Relatório do trabalho de campo da disciplina geologia estrutural realizado na região de Ipeúna - SP (Bacia do Paraná). Contém método de análise quantitativa e qualitativa de juntas e dobras.
UNESP 2011
Título original
Relatório de geologia estrutural - Dobras e fraturas
Relatório do trabalho de campo da disciplina geologia estrutural realizado na região de Ipeúna - SP (Bacia do Paraná). Contém método de análise quantitativa e qualitativa de juntas e dobras.
UNESP 2011
Relatório do trabalho de campo da disciplina geologia estrutural realizado na região de Ipeúna - SP (Bacia do Paraná). Contém método de análise quantitativa e qualitativa de juntas e dobras.
UNESP 2011
INSTITUTO DE GEOCINCIAS E CINCIAS EXATAS - IGCE CAMPUS DE RIO CLARO CURSO DE GEOLOGIA
ANDR DE ANDRADE KOLYA ROGER DIAS GONALVES FILIPE GIOVANINI VAREJO VINCIUS BERNARDO
RELATRIO DA EXCURSO REGIO DE IPENA E RIO CLARO.
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RIO CLARO SP 2011 ANDR DE ANDRADE KOLYA ROGER DIAS GONALVES FILIPE GIOVANINI VAREJO VINICIUS BERNARDO
RELATRIO DA EXCURSO REGIO DE IPENA E RIO CLARO Realizada no dia 08 de abril de 2011
Relatrio apresentado no curso de graduao Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho, Instituto de Geocincias e Cincias Exatas, Campus de Rio Claro, Curso de Geologia para avaliao na disciplina de Geologia Estrutural e Geotectnica.
Orientao: Prof. Dr. Norberto Morales, Prof. Dr. George Luvizotto, Prof. Dr. Luiz Amarante Simes e Prof. Dr. Peter Hachspacker.
RIO CLARO SP 2011 2
1 Introduo 1.1 Apresentao e Objetivos Este relatrio foi elaborado com base no trabalho de campo realizado no dia 8 de abril de 2011 para a regio de Ipena. O presente trabalho tem por objetivo fornecer uma viso geral dos esforos que geraram juntas, falhas e dobras na regio de Ipena SP. Isso ser atingido a partir do estudo de das direes de fratura das juntas e falhas e da posio dos esforos que dobraram os diques. Alm disso, com este trabalho de campo, os alunos tero uma possibilidade de praticar a identificao e medio de elementos estruturais.
1.1 Metodologia utilizada As informaes contidas neste relatrio foram obtidas a partir de um trabalho de campo e de uma extensa reviso bibliogrfica. Os materiais utilizados no trabalho de campo foram: Martelo Lupa Bssola Clar Fita mtrica Caderneta de Campo HCl 10% Diagrama de Rugosidade Canivete O procedimento adotado foi: No primeiro afloramento foram medidas as atitudes de diversos planos de falha utilizando a bssola. Foi tambm utilizada a fita mtrica para medida de outras propriedades como o espaamento entre os blocos, a abertura e o tamanho dos blocos. Com o auxlio da lupa, o cido clordrico 10% e o canivete, observou-se o preenchimento das fraturas e com o auxlio do diagrama de rugosidade, observou-se a qualidade da superfcie. Todos os dados foram anotados na caderneta de campo. No segundo afloramento, foi utilizada a fita mtrica para medir os comprimentos e espessuras inicial e final de cinco diques dobrados. Todos os dados foram anotados na caderneta de campo. 2 Geologia Regional 2.1 Sntese Geolgica do Domo de Pitanga O Domo de Pitanga um alto estrutural do Mesozico, hoje topograficamente rebaixado pela drenagem da bacia do rio Corumbata, que promove o aparecimento de 3
rochas paleozicas da base da coluna estratigrfica da Bacia Sedimentar do Paran nesta regio, em meio faixa de afloramentos da Formao Corumbata. Esta ltima unidade foi definida justamente no vale do rio homnimo, sendo esta regio a sua rea-tipo. 2.2 Sntese Geolgica da Formao Tatu A Formao Tatu composta principalmente de arenitos e siltitos, estes representam o inicio da sedimentao ps-glacial que ocorreu no Permiano (FULFARO op. cit.), formada em ambiente costeiro e de mar aberto raso (IPT, 1981), como barras litorneas e plataformais, em sistemas flvio-deltaicos, e localmente em cunhas clsticas do tipo fan deltas (FULFARO op. cit.), existentes na poro Noroeste da Bacia do Paran, como parte da seqncia sedimentar superior do Grupo Tubaro. No Estado de So Paulo a Formao Tatu possui espessuras variantes entre 50 e 130 metros de espessura, atingindo sua espessura mxima no sul do Estado, diminuindo para norte e nordeste em direo borda da bacia sedimentar da Bacia do Paran (SCHNEIDER et al 1974 e ALMEIDA et al. 1981). 