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INTRODUÇÃO
Na atualidade os problemas sociais agravaram-se, culminando em uma crise que afeta os mais
variados setores da sociedade, a ponto de se levantarem questionamentos envolvendo temas
como Moral, Ética e Direito, como observação necessária para garantia de direitos
fundamentais da pessoa humana.
Considerando que a Ética e o Direito estão entrelaçados na construção da justiça social, e que
o comportamento humano é dependente de toda uma estrutura que tem sua origem na moral,
na religião, nos costumes, tem-se vários aspectos sociológicos e filosóficos envolvidos, dando
sustentação ao relacionamento do ser humano dentro da sociedade.
Desta forma, Moral, Ética e Direito, juntos fazem parte do cotidiano. Como pensar em
desenvolvimento humano e garantir justiça social sem tratar convenientemente esses temas?
Este trabalho tem a intenção de propor uma reflexão, posto que ao adentrar no contexto
histórico da construção ético-moral e do Direito, vai insinuar-se na idéia de Religião, Justiça,
1
Graduanda em Direito pela UnC – Universidade do Contestado – Campus de Caçador/SC.
2
Estado, Governo e Cidadania. Com isso, levanta hipóteses da influência e correlação destes
no comportamento humano e a conseqüência para o atual problema social.
Conforme Vázquez, “moral vem do latim mos ou mores, ‘costume’ ou ‘costumes’, no sentido
de conjunto de normas ou regras adquiridas por hábito”, referindo-se portanto ao
comportamento que a habitualidade de determinados atos infere ao homem.4
Para Savater, a palavra moral tem a ver, “etimologicamente, com os costumes, pois é
exatamente isso que significa o termo latino mores”, e também, com as ordens, pois a maioria
dos preceitos morais soam como “você deve fazer isso” ou “nem pense em fazer aquilo”.5
Portanto, moral trata-se de uma norma não escrita que objetiva traçar linhas de
comportamento para o indivíduo em suas relações sociais, tendo por fundamento o histórico
da comunidade.
No princípio, por necessidade premente de segurança ao homem valente era atribuído maior
valor dentro da comunidade. O valor e a solidariedade eram considerados como grandes
virtudes, onde tudo visava o interesse da coletividade não considerando o homem no seu
individualismo. Com desenvolvimento das sociedades as regras morais passam a
fundamentar-se na responsabilidade pessoal, chegando portanto a um estágio mais
desenvolvido da moral.6
A evolução que despontou com o aumento das forças de trabalho e produtividade, favoreceu o
aparecimento da propriedade privada e consequentemente uma desigualdade de bens
dividindo a sociedade antiga em duas classes antagônicas, o homem livre, cidadão, e o
escravo. Essa situação social proporcionou uma divisão da moral que deixou de ser única no
sentido de um só conjunto de normas aceitas por toda a sociedade, favorecendo a aparição de
duas morais, a moral do homem livre, com valores definidos, e a dos escravos.7
2
VÁZQUEZ, Adolfo Sánchez, Ética, tradução de João Dell’Ana, 19 ed., Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
1999, p. 39-40.
3
FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques. Dicionário Brasileiro Globo. 49
ed. São Paulo: Globo, 1998, p. 417.
4
VÁZQUEZ, Op. cit., p. 24.
5
SAVATER, Fernando. Ética para meu filho. Tradução de Monica Stahel. 2 ed., São Paulo: Martins Fontes,
1996, p. 56.
6
VÁZQUEZ, Op. cit., p. 42.
7
Ibid, p. 43
3
escravo considerado coisa; vieram dar uma nova condição ao homem, embora não fossem
muitas as mudanças, porém, foi-lhes dado o direito à vida e passaram a serem considerados
seres humanos. Objetivamente, a moral da sociedade feudal foi uma continuação, apenas um
pouco evoluída, da moral predominante na sociedade do mundo antigo.8
A liberdade alcançada pelo trabalhador, muito embora devesse obediência ao senhor feudal,
proporcionou uma evolução dos conceitos morais. Essa moral continha também preceitos
religiosos, em vista da influência exercida pela igreja na idade média, que de certa forma dava
uma unidade moral à sociedade da época, bastante estratificada.9
Em resumo, Vázquez destaca o aspecto da moral ser uma forma de comportamento humano
compreendendo o normativo e o fatual; ser um fato social; a questão da aceitação individual,
isto é, uma interiorização das normas morais; a manifestação concreta do comportamento
moral dos indivíduos; o ato moral individual como parte de um contexto normativo, ou seja,
de um código moral. Ainda, embora normativo o ato, a aceitação consciente e voluntária
supõe a liberdade do sujeito na execução do ato moral.12
Exposto o tema Moral, sua conceituação e evolução, passa-se a tratar da Ética que, como
ciência da moral tem origem do grego éthique ou ethos e do latim ethica, ethicos,
significando uso, costumes, caráter. É modificada quotidianamente com a sociedade
interagindo entre grupos sociais e em determinados períodos históricos. 13
Vázquez apresenta a ética como “a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em
sociedade”. Conceito que mostra uma abordagem científica dos problemas morais.14
Já, Bittar, apresenta ética dividindo-a em ética enquanto saber e enquanto prática, onde ao
saber cabe o papel de estudar a ação humana em sua concepção mais ampla, e quanto a ética
prática, como ele coloca, “consiste na atuação concreta e conjugada da vontade e da razão, de
cuja interação se extraem resultados que se corporificam por diversas formas”.15
8
VÁZQUEZ, 1999, p. 45.
