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Voto nº 8337 — HAbeas corpus Nº 1.065.935-3/5-00

Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

––“HABEAS CORPUS” – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão


armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar –
Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo,
não importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso em
flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).
— “HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo –
Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade –
Ordem denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos
de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de carta
precatória para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 8338 — HAbeas corpus Nº 1.068.835-3/0-00

Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por roubo, será verdadeira abusão


lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação, pois
entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de
“ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
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Voto nº 8339 — HAbeas corpus Nº 1.062.439-3/0-00
Art. 155 do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal.

— O exame de provas no âmbito do “habeas corpus”, para a verificação da falta de


justa causa para a ação penal, tem sido pábulo de tormentosas disputas. Mas, a
inteligência que, de presente, prevalece a tal respeito, assim na Doutrina como na
Jurisprudência, é a que, embora incompatível o processo de “habeas corpus” com
o contraditório ou ampla indagação probatória, tem lugar o exame dos elementos
dos autos, “para avaliar-se da legalidade ou ilegalidade da ação penal” (cf. Rev.
Tribs., vol. 491, p. 375; rel. Min. Costa Lima).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
—“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
–– Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— Só é admissível trancamento de ação penal por falta de justa causa, quando esta se
mostre evidente à primeira face.
— “Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 8340 — HAbeas corpus Nº 1.058.261-3/2-00


Arts. 393, nº I e 594 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 33 da lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— “O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo por crime de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), será verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício
da liberdade provisória após sua condenação, pois entre os efeitos da sentença
condenatória recorrível inclui-se precisamente o de “ser o réu conservado na
prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
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Voto nº 8341 — HAbeas corpus Nº 1.065.162-3/7-00
Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de homicídio
qualificado não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à
Justiça, ao termo do devido processo legal.

Voto nº 8342 — Apelação criminal Nº 856.903-3/0-00


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.

— Se o réu nega veemente a imputação de larápio, que assenta em declarações vagas


e imprecisas, tem a Justiça de respeitar-lhe o direito de inculcar-se inocente.
— No processo penal, unicamente a certeza é base legítima de condenação. Dúvida,
que não significa outra coisa que falta de prova da acusação, deve interpretar-se em
favor do réu: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
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Voto nº 8343 — Apelação criminal Nº 871.680-3/0-00

Arts. 107, nº IV, 110, § 1º, 114, nº I, 115 e 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 61, do Cód. Proc. Penal.

—“A prescrição da pena de multa ocorrerá em 2 anos, quando a multa for a única
cominada ou aplicada” (art. 114, nº I, do Cód. Penal).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 8354 — Apelação criminal Nº 868.724-3/5-00

Arts. 44, § 2º, 48, 155, § 4º, nº IV e 169, nº II, do Cód. Penal;
art. 202, do Cód. Proc. Penal.

— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
— Exceto em face de prova cabal de infração da verdade, a palavra do policial, se em
harmonia com outros elementos dos autos, serve de base a decreto condenatório.
— “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(STF, HC nº 551.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código
de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
—“Escalada é o acesso a um lugar por meio anormal de uso, como v.g., entrar pelo
telhado, saltar muro, etc.” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a.
ed., p. 570).

Voto nº 8383 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.002.268-


3/0-00
Art. 2º, do Decreto nº 3.226/99;
arts. 2º, 4º e 8º, do Decreto Presidencial nº 5.620/05.

— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que


prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
—“Consistindo a comutação na substituição de uma pena maior por outra menor,
sua aplicação ocorre sobre o total das penas liqüidadas, desconsiderados grupos
de delitos ou de penas” (Jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo, vol. 221, p. 355; apud Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed.,
p. 787).
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Voto nº 8384 — HAbeas corpus Nº 1.063.911-3/1-00

Arts. 386, nº VI, 499 e 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8385 — Apelação criminal Nº 893.750-3/1-00

Art. 155, §§ 2º e 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais
defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina
probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe
reconhece a jurisprudência dos Tribunais; pelo que, autoriza a edição de decreto
condenatório.
— As provas do processo em que a vítima indicou, sem hesitar, por autor do crime
aquele mesmo que a Polícia deteve ainda na posse da “res furtiva”, essas
pertencem ao número das que Beccaria denominou perfeitas: “demonstram de
maneira positiva, que é impossível ser o acusado inocente” (Dos Delitos e das
Penas, § VII; trad. Torrieri Guimarães).
— Na aplicação do privilégio do art. 155, § 2º, do Cód. Penal, não importam somente
o pequeno valor da coisa furtada e a primariedade do réu, senão também sua
biografia social: “é necessário que o sujeito apresente antecedentes e
personalidade capazes de lhe permitirem o benefício” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 563).

Voto nº 8386 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.005.341-


3/5-00

Art. 83, nº V, do Cód. Penal;

— Para que o condenado por crime hediondo faça jus ao livramento condicional,
deverá atender ao requisito indeclinável do cumprimento de 2/3 da sua pena (art.
83, nº V, do Cód. Penal).
— Não tem direito ao livramento condicional o sentenciado, se reincidente
específico em crime hediondo (art. 83, nº V, do Cód. Penal).
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Voto nº 8388 — HAbeas corpus Nº 1.072.067-3/0-00
Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8389 — HAbeas corpus Nº 1.063.633-3/2-00


Art. 70 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 16, 17, 18 e 21 da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 12 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se
revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu,
quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
— “Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-
264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 8390 — HAbeas corpus Nº 1.071.116-3/7-00


Arts. 14, nº II, 71 e 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;
art. 500 do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não está
nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
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Voto nº 8391 — HAbeas corpus Nº 1.061.590-3/0-00
Arts. 14, nº II, 121, § 2º, nº II e 310, parág. único, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si a
presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 8392—Recurso em Sentido Estrito Nº 944.094-3/2-


00
Arts. 121, § 2º, ns. I e V e 211, do Cód. Penal;
arts. 41 e 563, do Cód. Proc. Penal.

— Ausência de contra-razões não é causa para se não conhecer nem julgar de recurso em
sentido estrito interposto contra decisão que rejeita denúncia, pois nesse caso inexiste
regular constituição da relação processual e, portanto, não há réu, que a pressupõe e,
unicamente, faz jus à ampla defesa. Ao demais, à luz da sistemática do Código de
Processo Penal, sem prova de prejuízo não se anula ato processual algum (art. 563).
— Peça técnica, a denúncia deve atender ao rigor do estilo judiciário; por isso,
conterá a exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias, em
ordem a possibilitar a verificação da existência de justa causa para a “persecutio
criminis” e a plena defesa do acusado (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— A inobservância do referido cânon (art. 41 do Cód. Proc. Penal) importa vício
formal grave, cuja sanção é a rejeição mesma da denúncia.
— Segundo o STF, em caso de homicídio, a ausência de exame necroscópico pode não ter
relevância, “desde que demonstrada a morte por outras provas” (Rev. Tribs., vol. 705, p.
426; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 168).
—“Para o exercício regular da ação penal pública ou privada, indispensável o
requisito da justa causa, expressa em suporte mínimo da prova da imputação. O
simples relato do fato, sem qualquer elemento que indique sua provável
ocorrência, inviabiliza o recebimento da queixa-crime ou da denúncia” (Rev.
8
Tribs., vol. 674, p. 341; rel. Min. José Cândido).

Voto nº 8393 — HAbeas corpus Nº 1.068.361-3/7-00


Arts. 157 e 214, do Cód. Penal;
arts. 156, 499, 563, 566 e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Condição fundamental da concessão da ordem de “habeas corpus”, a liqüidez e
certeza do direito alegado pelo paciente devem estar comprovadas nos autos (art.
647 do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8394 — HAbeas corpus Nº 1.066.675-3/5-00


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 648, nº I e 659, do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou
coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
–– É legítimo, por falta de justa causa, o trancamento da ação penal instaurada
contra sujeito acusado de roubo, que provou estava preso à época do crime, sem
ter nunca deixado o cárcere. O álibi, nesse caso — desde que bem comprovado
––, é razão poderosa a atalhar o curso da persecução penal, em obséquio ao “jus
libertatis” do indivíduo (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8395 — RevisÃo CRIMINAL Nº 894.784-3/3-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 259 e 621, do Cód. Proc. Penal.
— Revisão criminal admitem-na geralmente graves autores e a jurisprudência dos
Tribunais, “pois que se não concebe haja alguma decisão que desfrute o privilégio
da infalibilidade, ou possa subsistir com o erro judiciário mais grosseiro, somente
porque já antes, em revisão, houvera um pronunciamento, também participante
consciente desse erro” (José Duarte, Ato Jurídico e Revisão, 1966, p. 13).
— O exagerado apego ao formalismo pode desfechar em ofensa ao “princípio da
dignidade humana, que consiste fundamentalmente em não transformar o homem
em objeto da ação estatal” (Do voto do Min. Gilmar Mendes; STF; RHC nº
82.100-6-RO; 2a. Turma; DJU 1.8.2003, p. 143).
— Na conformidade da jurisprudência do Pretório Excelso e da comum opinião dos
doutores, é lícito prover “a tutela da inocência e o imperativo de justiça do
restabelecimento da verdade sobre fatos que causaram a infelicidade de um
indivíduo” (cf. João Martins de Oliveira, Revisão Criminal, 1a. ed., p. 130)
mediante “habeas corpus” e, com maioria de razão, pela via processual da revisão,
“remedium juris” destinado a corrigir o erro, quer provenha da falácia dos juízos
humanos, quer seja obra da malícia ou do equívoco (art. 621 do Cód. Proc. Penal).
—“A qualquer tempo, no curso do processo, do julgamento ou da execução da sentença,
se for descoberta a sua qualificação (do réu), far-se-á a retificação, por termo, nos
9
autos, sem prejuízo da validade dos atos precedentes” (art. 259 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8396 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.023.034-


3/6-00
Arts. 43, nº IV, 50, 2a. parte e 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal;
art. 169, “caput”, da Lei de Execução Penal.

— Nada mais temerário que incumbir de tarefas e serviços relevantes, à maneira de


pena alternativa, pessoa de cuja saúde mental se não tenha clara notícia (art. 43,
nº IV, do Cód. Penal).
— Embora não possa o Juiz da execução cancelar a multa, nem isentar o condenado
de seu pagamento (cf. Rev. Tribs., vol. 591, p. 359), faculta a lei que este “se
realize em parcelas mensais” (art. 50 do Cód. Penal, 2a. parte).

Voto nº 8397 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.001.851-


3/3-00
Arts. 98 e 157, “caput”, do Cód. Penal.

— De presente, vigora entre nós, para as medidas de segurança, o sistema vicariante


ou unitário, em que é defesa a aplicação cumulativa de pena e medida de segurança
(art. 98 do Cód. Penal).
—“No regime da reforma penal de 1984, o juiz, diante das circunstâncias do caso
concreto, deve impor ao condenado só pena (reduzida) ou medida de segurança”
(Damásio E. Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 318).
—“Com o advento da Parte Geral do Código Penal, tornou-se juridicamente
impossível a imposição de medida de segurança, por periculosidade real ou
presumida, aos agentes plenamente imputáveis” (STF; HC nº 68.571-SP; 1a. T.;
rel. Min. Celso de Mello; Rev. Trim. Jurisp., vol. 140, p. 514).

Voto nº 8398—Recurso em Sentido Estrito Nº 875.677-3/6-


00
Arts. 69, 70, 71, 157, § 2º, ns. I e II e 171, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, 499, 566, 581, nº XV e 594, do Cód. Proc. Penal.

— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-
se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo
em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a decisão
que o denega.
— Dispõe expressamente a lei que, para apelar em liberdade, deve o réu satisfazer a
dois quesitos primordiais: ser primário e ter bons antecedentes (art. 594 do Cód.
Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
— A liberdade que têm as partes de requerer na fase do art. 499 do Cód. Proc. Penal
“não deve degenerar em abuso por forma a paralisar a marcha do processo, com
o propósito de retardar a administração da justiça ou de tumultuar a ordem
processual” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 210).
10
— O Cód. Proc. Penal abraçou a teoria de que “não será declarada a nulidade de ato
processual que não houver influído na apuração da verdade substancial ou na
decisão da causa” (art. 566).
— Há concurso formal (art. 70 do Cód. Penal), e não crime único, se o agente, num
só contexto de fato, viola patrimônios de vítimas diferentes.

Voto nº 8399—Recurso em Sentido Estrito Nº 993.686-3/8-


00

Art. 140 do Cód. Penal;


art. 41 do Cód. Proc. Penal.

— Há casos em que o Magistrado que dá de mão aos ápices da Lei e rejeita queixa-
crime argúi não somente abalizada ciência do Direito, senão ainda alto grau de
sabedoria. É que o Estado, como escreveu o primeiro de nossos penalistas, “só
deve recorrer à pena quando a conservação da ordem jurídica não se possa obter
com outros meios de reação” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal,
1978, vol. I, t. I, p. 19).
— Ainda que simples infortúnio, o recebimento da queixa-crime que não atende aos
cânones processuais representa mal insigne para o indivíduo porque, atingindo-lhe
o “status dignitatis”, é sempre fonte e ocasião de prejuízos imensos, muita vez
irreparáveis.

Voto nº 8400 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 926.707-3/0-


00
Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 52 e 118, nº I, § 2º, da Lei de Execução Penal.

— Dispõe a lei que, se o condenado praticar fato definido como crime doloso ou falta
grave, estará sujeito à regressão no regime penintenciário (art. 118, nº I, da Lei de
Execução Penal).
—“No procedimento de regressão de regime prisional, o sentenciado dever ser
ouvido, pessoalmente, desde que possível, pelo Juiz, conforme disposto no art. 18,
§ 2º, da Lei nº 7.210/84” (STJ; Rev. Tribs., vol. 756, p. 524; rel. Min. Felix
Fischer).

Voto nº 8401 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 989.448-3/8-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente
11
(art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8402 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 991.486-3/0-


00
Arts. 121, § 2º, nº II e 214, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado e
estupro (art. 121, § 2º, nº II, e 214 do Código Penal), crimes da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8433 — HABEAS cORPUS Nº 1.047.945-3/9-00


Art. 171, § 2º, nº VI, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão (art.
594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do mencionado
diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença condenatória inscreve-
se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
–– Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do apelo
em liberdade, sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.

