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Aristóteles: O filosofo e o seu tempo

Em Estagira, numa colônia grega sob domínio macedônico, nasce Aristóteles. Aos
dezessete anos viaja, acompanhado de Platão, seu mestre, para Atenas. Foi conhecido por ser
pioneiro na produção de comentários escritos (comentou por escrito todos os diálogos de Platão).
Durante os vinte anos que freqüentou a academia, Aristóteles, inicialmente um platônico
ortodoxo, vem a se tornar um dos maiores opositores a Platão. Ao se afastar do pensamento
platônico, a filosofia aristotélica veio a ser considerada uma referência da filosofia clássica, tanto
quanto o seu mentor.
O cenário político de sua época não lhe favorecia, o fato de Aristóteles ser
macedônico não era bem visto pela maioria dos atenienses, visto que a Grécia estava, na época,
sob ameaça de invasão por parte do império macedônico. Após a morte de Platão, Aristóteles
deixa Atenas e passa a levar uma vida errante. Em 342 a.C., Aristóteles aceita ser educador de
Alexandre, o grande. Durante sete anos, Alexandre foi ensinado sobre as virtudes de um
guerreiro e de um governante, através de um comentário detalhado à obra de Homero.
Discordavam, no entanto, no âmbito da política, visto que Alexandre tinha como modelo
preferido o reinado persa, enquanto seu tutor defendia o modelo democrático Ateniense.
Aristóteles retornará para Atenas em 335, juntamente a ocupação macedônica. Por ser um grande
amigo de Antipater, governante da Grécia na época, Aristóteles criou sua própria escola: o Liceu.
Durante os 13 anos de ocupação macedônica, Aristóteles trabalhou no Liceu. Foi
construída dentro da escola uma enorme biblioteca, a mais completa da época. Muitas das
atividades realizadas no liceu tinham como sentido a reunião do conhecimento. Para melhor
cumprir com essa expectativa Aristóteles dividiu, por área de conhecimento, os filósofos.
Depois da morte de Alexandre a Grécia de rebelou contra os macedônicos, então
Aristóteles deixou novamente Atenas, dessa vez sob ameaça de morte. Exilado junto a sua
família na cidade de Cálcide, Aristóteles morre aos 62 anos.

A filosofia de Aristóteles.
A Importância de Aristóteles no que diz respeito ao conhecimento humano é
inquestionável. Ele não só classificou os principais ramos do conhecimento, delimitando seus
objetos de pesquisa, como também estabeleceu métodos e linguagens conceituais. Sob essa
perspectiva aristotélica de desenvolveu as bases do pensamento ocidental.
Enquanto Platão, seu mentor, deu nome e sentido a filosofia, foi papel de Aristóteles
organizar todo esse conhecimento. Dentro desse contexto, Aristóteles demarcou os saberes em:
Questões relativas ao campo da linguagem, Questões relacionadas ao agir humano e questões
relacionadas à natureza e seus entes.

Saberes da linguagem.
A lógica formal aristotélica constitui um dos pilares do conhecimento cientifico,
pois é utilizando-a que podemos analisar se um determinado texto é coerente, em sua estrutura,
antes de examinar devidamente o seu conteúdo. Na visão aristotélica a análise textual depende
demasiadamente de sua estruturação, buscando assim articular as frases entre si de forma a
compor um discurso de caráter argumentativo e demonstrativo. Essa perspectiva ao ser absorvida
pelo ocidente originou o ímpeto rigidamente demonstrativo em que o discurso do conhecimento
do ocidente se apóia.
As investigações lógicas de Aristóteles são reunidas no conjunto de tratados
chamado Organon. Essas investigações são submetidas à: distinções funcionais dos termos que
compõe uma frase (categorias), podendo ser classificadas como verdadeiras ou falsas; pela ordem
de encadeamento de frases em sentido a uma conclusão (silogismos); pela disposição dos
assuntos numa demonstração cientifica(“tópicos” do discurso); finalmente, pela descoberta das
possíveis falácias(sofismas). Desta forma, até o fim do século XIX esses eram os moldes em que
se apoiavam os conhecimentos científicos. E, mesmo a lógica contemporânea (ainda que, menos
fundada na análise do discurso natural) ainda se utiliza o pensamento aristotélico.
As investigações feitas por Aristóteles não se dirigiam, a linguagem, apenas no
plano da instrumentalização formal do conhecimento. Pois, para ele, a linguagem não se
restringia a um instrumento do conhecimento cientifico, a linguagem um fator essencial que
caracterizava o homem enquanto ser. O Problema fundamental da linguagem esta presente da
obra de Aristóteles, não apenas como problema secundário, mas, por vezes, como base para o
conhecimento filosófico.
Por ter considerado a linguagem, não apenas no âmbito da lógica, mas em todas as
suas potências, Aristóteles faz uma associação entre o ente e a linguagem. De modo que o ser e o
dizer se mantém uma intima ligação para que possa entender e interpretar a realidade, pois o
conhecimento só é possível se existir linguagem. Fazendo assim da linguagem aquilo que: nos
faz homens pensantes, imersos em cultura, sentimentos, idéias, etc.

