para ver como as
bancas examinadoras se posicionam, e estudar, estudar, estudar...
Em nossos próximos encontros, voltaremos a este assunto. Falaremos sobre CRASE
e, em seguida, PRONOMES, estudando, inclusive, a relação entre sintaxe de
regência e pronomes relativos.
Bons estudos e até lá.

QUESTÕES DE FIXAÇÃO

01 - (FGV/ALESP/2002)
Assinale a alternativa cuja regência está de acordo com o padrão culto:
A. Prefiro mais doce a salgado.
B. Prefiro mais doce do que salgado.
C. Prefiro doce do que salgado.
D. Prefiro doce a salgado.

02 - (FGV/Pref.Guarulhos/2001)
Assinale a alternativa em que há erro de regência verbal.
A. Minha aparência não lhe agradou.
B. Esta é a regra que você obedecerá.
C. Assiste-lhe sempre esse direito.
D. Essa foi a conclusão a que chegamos.

03 - (FGV/ICMS MS – ATI/2006)
Em Você se lembra do rosto dela naquele instante?, obedeceu-se às regras de
regência verbal.
Assinale a alternativa em que isso não tenha ocorrido.
(A) Prefiro questões de gramática do que de interpretação.
(B) Aspiraram à vaga de piloto da companhia aérea.
(C) Os médicos assistiram o paciente.
(D) Perdoamos-lhes as dívidas.
(E) Pagaram-lhe bem.

04 - (BESC / ADVOGADO/ 2004)


Texto II
CAPÍTULO III

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Do Contrato Estimatório
Art. 534. Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço
ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa
consignada.
(Novo Código Civil)
Pela leitura do texto II, percebe-se a importância do uso correto dos pronomes
oblíquos. Assinale a alternativa em que isso NÃO tenha ocorrido.
(A) O chefe encontrou a secretária no corredor e pagou-a ali mesmo.
(B) Cabia-lhe o direito de reaver o documento.
(C) Os pacientes esperavam que o médico os assistisse com urgência.
(D) Ele não lhe perdoou a dívida.
(E) Ela lembrava-lhe a boa infância.

05 - (ESAF/AFRF/2003) Julgue a assertiva abaixo em relação aos aspectos


gramaticais.
e) Não nos esqueçamos que a construção do autoritarismo, que marcou
profundamente nossas estruturas sociais, configurou o sistema político
imprescindível para a manutenção e reprodução dessa dependência.

06 - (FUNDEC / TRT 2ª Região / 2003)


Sobre a regência do verbo assistir na oração “a Região Metropolitana finalmente
assistia ao início de um capítulo bom da novela protagonizada por mais de 3 milhões
de pessoas” (linhas 10-13), pode-se afirmar que:
A) está correta, porque o verbo foi empregado como transitivo indireto, no sentido
de ser do direito;
B) é semelhante à regência do verbo amar em frases como “Deve-se amar ao
próximo”;
C) admite a construção passiva, que seria: “O início de um capítulo bom da novela
protagonizada por mais de 3 milhões de pessoas era assistido finalmente pela Região
Metropolitana;
D) está consoante com a língua escrita padrão, mas divergente dos hábitos da língua
falada no Brasil;

07 - (CESGRANRIO / PREF.MANAUS / 2004)


Marque a opção em que a regência do verbo NÃO está adequada, conforme a norma
culta.
(A) O pesquisador agregou-se ao grupo da universidade.
(B) O auxiliar inseriu os dados no computador.
(C) A criança agradeceu os primos o presente.
(D) A situação de crise influiu na decisão do conselho.

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(E) Eu entreguei o requerimento ao advogado.

08 - (NCE UFRJ/ ANTT / 2005)


Assinale a opção que corresponde à melhor redação, considerando correção, clareza
e concisão.
(A) A parada o autorizava à cobrar um novo preço;
(B) A parada lhe autorizava de cobrar um novo preço;
(C) A parada o autorizava de cobrar um novo preço;
(D) A parada o autorizava a cobrar um novo preço;
(E) A parada lhe autorizava a cobrar um novo preço.

09 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)


A alternativa em que o pronome LHE está mal empregado é:
(A) Só lhe comuniquei de minha decisão ontem;
(B) Não lhe desejo mal;
(C) Deste ator só lhe conhecia a foto;
(D) Vou apresentar-lhe meu amigo;
(E) Atribuímos-lhe uma atitude negativa.