9
Ibid, p. 46.
10
Ibid, p. 47.
11
Ibid, p. 53-58.
12
Ibid, p. 83.
13
FERNANDES, Francisco; LUFT, Celso Pedro; GUIMARÃES, F. Marques, 1998, p.274.
14
VÁZQUEZ, 1999, p. 23.
15
BITTAR, Eduardo C. B.. Curso de Ética Jurídica: ética geral e profissional. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 8.
16
Ibid, p. 8.
4
Valls, aponta a ética na visão tradicional, interpretada como “um estudo ou reflexão, científica
ou filosófica, e eventualmente até teológica, sobre os costumes ou sobre as ações humanas”, o
que lhe dá portanto um caráter teórico.17
Portanto, como um resultado histórico-cultural que define o que é virtude, o que é bom ou
mal, certo ou errado, para cada cultura ou sociedade, a ética, seja como investigação teórico-
filosófica, ou como ação enquanto extensão racional das nossas intenções, vai sustentar e
dirigir as ações do homem, norteando a conduta individual e social.18
Assim, como afirma Vázquez, a ética, tendo como referência a diversidade de costumes em
determinada época, seus valores, fundamentos e normas, terá a função de investigar os
princípios que permitam a compreensão das morais nos movimentos e desenvolvimentos.20
É possível apurar que ao naturalismo dos filósofos do primeiro período, os pré-socráticos, tem
lugar uma preocupação com os problemas políticos e morais que envolvem o homem. Isso
com base nas mudanças empreendidas na vida social das cidades gregas, advindas do triunfo
da democracia escravista sobre a velha aristocracia, da democratização da vida política e o
desenvolvimento de uma intensa vida pública.21
A idéia de ética que se encontra na antigüidade clássica, nas várias obras que dedicaram ao
assunto, está condicionada às relações dentro da Polis, isto é, “uma comunidade democrática,
limitada e local”, diferentemente da filosofia apresentada pelos estóicos e epicuristas que
surge em época posterior, quando a relação entre os indivíduos e a comunidade já se apresenta
de outra forma.22
Em termos éticos ou morais tem efeito profundo, pois o homem não mais satisfazer-se-á com
um agir de acordo com a natureza, mas sim terá que agir de acordo com a “vontade do Deus
pessoal”, portanto necessitando conhecer essa vontade. Assim, procura ajuda fora da filosofia,
com a “revelação de Deus”, que não é uma “exposição teórica” mas um aprendizado onde o
homem através da vida devotada, busca ser santo, como o seu Deus.24
O Cristianismo é uma religião e não uma filosofia. Porém, na Idade Média, coloca-se como
um sistema de princípios para explicar as questões teológicas e a influência que exercem no
cotidiano humano. Pensadores importantes, que por suas doutrinas marcaram o período em
17
VALLS, Álvaro L. M.. O que é ética. 9 ed., 16ª reimpressão, São Paulo: Brasiliense, 2003. p. 7.
18
BITTAR, 2002, p. 7-11.
19
VÁZQUEZ, 1999, p. 21.
20
Ibid, p. 22.
21
Ibid, p. 268.
22
Ibid, p. 268.
23
Ibid, p. 276.
24
VALLS, Op. cit., p. 36.