Saberes da ação
A ética e a política aristotélica se caracteriza pela única função de determinar o
caminho que melhor conduz o homem a sua única finalidade: a felicidade. Em “Ética de
Nicômaco” Aristóteles postula três modelos de vida feliz: A vida pela satisfação dos prazeres
(forma selvagem), a satisfação pelas virtudes políticas (forma humana, o homem enquanto
animal político) e pela contemplação (forma divina transcende o homem às apreciações divinas
proporcionando a este os mais altos prazeres).
Para atingir a felicidade, no entanto, é preciso, aos humanos, dominarem suas
virtudes. Aristóteles divide essas virtudes duas classificações.
Virtudes morais (temperança, continência, coragem, justiça, liberdade, etc.), que
dizem respeito ao domínio do corpo e seus apetites para melhor interação e convívio social de
modo a se respeitar os bons costumes. O desvio das virtudes, para mais ou para menos, deve ser
evitado pelo homem nobre. Este deve sempre se manter equilibrado para que possa controlar suas
paixões e ações.
As virtudes intelectuais, que dizem respeito
à percepção das condições e da situação para que se raciocine o melhor meio de convivência. São
próprias das virtudes intelectuais à produção artística, a ciência e a contemplação do mundo.

Saberes da natureza
Para Aristóteles valia, na natureza, a lei das quatro causas. Essas quatro causas
buscam compreender os movimentos do acontecer, elas são: a causa material (do que é feito o
ente em movimento), a causa formal (a determinação e o aspecto do que a coisa é), causa
eficiente (o que deu impulso ao movimento) e a causa final (a finalidade do movimento).
Para estudar o movimento natural das coisas, Aristóteles abstrai este da natureza a
fim de estuda-lo conceitualmente. Foi assim que Aristóteles delimitou o campo da ciência que
tem como objeto de estudo o saber relacionado ao movimento e aos entes móveis, a ciência
física. Foram demarcadas por ele também outras áreas especificas do saber, no campo dos entes
da natureza, dando origem assim a noção organizacional da ciência ocidental - seus objetos de
pesquisa (botânica, astronomia, física, etc), métodos e conceitos.

Conceitos-chave

Essência:
Para Aristóteles a essência significa o individuo em sua forma imanente, forma essa
que, exceto na geração ou na corrupção (quando algo deixa de ser o que era, ou vem a ser o
que é), é imutável em relação às transformações do tempo, identificando uma
imaterialidade que define o ser.

Potência e ato:
Potência e ato são classificações da essência fundadas no tempo, que foram
estabelecidas por Aristóteles. O Ato é a forma como a coisa se mostra no presente. Potência
é o termo que engloba as possibilidades do que o ato pode vir a ser.

Fim (ou meta):


Para Aristóteles, em toda a natureza há uma orientação para um fim ultimo. Para o
Humano seria a felicidade. No âmbito dos saberes é o que os determina e distingue - a arte
da retórica tem como finalidade à persuasão, por sua vez, a arte da poesia serve para
educar, agradar e purgar.

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