Voto nº 8434 — HABEAS cORPUS Nº 1.061.080-3/3-00


Arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f” e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
12
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos
objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº
III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8435 — HABEAS cORPUS Nº 1.070.159-3/5-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 8436 — HABEAS cORPUS Nº 1.067.753-3/9-00


Arts. 33, § 2º, 83, parág. único e 121, § 2º, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que


sustentam não ser o “habeas corpus” meio apropriado a impugnar decisão de que
caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo conhecer da impetração,
porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais célere e eficaz para
conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção do
indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação
ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos
casos de pedido de benefício em que seja mister aferir mérito, poderá o Juiz
determinar a realização de exame criminológico no sentenciado, se autor de crime
doloso cometido mediante violência ou grave ameaça, pela presunção de
periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 8437 — HABEAS cORPUS Nº 1.071.648-3/4-00


Arts. 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


13
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita
a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8438 — HABEAS cORPUS Nº 1.068.783-3/2-00

Art. 180 do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8439 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.461-3/5-00

Arts. 14, nº II, 107, nº IV, 110, § 1º, 114, nº I, 155, § 2º e 171, § 1º, do Cód.
Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95;
Súmula nº 17 do STJ;
art. 5º, LVII, da Const. Fed.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume livre
dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
—“Se o réu é confesso, não há perder tempo em levar adiante o exame da prova.
Parte confessa é parte condenada” (Rui, Obras Completas, vol. XXIV, t. II, p.
270).
— É réu de estelionato quem, para obter vantagem ilícita, usa documento falso. O
“falsum”, no caso, faz as vezes de delito-meio e, pelo princípio da consunção, é
absorvido pelo estelionato. É a substância da Súmula nº 17 do STJ: “Quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”.
—“Nenhum efeito penal subsiste se a suspensão condicional do processo foi
devidamente cumprida” (STJ;RHC nº 10.471-SP; rel. Min. Felix Fischer; DJU
11.12.2000, p. 217).
14
—“Processos ou inquéritos em curso, mesmo com indiciamento, não devem ser
considerados como maus antecedentes, diante da garantia constitucional da
presunção de inocência” (Celso Delmanto et alii, Código Penal Comentado, 5a.
ed., p. 103).
—“Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a
pena conforme o disposto no art. 155, § 2º” (art. 171, § 1º, do Cód. Penal).
—“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá
declará-lo de ofício” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8440 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.490-3/7-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 155, “caput” e 180, § 5º, parte final, do
Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 8441 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.425-3/1-00


Art. 171, caput, do Cód. Penal;

— Pratica estelionato (art. 171, caput, do Cód. Penal) o sujeito que vende linha
telefônica e recebe do comprador de boa fé o preço total da transação, mas, usando
de meio fraudulento, protela a transferência da assinatura perante a empresa
concessionária e, sobre isso, aliena o bem a terceiro.
— Na esfera dos crimes contra o patrimônio, cometidos sem violência a pessoa, tem
relevância apenas a lesão jurídica de valor econômico, pois segundo a velha
fórmula do direito romano, “de minimis non curat praetor” (Dig. 4,1,4).
— Aplicado inconsideradamente, o princípio da insignificância representa violação
grave da lei, a qual manda punir o infrator; destarte, subtrair a seu rigor o culpado,
sem relevante razão de direito, fora escarnecer da Justiça, que dispensa a cada um o
que merece. Em verdade, conforme aquilo de Alberto Oliva, “todo homem deve
saber do fundo de seu coração o que é certo e o que é errado” (apud Ricardo Dip
e Volney Corrêa de Moraes, Crime e Castigo, 2002, p. 3; Millennium Editora).

Voto nº 8442 — HABEAS cORPUS Nº 1.065.514-3/4-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 222 do Cód. Proc. Penal.
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e


rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do
regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal
somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
–– A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus
15
garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade
de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923,
p. 390).
–– É princípio comum de curso desembaraçado que, no rol de testemunhas, se houver
alguma domiciliada fora da Comarca, incumbe a quem a indicou apresentá-la em
plenário do Júri. Ferindo o ponto, ensina Alberto Silva Franco: “Se houver
indeferimento de diligência nesse sentido, não poderá a decisão ser considerada
como cerceamento, quer da Acusação, quer da Defesa” (Teoria e Prática do Júri,
6a. ed., p. 304).

Voto nº 8443 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 992.043-3/7-00


Art. 109, nº V, do Cód. Penal;
art. 366 do Cód. Proc. Penal;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, “caput” e 144 da Const. Fed.
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita
espontaneamente –, basta à fundamentação do edito condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de
Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 8444 — HABEAS cORPUS Nº 1.060.434-3/2-00


Art. 71 do Cód. Penal;
arts. 1º, nº IV, 11 e 12 da Lei nº 8.137/90;
art. 34 da Lei nº 9.249/95.
— Nos crimes contra a ordem tributária (art. 1º da Lei nº 8.137/90, o parcelamento
da dívida antes do recebimento da denúncia elide a justa causa para a ação penal e
autoriza a extinção da punibilidade do réu (art. 34 da Lei nº 9.249/95).
—“O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que após o recebimento da
denúncia, extingue a punibilidade do crime tributário” (STF; Min. Cezar Peluso;
Rev. Tribs., vol. 824, p. 495).

Voto nº 8445 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.639-3/8-00


Art. 171 do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54.
— Se o réu nega o que a testemunha afirma, nada há de certo e a Justiça tem o dever
de respeitar o direito de cada um de considerar-se inocente (cf. César Beccaria,
Dos Delitos e das Penas, § VIII).
— É princípio universalmente recebido que a condenação, pelos gravíssimos efeitos
que acarreta ao indivíduo, apenas tem lugar se demonstrada, acima de toda a
dúvida, a materialidade do fato criminoso, sua autoria e a culpabilidade do agente.
— No Direito Penal, em pontos de dúvida, prevalece o prolóquio sublime inscrito nos
emblemas da Justiça Criminal: “In dubio pro reo”.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
16
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).
— Absolve-se o réu da imputação de estelionato (art. 171 do Cód. Penal), se a prova
não evidenciou ter procedido com dolo, isto é, com a vontade livre e consciente de
auferir vantagem ilícita mediante fraude.
— Sem prova plena e incontroversa de sua culpabilidade, não há decretar a
condenação do réu, ainda que de sombria nomeada nas expansões da
delinqüência.

Voto nº 8446 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.017.278-3/0-


00
Art. 121, § 2º, nº II e III, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio
doloso (art. 121, § 2º, nº II, do Código Penal), crime da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).

Voto nº 8447—Recurso em Sentido Estrito Nº 975.050-3/4-


00

Arts. 107, nº IV, 109 e 312, “caput”, do Cód. Penal;

— Não é de bom exemplo antecipar o exame do mérito à produção da prova com o


intuito de aferir prescrição virtual, que isto implica descaso pela obrigatoriedade
da ação penal e violação grave da primeira garantia de todo o acusado: ter
oportunidade de comprovar sua inocência (art. 107, nº IV, do Cód. Penal).
— Se a pena ainda não foi concretizada na sentença, não há reconhecer prescrição,
antecipadamente, com fundamento em juízo de provável condenação, visto como
pode suceder que o réu venha a ser absolvido, o que terá por benefício de maior
quilate que a extinção de sua punibilidade pela porta ampla da prescrição.
—“A maioria da jurisprudência não aceita a chamada prescrição virtual”
(Guilherme de Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 469).

Voto nº 8448 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.059.164-3/7-


00
Arts. 213 e 214, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
17
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro e atentado
violento ao pudor (art. 213 e 214, do Código Penal), crimes da classe dos
hediondos, sem atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado
primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes
Hediondos).

Voto nº 8449 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 982.956-3/5-


00
Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas b e f e 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente
(art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8450 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.796-3/3-00


Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Se o réu nega veemente a imputação de larápio, que assenta em declarações vagas


e imprecisas, tem a Justiça de respeitar-lhe o direito de inculcar-se inocente.
— No processo penal, unicamente a certeza é base legítima de condenação. Dúvida,
que não significa outra coisa que falta de prova da acusação, deve interpretar-se em
favor do réu: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias,
para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce
meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale
Penale, 1950, p. 111).

Voto nº 8451 — HABEAS cORPUS Nº 1.064.108-3/4-00


18
Arts. 14, nº II e 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8452 — HABEAS cORPUS Nº 1.062.066-3/7-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que
deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 8453 — HABEAS cORPUS Nº 1.061.927-3/0-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
19
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 8468 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 467.257-3/0-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 209 e 417, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.

— Embora a busca da verdade real seja a alma e o escopo do processo, não pode a
Acusação ouvir, no plenário do Júri, testemunha cujo nome não constou do rol
apresentado com o libelo, salvo se o admitir o Magistrado, o qual lhe tomará
depoimento como a testemunha do Juízo (art. 209 do Cód. Proc. Penal).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos,
pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do
Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.).
“Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não
depara fundamento algum, constituindo por isso formidável desvio da razão lógica
e da realidade processual.
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será
manifestamente contrária à prova dos autos.
––“Se existem duas versões do fato e o júri aceita uma, que não se mostra
evidentemente falsa, não é possível reconhecer que a decisão tenha sido
manifestamente contrária à prova dos autos” (Rev. Forense, vol. 167, p. 412).

Voto nº 8492 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 982.055-3/3-


00
Arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente
(art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
20
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8493 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.572-3/1-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Incorre nas penas do estelionato, por sua patente má-fé, o sujeito que, após receber
do comprador o preço da coisa que lhe vendera, não lha entrega, antes a aliena a
terceiro (art. 171, “caput”, do Cód. Penal).
—“Se o agente, induzindo alguém em erro, promete-lhe vender bem que não possui,
obtendo, em conseqüência, vantagem ilícita, pratica o crime de estelionato
definido no art. 171, caput, do Cód. Penal” (JTACrSP, vol. 94, p. 382).

Voto nº 8502 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 978.544-3/0-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8503 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 978.601-3/1-


00
Art. 107, nº I, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 112 da Lei 7.210/84;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei 9.437/97;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464, de 28.3.2007.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
21
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente
(art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o Estado
perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer obrigação de
natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 17a. ed., p. 336).
22

Voto nº 8504 — RevisÃo CRIMINAL Nº 495.805-3/1-00

Art. 157, § 1º, ns. I e II, do Cód. Penal;


arts. 386, ns. IV e VI e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— A existência de sentença penal condenatória com trânsito em julgado é


pressuposto da revisão criminal (art. 621 do Cód. Proc. Penal); pelo que, não se
conhece de pedido que leve o fito em alterar o fundamento de absolvição (art.
386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal)
— Admissível em grau de apelação (cf. Rev. Tribs., vol. 526, p. 325), a alteração do
fundamento de sentença absolutória pela via revisional é francamente
impossível em face do direito positivo. Reza, com efeito, o art. 621 do Cód.
Proc. Penal que “a revisão dos processos findos será admitida:I- quando a
sentença condenatória (...)”. Logo, não tem lugar quando absolutória a sentença.
—“A cláusula sentença condenatória contrária à evidência dos autos que permite o
cabimento da revisão criminal não compreende a absolvição por insuficiência
de provas” (Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 15, p. 228; rel. Min.
Willian Patterson).

Voto nº 8505 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.043.602-3/5-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 10, § 2º, da Lei nº 9.437/97;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
23

Voto nº 8506 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.046.757-3/3-


00
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 38, 50, nº V, 112 e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio qualificado
(art. 121, § 2º, nº I, do Código Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender
ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-
SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Tendo-se evadido o sentenciado do estabelecimento penal, já na condição de
beneficiário do regime prisional semi-aberto, não entra em dúvida que incorreu
na sanção da lei: regressará, por força, ao regime da última severidade (art. 118, nº
I, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8507 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.045.980-3/3-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
24
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8508 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.020.768-3/3-


00
Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do agente (art. 408
do Cód. Proc. Penal).
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora
articulada na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as
qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência”
(Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 8521 — RevisÃo CRIMINAL Nº 373.676-3/1-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, e § 3º, do Cód. Penal;
arts. 621, nº I e 622, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
Súmula nº 610, do STF.
— Revisão de revisão criminal admitem-na geralmente graves autores e a
jurisprudência dos Tribunais, “pois que se não concebe haja alguma decisão que
desfrute o privilégio da infalibilidade, ou possa subsistir com o erro judiciário
mais grosseiro, somente porque já antes, em revisão, houvera um
pronunciamento, também participante consciente desse erro” (José Duarte, Ato
Jurídico e Revisão, 1966, p. 13).
— Debaixo da razão de que se deve emendar sempre o erro, notadamente nos pleitos
criminais, previu o legislador a possibilidade de segunda revisão, porém com
esta advertência: não se admite a reiteração do pedido, “salvo se fundado em
novas provas” (art. 622, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto
condenatório se em harmonia com outros elementos de prova.
—“Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o
agente a subtração de bens da vítima” (Súmula nº 610, do STF).
— Contrária à evidência é somente aquela decisão que está em absoluto
antagonismo com a prova dos autos (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8523 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 978.715-3/1-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
25
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8524 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.033.145-


3/0-00
Arts. 157, § 2º, nº I e 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, §
3º, do Código Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito ao
lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, §
2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8525 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.041.739-


3/5-00
Arts. 214, 224, alínea a e 225, § 1º, nº I, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8526 — HABEAS cORPUS Nº 1.068.761-3/2-00


arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 33, “caput”, e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação é insuscetível de exame em processo de “habeas


corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
26
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 8527 — HABEAS cORPUS Nº 1.068.370-3/8-00

Arts. 14, nº II, 69, 157, § 2º, ns. I e II e 158, § 1º, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 2.252/54;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8528 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 887.178-3/1-00

Art. 107, nº I, do Cód. Penal;


art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 10.826/03.

— Como, no âmbito do processo penal, tudo acaba com a morte do agente (“mors
omnia solvit”), é força declarar, na forma do art. 107, nº I, do Cód. Penal, a
extinção da punibilidade do réu, que certidão fidedigna atesta haver rendido a
alma ao Criador.
—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o
Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 17a. ed., p. 336).