2.3 Sntese Geolgica da Formao Irati A Formao Irati foi definida pela primeira vez por WHITE (1908) com o nome de "schisto preto do Irati" para designar uma seqncia de folhelhos com restos do rptil Mesosaurus brasiliensis, descritos na cidade de Irati no Estado do Paran. A Formao Irati dividida nos membros Taquaral e Assistncia (BARBOSA & GOMES, 1958), possui espessura entre 40 e 70 metros (GAMA JR. et al. 1982 e HACHIRO, 1996), principalmente constituda de folhelhos pirobetuminosos, folhelhos pretos no betuminosos, dolomitos cinzentos alternando com folhelhos escuros, por vezes nodulosos, calcrios mais ou menos dolomitizados, siltitos, folhelhos e arenitos finos, cinzentos, arenitos de granulao fina a grossa e conglomertica (IPT, 1981). A caracterstica marcante da Formao Irati a presena de grande variedade de fsseis, existindo no Membro Taquaral restos de peixes, crustceos dos gneros Clarkecaris, Paulocaris e Liocaris. No Membro Assistncia, alm de restos de peixes, fragmentos vegetais (caules de Lepidodendrales), carapaas de crustceos e palinomorfos, so encontrados os rpteis Stereostemum tumidum e Mesosaurus brasiliensis, este ltimo correlacionado aos da Formao White Hill existente na frica do Sul (SIMES & FITTIPALDI, 1992 e OELOFSEN & ARAJO, 1983). 2.4 Sntese Geolgica da Formao Corumbata A Formao Corumbata formada por argilitos de colorao arroxeada ou avermelhada com intercalaes de lentes de arenitos muito finos, xistos argilosos de vasta ocorrncia no vale do Rio Corumbata (LANDIM, 1967). A Formao Corumbata pode ser dividida em parte inferior, constituda por siltitos cinza escuro a preto, argilitos e folhelhos cinza escuro a roxo, macios, exibindo fraturas conchide, e parte superior composta pela intercalao de argilitos, folhelhos e siltitos arroxeados a avermelhados, com intercalaes carbonticas e camadas de 4
arenitos muito finos. Os leitos carbonticos existentes so, por vezes, ricos em olitos e fragmentos de conchas (IPT op. cit; SCHNEIDER et al. 1974; LANDIM op. cit.). A principal caracterstica da formao a grande quantidade de restos fsseis (GAMA Jr. 1979), representados por lamelibrnquios ou bivalves na forma de moldes e silicificados, conchostrceos, ostrcodes, peixes cartilaginosos e sseos, vegetais, principalmente, representados por licfitas, gimnospermas e megsporos (SIMES & FITTIPALDI op. cit.). 2.5 Sntese Geolgica da Formao Serra Geral e intrusivas bsicas associadas A Formao Serra Geral registra um dos maiores vulcanismos do tipo fissural no globo, que originou uma seqncia de derrames de lavas baslticas e intrusivas associadas com intercalaes de lentes e camadas arenosas capeando formaes gondwnicas da Bacia do Paran (WHITE, 1908). A formao composta por basaltos e possui algumas variaes qumicas, mas predominantemente toletica, de textura afantica, colorao cinza escura a preta, amigdaloidal no topo dos derrames, com desenvolvimento de juntas verticais e horizontais de origem tectnica e por resfriamento, nas quais associam-se corpos intrusivos de mesma composio, constituindo, sobretudo diques e sills (LEINZ, 1949). O paleoambiente interpretado como concomitante as condies desrticas de sedimentao da Formao Botucatu (LANDIM et al. 1980). 2.6 Coberturas Aluvionares Os depsitos aluvionais so areias, colvios de espiges; depsitos associados s calhas fluviais atuais e cascalheiras. Constitudas por seixos de quartzito, canga latertica e calcednia os sedimentos, difceis de serem individualizados quando o cascalho basal de seixos ausente, sendo por vezes confundidos com solos, por pouco diferem do produto de intemperismo das rochas (FULFARO & SUGUIO, 1974). 5
3 Descrio dos Afloramentos Visitados 3.1 Afloramento 1 Pedreira USIPEDRAS Localizao: Aproximadamente a 10 km a nordeste do municpio de Ipena. Hora: 07h30min UTM: x 0302709, y 7611242, z 826 Dimenses: Frente de explorao semi-circular de aproximadamente 440m por 110m. Tempo: ensolarado. 3.1.1 Descrio Corpo de diabsio associado Formao Serra Geral intrusivo na Formao Corumbata, explorado para brita, onde podem ser observadas vrias fraturas.