10 - (UnB CESPE/INSS/1998)
Quanto à correção da substituição do trecho sublinhado pela forma apresentada em
negrito, julgue os itens abaixo.
1. “Já fez sua declaração de imposto de renda? / Já a fez?
2. “Os decretos-leis (...) abanam o rabo negativamente” / Os decretos-leis (...)
abanam-lhe negativamente
3. “Mas se tiveres alguma dúvida” / Mas se tiveres ela.
4. “Os decretos-leis tentam barrar um senhor distinto” / Os decretos-leis tentam
barrá-lo
5. “Agora é só (...) encheres este formulário-sanfona” / Agora é só (...) o encheres

11 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)


Muitos gramáticos condenam o uso de um mesmo complemento referido a verbos de
regência diferente, o que ocorre em:
(A) entrar e sair de casa;
(B) contemplar e pintar a paisagem;
(C) ler e memorizar o telefone;
(D) conhecer e admirar a obra do artista;

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(E) precisar e gostar de boas companhias.

12 - (ESAF/AFC STN/2002)
No passado, para garantir o sucesso de um filho ou de uma filha, bastava
conseguir que eles tirassem um diploma de curso superior. Uma vez formados,
seriam automaticamente chamados de “doutor” e teriam um salário de classe
média para o resto da vida. De uns anos para cá, essa fórmula não funciona
mais. Quem quiser garantir o futuro dos filhos, além do curso superior, terá de
lhes arrumar um capital inicial. Esse capital deverá ser suficiente para o
investimento que gerará um emprego para seu filho.
Em relação aos aspectos textuais, julgue a asserção abaixo.
d) A regência do verbo chamar empregada no texto(l.3) é considerada coloquial. A
gramática ortodoxa recomenda, como mais formal, o emprego desse verbo como
transitivo direto.

13 - (CESGRANRIO/TRANSPETRO/2006)
Por meio de uma carta, os funcionários _______________ aos superiores.
Com respeito à regência, a forma verbal que preenche adequadamente a lacuna
acima é:
(A) chamaram.
(B) convidaram.
(C) cumprimentaram.
(D) pressionaram.
(E) responderam.

14 - (FCC / INSS MEDICO / 2006)


Empregou-se de acordo com o padrão culto escrito a forma grifada em:
(A)) Estava tão atrapalhado, que enviou a carta justamente àquele que nunca
poderia tê-la recebido.
(B) A atitude desequilibrada daquele jovem foi uma heresia aos idosos que ali
estavam sendo homenageados.
(C) Informou-lhe de que deveria fechar o contrato até o fim do dia.
(D) Recuperou-lhe daquele distúrbio com a competência e dedicação que todos lhe
reconhecem.
(E) Ele foi investido com uma difícil tarefa de comando, da qual se desincumbiu com
grande habilidade.

15 - (FUNDEC / PRODERJ / 2002)

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Como na frase “O nível de complexidade do Deep Fritz reside nas linhas de código
que o constituem” (linhas 17-18), também as frases abaixo estão corretas quanto ao
emprego do pronome o, menos em uma, em que o correto seria empregar o
pronome lhe. Esta frase está na opção:
A) Procurei um técnico para cientificá-lo de que havia um problema para resolver.
B) Embora o problema fosse de difícil solução, o computador o resolveu.
C) Vou procurar o técnico para certificá-lo que o problema já foi resolvido.
D) O cientista comentou que a empresa o contratou para resolver problemas
complexos.
E) A empresa que construiu o computador resolveu doá-lo para um museu.

16 - (ESAF / Analista IRB/2004) Identifique a letra em que uma das frases apresenta
erro de regência verbal.
a) Atender uma explicação.
Atender a um conselho.
b) O diretor atendeu aos interessados.
O diretor atendeu-os no que foi possível.
c) Atender às condições do mercado.
Os requerentes foram atendidos pelo juiz.
d) Atender o telefone.
Atender ao telefone.
e) Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da doença.
Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de incêndio.

17 - (UnB CESPE/DEFENSOR/2004)
Analise a correção da assertiva abaixo.
Em “Por conseqüência, a morte de um idioma implica perda imensurável a um país
e, inclusive, à humanidade, pois perde-se, além da forma básica de comunicação,
uma cultura com todas as suas expressões, como folclore, história, musicalidade,
religião etc.”, o emprego da preposição que antecede os termos “um país” e
“humanidade” é exigido pelas regras de regência segundo as quais está empregado
o verbo implicar.

18 - (UnB CESPE / AGU / 2002)


A impunidade que daí deriva não está ligada, pois, a diferenças sociais que
impliquem que nem todos sejam iguais perante a lei, mas tão-só a que todos
se submetem a ela como se vestissem roupas muito maiores que as devidas. A
sociedade moderna é democraticamente relaxada.
Com base no trecho acima, julgue a assertiva.

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Em “a diferenças sociais” (l.1), “a que todos” (l.2) e “a ela” (l.3), as três ocorrências
da preposição “a” devem-se à regência da palavra “ligada” (l.1).