Voto nº 8529 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 966.044-


3/6-00
Art. 42 do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Ainda que se possa computar, na pena privativa de liberdade, “o tempo de prisão


27
provisória” (art. 42 do Cód. Penal), não é admissível dele deduzir o lapso
temporal referente a outro processo a que o sentenciado tenha respondido.
—“Admite-se a detração da pena por prisão preventiva em outro processo, onde o
réu foi absolvido, desde que o crime pelo qual o sentenciado cumpre pena tenha
sido praticado anteriormente à absolvição” (Rev. Tribs., vol. 751, p. 625; rel.
Silveira Lima).

Voto nº 8530 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.033.688-3/8-


00
Arts. 14, nº II e 351 do Cód. Penal;
art. 303 do Cód. Proc. Penal;
art. 12, “caput”, 16, ns. III e IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.
— É superior a toda crítica a decisão que, firme em prova oral idônea, decreta a
condenação do réu.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 8531 —Recurso em Sentido Estrito Nº 912.352-3/1-


00
Arts. 23, nº II , 69, 121, § 2º, ns. I e IV e 180, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. I e IV,
do Cód. Penal).

Voto nº 8532 —Recurso em Sentido Estrito Nº 932.930-3/6-


00
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
28
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora
articulada na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.

Voto nº 8533 —Recurso em Sentido Estrito Nº 941.691-3/5-


00

Arts. 14, nº II, 121, § 2º, ns. II e IV e 129, § 1º, nº II, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal;

–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,


que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 8534 — HABEAS cORPUS Nº 1.071.927-3/8-00

Arts. 70 e 157, § 2º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;


art. 310, parág. único, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade


de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento
ilegal por excesso de prazo na formação da culpa, se a demora foi provocada
pela necessidade de expedição de carta precatória para inquirir testemunhas,
pois se trata de razão superior, que obsta ao curso regular dos prazos processuais;
donde o haver disposto a lei que, em caso de força maior,“não correrão os
prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão
armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar –
Ordem denegada.
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica
29
insigne desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade
provisória e roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os
que não apresentam o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos
autores dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 8535 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 965.703-3/7-00

Arts. 71, 157, § 2º, ns. I e II e 329, do Cód. Penal;


art. 202 do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 231 do STJ.

— Que melhor prova contra o réu que sua confissão? Donde o aforismo: “Nulla est
maior probatio quam propria ore confessio” (o que, tirado a vernáculo, significa:
não há prova maior do que a confissão de boca própria).
— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para
comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— O crime continuado, instituto nascido da eqüidade, é uma “fictio juris”
destinada a evitar o cúmulo material de penas (cf. José Frederico Marques,
Curso de Direito Penal, 1956, vol. II, p. 354).
— No crime continuado, mais do que a unidade de ideação, prevalecem os
elementos objetivos referidos no art. 71 do Cód. Penal e a conveniência de
remediar o exagero punitivo, que não corrige o infrator, senão que o revolta e
embrutece, por frustrar-lhe a esperança de realizar, em tempo razoável e justo, o
sonho da liberdade.
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

Voto nº 8536 —Recurso em Sentido Estrito Nº 891.287-3/3-


00

Art. 121, § 2º, nº III, do Cód. Penal;


art. 408 do Cód. Proc. Penal.
30
— Para a pronúncia do acusado, segundo a generalidade dos autores de boa nota, a
jurisprudência dominante em nossos Tribunais e o teor mesmo da lei, basta que
se convença o Juiz da “existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu
autor”.
— Muito de notar é o magistral escólio de Bento de Faria: “A freqüentes
naufrágios se arriscaria a Justiça, se a lei fizesse depender de convicção, quer
dizer, de prova plena, o ato provisório da pronúncia” (Código de Processo
Penal, 1960, vol. II, pp. 124-125).

Voto nº 8537 —Recurso em Sentido Estrito Nº 964.253-3/5-


00
Arts. 23, nº II, 29 e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).

Voto nº 8558 —Recurso em Sentido Estrito Nº 934.696-3/1-


00
Arts. 214 e 244, alíneas a e c, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal.

— “Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação


cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-
264; rel. Min. Celso de Mello).
–– Mudar de parecer, com melhor fundamento, é próprio do juiz sábio (“sapientis
est mutare consilium”).

Voto nº 8559 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.010.005-


3/4-00
Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
31
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados
por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-
se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe “a esperança, que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
Voto nº 8560 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.022.078-3/9-
00
Arts. 14, nº II, 23, nº II e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri
o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na fase
da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu Juiz
natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal).

Voto nº 8561 —Recurso em Sentido Estrito Nº 940.451-3/3-


00
Arts. 14, nº II, 23, nº II e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
32
Penal).

Voto nº 8562 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 894.309-3/7-00


art. 303 do Cód. Proc. Penal;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.
— Excita estranheza isto de o réu inculcar-se inocente e, todavia, manter na Polícia, a
respeito dos fatos, obliterado silêncio. Aquele que é inocente não dilata nem protela
oportunidade de afirmá-lo; ao revés, tanto que se lhe depara ocasião de repelir a
acusação, no mesmo ponto pratica sua defesa. Esta, a razão por que, ordinariamente
falando, ainda que direito do réu permanecer calado, esse teor de proceder não se
compadece com o perfil do inocente, antes é o retrato moral do culpado.
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida tipifica a infração do
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 8563 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.468-3/7-00

Art. 171 do Cód. Penal;


art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Embora direito de todo o réu permanecer calado (art. 5º, nº LXIII, da Const.
Fed.), ensina a experiência vulgar que, em pontos de responsabilidade criminal,
ao silêncio recorre apenas quem tem culpa; o inocente, se acusado, esse desde
logo se defende com todas as potências da alma.
— Pratica o delito de estelionato em seu tipo fundamental (art. 171 do Cód. Penal) o
sujeito que, para satisfazer despesas, entrega a comerciante cheque de terceiro
falsificado, embaindo-lhe a fé. A circunstância de ser a vítima pessoa ingênua
não desnatura o tipo penal nem serve de escusa ao réu, antes, por argüir maior
periculosidade, deve a Justiça atuar com especial rigor em relação àquele que,
sem princípios éticos, não escrupuliza em enganar, para obter vantagem indevida,
ainda os mais crédulos e simplórios.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação,
firme e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação”
(Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).

Voto nº 8564 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.050.867-


3/0-00
Arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
33
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8565 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.035.910-


3/7-00
Art. 159, § 1º, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 2º, § 2º da Lei nº 11.464/07.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de extorsão mediante
seqüestro (art. 159, § 1º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem
atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8566 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.037.221-


3/7-00
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal;
arts. 12 e 18 da Lei nº 6.368/76.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de


Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8567 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 887.436-3/0-00


Art. 107, nº I, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;

— Comprovada a morte do agente, é força julgar-lhe extinta a punibilidade (art.


107, nº I, do Cód. Penal e art. 61 do Cód. Proc. Penal). A morte é o termo de
todas as coisas. “Mors omnia solvit”, reza velho aforismo jurídico.
—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o
Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 17a. ed., p. 336).
34
Voto nº 8568 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.016.824-3/5-
00
Arts. 303 e 386, ns. III e VI, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 14 e 16, parágrafo único, IV, da Lei nº 10.826/2003;
art. 144 da Const. Fed.

—“É um exemplo de presunção de homem que aquele que mente em uma cousa se
presume mentir em tudo” (Trigo de Loureiro, Elementos de Teoria e Prática do
Processo, 1850, p. 127).
—“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua
culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).
–– Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de
2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal,
ninguém, nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua
guarda ou em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal,
esse constitui crime (art. 14 da Lei nº 10.826/2003).
–– A posse irregular de arma de fogo tipifica a infração do art. 12, “caput”, da Lei
nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo
concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 8615 — RevisÃo CRIMINAL Nº 487.785-3/5-00

Arts. 157, § 2º, nº II e 288 do Cód. Penal;


art. 621 do Cód. Proc. Penal.

— Não incorre em “bis in idem” a decisão que, pelos mesmos fatos, condena réus
pela prática de roubo agravado pelo concurso de pessoas (art. 157, § 2º, nº II, do
Cód. Penal) e por quadrilha ou bando (art. 288), já que se trata de figuras penais
distintas, com objetividade jurídica diversa.
— No geral sentir dos doutores e segundo a jurisprudência dos Tribunais, a sentença
condenatória transitada em julgado unicamente se reforma à vista de prova cabal
de que seu prolator caíra em insidioso erro ou se desabraçara dos imperativos de
justiça.
— Não faz rosto à prova dos autos a decisão que a considera boa e suficiente para
autorizar decreto de condenação (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8616 —Recurso em Sentido Estrito Nº 489.676-3/2-


00
35
Arts. 14, nº II e 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,


que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.
––“A periculosidade do réu, evidenciada pelas circunstâncias em que o crime foi
cometido, basta por si só, para embasar a custódia cautelar, no resguardo da
ordem pública e mesmo por conveniência da instrução criminal” (STJ, RHC nº
9/PR; 6a. Turma; rel. Min. Costa Leite; j. 14.8.89; v.u.).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8617 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.024.516-


3/3-00
Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 329 e 331 do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito
do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a
pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é
dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se
cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em
condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe “a esperança, que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males” (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).
36
Voto nº 8618 —Recurso em Sentido Estrito Nº 943.394-3/4-
00
Arts. 14, nº II e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 589 do Cód. Proc. Penal.

–– Falta de manifestação do Juiz, no recurso em sentido estrito, após a


apresentação das razões e contra-razões das partes, configura nulidade, à luz da
jurisprudência dos Tribunais (art. 589 do Cód. Proc. Penal).
––“A ausência do chamado juízo de retratação, próprio do recurso estrito, importa em
nulidade, a ser declarada a partir de despacho que determinou a subida do
recurso” (STJ; Rec. nº 83.671; 5a. T.; rel. Min. Edson Vidigal; DJU 23.3.98, p.
122).

Voto nº 8630 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.856-3/4-00


Art. 33, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 202 e 303 do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida tipifica a infração do
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de
Fogo, 1998, p. 107).

Voto nº 8631 — HABEAS cORPUS Nº 1.072.932-3/8-00


Arts. 83 e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal;

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
37

Voto nº 8632 — HABEAS cORPUS Nº 1.076.571-3/9-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
–– Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de
carta precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que,
em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 8633 — HABEAS cORPUS Nº 1.072.261-3/5-00


Arts. 14, nº II, 69, 171 e 180, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— “O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da
sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 8634 — HABEAS cORPUS Nº 1.055.844-3/1-00


Arts. 312 e 313 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
38
arts. 33, 35 e 40, n VI, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 8635 — HABEAS cORPUS Nº 1.074.036-3/3-00


Arts. 71, parág. único, 83 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender
o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de
suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 8636 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.474-3/4-00


Arts. 14, nº II, 15, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º e 157, § 2º, ns. I e II, do
Cód. Penal;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º,“caput” e 144, da Const. Fed.

–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
—“A desistência e o arrependimento precisam ser voluntários para a produção de
efeitos. Não se exige que o abandono da empreitada criminosa seja espontâneo,
bastando a voluntariedade, Isso significa que a renúncia pode não ser
espontânea, mas mesmo assim aproveita ao agente” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 57).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, op. cit., p. 358).
39

Voto nº 8637 — HABEAS cORPUS Nº 1.067.623-3/6-00


Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 12, “caput”, da Lei nº 6.368/76.

— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
— Dispõe expressamente a lei que, para apelar em liberdade, deve o réu satisfazer
a dois quesitos primordiais: ser primário e ter bons antecedentes (art. 594 do
Cód. Proc. Penal).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 8638 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 994.456-


3/6-00
Arts. 71, “caput”, 157, § 2º, ns. I, II e V, e 159, “caput”, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).

r
Voto nº 8639 — ecurso DE oFÍCIO Nº 831.262-3/0-00
Arts. 71, 171, “caput” e 288, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

r
Voto nº 8640 — ecurso DE oFÍCIO Nº 832.150-3/7-00
Art. 171, “caput”, do Cód. Penal.

— Advertiu o maior de nossos penalistas: “Somente integra um crime a fraude que


reveste cunho de especial malignidade” (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, vol. VII, p. 182).
40
— A inadimplência de obrigação contratual que se não revista de fraude é
modalidade de ilícito da esfera do Direito Civil, e não da jurisdição penal.
— Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a
instauração de persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal
da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.

Voto nº 8641 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.035.929-3/3-


00
Arts. 14, nº II, 23, nº II , 121, § 2º, ns. II e IV e 129, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. II e IV,
do Cód. Penal).

Voto nº 8642 —Recurso em Sentido Estrito Nº 893.207-3/4-


00

Arts. 14, nº II e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;


art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal.

— “A periculosidade do réu, evidenciada pelas circunstâncias em que o crime foi


cometido, basta por si só, para embasar a custódia cautelar, no resguardo da
ordem pública e mesmo por conveniência da instrução criminal” (STJ, RHC nº
9/PR; 6a. Turma; rel. Min. Costa Leite; j. 14.8.89; v.u.).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal,
não comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
41

Voto nº 8650 —Recurso em Sentido Estrito Nº 934.526-3/7-


00

Arts. 14, nº II, 73, 121, § 2º, ns. II e IV e 129, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora
articulada na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.

Voto nº 8651 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 852.480-3/9-00


Art. 303 do Cód. Proc. Penal;
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 144 da Const. Fed.
— Excita estranheza isto de o réu inculcar-se inocente e, todavia, manter na Polícia, a
respeito dos fatos, obliterado silêncio. Aquele que é inocente não dilata nem protela
oportunidade de afirmá-lo; ao revés, tanto que se lhe depara ocasião de repelir a
acusação, no mesmo ponto pratica sua defesa. Esta, a razão por que, ordinariamente
falando, ainda que direito do réu permanecer calado, esse teor de proceder não se
compadece com o perfil do inocente, antes é o retrato moral do culpado.
–– A posse irregular de arma de fogo com numeração suprimida tipifica a infração do
art. 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam
controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas
de Fogo, 1998, p. 107).
—“A culpabilidade se compõe da imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa
e potencial consciência da ilicitude (do fato)” (Damásio E. de Jesus, Código
42
Penal Anotado, 18a. ed., p. 91).
— Do gênero das causas de exclusão de culpabilidade, a inexigibilidade de conduta
diversa requer prova cabal e inequívoca de sua existência, já que se devem interpretar
“restritivamente as disposições derrogatórias do Direito comum”. “Cumpre opinar
pela inexistência da exceção referida, quando esta se não impõe à evidência, ou
dúvida razoável paira sobre a sua aplicabilidade a determinada hipótese” (Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 235).

