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Esse soneto é considerado o Auto-retrato do poeta. Ele foi corrigido, pelo próprio Bocage, na edição de
1804. Os versos "Inimigo de hipócritas, e frades" e "Num dia em que se achou cagando ao vento" foram
substituídos, respectivamente, por "E somente no altar amando os frades" e "Num dia em que se achou
pachorrento", no qual pachorrento tem o significado de paciente. Optamos por divulgar a primeira versão
do poema porque a consideramos mais original. Nesse soneto, no qual o poeta vê com humor e um certo
cinismo as suas desventuras, percebe-se toda a instabilidade do poeta, tanto no sentido físico, quanto no
moral. Ele é incapaz de assistir, aqui empregado no sentido de morar, "num só terreno".
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Nesse soneto Bocage invoca Camões, comparando as suas desventuras com as dele. As semelhanças entre
os dois são muitas: Ambos cruzaram o cabo da Boa Esperança, eram boêmios, briguentos, tiveram muitos
amores e morreram quase na miséria. No último terceto do poema, Bocage, como era de costume no
período Neoclássico, admite que Camões é o seu modelo. No entanto, ele lamenta o fato de se equiparar ao
"grande Camões" "Nos transes da ventura" e não no dom de fazer versos.
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Esse soneto, de tom extremamente irônico, foi dedicado a Domingos Caldas Barbosa, presidente da Nova
Arcádia. Nele, Bocage compara Caldas a um demônio que, para iludir os portugueses, disfarça seus
guinchos em canções. Esse demônio, por ser descendente da rainha Ginga, adversária dos portugueses
durante a época da colonização, é um inimigo do povo português.
Cartaz:
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Soneto com tom satírico. Nele é anunciado a repetição de uma peça, cuja tradução é atribuída a Belchior
Manuel Curvo Semedo, membro da Nova Arcádia. No entanto, essa peça só está sendo apresentada porque
o tradutor é "amigo do empresário". Note que a peça será apresentada em uma quarta-feira, referência
irônica às reuniões da Nova Arcádia que, por acontecerem às quartas-feiras, ficaram conhecidas como
"quartas-feiras de Lereno".
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Esse é um soneto que reflete as idéias liberais da Revolução Francesa. No poema existe uma atitude prê-
romântica, pois o Despotismo opressor não consegue atingir o coração que é livre. Vale lembrar que os
autores do Romantismo, que estaria por vir, tinham posições políticas muito semelhantes a essas. Por isso,
reforça-se ainda mais a antecipação romântica de Bocage.
Comentários:
Esse é outro soneto ideológico. Nele existe a defesa dos ideais liberais e a crítica ao Despotismo opressor.
Por isso, o poema torna-se uma espécie de canto a liberdade, que possuí a função de acorda Portugal, uma
terra que ainda está adormecida. Novamente temos o uso de iniciais maiúsculas para personificar idéias
abstratas.
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Nesse soneto percebe-se claramente os traços prê-românticos de Bocage. A morte se faz presente,
confunde-se com a noite e é amiga do eu-lírico, mais que isso, ela é a "Calada testemunha" do seu pranto.
Além disso, surgem fantasmas e mochos, figuras noturnas, que como ele são inimigos da claridade.
Claridade essa que não deve ser vista simplesmente como luz, mas sim como a luz do conhecimento e da
razão, que se opõe a noite, ou seja, a incerteza, aos mistérios da alma. No entanto, esse clima Romântico,
que envolve o eu-lírico, não chega até a mulher amada, que dorme tranqüilamente.
Comentários:
Esse soneto, de tom confessional, é um dos poemas de Bocage mais reproduzidos no Brasil. Ele foi escrito
pouco antes da morte de Bocage e é outro exemplo do pré-romântismo, porque a emoção, mais uma vez é
contraída pela rigidez do verso. No poema, o eu-lírico nos mostra como a sua vida foi consumida em
prazeres e amores. No último terceto ele invoca Deus, arrepende-se dos erros cometidos em vida e,
mostrando que está totalmente reconciliado com a religião, espera encontrar na eternidade o perdão
Divino.
Comentários:
Esse talvez seja um dos sonetos mais famosos de Bocage. Ele é o exemplo perfeito do termo prê-romântico
porque as emoções são contraídas, ou seja, estão presas a rigidez do verso perfeito e a forma fixa de
soneto. Esse poema foi escrito pouco antes da morte do poeta. Nele vemos um eu-lírico arrependido da sua
vida desgarrada e reconciliado a vida religiosa. Ao dizer "Rasga meus versos, crê na eternidade" ele se
desprende dos valores materiais e mostra-se totalmente voltado para a eternidade.