19 - (ESAF/TFC SFC/2000) Assinale a opção que corresponde a erro gramatical


Outro mito muito em voga(A) é de que(B) a globalização torna(C) a vida das
pessoas muito mais instável. Isso é só parcialmente verdade. As economias estão
muito mais competitivas hoje em boa parte do mundo, o que(D) pode passar uma
sensação maior de instabilidade. Um recente estudo do Banco Mundial, no entanto,
mostra que(E) não há nenhuma evidência de aumento da instabilidade em termos
de crescimento de PIB e de consumo privado na América Latina.
(Adaptado de Exame, 1/11/2000, p.141)
a) A
b) B
c) C
d) D
e) E

20 - (ESAF/TRF/2003) Assinale a opção em que o trecho do texto foi transcrito com


erro de sintaxe.
a) As empresas do setor imobiliário que deixaram de prestar contas das transações
realizadas em 2002 vão ser alvo de investigação da Receita Federal. Imobiliárias,
construtoras e incorporadoras tinham prazo limitado para entregar a Declaração de
Informação sobre Atividades Imobiliárias- Dimob.
b) A estimativa é de que metade das empresas não declarou, mas o coordenador-
geral de Fiscalização da Receita acredita que muitas delas ainda vão cumprir a
exigência. Até o prazo foram entregues 21.395 declarações, mas nos registros da
Receita constam em cerca de 40 mil empresas que estariam obrigadas a declarar.
c) O coordenador diz que os dados da Dimob serão confrontados com as informações
da declaração das empresas e das pessoas físicas. O coordenador afirma ainda que
as informações serão cruzadas com os dados da CPMF, que têm sido instrumento
indispensável ao trabalho de fiscalização do órgão.
d) Na declaração, as imobiliárias só devem informar as operações realizadas no ano
passado. As empresas que não tiveram atividades em 2002 estão desobrigadas de
prestar contas. Quem deixou de entregar a declaração no prazo pagará multa
mínima de R$ 5 mil por mês-calendário. Em caso de omissão ou informação de
dados incorretos ou incompletos, a multa será de 5% sobre o valor da transação.
e) Essa declaração foi criada em fevereiro de 2003 para identificar as operações de
venda e aluguel de imóveis. A Receita quer saber, por exemplo, a data, o valor da
transação e a comissão paga ao corretor. No ano passado, foram fiscalizadas 495
empresas do setor, cujas autuações somaram R$ 1,2 bilhão.
(Adaptado de www.receita.fazenda.gov.br, 5/06/2003)

21 - (UnB CESPE / AGU / 2002)

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Analise a assertiva a seguir.


A substituição do trecho “A minha firme convicção é que” (R.25) por A minha firme
convicção é a de que estaria em desacordo com as exigências de formalidade da
norma culta escrita.

22 - (UnB CESPE/Banco do Brasil/2002)


Analise a proposição abaixo.
O verbo “conferem”, em “o BB adotou medidas que conferem maior transparência às
decisões internas e às movimentações da empresa no mercado bancário” está
empregado no texto com a mesma regência e com sentido equivalente ao que está
empregado no seguinte exemplo: Os dados do relatório final do BB conferem com
aqueles divulgados pela imprensa no decorrer da semana.

23 - (UnB CESPE/CEF/2006)
Julgue o item que se segue.
No trecho “que a família ensine a criança, desde pequena, a saber lidar com dinheiro
e a se envolver com o controle dos gastos”, o verbo ensinar rege um complemento
com preposição e um sem preposição.

24 - (FCC/TCE MA – Analista/2005)
... os portos da Amazônia têm um sistema de braços flutuantes...
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que o do grifado acima está na
frase:
(A) ... choveu menos na Amazônia.
(B) ... assim como aconteceu no início do século XX.
(C)) ... duplicando o impacto sobre o ambiente.
(D) ... que se trata de variações médias ao longo de três décadas.
(E) ... a atual seca se torna mais relativa.

25 - (FCC/TRT 15ª Região/2004)


O Conselho Nacional de Justiça precisará de segmentos setoriais...
O mesmo tipo de complemento exigido pelo verbo grifado acima está na frase:
(A) ... tornando-a mais rápida...
(B) ... limita a liberdade dos juízes...
(C) ... e pode permitir a influência do Executivo...
(D) ... se a aplicação for restrita a matérias tributárias...
(E) ... mas valem apenas para os advogados privados...

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GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO


01 – D
Como vimos, o verbo preferir, quando se apresenta bitransitivo, ou seja, com
complemento direto e indireto, emprega a preposição a junto a este último. Assim, o
certo é “prefiro doce a salgado”.
O paralelismo sintático deve ser observado. O que é isso? É a relação entre
elementos de mesma função, no caso, complementos verbais. Se resolvermos
colocar o artigo antes do primeiro elemento, exceto em situações muito particulares,
devemos repeti-lo nos demais. Assim, como não houve artigo antes do objeto direto
(doce), também não haverá antes do objeto indireto (salgado).
Não vai se acostumando com essa molezinha aí, não... essa questão tranqüila só foi
colocada no início da bateria de exercícios para dar um refresco. Mais adiante, vamos
ver questões “de verdade”.