Voto nº 8652 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.042.736-


3/9-00
Arts. 83, nº V e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 105 e 131, da Lei de Execução Penal.
— Não há que opor contra decisão que, embora pendente recurso do Ministério
Público, determina a expedição de guia provisória de recolhimento a favor de
réu preso, condenado a cumprir pena sob o regime prisional fechado, pois mesmo
que provido o recurso e exasperada a pena corporal, já lhe está fixado o regime
da última severidade; inexistirá, portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga
do sentenciado à execução da pena ou algum prejuízo para a sociedade.
— Ao dispor que a guia de recolhimento provisória será expedida “quando do
recebimento de recurso da sentença condenatória”, o Provimento nº 653/99, do
egrégio Conselho Superior da Magistratura não excetua hipótese em que recorrente seja
a Acusação. Donde se infere, à luz de hermenêutica tradicional, que, ainda no caso de
ter apelado o Ministério Público, o Juiz da condenação expedirá guia de recolhimento
provisória ao réu preso. “Ubi lex non distinguit nec nos distinguere debemus”.
— Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais
vil dos homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que
encaminha o réu para a Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra
do Juízo da condenação, não de labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).
— Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu
condenado a efeitos mais graves do que os estipulados no título executório,
mesmo no caso de ter sido interposto recurso pela Acusação.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.

Voto nº 8653 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 981.857-


3/6-00
Art. 112 da Lei de Execução Penal; art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90; art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº IX,
da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
43
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da
Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei
nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8654 — HABEAS cORPUS Nº 1.077.832-3/8-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 64 do STJ.
— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela não-
apresentação ao fórum do preso regularmente requisitado – Alegação de
constrangimento ilegítimo – Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação
da culpa, se a demora provocada pela não apresentação ao fórum do preso
regularmente requisitado, pois se trata de razão superior, que obsta ao curso regular
dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que, em caso de força
maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão armada
e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar – Ordem
denegada.
— É universal o repúdio ao crime de roubo, visto como denota em quem o pratica insigne
desprezo do semelhante, demais de ousadia e maldade. Aliás, liberdade provisória e
roubo são termos que se implicam: dignos dela são unicamente os que não apresentam
o execrável labéu moral da periculosidade, comum aos autores dessa espécie de crime.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf.
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor
de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social, repugna
conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe averigúe a
responsabilidade criminal.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes,
prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a
concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele
que, acusado de crime grave – como é o roubo –, tem contra si a presunção de
periculosidade.
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução, provocado
pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
44

Voto nº 8655 — RevisÃo CRIMINAL Nº 877.980-3/3-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;

— Sem fazer tábua rasa do instituto da coisa julgada, deve o Juiz entrar no
conhecimento da causa que lhe é submetida, por prevenir (ou conjurar) possível
erro judiciário, o péssimo dos vícios de julgamento.
—“Errar é humano, e seria crueldade exigir do juiz que acertasse sempre. O erro é
um pressuposto da organização judiciária que, por isso mesmo, instituiu sobre a
instância do julgamento a instância da revisão” (Mílton Campos; apud João
Martins de Oliveira, Revisão Criminal, 1a. ed., p. 63).
— Acompanhado de outros elementos de convicção, o reconhecimento do réu pela
vítima, ainda que por fotografia, constitui prova suficiente para a condenação,
segundo jurisprudência do STJ (cf. Rev. Tribs., vol. 817, p. 505).
— A palavra da vítima, porque protagonista do fato delituoso, não se recebe
geralmente com reservas, senão como expressão da verdade, que só a prova de
erro e má-fé pode abalar.
— Tão-só a decisão que se aparte rudemente das provas incorre na pecha de
contrária à evidência dos autos, não a que as mete em conta e avalia conforme a
razão lógica e as regras do Direito.

Voto nº 8656 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.019.217-3/7-


00
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri


o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. I e IV,
do Cód. Penal).

Voto nº 8657 — HABEAS cORPUS Nº 1.076.374-3/0-00


Art. 155, § 5º, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente


o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
45
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).

Voto nº 8658 — HABEAS cORPUS Nº 1.080.272-3/9-00

Art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
p. 2.561).

Voto nº 8659 — HABEAS cORPUS Nº 1.069.313-3/6-00

Arts. 29, 69, 157, “caput” e 288, parag. único, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8660 —Recurso em Sentido Estrito Nº 999.310-3/7-


00

Arts. 29 e 121, § 2º, ns. I, III e IV, do Cód. Penal;


art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Para a pronúncia do acusado, segundo a generalidade dos autores de boa nota, a


jurisprudência dominante em nossos Tribunais e o teor mesmo da lei, basta que
se convença o Juiz da “existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu
autor”.
— Muito de notar é o magistral escólio de Bento de Faria: “A freqüentes
naufrágios se arriscaria a Justiça, se a lei fizesse depender de convicção, quer
dizer, de prova plena, o ato provisório da pronúncia” (Código de Processo
Penal, 1960, vol. II, pp. 124-125).
46

Voto nº 8661 —Recurso em Sentido Estrito Nº 966.839-3/4-


00
Arts. 14, nº II e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal;

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri
o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 8662 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 898.071-3/9-00

Arts. 202, 222, 304, 563 e 566 do Cód. Proc. Penal;


arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXII e nº LXIII, 133, da Const. Fed.

— Na conformidade da jurisprudência dos Tribunais (cf. Rev. Tribs., vol.802, p.576),


a ausência do advogado à lavratura do auto de prisão em flagrante não lhe
importa nulidade, já que, procedimento de cunho inquisitorial, não está sujeito ao
regime do contraditório e da ampla defesa (art. 5º, nº LXII, da Const. Fed. e 304
do Cód. Proc. Penal).
––“Intimada a defesa da expedição da carta precatória, torna-se desnecessária
intimação da data da audiência no juízo deprecado” (Súmula n º 273 do STJ).
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de
culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia d tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
47

Voto nº 8663 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.031.344-


3/4-00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
arts. 38, 50, nº V, 112 e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Tendo-se evadido o sentenciado do estabelecimento penal, já na condição de
beneficiário do regime prisional semi-aberto, não entra em dúvida que incorreu
na sanção da lei: regressará, por força, ao regime da última severidade (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8664 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 1.040.037-


3/4-00
Art. 83, nº V, do Cód. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90.

— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento


condicional direito público subjetivo do condenado, que não se lhe pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela para mais de metade
(necessariamente longa). Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do
benefício o registro de faltas graves, se o recomendam valores positivos, como
o aproveitamento laborterápico e a boa conduta carcerária, sinais
inequívocos de sua regeneração.
— Segundo o entendimento comum dos Tribunais de Justiça, também o condenado
por tráfico de entorpecentes, crime equiparado ao hediondo (art. 2º da Lei nº
8.072/90), tem direito ao livramento condicional, se preenchidos os requisitos
do art. 83 do Código Penal: nem ao pior facínora quis o legislador negar
oportunidade de redimir-se dos graves erros passados e praticar ações
verdadeiramente dignas da espécie humana.
48

Voto nº 8665 — agravo em execução Nº 1.044.866-3/6-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º da Const. Fed.

— Se o sentenciado atendeu ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem


quebra o código de disciplina do presídio e manifesta o propósito de emendar as
máculas do passado, faz jus à progressão ao regime semi-aberto, porque esta é a
vontade da lei (art. 112 da Lei de Execução Penal). Somente fato grave,
indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semi-
aberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa).
Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta
grave (fuga) se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta
carcerária e notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.
— “A pena-retributiva jamais corrigiu alguém” (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1980, 6a. ed., vol. I, t. I, p. 14).

Voto nº 8699 —Recurso em Sentido Estrito Nº 956.122-3/4-


00
Arts. 14, nº II, 121, § 2º, ns. II e IV e 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Para a pronúncia do acusado, segundo a generalidade dos autores de boa nota, a


jurisprudência dominante em nossos Tribunais e o teor mesmo da lei, basta que se
convença o Juiz da “existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu
autor”.
— Muito de notar é o magistral escólio de Bento de Faria: “A freqüentes
naufrágios se arriscaria a Justiça, se a lei fizesse depender de convicção, quer
dizer, de prova plena, o ato provisório da pronúncia” (Código de Processo
Penal, 1960, vol. II, pp. 124-125).
–– A retratação singela de confissão extrajudicial não serve para embasar decreto
de impronúncia de acusado de homicídio, se outros indícios prestigiam a
imputação. Para a pronúncia não há mister certeza de autoria, basta-lhe a alta
probabilidade (art. 408 do Cód. Proc. Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. II e IV,
do Cód. Penal).
49

Voto nº 8700 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.038.304-3/3-


00
Arts. 14, nº II , 23, nº II e 121, § 2º, ns. II , IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri
o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do
Cód. Penal).

Voto nº 8701 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.059-3/7-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;

— Pratica estelionato (art. 171, “caput”, do Cód. Penal) o sujeito que, após induzir
em erro a vítima por meio fraudulento dela recebe dinheiro em pagamento de
coisa que lhe não entrega e, pois, causa vultoso prejuízo.
— Há fraude penal “quando o sujeito visa a um fim ilícito, extravasando os limites
da esperteza comercial” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a.
ed., p. 650).

Voto nº 8702 —Recurso em Sentido Estrito Nº 997.251-3/2-


00
Arts. 29, 61, nº II, alínea a e 124, do Cód. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, letra d, da Const. Fed.

— Para a pronúncia do acusado, segundo a generalidade dos autores de boa nota, a


jurisprudência dominante em nossos Tribunais e o teor mesmo da lei, basta que
se convença o Juiz da “existência do crime e de indícios de que o réu seja o seu
autor”.
— Muito de notar é o magistral escólio de Bento de Faria: “A freqüentes
50
naufrágios se arriscaria a Justiça, se a lei fizesse depender de convicção, quer
dizer, de prova plena, o ato provisório da pronúncia” (Código de Processo
Penal, 1960, vol. II, pp. 124-125).
–– Salvo se comprovada a existência de causa objetiva de exclusão de crime que lhe
autorize a absolvição, o acusado de crime doloso contra a vida deve ser julgado
pelo Tribunal do Júri, seu juiz natural e competente (art. 5º, nº XXXVIII, letra d,
da Const. Fed.).
— É doutrina consagrada nos Tribunais que não se deve excluir qualificadora articulada
na denúncia, salvo se manifestamente improcedente.

Voto nº 8703 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 492.956-3/8-00

Arts. 14, nº II e 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.

— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para


comprovar-lhe a materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é
a que está em melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição
unicamente do culpado.
— Há tentativa de roubo se o agente, logo perseguido e preso, não teve a posse
tranqüila da coisa subtraída, recuperada afinal pela vítima.

Voto nº 8711 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 781.948-3/3-00

Arts. 70, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº V, 110, § 1º e 244, do Cód.
Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.

— Ato processual que pende de manifestação expressa do autor do fato, impossível


é deferir o benefício do art. 89 da Lei no 9.099/95 ao réu revel.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 8712 — HABEAS cORPUS Nº 1.064.110-3/3-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 12, “caput”, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas
51
atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8713 — HABEAS cORPUS Nº 1.077.768-3/5-00


Arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

–– Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de homicídio, será verdadeira


abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação,
pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o
de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia
constitucional da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 8714 — HABEAS cORPUS Nº 1.076.149-3/3-00


Arts. 29, 69, 157, § 2º, ns. I, II e IV e 158, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8715 — HABEAS cORPUS Nº 1.076.028-3/1-00


Arts. 41, 569 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
— “Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é, formalmente,
inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303; rel. Min. Félix
Fischer).
52
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a culpabilidade do agente, é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8716 — HABEAS cORPUS Nº 1.075.386-3/7-00


Arts. 14, nº II e 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece
contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).

Voto nº 8717 — HABEAS cORPUS Nº 1.072.853-3/7-00


Arts. 312, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º, nº I, e § 4º, da Lei nº 9.613/98;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes os indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de
“habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária,
com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por
falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
53
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

Voto nº 8718 — HABEAS cORPUS Nº 1.081.737-3/9-00


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
–– Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na formação
da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de carta
precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que obsta
ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que, em
caso de força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 8719 — HABEAS cORPUS Nº 1.066.921-3/9-00


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8720 —Recurso em Sentido Estrito Nº 943.234-3/5-


00
Arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal;
art. 19 da Lei das Contravenções Penais.
54
–– Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder
reabilitação criminal caberá recurso de ofício;
––“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não
se pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

Voto nº 8721 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.049.982-3/1-


00
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri
o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº IV, do
Cód. Penal).

Voto nº 8735 — agravo em execução Nº 1.021.893-3/0-


00

Art. 52, § 2º, da Lei de Execução Penal.

— A internação no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) — providência “ultima


ratio” para pôr cobro à delinqüência violenta organizada — deve assentar em
“fundadas suspeitas” (e não apenas em vagos rumores) de que o reeducando está
subvertendo a ordem interna do presídio (art. 52, § 2º, da Lei de Execução
Penal). Como o castigo é estipêndio de culpa somente, em esta faltando a
punição não tem lugar.
— A vida pregressa de todo o sujeito serve unicamente para individualizar-lhe a
pena; não é pedra de toque para a aferição de sua culpabilidade.
—“A periculosidade de um indivíduo é exclusivamente fundamento à medida de
segurança, não podendo servir como elemento à estrutura de um crime, porque
a sanção do crime é a pena e a pena só se aplica pelo que o indivíduo fez contra
jus e não pelo que ele é intimamente anti-social” (Nélson Hungria, in Arquivo
Judiciário, vol. 117, p. 252).
— A biografia social do indivíduo, ainda que verdadeiro sudário de crimes, não
basta para imprimir-lhe na fronte o estigma de culpado; para sua punição faz-
55
se mister prova maior de toda a dúvida.
—“E deve, para haver condenação nos crimes, ser a prova mais clara que a luz do
meio-dia” (Alexandre Caetano Gomes, Manual Prático Judicial, 1820, p. 247).