Fig. 2 Croqui da pedreira indicando as dimenses da frente de explorao e os locais estudados pelas duplas: em azul a dupla Vincius e Andr e em amarelo a dupla Roger e Filipe.
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Fig. 3 Croqui da frente de lavra onde foram feitas as medidas da dupla Andr e Vinicius. A rea em vermelho mostra o local aproximado de medida.
3.1.2 Tabelas de Dados
Tabela de Dados de Roger e Filipe. Famlia Atitudes Persistncia Abertura Rugosidade Preenchimento Espaamento Tamanho dos Blocos 1 242/78 D 15m 2,5 mm Lisa Calcita 1,5/m
234/76
241/76
2 299/46 D 2,4m 2 mm Lisa Calcita 3/m
316/46
304/52
322/49
7
320/40
3 253/60 R 4m 2 mm Lisa Calcita 5/m
264/45
237/50
250/55
244/57
243/65
260/55
237/67
236/67
4 333/63
2 mm spera
318/74
318/68
318/75
310/64
5 114/43
5 mm spera
114/44
114/44
108/41
115/44
126/33
114/39
6 151/19 D 5m 2 mm Lisa
1/m
171/18
171/25
171/30
Tabela de Dados das juntas. Eqp. Orient. Persist. Abertura (em mm) Qualidade de Superfcie Preench. Espaamento (em juntas/m) Tamanho dos Blocos AV 256 65 R 1 4 Material de Alterao 4 4 AV 266 55 R 2 6 Material de Alterao 4 4 AV 260 60 R 1 4 Material de Alterao 4 4 AV 270 70 R 1 5 Material de Alterao 4 4 AV 245 65 R 1 5 Material de Alterao 4 4 AV 262 60 R 2 4 Material de Alterao 4 4 AV 045 86 X 1 7 Material de Alterao 3 5 AV 050 84 X 2 6 Material de Alterao 3 5 AV 060 80 X 1 8 Material de 3 5 8
Alterao AV 054 85 X 2 7 Material de Alterao 3 5 AV 052 84 X 2 7 Material de Alterao 3 5 AV 060 87 X 1 6 Material de Alterao 3 5 AV 151 90 X 1 10 Material de Alterao 10 2 AV 152 90 X 5 10 Material de Alterao 10 2 AV 151 90 X 2 12 Material de Alterao 10 2 AV 150 80 X 5 11 Material de Alterao 10 2 AV 146 70 X 4 12 Material de Alterao 10 2 AV 148 75 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 150 80 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 143 82 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 150 80 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 155 85 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 155 80 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 155 85 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 145 80 X 1 8 Material de Alterao 19 2 AV 073 70 X 1 12 Material de Alterao 4 3 AV 065 80 X 1 10 Material de Alterao 4 3 AV 082 90 X 4 11 Material de Alterao 4 3 AV 082 85 X 4 10 Material de Alterao 4 3 AV 090 80 X 5 12 Material de Alterao 4 3 AV 064 85 X 1 14 Material de Alterao 4 3 AV 060 85 X 2 14 Material de Alterao 4 3 AV 056 80 X 2 12 Material de Alterao 4 3 AV 066 25 X 1 14 Material de Alterao 4 6 9
AV 056 17 X 1 12 Material de Alterao 4 6 AV 202 40 X 2 7 Material de Alterao 2 4 AV 215 60 X 3 8 Material de Alterao 2 4 AV 230 15 X 5 6 Material de Alterao 2 4 AV HORIZ X 1 7 Material de Alterao 3 5 AV 041 16 X 1 14 Material de Alterao 4 2 AV 044 22 X 2 14 Material de Alterao 4 2
3.1.3 Diagramas Estruturais
Diagrama Estrutural das Famlias de Juntas (Roger e Filipe).