02 – B
O verbo obedecer é transitivo indireto, regendo a preposição a. Por isso, essa
preposição deve anteceder o pronome relativo que substitui o objeto indireto
(regra): Esta é a regra a que você obedecerá.
Na opção a, temos o verbo agradar. A banca manteve o posicionamento originário e
apresentou o verbo, na acepção de contentar, como transitivo indireto, usando o
pronome lhe. Supondo que o examinador apresentasse o verbo agradar com
complemento direto (agradá-lo), o candidato deveria ler atentamente todas as
opções antes de marcar a resposta. Na opção seguinte, a regência estava
inquestionavelmente incorreta.
O verbo assistir, no sentido de caber razão ou direito, é transitivo indireto (opção
c).
Finalmente, o verbo chegar, por indicar deslocamento, rege a preposição a. Quem
diz “chegar em” não chega a lugar algum. Está correta a construção apresentada na
opção e (Nós chegamos a uma conclusão Î a conclusão a que chegamos).

03 – A
Essa deve ter sido barbada também. A prova para o ICMS de Mato Grosso do Sul foi
aplicada recentemente. Como vimos na questão 01, a regência do verbo preferir,
quando bitransitivo, exige a preposição a. Assim, “prefiro questões de gramática a
de interpretação”.
O verbo aspirar, como desejar, é transitivo indireto, com a preposição a. Está
correta a opção b.
O verbo assistir, no sentido de prestar assistência, pode ser construído com objeto
direto ou indireto. O examinador apresentou a primeira forma.
Tanto o verbo perdoar (d) quanto pagar (e), segundo a norma culta, possuem
objeto direto de coisa e indireto de pessoa. Assim, também estão corretas as formas
“Perdoamos-lhes as dívidas” e “Pagaram-lhe [a ele] bem”.

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04 – A
Conforme vimos na questão anterior, o verbo pagar, em relação à pessoa, é
indireto. Assim, o correto seria “pagou-lhe [ou a ela] ali mesmo”.
Na opção b, o sujeito do verbo caber era “o direito de reaver o documento”. Isso
cabia a alguém. Foi corretamente empregado o pronome lhe na indicação do objeto
indireto de pessoa.
Em questões anteriores, já falamos sobre a regência dos verbos assistir (no sentido
de prestar assistência) e perdoar.
Resta-nos destacar o emprego do pronome pessoal oblíquo com valor possessivo na
opção e. Em regra, os pronomes pessoais oblíquos são usados para representar um
nome (substantivo), evitando, assim, sua repetição (mais sobre isso será tratado na
aula específica sobre pronomes).
No entanto, o pronome oblíquo pode ser também usado com valor possessivo, ou
seja, no lugar do “seu/sua” ou “dele/a”. Esse emprego costuma causar muita
confusão com a função de objeto indireto, uma vez que o pronome também pode se
ligar ao verbo por meio de hífen. Vejamos a diferença.
Em “Roubou-lhe a carteira”, o que se quer dizer é que “roubou a sua carteira” ou
“roubou a carteira dela”. Esse pronome, na verdade, não está complementando o
verbo roubar, mas atribuindo ao substantivo carteira uma característica – a sua
propriedade. Assim, sua função não é a de objeto indireto (complemento verbal).
Na oração “Ela lembrava-lhe a boa infância”, o complemento verbal (objeto direto) é
“a boa infância”, atendendo à sintaxe de regência do verbo lembrar (transitivo
direto).
Mais uma vez, vemos que a função do pronome oblíquo lhe não é completar o
sentido do verbo (como o faria um objeto indireto), mas modificar o substantivo
“infância”, como o faria um pronome possessivo sua (Ela lembrava a sua boa
infância). Por isso, a função sintática do pronome oblíquo, com valor de possessivo,
é a de adjunto adnominal (elemento que vem junto ao nome para definir, alterar
ou restringir o significado do nome). Está, portanto, correta a construção.
Essa opção deve ter suscitado inúmeras dúvidas, hem? Bem que lhe avisei que a
moleza iria acabar...
Não se preocupe com esses conceitos sobre pronome. Voltaremos a falar sobre o
assunto na aula própria.

05 - Item CORRETO
Já que falamos sobre o verbo lembrar, vamos falar agora sobre o seu antônimo.
O verbo esquecer-se, como vimos, quando pronominal, é transitivo indireto,
regendo a preposição de (Não se esqueça de mim.). Contudo, quando o seu
complemento indireto está sob a forma oracional (“que a construção do
autoritarismo...”), é possível a elipse (omissão) da preposição.