Voto nº 8736 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.047.215-3/8-


00
Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Para a pronúncia do acusado, segundo a generalidade dos autores de boa nota, a


jurisprudência dominante em nossos Tribunais e o teor mesmo da lei, basta
que se convença o Juiz da “existência do crime e de indícios de que o réu seja
o seu autor”.
— Muito de notar é o magistral escólio de Bento de Faria: “A freqüentes
naufrágios se arriscaria a Justiça, se a lei fizesse depender de convicção,
quer dizer, de prova plena, o ato provisório da pronúncia” (Código de
Processo Penal, 1960, vol. II, pp. 124-125).

Voto nº 8737 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 996.863-3/8-00


Arts. 96, nº I e 97 do Cód. Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, caput e 144 da Const. Fed.

–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— Em caso de absolvição do réu por insanidade mental, dispõe a lei sua
internação compulsória, se autor de crime apenado com reclusão (art. 97 do
Cód. Penal). Tem a medida caráter preventivo (de salvaguarda social e
terapêutico), pois leva em mira também a recuperação do agente.

Voto nº 8738 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 485.358-3/2-00


Arts. 214, 224, alínea “a” e 225, do Cód. Penal;

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade


56
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art.
2º, § 2º).

Voto nº 8739 — embargos de DECLARAÇÃO Nº 1.048.769-


3/4-01
Arts. 107, nº IV, 109, nº V e 119, do Cód. Penal;
arts. 61, 92, 93, 94, 619 e 647, do Cód. Proc. Penal;
arts. 187, 188, nº I e 195, nº III, da Lei nº 9.279/96.

–– O fim a que tiram os embargos declaratórios é, segundo o direito comum,


provocar reexame de decisão, esclarecendo-a, dissipando-lhe as dúvidas ou
expungindo-a de erros (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
— É princípio corrente que incumbe ao impetrante o dever processual de instruir o
pedido de “habeas corpus” e justificar-lhe os fundamentos, sob pena de
denegação da ordem (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
–– O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
castigo desaparece (art. 107, nº IV, do Cód. Penal).
—“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,
deverá declará-lo de ofício” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8740 — HABEAS cORPUS Nº 1.075.529-3/0-00

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;


art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator
sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser cortada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir
o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais
tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além
de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a
reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não há que reparar na decisão que ordena a expedição de mandado de prisão
57
contra o réu condenado a cumprir, sob o regime semi-aberto, pena privativa de
liberdade: trata-se de forçoso pressuposto da execução da sentença penal condenatória
transitada em julgado. A lição de Julio Fabbrini Mirabete faz ao caso: “Enquanto
não ocorrer a prisão, não se pode expedir a guia de recolhimento por falta desse
pressuposto” (Execução Penal, 11a. ed., p. 302).

Voto nº 8741 — HABEAS cORPUS Nº 1.073.084-3/4-00


art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais
(art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em
grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-
lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo
de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o
Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas
atribuições e violação de norma de organização judiciária do Estado.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8742 — HABEAS cORPUS Nº 1.070.904-3/6-00


Art. 83 do Cód. Penal;
arts. 66, nº III, alínea b, 117, nº I e 118, nº I, da Lei de Execução Penal.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).
—“O retorno ao regime mais gravoso é poder geral de cautela do Juiz, e não padece
de ilegalidade, como dispõe o art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal”
(Rev. Tribs., vol. 745, p. 566; rel. Dante Busana).

Voto nº 8744 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 494.161-3/4-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, ns. IV e VI, do Cód. Proc. Penal.
58
— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório
se em harmonia com outros elementos de prova, máxime o firme reconhecimento do
réu pela vítima.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força
de convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p.
564; rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos casos de roubo. Se ajustada ao
conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas, ninguém
se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa
que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais.

Voto nº 8753 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.048.793-3/1-


00
Arts. 29, 71, parág. único, 214, 224 alínea “a”, 225, §§ 1º, nº I, e 2º, e 226, ns,
I e II, do Cód. Penal.
—“O nome de certos advogados debaixo de uma petição é meia prova feita do que está
pedindo” (Laudo de Camargo, in Revista do Advogado, nº 36, março/92, p. 16).
—“Se o espírito humano, consoante a observação de Framarino, na maioria da vezes
não atinge a verdade senão por via indireta (Lógica das Provas, I , p. 1, cap. III),
esse fato mais acentuadamente se observa nos Juízos Criminais, onde cada vez
mais a inteligência, a prudência, a cautela do criminoso tornam difícil a prova
direta” (Bento de Faria, Código de Processo Penal, 1960, vol. II, p. 125).

Voto nº 8775 — agravo em execução Nº 1.002.468-3/2-


00
Art. 157 do Cód. Penal;
arts. 38 e 112 da Lei de Execução Penal.
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-
SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8776 — agravo em execução Nº 1.062.007-3/9-


00
Arts. 83 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 8º e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XLVI, da Const. Fed.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal — não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual
pode ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
––“Denegar o benefício de livramento condicional àquele que satisfaz os
pressupostos exigidos, porque um dia praticou delito grave, será fazer letra
morta à salutar disposição do art. 83 do Cód. Penal, e ao condenado será impor
desalentadora perspectiva de uma inatingível liberdade” (Jurisprudência do
Tribunal de Justiça, vol. 167, p. 324).
–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
59
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de
justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com
que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais
pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do
Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias,
é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica
e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
Voto nº 8777 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 908.236-3/8-00
Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal.
— Está acima de crítica a decisão que condena por furto o sujeito que, réu confesso,
foi detido na posse do produto do crime (art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal).
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei judicatae”
(José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a. ed., p. 290).
— Exceto em face de prova cabal de infração da verdade, a palavra do policial, se em
harmonia com outros elementos dos autos, serve de base a decreto condenatório.
—“A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou suspeita”
(STF, HC nº 551.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— Não é inepta a denúncia que, imputando ao réu fato penal típico, permite-lhe o
exercício de plena defesa (art. 41 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8778 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 910.529-3/5-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para
logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu guardava na residência considerável quantidade
de substância entorpecente, embalada em porções individuais, apreendidas pela
Polícia, pois tais circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio
ilícito, e não ao uso próprio.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena.
Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 8779 — RevisÃo CRIMINAL Nº 872.790-3/0-00


Arts. 29 e 121, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 156 e 621, nº I, do Cód. Proc. Penal.
— No julgamento da revisão criminal, é dever do Juiz reexaminar a prova dos
autos, em ordem a prevenir os efeitos de decisão eventualmente proferida contra
a lei e o Direito.
–– Sem fazer tábua rasa do instituto da coisa julgada, deve o Juiz entrar no
conhecimento de causa que lhe é submetida, por prevenir (ou conjurar) possível
erro judiciário, o péssimo dos vícios de julgamento.
––“Errar é humano, e seria crueldade exigir do juiz que acertasse sempre. O erro é
um pressuposto da organização judiciária que, por isso mesmo, instituiu sobre a
60
instância do julgamento a instância da revisão” (Milton Campos; apud João
Martins de Oliveira, Revisão Criminal, 1a. ed., p. 63).
–– Não é contrária à evidência dos autos decisão condenatória apoiada em laudo
pericial e nas palavras de testemunhas presenciais idôneas, antes se reputa bem
fundamentada, pois tem por si prova excelente (art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Evidência é o brilho da verdade que arrebata a adesão do espírito, logo à
primeira vista” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 360).
–– Na revisão criminal, é do peticionário o ônus da prova da erronia ou injustiça da
sentença condenatória, como impõe a exegese do art. 156 do Cód. Proc. Penal.

Voto nº 8805 — agravo em execução Nº 984.875-3/0-


00
Arts. 71, 312, “caput” e 327, § 2º, do Cód. Penal;
art. 27, § 2º, da Lei nº 8.038/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
—“É legítima a execução provisória do julgado condenatório na pendência de
recursos sem efeito suspensivo” (STJ; Rev. Tribs., vol. 753, p. 511; rel. Min.
Maurício Corrêa).
—“A interposição de recurso, sem efeito suspensivo, contra decisão condenatória
não obsta a expedição de mandado de prisão” (Súmula nº 267 do STJ).

Voto nº 8806 — mandado de SEgUrança Nº 1.074.831-


3/1-00
Art. 197 da Lei de Execução Penal.

— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de


legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar efeito
suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência subjetiva
“ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao
agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem,
na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que,
nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes
com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira,
Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
—“É uníssona a jurisprudência desta Corte no que tange à ilegitimidade do
Ministério Público em impetrar mandado de segurança para conferir efeito
suspensivo a recurso que não o contém, como é o caso do agravo em execução”
(STJ; HC nº 237.975-SP; 6a.Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 23.9.03; DJU
13.10.03).

Voto nº 8807 — agravo em execução Nº 885.084-3/8-


00
Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.
— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo
mesmo que fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada
(art. 197 da Lei de Execução Penal).
61
Voto nº 8808 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.041.840-3/6-
00
Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal.

–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde


logo, na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do
Júri, como a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, §
2º, ns. II e IV, do Cód. Penal).
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as
qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência”
(Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 8809 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 947.996-3/0-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 16 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de injusta
acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela Constituição
da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena.
Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 8810 — HABEAS cORPUS Nº 1.099.716-3/0-00


Arts. 297 e 298, do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, LXIX, da Const. Fed.
— Se foi o advogado-impetrante quem a requereu, não há senão homologar a
desistência de “habeas corpus”, pela presunção de que obrara “secundum jus”
e à luz da ética profissional (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Ao contrário do que passa com a apelação, não há mister poderes especiais para
desistir de “habeas corpus”. Se desnecessário o instrumento de mandato para impetrá-
lo, seria contra-senso exigir poderes especiais para dele desistir.

Voto nº 8812 — HABEAS cORPUS Nº 1.087.493-3/8-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14 e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
62
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu,
quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 8833 — agravo em execução Nº 1.032.421-3/3-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8834 — agravo em execução Nº 1.051.374-3/7-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de
Execução Penal, isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da
pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8835 — agravo em execução Nº 1.029.938-3/5-


00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal;
63
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões
do convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art.
93, nº IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode
ser realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do
crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o
Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal,
isto é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e
ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime
semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime
prisional mais brando.
Voto nº 8836 — agravo em execução Nº 1.072.072-3/2-
00
Arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Não padece do vício de nulidade a decisão que, suposto sucinta, dá as razões do
convencimento de seu prolator, fundadas na prova e em bom direito (art. 93, nº
IX, da Const. Fed.).
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com
a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos
da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 8837 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 917.683-3/8-00


Art. 302 do Cód. de Trânsito.

–– É norma respeitabilíssima de trânsito que o motorista que pretenda efetuar manobra


não deve meter em risco a segurança alheia.
–– Atua com assinalada culpa o motorista que, trafegando em alta velocidade e sob a
influência do álcool, invade o acostamento e colide seu veículo com motocicleta,
provocando desastre com morte de pessoa. Tal foi sua imprudência, que a culpa
como que tocou as raias do dolo (art. 302 do Cód. de Trânsito).

Voto nº 8838 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.032.528-3/1-


00
Arts. 2º, parág. único, 22, 44 e 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal;
arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 40, nº III, da Lei nº 11.343/06.
— A titularidade do direito de apelar não é do defensor, senão do réu,
ao qual toca portanto a decisão de fazê-lo. Desde que o réu se
oponha ao exercício de tal direito, haverá o advogado de catar-lhe
respeito à vontade, pois o que procura em Juízo está sujeito ao
64
princípio geral que informa o mandato: só procede segundo a lei
aquele que pratica o ato a que está expressamente autorizado (e o
réu que renuncia ao direito de recurso por isto mesmo desautoriza
expressamente que outrem o exercite).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a
idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é
axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf. Cândido
Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
–– Para invocar a coação, como causa de exclusão de culpabilidade (art. 22 do Cód.
Penal), é mister que a vontade do sujeito passivo tenha sido obliterada por força
invencível de outrem.
–– “Se a ré trazia consigo a droga (cocaína) pretendendo introduzi-la na
Casa de Detenção, o delito previsto no art. 12 da Lei de Tóxicos se
consumou, independentemente da entrega” (STJ; REsp nº 188.986;
rel. Min. Félix Fischer; DJU 13.9.99, p. 94).
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se
o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
Voto nº 8850 — HABEAS cORPUS Nº 1.082.335-3/1-00
Arts. 121, § 2º, ns. I, IV e V, 310, parág. único, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
—“HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo
– Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade –
Ordem denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si
a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto nº 8851 — agravo em execução Nº 1.069.364-3/8-


00
Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, §
3º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do
lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 2/5 para o reincidente (art. 2º, §
65
2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8852 — embargos DE DeCLARAÇÃO Nº 830.738-


3/8-01
Arts. 535 e 619, do Cód. Proc. Penal.

–– Destinatário da prova, pode o Juiz, sempre com prudente arbítrio, indeferir a


produção daquelas que, ao parecer, não influam na apuração da verdade (que é a
alma e o escopo do processo) nem importem para a decisão da causa.
–– Os embargos de declaração não rendem ensejo a reapreciação
de matéria já decidida, pois não têm caráter infringente; armam só
ao fim de desfazer ambigüidade, contradição ou obscuridade do
acórdão (art. 619 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8853 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 492.905-3/6-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal.

— É a palavra da vítima suficiente para embasar decreto condenatório, máxime


se em harmonia com os mais elementos de convicção dos autos. A razão é que a
pessoa, cujo direito foi violado, não se propõe senão obter Justiça, como forma
de reparação do dano causado à ordem moral da sociedade.
— Para caracterizar a qualificadora do art. 157, § 2o, no I, do Cód. Penal, irrelevante
é a apreensão da arma utilizada pelo agente; basta que testemunhos idôneos lhe
comprovem a existência.

Voto nº 8854 — agravo em execução Nº 1.080.645-3/1-


00
Art. 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio (art. 121, §
2º, ns. III e IV, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 2/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.
66
Voto nº 8855 — agravo em execução Nº 1.056.979-3/4-
00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8856 — RECURSO DE HABEAS cORPUS Nº


1.087.371-3/1-00
Art. 168 do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, LXIX da Const. Fed.

— Se foi o advogado-impetrante quem a requereu, não há senão homologar a


desistência de “habeas corpus”, pela presunção de que obrara “secundum jus” e
à luz da ética profissional (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Ao contrário do que passa com a apelação, não há mister poderes especiais para
desistir de “habeas corpus”. Se desnecessário o instrumento de mandato para
impetrá-lo, seria contra-senso exigir poderes especiais para dele desistir.

