CARTA ABERTA
A/C
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
PARTIDOS POLÍTICOS COM ASSENTO PARLAMENTAR
SINDICATOS E DEMAIS ASSOCIAÇÕES SOCIOPROFISSIONAIS
COMUNICAÇÃO SOCIAL
COLEGAS
Definitivamente, é chegado o momento de dizer BASTA!...
Os professores estão saturados de assistir, diariamente, ao espectáculo
deprimente protagonizado pela Sra. Ministra da Educação e pelos seus
Secretários de Estado, fingindo não perceber as razões que desencadearam a
indignação dos professores e manifestando uma impudência e uma cegueira
inauditas face aos fundamentos discricionários, gratuitos e, insuportavelmente,
injustos em que assenta este modelo de avaliação, retirando-lhe a credibilidade
e a consistência.
O que começa por revoltar os professores, para além da prepotência e da
truculência incompetente desta equipa ministerial, é a circunstância de o
Estado ter patrocinado uma divisão sem critério e vergonhosa da carreira
docente entre "professores titulares" e apenas "professores", dando cobertura
legal às injustiças gritantes que daqui decorreram, com professores mais
competentes, mais qualificados e com mais experiência profissional a verem-
se, agora, confrontados com o inacreditável constrangimento de irem ser
avaliados por um colega menos capacitado e com menos currículo.
Desafiamos qualquer pessoa a dar-nos um exemplo de um sistema de
avaliação, seja de uma organização ou de um país, em que estas situações
aconteçam. A Sra. Ministra da Educação pode agitar as cortinas de fumo que
quiser, mas não vai credibilizar este modelo de avaliação, nem, por
arrastamento, apaziguar a revolta que grassa nas escolas, enquanto não
acabar com esta injustiça. Ao designar os "professores titulares" como um
"corpo altamente qualificado", a Sra. Ministra da Educação indignou os
professores e semeou o mal-estar nas escolas.
Como tal, não venha a Sra. Ministra da Educação e os seus Secretários de
Estado com os subterfúgios da dificuldade das escolas na implementação
deste modelo de avaliação. Essa postura paternalista é outro factor de
indignação dos docentes, pois transmite para a opinião pública a imagem,
falsa, da impreparação dos professores e das escolas. De uma vez por todas,
façam um esforço de compreensão e tenham presente que não se trata de
dificuldades técnicas na concretização do modelo, MAS DA REJEIÇÃO, POR
PARTE DOS PROFESSORES, DESTE MODELO DE AVALIAÇÃO EM
CONCRETO, porque o mesmo não assegura a maior qualificação do avaliador,
imputa ao professor variáveis que ele não pode controlar, não está orientado
para a melhoria das aprendizagens, consubstanciando uma aventura
irresponsável, uma vez que dá cobertura a deslumbramentos de pequeno
avaliador, a favorecimentos pessoais, a uma balcanização da avaliação, desde
fichas bem concebidas a verdadeiras aberrações, além de que não se ajusta à
multicomponencialidade da docência. É assim tão difícil perceber e aceitar
esta realidade incontornável?...
Num momento em que se começa a equacionar o retorno ao diálogo entre o
Ministério da Educação e os Sindicatos, urge tornar bem claro que toda a
envolvência em torno das questões que se prendem com a educação/ensino e,
mais concretamente, com os professores, não se esgota, única e
exclusivamente, num hipotético adiamento/simplificação do processo de
avaliação do desempenho de professores. Neste sentido, preocupa os
professores o facto de os Sindicatos e as demais organizações representativas
se poderem vir a deixar enredar na falácia do adiamento da implementação do
modelo de avaliação. Assim sendo, lembramos, mais uma vez, àqueles que
nos representam que o problema deste modelo de avaliação de desempenho
não está no calendário de aplicação, mas nos fundamentos e na substância do
mesmo.
Às razões anteriormente referenciadas, acresce, ainda, a tentativa de aplicação
de um modelo de gestão impositivo e não democrático, bem como um estatuto
do aluno, totalmente, irresponsável.
Vamos aguardar os resultados das rondas negociais dos próximos dias, mas se
as mesmas não corresponderem aos anseios dos professores, alguns dos
quais aqui expressos, consideramos que é chegado o momento de assumirmos
a defesa das razões que nos assistem no interior da própria escola, com
recurso a tomadas de posição institucionais e inscritas em acta.
Como tal, IREMOS MOBILIZAR-NOS PARA INICIATIVAS REVELADORAS
DA COERÊNCIA E DA CORAGEM DOS PROFESSORES!...
Os primeiros subscritores do PROmova (PROFESSORES – movimento de
valorização),
Octávio Valdemar Gonçalves
José Aníbal Félix de Carvalho
Manuel da Conceição Coutinho
Manuel Pedro da Cunha Areias
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