06 – D

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A banca “brincou” com a regência do verbo assistir e o desuso da construção


clássica. Na acepção de ver, presenciar, é transitivo indireto com a preposição a.
Por isso, não admite voz passiva. No entanto, na linguagem coloquial, a do dia-a-dia,
a do botequim, duvido que alguém tenha coragem de dizer: “Saia da minha frente,
pois estou assistindo ao jogo”. No mínimo, vão achar que é provocação.

07 – C
Ainda que você se lembrasse da polêmica do verbo agradecer (opção c), a banca
facilitou a sua vida: apresentou dois complementos diretos. Segundo a norma
padrão, a forma adequada seria: A criança agradeceu aos primos o presente
(indireto de pessoa, direto de coisa).
08 – D
Esse é mais um verbo que apresenta dupla possibilidade de regência: pode-se
autorizar alguém a algo (direto de pessoa e indireto de coisa) ou autorizar algo a
alguém (direto de coisa e indireto de pessoa).
De qualquer forma, a preposição é a, e não “de”. Eliminamos, assim, as opções b e
c.
Na opção e, a banca sugere dois complementos indiretos: lhe e a cobrar um novo
preço, enquanto que na opção a coloca um acento grave antes de um verbo (que
não pode ser antecedido de artigo definido feminino – crase é o assunto da próxima
aula).
Por isso, a única opção correta é mesmo a letra d – “A parada o autorizava (direto
de pessoa) a cobrar um novo preço (indireto de coisa)”.

09 – A
O verbo comunicar é transitivo direto para coisa e indireto para pessoa (Comunicar
algo a alguém). Assim, o erro não está necessariamente no emprego do pronome
lhe, mas na colocação de uma preposição antes do objeto direto: Só lhe comuniquei
minha decisão ontem. Não há, no Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso
Pedro Luft, abono para a construção “Comunicar alguém de algo”, só “Comunicar
algo a alguém”.
Na opção c, há um excelente exemplo do pronome oblíquo com valor possessivo,
mencionado na questão 4: Só conhecia a foto do ator = Só conhecia a sua foto / a
foto dele = Só lhe conhecia a foto.
O pronome não está complementando o verbo, mas se referindo ao nome (foto).
Nas demais opções, também está correto o emprego do pronome oblíquo:
b) Não desejo mal a ele;
d) Vou apresentar meu amigo a ele;
e) Atribuímos a ele uma atitude negativa.

10 – C / E / E / C / C
Estão incorretas as substituições propostas nos itens 2 e 3:

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Item 2 – O verbo abanar é transitivo direto (abanam o rabo). Assim, o pronome que
deve ser usado é “o”, e não o “lhe”.
Após verbos terminados de forma nasal (com –m, -õe ou –ão, como em abanam), os
pronomes oblíquos átonos (o, a, os, as) recebem a letra n: abanam-no. Essa lição
consta do comentário à questão 24 da Aula 2 – Verbo. Se você já a tiver esquecido,
volte a estudá-la.
Item 3 – Na aula sobre pronomes, iremos tratar do emprego dos pronomes oblíquos.
Por ora, iremos nos ater a registrar que os pronomes ele, ela, eles, elas, quando
oblíquos, devem estar necessariamente acompanhados de preposição. O correto
seria: Mas se a tiveres.

11 – A
Essa questão trata do emprego de verbos de regências diferentes em relação a um
mesmo complemento.
Nesses casos, é recomendável a seguinte construção: entrar em casa e sair dela.
As demais opções apresentam verbos de idêntica regência, podendo ser usado
apenas um complemento para ambos.

12 - Item INCORRETO.
O verbo CHAMAR, na acepção apresentada, é um verbo transobjetivo, ou seja, além
do objeto, exige um predicativo do objeto.
Ao contrário de todos os demais verbos transobjetivos, o verbo chamar, segundo a
norma culta, pode ser tanto transitivo direto quanto indireto, sem que o seu
significado seja alterado.
Em suma, com o sentido de apelidar, qualificar, tachar, o complemento verbal do
verbo chamar tanto pode ser um objeto direto (Chamou fulano de mesquinho /
Chamou-o de mesquinho) quanto um objeto indireto, com a preposição a ou o
pronome lhe (Chamou a fulano de mesquinho / Chamou-lhe de mesquinho.).
Por sua vez, o termo “mesquinho”, que, no exemplo acima, se refere a “fulano”
(objeto direto/indireto), exerce a função de predicativo do objeto (direto/indireto)
e pode vir ou não precedido de preposição – Chamou fulano (de) mesquinho /
Chamou a fulano (de) mesquinho.
Na construção de linha 3, o verbo chamar é transitivo direto e está construído em
voz passiva (“seriam automaticamente chamados de ‘doutor’...”). Por isso, são dois
os equívocos:
1. afirmar que o verbo chamar, na construção, não seria transitivo direto - ele
é transitivo direto, sim, e por isso possibilita a voz passiva;
2. considerar que a norma culta recomenda apenas a forma direta (admitem-se
as duas transitividades – direta ou indireta).