Voto nº 8857 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.035.611-3/2-


00
Arts. 14, nº II, 29 e 121, § 2º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. II e IV,
do Cód. Penal).
67
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as
qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência”
(Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).

Voto nº 8858 — agravo em execução Nº 1.068.943-3/3-


00
Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 8867 — agravo em execução Nº 991.570-3/4-00


Art. 83, nº V, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.
–– Embora já não constituam requisitos o exame criminológico e o parecer da
Comissão Técnica de Classificação (art. 112 da Lei de Execução Penal), nada
obsta que, nos casos que lhe parecerem, determine o juiz sua realização. Fica,
portanto, a seu talante submeter, ou não, o sentenciado a exame criminológico,
segundo as circunstâncias do caso e a diligência do varão prudente.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.
––“Denegar o benefício de livramento condicional àquele que satisfaz os
pressupostos exigidos, porque um dia praticou delito grave, será fazer letra
morta à salutar disposição do art. 83 do Cód. Penal, e ao condenado será impor
desalentadora perspectiva de uma inatingível liberdade” (Jurisprudência do
Tribunal de Justiça, vol. 167, p. 324).

Voto nº 8868 — agravo em execução Nº 1.078.560-3/3-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
68

Voto nº 8869 — RevisÃo CRIMINAL Nº 489.255-3/1-00


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, e 213, do Cód. Penal;
art. 621 do Cód. Proc. Penal.
— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova
ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à coisa
julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de
prova, serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 213 do Cód. Penal).
— Tão-só a decisão que se aparte rudemente das provas incorre na pecha de
contrária à evidência dos autos, não a que as mete em conta e avalia conforme a
razão lógica e as regras do Direito.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art.
2º, § 2º).

Voto nº 8870 — agravo em execução Nº 889.050-3/2-00

—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o


Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 17a. ed., p. 336).

Voto nº 8871 — agravo em execução Nº 1.063.062-3/6-


00
Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, §
3º, do Código Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do
lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, §
2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8872 — RevisÃo CRIMINAL Nº 846.662-3/0-00


Art. 155 do Cód. Penal;
arts. 156, 601 e 621, do Cód. Proc. Penal.

—“O direito de defesa não é somente criação do homem; não é somente um direito
natural, daqueles que a Natureza ensinou a todos os animais. A garantia de
69
defesa é tudo isto e muito mais: é de direito divino” (Vicente de Azevedo, Curso
de Direito Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 93).
— À luz da melhor exegese do art. 601 do Cód. Proc. Penal, desde que intimado o
defensor do réu para apresentá-las, a falta de contra-razões de apelação não
implica a nulidade do processo. O ponto está em que tenha sido dada
oportunidade à parte de responder ao recurso, que nisto se resume o princípio da
ampla defesa e do contraditório processual (“audiatur et altera pars”).
—“A falta de apresentação de contra-razões de apelação, uma vez intimado o
defensor, não acarreta, por si, nulidade” (STJ; HC nº 9.449-RJ; rel. Min. Felix
Fischer; 5a. T.; DJU 18.10.98, p. 243; apud Mohamed Amaro, Código de
Processo Penal na Expressão dos Tribunais, 2007, p. 671).
— Desde a mais alta antigüidade, a confissão foi reputada a rainha das provas
(“regina probationum”), porque repugna à natureza afirme alguém contra si fato
que não saiba verdadeiro.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar onde é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Contrária à evidência é só aquela decisão que de todo se afaste das provas
coligidas nos autos.
— É de indeferir pedido de revisão criminal a peticionário que não comprove “ad
satiem” que a sentença condenatória incidiu em erro ou quebrantou os preceitos
da Justiça (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8873 — agravo em execução Nº 1.067.886-3/5-


00
Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio (art. 121, §
2º, nº II, do Código Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8874 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 881.464-3/3-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.
— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de
injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de
culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena.
Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente
70
— e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 8875 — HABEAS cORPUS Nº 1.090.294-3/7-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 312 e 366, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor
que deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de
Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.

Voto nº 8876 — HABEAS cORPUS Nº 1.089.229-3/9-00

Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;


art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 33 da Lei nº 11.343/06.

— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a instauração de incidente de
verificação de dependência toxicológica, pleiteada pela Defesa.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato (i.e., a demora na realização de
exame de dependência toxicológica solicitado pela Defesa), não caracteriza
constrangimento ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução
criminal, uma vez que representa benefício para o réu. Eis a razão por que, no
caso de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º,
do Cód. Proc. Penal).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).

Voto nº 8877 — HABEAS cORPUS Nº 1.088.733-3/1-00

Arts. 69 e 180, do Cód. Penal;


art. 659 do Cód. Proc. Penal.
71
–– Não cabe a alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo, se o réu
está preso por outro processo.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8878 — HABEAS cORPUS Nº 1.083.899-3/1-00

Arts. 14, nº II e 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;


arts. 395 e 397, do Cód. Proc. Penal.

—Destinatário da prova, pode o Juiz, sempre com prudente arbítrio, indeferir a


produção daquelas que, ao parecer, não influam na apuração da verdade (que é a
alma e o escopo do processo) nem importem para a decisão da causa.
––“O direito de defesa é sagrado, mas não tem amparo o intento de medidas
procrastinadoras e ineficazes à apuração da verdade” (Rev. Tribs., vol. 130, p.
234).

Voto nº 8879 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.437-3/6-00


Art. 168, § 1º, nº II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à


conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu,
pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº
VI, do Cód. Proc. Penal).
— Sobretudo em caso de crime a que se cominam penas severas, só é possível
condenar o réu se houver certeza de sua culpabilidade; se não, será força
absolvê-lo, em obséquio ao preceito comum de interpretação da dúvida (“in
dubio pro reo”).
––“Na Justiça penal, tudo deve ser certo e preciso como uma equação algébrica.
Os elementos probatórios de uma acusação penal devem ser espontâneos,
lógicos, consistentes, precisos, harmônicos e, sobretudo, concordantes, para que
apresentem em si uma inteireza real a sobrelevar a evidência da verdade”
(TACrimSP, Ap. nº 18.186-São Paulo; rel. Hoeppner Dutra; j. 30.10.59).

Voto nº 8880 — agravo em execução Nº 1.075.464-3/3-


00
Art. 157, §§ 1º e 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, §
72
3º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do
lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, §
2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8881 — agravo em execução Nº 1.072.592-3/5-


00
Arts. 213 e 224, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (art. 213 do
Código Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito ao lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8886 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.035.471-3/2-


00

Arts. 14, nº II, 29 e 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;


art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;

–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,


que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
––“A periculosidade do réu, evidenciada pelas circunstâncias em que o crime foi
cometido, basta por si só, para embasar a custódia cautelar, no resguardo da
ordem pública e mesmo por conveniência da instrução criminal” (STJ, RHC nº
9/PR; 6a. Turma; rel. Min. Costa Leite; j. 14.8.89; v.u.).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
73
Voto nº 8887 —Recurso em Sentido Estrito Nº 848.864-3/7-
00

Arts. 14, nº II, 29, 30 e 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;


art. 408 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, da Const. Fed.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal).
— Ainda que, pelo comum, se relegue ao Conselho de Sentença o tema das
qualificadoras, há casos em que ao Magistrado corre o dever de, pronunciando o
réu, dar de mão àquelas que lhe parecerem despropositadas e incuriais, por evitar
desnecessário e ilegítimo excesso de acusação. A precariedade extrema das
circunstâncias e motivação do homicídio autoriza-o a excluir, mesmo na fase de
pronúncia, a qualificadora da torpeza (art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal).
––“Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo
quando elementares do crime” (art. 30 do Cód. Penal).

Voto nº 8896 — HABEAS cORPUS Nº 1.087.807-3/2-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Ainda que se não deva desconsiderar o espírito nem a forma do preceito que
obriga o Juiz a fundamentar suas decisões (art. 93, nº IX, da Const. Fed),
impossível é desautorizar a doutrina do insigne Mário Guimarães: “Certas
decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria
ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
74
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8897 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.034.132-3/9-


00
Arts. 14, nº II, 23, nº II, 69, 70, 71, 121, § 2º, nº I e 129, do Cód. Penal;
art. 408, § 1º, do Cód. Proc. Penal.
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri
o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante
legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
ferir a vítima em região nobre do corpo.
–– Ao Tribunal do Júri (que não ao Juiz da pronúncia) compete decidir acerca do
concurso material de crimes (e também do concurso formal e da continuidade
delitiva), uma vez que se trata de questões relacionadas com a aplicação da pena
e, pois, estranhas ao “judicium accusationis” (arts. 69, 70 e 71 do Cód. Penal;
art. 408, § 1º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8898 — agravo em execução Nº 1.087.863-3/7-


00
Arts. 14, nº II e 213, do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que assenta
a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional fechado,
imposto pela sentença condenatória a autor de tentativa de estupro (art. 213,
combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos, sem
atender ao requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 2/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8899 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 889.470-3/9-00


Arts. 43, nº I e 45, §§ 1º e 2º, do Cód. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
arts. 14, 16, nº IV e 44, § 3o, da Lei nº 10.826/03.
— É de bom exemplo e atende ao princípio da eqüidade a decisão que substitui por
prestação pecuniária, consistente em doação de cesta básica, a prestação de
serviços à comunidade imposta a autor de crime de porte ilegal de arma de fogo
75
(art. 14 da Lei nº 10.826/03), que homem de condição humilde, não poderia
cumprir as determinações da Justiça sem notável prejuízo de suas atividades e
meios de subsistência.
–– Aquele que postula em Juízo “tem o dever processual de instruir adequadamente
o pedido que dirige ao órgão jurisdicional competente” (cf. STF; HC nº
70.141-9; rel. Min. Celso de Mello; DJU 24.2.95, p. 3.676).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8900 — agravo em execução Nº 1.079.029-3/8-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
Voto nº 8901 — HABEAS cORPUS Nº 1.079.291-3/2-00
Art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8902 — AÇÃO PENAL PÚBLICA Nº 839.659-3/0-


00
Arts. 29 e 342, § 1º, do Cód. Penal;
art. 109 do Cód. Proc. Penal;
art. 4º da Lei nº 8.038/90;
art. 1º da Lei nº 8.658/93.
— Reza o art. 109 do Cód. Proc. Penal que, “se em qualquer fase do processo o
juiz reconhecer motivo que o torne incompetente, declará-lo-á nos autos, haja ou
não alegação da parte (...)”.
—“A competência, no processo penal, é de regra absoluta” (José Frederico
Marques, 2a. ed., vol. IV, p. 404);
— A partir de sua instalação em 17.10.2007, é a colenda 15a. Câmara Criminal do
Tribunal de Justiça a competente, com exclusão das mais, para o julgamento das
ações penais relativas a crimes comuns e de responsabilidade de Prefeitos.
76
Voto nº 8903 — HABEAS cORPUS Nº 1.089.453-3/0-00
Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323, 648, nº I e 898, § 4º, do Cód. Proc.
Penal;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão
armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar – Ordem
denegada.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
realização de ato processual no Juízo deprecado, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

Voto nº 8904 — HABEAS cORPUS Nº 1.088.345-3/0-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, “caput” e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação é insuscetível de exame em processo de “habeas


corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
77
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 8905 — HABEAS cORPUS Nº 1.086.702-3/6-00


Arts. 66, nº III, alínea “b”, 117, nº I e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).
—“O retorno ao regime mais gravoso é poder geral de cautela do Juiz, e não
padece de ilegalidade, como dispõe o art. 66, nº III, alínea b, da Lei de
Execução Penal” (Rev. Tribs., vol. 745, p. 566; rel. Dante Busana).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82,
P. 2.561).

Voto nº 8906 — HABEAS cORPUS Nº 1.084.711-3/2-00


Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8907 — HABEAS cORPUS Nº 1.080.855-3/0-00


Art. 386, nº V, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 18, da Lei 6.368/76;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


78
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8908 —Recurso em Sentido Estrito Nº 943.885-3/5-


00
Arts. 14, nº II e 121, “caput”, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).

Voto nº 8909 — agravo em execução Nº 1.077.736-3/0-


00
Arts. 58 e 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 8922 — agravo em execução Nº 1.074.556-3/6-


00
Art. 127, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
79
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta
grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto nº 8923 — agravo em execução Nº 1.087.411-3/5-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (213 do Código
Penal), crimes da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8924 — agravo em execução Nº 1.068.252-3/0-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, 112, da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8925 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.312-3/6-00


Arts. 14, nº II, 83, parág. único e 157, “caput”,do Cód. Penal;
80
— É a palavra da vítima suficiente para embasar decreto condenatório, máxime se
em harmonia com os mais elementos de convicção dos autos. A razão é que a
pessoa, cujo direito foi violado, não se propõe senão obter Justiça, como forma
de reparação do dano causado à ordem moral da sociedade.
–– Não afronta o Código Penal — que reputa perigoso “o condenado por crime
doloso, cometido com violência ou grave ameaça à pessoa”(art. 83, parág.
único) — fixar regime fechado, no início, a autor de roubo, sobretudo se
transgressor contumaz da ordem jurídica e social.

Voto nº 8926 — agravo em execução Nº 1.077.754-3/1-


00
Art. 57 da Lei de Execução Penal;
arts. 5º, nº LV, nº XLV, e 133, da Const. Fed.

— É dogma constitucional o da plenitude da defesa em todo o gênero de processo


(art. 5º, nº LV, da Const. Fed.). Em seu art. 133 — e louvores se lhe rendam a
essa conta —, a Carta Magna houve o Advogado por “indispensável à
administração da justiça”. Processo algum, portanto, poderá correr sem estrita
observância desses augustos preceitos.
––“Sêneca, que viveu e floresceu três séculos antes de Cristo, deixou, entre outros,
este pensamento admirável: julgar alguém sem ouvi-lo, é fazer-lhe injustiça,
ainda que a sentença seja justa” (Vicente de Azevedo, Curso de Direito
Judiciário Penal, 1958, vol. I, p. 93).
–– De toda a sanção é pressuposto a culpa.
––“Condenar um possível delinqüente é condenar um possível inocente” (Nélson
Hungria, Comentários ao Código Penal, 1981, vol. V, p. 65).

