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Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Odontologia de Piracicaba


Departamento de Diagnóstico Oral
- Disciplina de Microbiologia e Imunologia -

Roteiro da Aula 4 de Imunologia: Propriedades e funções dos anticorpos


Profa. Dra. Renata de Oliveira Mattos-Graner

1. Teoria da Seleção Clonal


No organismo, existem milhões de anticorpos de superfície de células B específicas para
cada antígeno. Somente as células B ativadas, após o primeiro contato com um determinado
antígeno, sofrerão modificações (expansão clonal) e diferenciação em plasmócitos e células de
memória.

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2. Resposta Imune Adaptativa Primária e Secundária
2.1. Características principais

Resp. Imune 1aria Resp. Imune 2aria


Ocorrência 1o contato com o Ag a partir do 2o contato com o Ag
IgA ou
Imunoglobulinas IgM
IgE ou
predominantes IgD (na superfície de cél. B)
IgG
+ rápida
Características + lenta
+ intensa
principais - intensa
+ específica

2.2. Troca de Isotipos nas respostas imunes 1árias e 2árias

Importância: Cada classe de Ac atua de maneira diferente no organismo, ou seja, cada isotipo
de Ac apresenta habilidades e funções específicas em diferentes localizações no organismo
(vide roteiro da aula 3).
- A troca de isotipo ocorre após o reconhecimento do Ag
- Somente as seqüências da porção constante das cadeias pesadas é que variam para os
tipos: γ, α ou ε (vide esquema abaixo). Os sítios de ligação de Ag (região variável)
permanecem os mesmos.
Como ocorre: através da Recombinação dos genes para a região constante (DNA) e
processamento do transcrito 1ário (RNA)

Resposta
1ária e 2ária
Resposta 1ária Resposta 2ária

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2.3. Imunidade Natural

Ativa Passiva
Definição indução da produção de Acs transferência de Acs p/ outro organismo
Ocorrência exposição ao Ag fase intra-uterina: IgG pela placenta
após o nascimento: IgA e IgG através do
leite materno

OBS: O período de erupção dos 1os dentes decíduos (6-8 meses), nas crianças, coincide com
a queda de anticorpos adquiridos passivamente através da placenta e do aleitamento materno.
Nesta mesma fase, a criança ainda produz baixos níveis séricos de Ac e portanto está mais
susceptível às infecções que coincidem com a erupção dentária, embora a erupção dos dentes
não seja a causa destes problemas.

2.4. Vacinas

O princípio da memória imunológica fundamenta o uso de vacinas de doenças infecciosas


graves.
Definição: preparação antigênica fraca que induz a resposta imunológica sem promover o
desenvolvimento da doença.
Tipos de preparação antigênica: microrganismos vivos, atenuados ou fragmentos de
microrganismos aplicados via subcutânea ou oral para indução da produção de anticorpos ou
resposta imune 1ária.
Objetivos: induzir a produção de células de memória (de maior ½ vida). Assim um segundo
contato com o mesmo antígeno, desencadeia a resposta imune 2ária , mais rápida e intensa na
produção de anticorpos mais específicos, prevenindo o desenvolvimento da doença.

Tipos: Ativa: exposição à preparação de Ag fraca para induzir a produção de Ac pelo


indivíduo imunizado.

preparações: microrganismos vivos (raro) Ex: Varíola bovina


microrganismos atenuados Ex: BCG e febre amarela
vacinas inativadas / fragmentos de microrganismos e
toxóides Ex: poliemielite (Salk), tétano e difteria
Passiva: administração de Acs fora do indivíduo imunizado (produzidos em
laboratório)

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2.5. Adjuvantes

Definição: latim = adjuvare (auxiliar)


Atuação: - resposta das células T e B
- concentram o Ag no local desejado
- induzem a produção de citocinas
Tipos: - sais: hidróxido de alumínio
- produtos bacterianos: extrato de Bortedella pertussis, toxóides
- citocinas: INFγ, IL-1, IL-2

3. Mecanismos de Ação dos Anticorpos

3.1. Neutralização de bactérias, vírus e toxinas através do bloqueio dos receptores e


sítios de ligação.
3.2. Aglutinação
3.3. Precipitação de proteínas solúveis (ex: precipitação de toxinas)
3.4 Opsonização facilita a fagocitose, por fagócitos mononucleares (macrófagos) ou
polimorfonucleares (neutrófilos)
3.5. Ativação de outras células de defesa
Eosinófilos: em reações alérgicas
Células NK (exterminadoras naturais): Os Acs agem como marcadores de
células infectadas
3.6. Ativação do Sistema Complemento (vide definição no roteiro da aula 1)

4. Aplicações dos Anticorpos

Os Acs específicos podem ser usados para a detecção de proteínas e células específicas,
sendo portanto, aplicados nas áreas de saúde e em pesquisas para o diagnóstico de doenças.
Ex: Detecção de tipos sangüíneos: baseia-se na propriedade de aglutinação de eritrócitos ou a
partir do reconhecimento de Ag se superfícies presentes nestas células sangüíneas (Ag A e B).

Tipos de testes laboratoriais ELISA


que empregam Acs : Western Blot
Imunoprecipitação
Imunoflorescência
Teste de aglutinação

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ANEXO: Questão da Aula 3: Variabilidade / Diversidade de Anticorpos
“Como um organismo é capaz de produzir anticorpos específicos para o reconhecimento de
milhões de moléculas de antígenos diferentes, existentes na Natureza?”
R: Em vista da alta especificidade dos anticorpos, é necessária grande variedade de
determinantes antigênicos para o reconhecimento de todos os possíveis antígenos.

“Como um organismo produz maior variedade de anticorpos do que a variedade de genes


existentes em seu genoma?”
R: 1) Processos de recombinação gênica da cadeia leve
durante a maturação das
+ células B
2) Processos de recombinação gênica da cadeia pesada
+
3) Combinação das cadeias leves e pesadas
+
4) Hiper mutação somática (mutações pontuais) após o 1o contato com o
antígeno
nas regiões variáveis

Origem à variabilidade dos anticorpos

Referências Bibliográficas

1. Imunologia – 5a Edição - Roitt


(Capítulos 6, 8 e Capítulo 9, p. 263 – 266);
2. Biologia Molecular e Celular – 3a Edição - Bruce Alberts et al.
(Capítulo 23, p. 1221 - 1227);
3. Microbiologia e Imunologia - Vol. 2 – Pelczar
(Capítulo 20, p. 88-107).

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