13 – E

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Agora, o verbo chamar (opção a) significa convocar, solicitar a presença, é


transitivo direto. Também apresentam essa transitividade os verbos convidar,
cumprimentar e pressionar.
Já o verbo responder, como vimos, requer complemento indireto, com a preposição
a. Portanto, é o único que pode preencher a lacuna: Por meio da carta, os
funcionários responderam aos seus superiores.

14 – A
O verbo enviar apresenta, na construção, bitransitividade: objeto direto (a carta) e
indireto (àquele). Na aula sobre crase, veremos que o encontro da preposição a
(exigida pelo verbo) com o pronome demonstrativo aquele forma crase.
Os erros das demais opções são:
b) o substantivo heresia rege a preposição contra. Essa é uma das raras questões
de regência nominal.
c) o verbo informar apresenta dois complementos indiretos – um deles deve ser
modificado. Há duas possibilidades: informou-o de que deveria fechar ou informou-
lhe que deveria fechar.
d) O verbo recuperar é pronominal com valor reflexivo: recuperou-se daquele
distúrbio. Está correto o emprego do verbo reconhecer, na seqüência: no sentido
de assegurar, é transitivo direto e indireto – todos lhe reconhecem a competência e
dedicação.

15 – C
O verbo certificar é mais um exemplo de dupla possibilidade de regência, assim
como informar, avisar: a sintaxe originária é certificar alguém de alguma coisa
(direto para pessoa e indireto para coisa); contudo, acabou evoluindo para certificar
algo a alguém (direto para coisa e indireto para pessoa). A banca explorou esse
conceito.

a) O objeto direto é relativo a pessoa (representado pelo pronome oblíquo o),


enquanto que o indireto, referente a coisa (de que havia um problema).

b) O verbo resolver é transitivo direto (o computador resolveu o problema). Está


correto o emprego do pronome oblíquo o no lugar do nome.

c) Agora, ao contrário da opção a, o objeto direto do verbo certificar se referiu a


coisa (que o problema já foi resolvido). Assim, referente a pessoa, deve-se empregar
o pronome oblíquo lhe (objeto indireto), e não o pronome o. Está incorreta a
construção. Essa é a resposta.

d) O verbo contratar apresenta objeto direto de pessoa (contratar alguém) e


indireto, regido pela preposição para. Está correta a construção.

e) O verbo doar apresenta transitividade direta (doar alguma coisa), sendo cabível o
pronome oblíquo o.

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Em resumo – para objetos diretos, use os pronomes o/a/os/as; para


objetos indiretos, use os pronomes lhe/lhes, salvo nos casos em que só se
aceitam as formas “a ele(s)/a ela(s)”.

16 - E
Essa questão é praticamente uma aula de regência verbal do verbo atender.
Todos os exemplos apresentados nas opções da questão foram retirados do livro de
Celso Pedro Luft (obra citada no início da aula).
Sobre a regência do verbo atender:
1. o verbo será facultativamente transitivo direto ou transitivo indireto (neste
caso, regendo a preposição a) nas seguintes acepções:
- no sentido de dar ou prestar atenção – “Atender a um conselho” (opção
a),”Atender uma explicação” (opção a), “O diretor atendeu aos
interessados” (opção b); Luft ressalta que, se o complemento for um
pronome pessoal referente a PESSOA, só se empregam as formas
objetivas diretas – “O diretor atendeu os interessados” ou “aos
interessados”, mas somente “O diretor atendeu-os.”.
- na acepção de tomar em consideração, considerar, levar em conta,
ter em vista – “Atender às condições do mercado.” (opção c);
- com sentido de responder – “Atender ao / o telefone (opção d);
2. na acepção de conceder uma audiência , é transitivo direto e, por isso,
possibilita a construção na voz passiva – “Os requerentes foram atendidos pelo
juiz” (opção c);
3. no sentido de acolher, deferir, tomar em consideração, é transitivo direto –
“O diretor atendeu-os no que foi possível” (opção b) ;
4. no sentido de atentar, reparar, é transitivo indireto, podendo reger as
preposições a, para, em – “Ninguém atendeu para os primeiros sintomas da
doença” (opção e).

A única forma incorreta é “Ninguém se atendeu aos primeiros alarmes de


incêndio.”. O sentido é o da letra e (atentar, reparar), que, por ser transitivo
indireto, não admite construção de voz passiva (“Ninguém se atendeu...”).

17 – Item INCORRETO.

O verbo implicar, na acepção de acarretar, é transitivo direto, segundo a norma


culta. Esta sintaxe foi respeitada no segmento em comento – “a morte de um idioma
implica perda...”.