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Diagrama Estrutural das Famlias de Juntas (Andr e Vinicius).
Diagrama Estrutural das Famlias de Juntas das duas duplas.
Atitudes preferenciais das famlias de juntas observadas no estereograma:
150/82 112/44
3.2 Afloramento 2 Estrada Charqueada - Piracicaba Localizao: Estrada para o municpio de Paraisolndia. Hora: 13h20min 11
UTM: x 0305053, y 7607942, z 792 Dimenses: aproximadamente 12 metros de altura e 80 metros de comprimento. Tempo: ensolarado 3.2.1 Descrio Diversos diques clsticos dobrados (sismitos). Prximo ao topo da Formao Corumbata, corpos arenosos, ambiente de plancie de mar. Fraturamento hidrulico perpendicular ao 3 . Rocha sedimentar fina (siltito/argilito) com intercalaes de arenitos.
Dique 1 Dique 2
Dique 3 Dique 4 12
Dique 5 Croqui de uma dobra genrica. 3.2.2 Tabela de Dados Dique Atitude L c e e f
1 276/76 78 cm 54 cm 3,5 cm 6 cm 2 302/89 54 cm 47 cm 5 cm 7 cm 3 316/90 46 cm 29 cm 9 cm 11 cm 4 320/83 53,5 cm 35 cm 7,5 cm 10 cm 5 324/77 48 cm 26 cm 5 cm 8 cm
Dique Orientao L (cm) L f (cm) e (cm) e f (cm) 1 166 80 38 33 1,2 1,6 2 098 68 76 70 3,5 7 3 148 89 68 54 6 10 4 145 50 60 50 5 12 5 103 75 90 80 2 3,5
As atitudes medidas so referentes ao plano tangente a charneira que contm 1
e 2 (perpendicular a 3 ). L : Comprimento inicial. L f : Comprimento final. e : Espessura inicial. e f : Espessura final. 3.2.3 Resultados Dique s s 13
Atitude preferencial da Charneira dos diques clsticos (Roger e Filipe): 321/82 15
3.2.5 Elipsides de Deformao
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Elipsoides de deformao dos diques medidos pela dupla Andr e Vinicius.
Elipsoide da deformao total.
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3.3 Afloramento 3 Estrada Araras - Ipena Localizao: Prximo a ponte do Rio Passa Cinco, 1 km a leste do municpio de Ipena. Hora: 15h30min UTM: x 0309998, y 7614519, z 767 Dimenses: aproximadamente 5 metros de altura e 100 metros de comprimento. Tempo: ensolarado
3.3.1 Descrio Truncamento das formaes Irati, Tatu, Corumbata e Serra Geral cortados por falhas. Foi possvel a constatao por meio das estrias no plano de falha que o movimento foi vertical e que a capa desceu em relao lapa, configurando- se assim trs falhas normais.
3.3.2 Tabela de Dados
Falha Atitude 1 64/55 2 230/46 3 72/70
Falhas em numerao crescente da esquerda para a direita. 3.3.3 Diagrama Estrutural
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4 Consideraes Finais O trabalho de campo ofereceu subsdio para que a partir de informaes coletadas em campo e conhecimentos adquiridos em sala de aula, pudssemos interpretar o contexto geolgico em que estvamos inseridos. As informaes coletadas no campo deram-se a partir do exame e descrio de afloramentos visitados, reunindo dados de atitudes de estruturas como juntas, falhas e dobras, e subseqentes clculos de deformaes e tenses atuantes na rea estudada.
Barbarena & Tim, 2006 - Preservação Histológica Da Medula Óssea em Mesosaurus Tenuidens Gervais 1864 e Stereosternun Tumidum Cope 1886 Da Bacia Do Paraná, Rio Grande Do Sul, Brasil