Voto nº 8927 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.059.641-3/4-


00
Arts. 23, nº II e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo


Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao
Juiz da pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a
descriminante legal acima de toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód.
Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo,
na fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como
a seu Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. I e IV,
do Cód. Penal).
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as
qualificadoras articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência”
(Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel. Cunha Camargo).
81

Voto nº 8928 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 402.946-3/9-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 16 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de
culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o
protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários
ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos
casos de tráfico, porque a posse pretérita de substância entorpecente para
consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 8929 —Recurso em Sentido Estrito Nº 922.609-3/3-


00
Arts. 41, nº I e 43, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 10.826/2003.

–– A falta de apresentação de contra-razões ao recurso da Justiça Pública não


implica injúria do Direito, se não recebida ainda a denúncia. É que, até aí, não
houve instauração da instância penal, e só esta obriga ao contraditório e à
ampla defesa.
–– Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de
2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal,
ninguém, nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua
guarda ou em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal,
esse constitui crime (arts. 12 e 14 da Lei nº 10.826/2003).
— Ainda que simples infortúnio, o recebimento de denúncia que não atende aos
cânones processuais representa mal insigne para o indivíduo porque, atingindo-
lhe o “status dignitatis”, é sempre fonte e ocasião de prejuízos imensos, muita
vez irreparáveis (art. 41, nº I, do Cód. Proc. Penal)

Voto nº 8930 — HABEAS cORPUS Nº 1.091.075-3/5-00


Arts. 288, 319 e 333, do Cód. Penal;
arts. 20, 222 e 403, do Cód. Proc. Penal;
arts. 90, 94 e 95, da Lei nº 8.666/93;
art. 1º do Prov. nº 793/03 do CSM.
82

––“Nos processos criminais, o interrogatório poderá ser realizado na Comarca em


que estiver o acusado, preso ou solto” (art. 1º do Prov. nº 793/03 do CSM).
––“Em regra, para a autoridade, que tem a prerrogativa de ajuizar, por alvedrio
próprio, da oportunidade e dos meios apropriados para exercer as suas
atribuições, o poder se resolve em dever” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica
e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 272).

Voto nº 8931 — HABEAS cORPUS Nº 1.084.793-3/5-00


Art. 159, § 1º, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8932 — HABEAS cORPUS Nº 1.081.160-3/5-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 312, 313, 366 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 64 do STJ;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— “HABEAS CORPUS” – Alegação de constrangimento ilegal por excesso de prazo


– Necessidade de expedição de carta precatória – Inexistência de ilegalidade –
Ordem denegada.
–– Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior.
–– Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
––“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).
–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
83
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já
indeferido” (Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8933 — HABEAS cORPUS Nº 1.092.053-3/2-00


Arts. 14, nº II, 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321 e 323, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

––“HABEAS CORPUS” – Pedido de liberdade provisória – Roubo praticado à mão


armada e mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar –
Ordem denegada.
–– É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo,
não importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso em
flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.

Voto nº 8934 — HABEAS cORPUS Nº 1.089.502-3/5-00

Arts. 39, ns. II e V, 44 e 50, nº VI, da Lei de Execução Penal.

— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco,
permite a inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de
telefone celular por preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da
disciplina carcerária – visto que, ao alcance de integrantes de organizações
criminosas, o telefone celular serve a fomentar rebeliões nos presídios, com risco
da segurança pública e da ordem social –, a proibição de seu uso, estabelecida
pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da Administração Penitenciária, é ao
mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância implica, sem dúvida, falta
disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39, ns. II e V, da Lei de
Execução Penal).
–– Dispõe o art. 50 da Lei de Execução Penal, com a nova redação que lhe deu a Lei
nº 11.466/07, que constitui falta disciplinar grave ter o condenado “em sua
posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita
a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo” (inc. VII).

Voto nº 8935 — HABEAS cORPUS Nº 1.087.912-3/1-00


84

Arts. 14, nº II e 157, “caput”, do Cód. Penal;


arts. 312, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Se o réu respondeu solto ao processo (porque razões não havia que lhe
justificassem a custódia cautelar), e nenhum ato perpetrou no curso da instrução
que o fizesse decair do “status libertatis”, será mais conforme à comum opinião
dos doutores e ao magistério da jurisprudência dos Tribunais conceder-lhe o
benefício de apelar em liberdade (art. 594 do Cód. Proc. Penal).
–– Exceto na hipótese de necessidade cautelar, não é de bom exemplo (nem talvez
legítimo) condicionar o recebimento do recurso ao prévio recolhimento do réu à
prisão: “O princípio do duplo grau de jurisdição atribui ao réu o direito de ver
a sentença condenatória submetida à apreciação do tribunal, independentemente
da condição do recolhimento à prisão” (Damásio E. de Jesus, Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 473).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp.
262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 8936 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 494.165-3/2-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de
culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 8937 — HABEAS cORPUS Nº 1.092.638-3/2-00


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, “caput” e 35, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
85

–– Matéria de alta indagação é insuscetível de exame em processo de “habeas


corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de
vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 8938 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 413.621-3/1-00

Arts. 44, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº IV, 110, § 1º e 115, do Cód.
Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.

— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar


decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos
autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do
lugar onde a presta o confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o
protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários
ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos
casos de tráfico, porque a posse pretérita de substância entorpecente para
consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
86
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 8940 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.386-3/2-00

Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º e 171, “caput”, do Cód. Penal;


art. 61 do Cód. Proc. Penal.

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 8941 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 444.948-3/5-00


Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97.
— A dúvida acerca da relação entre a arma apreendida e seu verdadeiro dono ou
possuidor impede a condenação pela prática do crime do art. 10, da Lei nº
9.437/97, pois a prova incontroversa da autoria é pressuposto lógico da sentença
que julga procedente a denúncia.
–– Para justificar o decreto absolutório basta a dúvida razoável, porque esta, como
a pedra que tomba do rochedo e muda o curso do rio, é apta a desviar da cabeça
do réu o gládio inflamado da Justiça Penal.

Voto nº 8942 —Recurso em Sentido Estrito Nº 939.943-3/6-


00
Arts. 297 e 304, do Cód. Penal;
art. 43, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— A falsificação grosseira e perceptível “prima facie” considera-a o Direito


incapaz de iludir e de causar dano a outrem, pelo que não caracteriza os crimes
definidos nos arts. 297 e 304 do Cód. Penal (falsificação de documento público e
uso de documento falso).
–– “O Juiz é sobretudo o homem prudente que deve saber dosar, com sabedoria e
descortino, o exercício de suas funções, notadamente quando está em jogo, pela
flexibilidade da situação jurídica que se lhe apresente, o seu arbítrio de bom
varão” (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal,
1965, vol. II, p. 168).

Voto nº 8943 — HABEAS cORPUS Nº 1.089.777-3/9-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.
87
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8944 — HABEAS cORPUS Nº 1.080.181-3/3-00


Art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional,
próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8945 — HABEAS cORPUS Nº 1.090.806-3/5-00


Art. 647 do Cód. Proc. Penal.

–– Apenas a certeza do procedimento arbitrário ou ilegal da autoridade coatora, apto


a causar coação física ou moral ao paciente, pode autorizar-lhe a concessão de
salvo-conduto, não o infundado receio de que venha a ser preso e processado
criminalmente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8946 — HABEAS cORPUS Nº 1.086.569-3/8-00


Arts. 29 e 121, § 2º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
arts. 408 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 21, do STJ.

— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela não-


apresentação ao fórum do preso regularmente requisitado – Alegação de
constrangimento ilegítimo – Improcedência – Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora provocada pela não apresentação ao fórum do
preso regularmente requisitado, pois se trata de razão superior, que obsta ao curso
regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que, em caso de
força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 8947 — HABEAS cORPUS Nº 1.095.631-3/2-00


Art. 171, “caput”, do Cód. Penal;
88
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o


réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
— “HABEAS CORPUS” – Instrução criminal – Demora provocada pela necessidade
de expedição de carta precatória – Alegação de constrangimento ilegítimo –
Improcedência – Ordem denegada.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 8948 — HABEAS cORPUS Nº 1.092.313-3/0-00


Arts. 66, nº III, alíneas “b” e “f” e 112, da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto nº 8949 — HABEAS cORPUS Nº 1.091.312-3/8-00


Arts. 69, 155, § 4º, ns. II e IV, 288 e 340, do Cód. Penal;
arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois
não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força
maior que obstam à realização do ato processual.
89
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora foi provocada pela falta de apresentação do réu
preso à audiência, devidamente requisitado, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que,
tratando-se de força maior, “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).

Voto nº 8950 — agravo em execução Nº 1.024.305-3/0-


00
Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº XXXIX, da Const. Fed.

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 8951 — agravo em execução Nº 1.093.243-3/5-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8952 — agravo em execução Nº 1.092.713-3/5-


00
90
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (213 do Código
Penal), crimes da classe dos hediondos, sem atender ao requisito do lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8959 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 852.857-3/0-00

Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;


arts. 12, 13, 14 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo


a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Não é o simples concurso de duas ou mais pessoas, no tráfico de entorpecentes, o
que caracteriza o crime do art. 14 da Lei nº 6.368/76, senão a associação com o
intuito de praticar os crimes definidos e punidos em seus arts. 12 e 13.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).
— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o
protagonista inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários
ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p. 107), não tem lugar nem prevalece nos
casos de tráfico, porque a posse pretérita de substância entorpecente para
consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12 da Lei nº 6.368/76.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
91
Voto nº 8960 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.689-3/5-00

Art. 202 do Cód. Proc. Penal;


arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXIII da Const. Fed.

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo de
culpa.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei
nº 8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento
de pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 8961 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 405.941-3/8-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
–– A casa é o asilo inviolável do cidadão enquanto lhe preserva a característica
fundamental de santuário doméstico; se a transforma em antro de delinqüência,
tem a Polícia, mesmo sem mandado escrito da autoridade, o direito (e talvez o
dever) de nela entrar, a todo o tempo, nos casos de crime permanente, para
assegurar a ordem pública e a paz social.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes
hediondos (Lei nº 8.072/90), no que respeita à progressão no
regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado
primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente —
e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art.
2º, § 2º).

Voto nº 8962 — HABEAS cORPUS Nº 1.084.123-3/9-00


Art. 29 do Cód. Penal;
arts. 386, nº VI e 659, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput” e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
92
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 8969 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 401.560-3/0-00


Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.
–– A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos –– atenta a severidade da
pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor –– pressupõe a
certeza do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a
dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.
Voto nº 8970 — agravo em execução Nº 1.061.739-3/1-
00
Arts. 112 e 126, da Lei de Execução Penal.

— Se o sentenciado satisfez ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem


quebra o código de disciplina do presídio e submeteu-se à laborterapia, tem jus à
progressão ao regime semi-aberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da
Lei de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade
anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança
para regime prisional mais brando.
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Execução Penal), é a
progressão de regime direito público subjetivo do condenado, que se não pode
negar sem grave injúria da Lei e da Justiça.
— Não merece o ferrete de ilegal nem errônea a decisão que, no cálculo de
liqüidação das penas do condenado, computa-lhe, como de pena cumprida, o
tempo de remição pelo trabalho (art. 126 da Lei de Exec. Penal). Dado que a Lei
de Execução Penal é a tal respeito omissa, pode o Juiz guiar-se pelo princípio
comum que rege a solução dos casos controversos e optar pela parcialidade mais
favorável ao sentenciado: “Semper in dubiis benigniora praeferenda sunt”.
—“O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no processo MJ-
8.926/94, por unanimidade, entendeu que o tempo remido deve ser abatido da
pena não só para livramento condicional como também para indulto e
progressão de regime (DJU 2.12.94, p. 18.352)” (apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 663).

Voto nº 8971 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 422.971-3/9-00


Arts. 159 e 288, do Cód. Penal;
93
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
arts. 82 e 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95;
art. 82 da Lei dos Juizados Especiais Criminais;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Por aplicação extensiva do art. 82 da Lei nº 9.099/95, e porque a decisão que
revoga suspensão condicional do processo é interlocutória com força de
definitiva, pode o réu valer-se da apelação para impugná-la.
–– A existência de processo contra o réu, pela prática de outro crime, constitui
violação grave das condições do sursis processual e justifica-lhe a revogação, na
forma do art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95.
–– A revogação do benefício, portanto, decorre da vontade expressa da lei, contra a
qual pelejará em vão o acusado.
––“A medida fica sujeita a uma condição resolutiva. Havendo causa, é revogada”
(Damásio E. de Jesus, Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada, 4a. ed., p.
125).

Voto nº 8972 —Recurso em Sentido Estrito Nº 921.792-3/0-


00
Art. 386, nº IV, do Cód. Proc. Penal

— Sentença absolutória, com fundamento no art. 386, nº IV, do Cód. Proc. Penal,
torna despropositada e estéril toda a controvérsia a respeito de eventual
ilegalidade do despacho que, durante a instrução criminal, relaxou a prisão em
flagrante do réu. Solene proclamação de inocência, a absolvição transcende a
esfera processual da crítica, ainda que legítima, a anterior ato decisório.
––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).

Voto nº 8973 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 1.003.238-3/0-


00
Arts. 59, 70, 159 e 288, do Cód. Penal;
arts. 226, nº I e 384, parágrafo único, do Cód. Proc. Penal.

— A argüição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece


contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).
— O argumento de que a palavra da vítima se deva receber com um grão de sal é
especioso: desde que segura e coerente, constitui elemento importantíssimo para
o deslinde do fato criminoso; como sua protagonista, é a vítima a pessoa, sobre
todas, abalizada a descrever-lhe as circunstâncias e indicar seu autor.
— Vítima que incrimina categoricamente autor de extorsão mediante seqüestro
(art. 159 do Cód. Penal) oferece base necessária ao decreto condenatório, desde
que em harmonia com a prova dos autos. A razão é que, havendo com ele
mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.
—“Associar-se quer dizer reunir-se, aliar-se ou congregar-se estável ou
permanentemente, para a consecução de um fim comum. À quadrilha ou bando
— art. 288 do Cód. Penal — pode ser dada a seguinte definição: reunião estável
ou permanente (que não significa perpétua), para o fim de perpetração de uma
indeterminada série de crimes. A nota de estabilidade ou permanência da
aliança é essencial” (Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1958, vol.
94
IV, pp. 177-178).
— É questão fria nos pretórios da Justiça que as regras do art. 226 do Cód. Proc.
Penal, de caráter suasório ou de recomendação, podem ser postergadas, se
impossíveis de executar ou se o dispensar o caso concreto. Não acarreta,
portanto, a nulidade do processo o reconhecimento do réu pela vítima, sem as
formalidades legais, se esta lhe não pôs em dúvida a identidade física. O fim a
que deve atender o ato do reconhecimento — não importando as circunstâncias
de sua realização — é se o sujeito passivo, ao indicar o autor do fato criminoso,
fê-lo, ou não, com certeza e espontaneidade.
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter
somente o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime.
“Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che
bastano a rimuovere gli uomini dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
— A prova da reincidência unicamente se faz “mediante certidão da condenação
anterior com seu trânsito em julgado, indicação da data em que se tornou
definitiva e o dia de eventual cumprimento ou extinção da pena”.
—“Não se aplicam à 2ª. Instância o art. 384 e parágrafo único do CPP, que
possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, em virtude de
circunstância elementar não contida explícita ou implicitamente na denúncia ou
na queixa” (Súmula nº 453 do STF).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei
nº 8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º,
§ 2º).