As expressões “a um país” e “à humanidade” são regidos pelo substantivo perda


(“perda ... a um país e, inclusive, à humanidade”).

Portanto, a assertiva encontra-se INCORRETA.

18 – Item INCORRETO.

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Mais uma vez, a banca tenta confundir o candidato. Ainda que não tenha sido objeto
da questão, merece destaque o emprego culto do verbo implicar, com a
transitividade direta (“diferenças sociais que impliquem que...”).

Afirma o examinador que os três elementos indicados (a diferenças sociais, a que


todos, a ela) estão sendo regidos pelo adjetivo ligada.

Em relação aos dois primeiros, isso é verdade (“não está ligada, pois, a diferenças
sociais ..., mas tão-só [ligada] a que todos se submetem...”). Em virtude de o termo
regente ser um adjetivo, temos aí um caso de regência nominal.

Contudo, o terceiro elemento atua como complemento verbal de submeter: “...


todos se submetem a ela [a impunidade] como se vestissem roupas muito maiores
que as devidas.”. Ao contrário dos demais, esse é um caso de sintaxe de regência
verbal.

Por esse motivo, está incorreta a assertiva.

19 - B
No período “Outro mito muito em voga é | de que a globalização torna a vida das
pessoas muito mais instável”, há duas orações, quais sejam:
• “Outro mito muito em voga é de” – oração principal
• “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” – oração
subordinada à principal
A preposição “de” (sublinhada acima), que antecede a conjunção “que”, é exigida
pelo substantivo “mito” (mito de alguma coisa). Contudo, a ausência da repetição
desta palavra ou de sua substituição por um pronome acarretou a falha de coesão
textual, acabando por deixar a preposição sozinha, sem termo ao qual pudesse se
ligar.
Há duas possibilidades de correção e, conseqüentemente, de classificação da oração
subordinada:
1ª possibilidade:
- “Outro mito muito em voga é o de que a globalização torna a vida das pessoas
muito mais instável.”
1ª oração - “Outro mito muito em voga é o de” - oração principal (o pronome
demonstrativo “o” representa o substantivo “mito” e passa a ser o termo regente
da preposição de)
2ª oração - “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” -
oração subordinada completiva nominal (serve de complemento nominal ao
substantivo mito)
2ª possibilidade:
- “Outro mito muito em voga é que a globalização torna a vida das pessoas muito
mais instável.”
1ª oração - “Outro mito muito em voga é” - oração principal (em relação ao
exemplo anterior, foram retirados o pronome demonstrativo o e a preposição de)

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2ª oração – “que a globalização torna a vida das pessoas muito mais instável.” -
oração subordinada predicativa do sujeito (com a retirada da preposição,
essa oração passa a exercer a função de predicativo do sujeito, em um predicado
nominal)
A expressão “é de que”, apresentada na questão, constitui um erro.

Nas duas próximas questões, teremos mais exemplos de construções como essa.

20 - B
A exemplo do que vimos na questão anterior, a passagem “A estimativa é de que
metade das empresas não declarou” apresenta duas possibilidades de correção:
1 – A estimativa é a de que metade das empresas não declarou.
2 – A estimativa é que metade das empresas não declarou.
Outro erro foi na construção “nos registros da Receita constam em cerca de 40 mil
empresas que estariam obrigadas a declarar”. Não há justificativa para o emprego
da preposição em. Na ordem direta, verificamos que “Cerca de 40 mil empresas
que estariam obrigadas a declarar” é o sujeito oracional de “constam nos registros
da Receita”. Há necessidade, portanto, de retirar a preposição em.
Volte, agora, ao exemplo da página 16, em que apresentamos uma questão da
última prova para o TCU, aplicada pela ESAF.
O item e daquela questão apresenta uma estrutura idêntica à apresentada aqui:

A estimativa é que(5) essas reformas aumentem o PIB do País em 16 bilhões


de libras.

A conjunção indicada pelo item (5) inicia uma oração que serve de predicativo do
sujeito (que essas reformas aumentem o PIB do País...).
Para completar a série, veremos como o tema foi abordado por outra banca
examinadora – UnB CESPE.

21 – Item INCORRETO.

Afirma-se que constitui erro a troca de “A minha firme convicção é que” por “A
minha firme convicção é a de que”.

Como acabamos de ver, ambas as construções estariam corretas. Na primeira, a


oração iniciada pela conjunção que exerce a função de predicativo do sujeito (A
convicção é ISSO), ao passo que a segunda atua como complemento nominal do
pronome demonstrativo (a)que substitui a palavra convicção.

Como o examinador afirma que a segunda estaria em desacordo, o item encontra-


se incorreto. A segunda forma está de acordo com a norma culta padrão.

22 – Item INCORRETO.