Voto nº 8974 —Recurso em Sentido Estrito Nº 925.178-3/7-


00
Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 89, § 5º, da Lei nº 9.099/95.

— A revogação do “sursis” processual unicamente é possível no curso do prazo;


expirado que seja, toca ao Juiz declarar extinta a punibilidade do acusado (art.
89, § 5º, da Lei nº 9.099/95).
— A todo o tempo é possível revogar o benefício da suspensão condicional do
processo, contanto que a causa de revogação preceda ao termo do período de
prova; porque, se lhe suceder (isto é, se ocorrer após o término do prazo do
“sursis”), então já não haverá revogá-lo sem ofensa à lei.
— A alegação de falta de reparação do dano não prevalece contra a palavra do
autor do fato, que afirma, com veemência, ter liqüidado sua obrigação com a
vítima, e a circunstância de que esta, intimada a informar a tal respeito,
permaneceu inerte (art. 89, § 5º, da Lei nº 9.099/ 95). A ausência de reclamação
do pagamento argúi, em certo modo, quitação do débito.

Voto nº 8975 — agravo em execução Nº 1.095.302-3/1-


00
Art. 214 do Cód. Penal;
95
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao
pudor (214 do Código Penal), crimes da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto
é, “tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar
bom comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto.
Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos
estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional
mais brando.

Voto nº 8976 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 437.405-3/1-00


Art. 107, nº I, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o


Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 17a. ed., p. 336).
––“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,
deverá declará-lo de ofício” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 8977 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.722-3/7-00

Arts. 2º, parág. único e 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, “caput” e 144 da Const. Fed.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de


eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de
decreto condenatório.
–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em presença de
curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
96
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— Desclassificado o tipo penal para a cabeça do art. 10 da Lei nº 9.437/97 (Lei das
Armas de Fogo) — já que a Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) lhe
revogou o inc. IV do § 3º do art. 10 —, que cominava sanção de 2 a 4 anos de
reclusão àquele que, achado na posse de arma de fogo, tivesse “condenação
anterior por crime contra a pessoa, contra o patrimônio e por tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins” —, cumpre reajustar a pena privativa de
liberdade do réu.
— Se de curta duração a pena privativa de liberdade, e cometido o crime sem
violência, não é defeso ao Juiz determinar que o réu a cumpra sob o regime
semi-aberto, ainda que reincidente. O que lhe taxativamente proíbe a lei é
conceder o benefício ao reincidente condenado a pena superior a 4 anos (cf. art.
33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 8978 — HABEAS cORPUS Nº 1.094.475-3/2-00

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto nº 8979 —Recurso em Sentido Estrito Nº 940.903-3/7-


00
Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil.

— Não decai a Justiça de sua grandeza e confiança, antes se recomenda ao louvor


dos espíritos retos, se, aferindo lesão patrimonial por craveira benigna, rejeita
denúncia por tentativa de furto de coisa de ínfimo valor (art. 155, § 4º, nº IV, do
Cód. Penal). Ao Juiz não esqueçam jamais aquelas severas palavras de Rui:
“Não estejais com os que agravam o rigor das leis, para se acreditar com o
nome de austeros e ilibados. Porque não há nada menos nobre e aplausível que
agenciar uma reputação malignamente obtida em prejuízo da verdadeira
inteligência dos textos legais” (Oração aos Moços, 1a. ed., p. 43).
— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo grau de
censurabilidade da conduta do agente, pode o Magistrado, com prudente arbítrio,
deixar de aplicar-lhe pena (e ainda pôr termo à “persecutio criminis”). É que, nas
ações humanas, o Direito Penal somente deve intervir como providência “ultima
ratio”.

Voto nº 8980 — HABEAS cORPUS Nº 1.094.713-3/0-00


97

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 310, parág. único e 329, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou
contestar a verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do
Supremo Tribunal Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões,
também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso”
(O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si a
presunção de periculosidade.

Voto nº 8981 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 484.665-3/6-00


Arts. 20, 21, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º e 115, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 3º, nº III, da Lei nº 9.437/97.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de


eventuais defeitos que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas
(“regina probationum”) chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda
lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo que autoriza a edição de
decreto condenatório.
— É superior a toda a crítica a sentença que, baseada em prova segura, condena
sujeito que, sem autorização legal, possui em casa “cangalha de balão” (suporte
para os fogos de artifício), por se tratar de artefato explosivo (art. 10, § 3º, nº III,
da Lei nº 9.437/97).
––“O desconhecimento da lei é inescusável” (art. 21 do Cód. Penal).
––“Todo homem deve saber do fundo do seu coração o que é certo e o que é
errado” (Alberto Oliva, apud Ricardo Dip e Volney Corrêa Leite de Moraes
Jr., Crime e Castigo, 2002, p. 3).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
98

Voto nº 8982 — agravo em execução Nº 1.091.815-3/3-


00
Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito do lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8983 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.074.813-3/0-


00
Arts. 29 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 589 do Cód. Proc. Penal

–– Falta de manifestação do Juiz, no recurso em sentido estrito, após a


apresentação das razões e contra-razões das partes, configura nulidade, à luz da
jurisprudência dos Tribunais (art. 589 do Cód. Proc. Penal).
––“A ausência do chamado juízo de retratação, próprio do recurso estrito, importa
em nulidade, a ser declarada a partir de despacho que determinou a subida do
recurso” (STJ; Rec. nº 83.671; 5a. T.; rel. Min. Edson Vidigal; DJU 23.3.98, p.
122).

Voto nº 8984 — agravo em execução Nº 1.095.068-3/2-


00
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, § § 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (art. 213 do
Código Penal), crime da classe dos hediondos, sem atender ao requisito ao lapso
temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o reincidente (art. 2º, § 2º, da
Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 8985 — HABEAS cORPUS Nº 1.093.619-3/3-00


99

Art. 310, parág. único, do Cód. Penal;


art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

––“O clima de pânico que se estabelece em nossas cidades, a certeza da


impunidade que campeia célere na consciência do nosso povo, formando novos
criminosos, exigem medidas firmes e decididas, entre elas a prisão temporária”
(Exposição de Motivos da Lei nº 7.960/89).
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do Juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem
a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Penal) àquele que, acusado de crime grave – como é o homicídio –, tem contra si
a presunção de periculosidade.

Voto nº 8986 — HABEAS cORPUS Nº 1.098.634-3/8-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal; art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus”
meio apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de
bom exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-
processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à
liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de entorpecentes
(art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos, sem atender ao
requisito ao lapso temporal: 2/5 para o condenado primário, 3/5 para o
reincidente (art. 2º, § 2º, da Lei nº 8.072/90, Lei dos Crimes Hediondos).

Voto nº 8987 — HABEAS cORPUS Nº 1.095.402-3/8-00


Art. 29 do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90; arts. 33 e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06.
–– Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
100
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).

Voto nº 8988 — HABEAS cORPUS Nº 1.081.175-3/3-00


Art. 297 do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal.
— Não se passa de um salto da vida honesta para o crime “Non si passa di balzo
dalla vita onesta al reato” (Malatesta, La Logica delle Prove in Criminale,
1895, vol. I, p. 235).
— Enquanto não liqüidada a autoria, prevalece, em caso como o dos autos, a velha
parêmia latina: “Cui prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita,
esse o praticou.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.
—É entendimento dominante na jurisprudência do Superior Tribunal
de Justiça que, uma vez recebida a denúncia, já não cabe ordenar
o indiciamento formal do acusado, por implicar-lhe
desnecessária e ilegítima violência ao “status dignitatis”,
remediável pela concessão de “habeas corpus” (art. 647 do Cód.
Proc. Penal)
—“Em havendo propositura de ação penal, o regresso à fase inquisitorial para
deferido indiciamento de réus, constitui ilegalidade sanável pelo remédio
heróico” (STJ; HC nº 10.340-SP; 6a. T.; rel. Min. Hamilton Carvalhido).
Voto nº 8989 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.080.593-3/3-
00
Arts. 29 e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 15, 408, 563 e 566, do Cód. Proc. Penal.

— A falta de nomeação de curador a réu menor para o interrogatório extrajudicial,


suposto irregularidade vitanda, não implica nulidade do processo. A razão é que
"o vício do inquérito policial não se projeta na ação penal, uma vez que se trata
de peça meramente informativa” (STF; RHC nº 56.092, DJU 16.6.78, p. 4.394;
apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p.
438).
— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e
incontroversa de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da
verdade substancial ou na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc.
Penal).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que
a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 408 do
Cód. Proc. Penal).
— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo
Júri o acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc.
Penal). Donde veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença
processual de conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a
acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
101
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se
devem pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 8990 —Recurso em Sentido Estrito Nº 1.059.646-3/7-


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Arts. 103, 107, nº IV, 2a. figura e 138, do Cód. Penal;


art. 38 do Cód. Proc. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do


exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Se o ofendido não exerce o direito de queixa no prazo peremptório e
improrrogável de 6 meses, a contar da data da ciência da autoria do crime (art.
38 do Cód. Proc. Penal), opera-se a decadência, que impede a instauração da
persecução penal, por extinta já a punibilidade do agente (art. 107, nº IV, 2a. fig.,
do Cód. Penal).

Voto nº 8991 —Recurso em Sentido Estrito Nº 936.359-3/9-


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Art. 43, ns. I e III, do Cód. Proc. Penal.

––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”


(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).

Voto nº 8992 —Recurso em Sentido Estrito Nº 988.144-3/3-


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Art. 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal;
arts. 41 e 43, nº III, do Cód. Proc. Penal.

— Se o fato argüido constituir crime em tese, o órgão do Ministério Público tem o


poder-dever de encetar a “persecutio criminis in judicio” (art 41 do Cód. Proc.
Penal).
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor.
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 8993 — HABEAS cORPUS Nº 1.093.554-3/6-00

Art. 121, § 2º, do Cód. Penal;


art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
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arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,


em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 8994 — HABEAS cORPUS Nº 1.095.839-3/1-00

Art. 594 do Cód. Proc. Penal;


art. 12, “caput”, da Lei nº 6.368/76.

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 8995 —Recurso em Sentido Estrito Nº 971.217-3/8-


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Arts. 107, 2a. figura e 163, parág. único, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 38, 41, 43, ns. II e III , 563, do Cód. Proc. Penal.
— Ausência de contra-razões não é causa para se não conhecer nem julgar de
recurso em sentido estrito interposto contra decisão que rejeita denúncia, pois
nesse caso inexiste regular constituição da relação processual e, portanto, não há
réu, que a pressupõe e, unicamente, faz jus à ampla defesa. Ao demais, à luz da
sistemática do Código de Processo Penal, sem prova de prejuízo não se anula ato
processual algum (art. 563).
— Ao investir o particular do direito de processar o autor de crime, transferiu-lhe
também o Estado o encargo de elaborar a peça técnica segundo o rigor do estilo
judiciário. A queixa-crime, por isso, “conterá a exposição do fato criminoso
com todas as suas circunstâncias”, em ordem a possibilitar a verificação da
existência de justa causa para a “persecutio criminis” e a plena defesa do
acusado (art. 41 do Cód. Proc. Penal).
— A inobservância do referido cânon (art. 41 do Cód. Proc. Penal) importa vício
formal grave, cuja sanção é a rejeição mesma da queixa-crime.
–– Na conformidade da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, eventuais falhas
ou omissões da queixa-crime podem suprir-se, dentro porém no prazo de 6
meses, previsto no art. 38 do Cód. Proc. Penal (cf. Rev. Trim. Jurisp., vol. 57, p.
190).
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Voto nº 9004 —Recurso em Sentido Estrito Nº 840.795-3/3-


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Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— Sentença absolutória, com fundamento no art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal,
torna despropositada e estéril toda a controvérsia a respeito de eventual
ilegalidade do despacho que, durante a instrução criminal, indeferiu pedido de
decretação de prisão preventiva. Solene proclamação de inocência, a absolvição
transcende a esfera processual da crítica, ainda que legítima, a anterior ato
decisório.
––“Cessa o interesse processual se decisão anterior apreciou a matéria deduzida”
(STJ; HC nº 7.294; 6a. T.; rel. Luiz Vicente Cernicchiaro; j. 19.8.98).

Voto nº 9005 —Recurso em Sentido Estrito Nº 966.303-3/9-


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Art. 147 do Cód. Penal;
arts. 41, nº I e 43, ns. I e III, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, 14 e 16, da Lei nº 10.826/2003.
–– Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de
2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal,
ninguém, nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua
guarda ou em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal,
esse constitui crime (arts. 12 e 14 da Lei nº 10.826/2003).
— São atípicas as condutas previstas nos arts. 12 e 16 da Lei nº 10.826/03 (posse
ilegal de arma de fogo), praticadas no período chamado de “vacatio legis”
indireta (31.8.04); pelo que, na hipótese, haverá falta de justa causa para a ação
penal (cf. Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol 199, p. 510; rel. Min.
Arnaldo Esteves Lima).
— Ainda que simples infortúnio, o recebimento de denúncia que não atende aos
cânones processuais representa mal insigne para o indivíduo porque, atingindo-
lhe o “status dignitatis”, é sempre fonte e ocasião de prejuízos imensos, muita
vez irreparáveis (art. 41, nº I, do Cód. Proc. Penal).
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EMENTÁRIO
COM
INDICAÇÃO
DOS
ARTIGOS
DO
VOTO

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