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A regência de um verbo e seu significado estão interligados. O verbo conferir pode


significar: 1. atribuir (A Câmara dos Vereadores conferiu o título de cidadão
honorário ao artista.), 2. estar de acordo (Sua versão para o acidente confere com
os relatos das testemunhas.), 3. participar de conferência (O médico conferiu com
seus colegas.), 4. imprimir, dar (Os auditores conferiram um caráter s à
investigação.), etc.
Na passagem do texto, o verbo apresenta a primeira acepção (atribuir), devendo ser
transitivo direto (O BB adotou medidas que conferem [atribuem] maior
transparência às decisões internas...). Em seguida, o examinador afirma que essa
forma verbal possui regência e sentido equivalentes ao verbo na segunda acepção
(estar de acordo): Os dados ... conferem com aqueles divulgados pela imprensa –
caso em que o verbo é transitivo indireto, com a preposição com.
Está incorreta tal assertiva.

23 – Item CORRETO.
Já afirmamos que a transitividade de um verbo só pode ser identificada a partir de
seu emprego. Na passagem “que a família ensine a criança ... a saber lidar com
dinheiro”, o verbo ensinar é bitransitivo, ou seja, apresenta simultaneamente um
complemento direto (a criança) e outro indireto, antecedido da preposição a (a saber
lidar com o dinheiro).
Portanto, está correta a afirmação de que, no trecho em destaque, o verbo ensinar
rege um complemento com preposição (objeto indireto – a saber lidar com o
dinheiro) e outro sem (a criança).
Esse verbo é daqueles que admitem dupla possibilidade de regência. A primeira
acabamos de ver: ENSINAR ALGUÉM A (VERBO NO INFINITIVO). A segunda forma é
ENSINAR ALGO A ALGUÉM. Ambas as construções estariam corretas.

24 - C
Os aspectos de regência passam, necessariamente, pela transitividade de um verbo.
Isso você já se cansou de saber.
O verbo ter, na construção “os portos da Amazônia têm um sistema de braços
flutuantes”, é transitivo direto (objeto direto é “um sistema de braços flutuantes”).
O examinador busca nas opções um verbo que apresente o mesmo tipo de
complemento.
Vamos verificar a transitividade de cada um deles:
(A) intransitivo – Em “choveu menos na Amazônia”, a expressão “na Amazônia”
apresenta valor circunstancial de lugar – é um advérbio e, portanto, exerce a função
sintática de adjunto adverbial (já estamos realizando a análise sintática: um
advérbio sempre exerce a função de adjunto adverbial).
(B) intransitivo – O mesmo ocorre com a expressão adverbial “no início do século
XX”, que apresenta um valor circunstancial de tempo/momento.
(C) transitivo direto – O objeto direto é “o impacto sobre o ambiente”. ESSA É A
RESPOSTA CERTA!

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(D) transitivo indireto – Esse é um emprego clássico de sujeito indeterminado.


Como vimos na aula sobre concordância, o sujeito indeterminado se constrói de duas
formas: com verbos transitivos indiretos, intransitivos ou de ligação, na 3ª pessoa do
singular acompanhado do índice de indeterminação do sujeito “se”; com verbos de
qualquer transitividade, na 3ª pessoa do plural (sem o pronome). Foi apresentada a
primeira forma: “que se trata de variações médias ao longo de três décadas” (o
objeto indireto está sublinhado).
(E) Essa foi a opção mais difícil. O verbo tornar, na construção apresentada, além
do objeto direto (representado pelo pronome “se”), exige também um outro
complemento – o predicativo do objeto direto: “mais relativa”. Esse é um verbo
transobjetivo, que requer dois complementos – objeto direto e predicativo do
objeto direto. Por apresentar, além do objeto direto, um predicativo do objeto, a
construção não é idêntica à do enunciado, que só possui o primeiro.

25 - E
O verbo em epígrafe é transitivo indireto (precisará de segmentos setoriais). A
construção verbal que apresenta idêntica transitividade é a da letra (E) – valem para
os advogados.
Vamos analisar a dos demais verbos:
(A) transobjetivo – objeto direto: “a”; predicativo do objeto direto: “mais rápida”;
(B) transitivo direto – objeto direto: “a liberdade dos juízes”;
(C) transitivo direto – objeto direto: “a influência do Executivo”;
(D) verbo de ligação – predicativo do sujeito: “restrita”; complemento nominal
(liga-se ao adjetivo “restrita”): “a matérias tributárias”. Este elemento é o termo
regido de um adjetivo, sendo, portanto, caso de sintaxe de regência nominal.
Essa era a pegadinha da questão. Muita gente deve ter marcado essa opção
como correta imaginando que o elemento que exerce a função de complemento
nominal seria objeto indireto – ledo engano! Não foi à toa que a opção correta era a
letra (E).

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