5
que a filosofia ética esteve ligada à religião na Idade Média, foram Santo Agostinho(354-430)
e Santo Tomás de Aquino (1226-1274 ). Neles se verifica o aproveitamento das idéias do
“sumo bem” de Platão e Aristóteles, porém, apresentadas em um processo de cristianização.25
As mudanças havidas na sociedade pós feudal, quer no campo das ciências, da economia, ou
da política, favoreceram o que se convencionou tratar por ética moderna, dominante dos
séculos XVI até o começo do século XIX. Foi um período em que a ética teocêntrica e
teológica da idade média cedeu lugar a uma ética antropocêntrica, que atinge seu ponto mais
alto na doutrina de Kant.26
Por ética contemporânea, entende-se as doutrinas surgidas após a Revolução Francesa e que
prolongam suas influências até aos dias atuais, sendo caracterizadas por uma reação adversa
ao formalismo e ao racionalismo abstrato.28
As questões éticas chegam ao século XX diante a uma grande quantidade de tendências, que
variam conforme a origem ou forma de interpretação e observação. Fazendo um pequeno
esboço das correntes de pensamento predominantes, Bittar aponta a importância da ética e
linguagem pela “primazia nas questões filosóficas”, onde, pondo-se em evidência as
tendências que agrega, cita a ética analítica, a ética e discurso e a ética e política, que se
destaca com temas intrínsecos à justiça e coloca, “da condição da humanidade pós-guerra”,
temas que se ocupa John Rawls.30
É possível visualizar nas reflexões de Rawls a prevalência da ética no contexto social sobre a
ética do individual, tendo como fundamento uma proposta contratualista renovada, um
contratualismo contemporâneo.31
Já, Peter Singer, desenvolve uma investigação ética contemporânea voltada para a prática.
Focaliza a aplicação da ética nas mais variadas e controvertidas questões sociais. Questões
atuais como igualdade e discriminação de raças, sexo, capacidade, aborto, eutanásia,
experiência com embriões, responsabilidade para com o meio ambiente, violência política e
desobediência civil, tratamento dos refugiados, etc. São problemas éticos relevantes uma vez
que hodiernamente depara-se com eles, portanto exigindo uma postura ética racional. 32
25
VÁZQUEZ, 1999, p. 278.
26
Ibid, p. 279.
27
VALLS, 2003, p. 45.
28
VÁZQUEZ, Op. cit., p. 284.
29
DARIVA, Tatiana Beal. A ética na Administração Pública. Monografia de Pós-graduação em Direito Público,
com ênfase em Direito Constitucional e Administrativo. Joaçaba: Centro de Ciências Jurídicas e Sociais –
UNOESC, 2003, p. 6.
30
BITTAR, 2002, p. 333-334.
31
Ibid, p. 340.
32
SINGER, Peter. Ética Prática. Tradução de Jeferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 1998, p.1-2.
6
Concepções estas que, nas palavras de Bittar, são uma descrição da visão ética vivenciada nos
diversos períodos históricos; uma síntese do que o homem abstraiu e aspirou intelectualmente.
Conforme o autor, foram as idéias intelectuais que movimentaram revoluções, mudanças
morais, conquistaram direitos sociais, discutiram ou avaliaram os vícios e as virtudes
humanas nos diversos panoramas e momentos históricos-sociais; aquilo que há de mais
valioso ao ser humano pois resume aspirações sociais e pessoais dos filósofos no que envolve
temas éticos e ainda, a compilação de temas, abordagens, metodologias e percepções
intelectuais que se mostram a quem na atualidade pretender adentrar às investigações éticas.33
Para Montoro a conceituação de “Direito”, deve observar duas espécies de definição, ou seja,
o nominal e o real. O nominal “consiste em dizer o que uma palavra ou nome significa”, já o
real “o que uma coisa ou realidade é”, que segundo ele se faz necessário observar como ponto
de partida para chegar-se a uma conceituação adequada. 34
A propriedade das regras sociais de ordenarem a conduta humana, permite diferenciar através
da forma de ordenação as características imanentes ao Direito. Assim, como coloca Reale: “É
próprio do Direito ordenar a conduta de maneira bilateral e atributiva, ou seja, estabelecendo
relações de exigibilidade segundo uma proporção objetiva.”, o que confere ao Direito o poder
de coação em vista da realização do “bem comum”, onde, essa realização do bem comum lhe
outorga uma conceituação clássica.35
Reale, atenta para o fato da palavra designar tanto a ciência, quanto o objeto, dependendo do
sentido que se lhe atribui, afirmando que o “Direito” significa, por conseguinte, tanto o
ordenamento jurídico, ou seja, o sistema de normas ou regras jurídicas que traça aos homens
determinadas formas de comportamento, conferindo-lhes possibilidades de agir, como o tipo
de ciência que o estuda, a “Ciência do Direito ou Jurisprudência”.36
Nader, verificando as várias acepções da palavra Direito, observa que é empregado como “
Ciência do Direito”, onde esta, “lato sensu”, corresponde ao “[...] setor do conhecimento que
investiga e sistematiza os conhecimentos jurídicos. Em stricto sensu, é a particularização do
saber jurídico, que toma por objeto de estudo o teor normativo de um determinado sistema
jurídico [...]”.37
Já, Reale, conclui que são encontrados três aspectos fundamentais, quais sejam, “um aspecto
normativo ( o Direito como ordenamento e sua respectiva ciência); um aspecto fático (o
Direito como fato, ou em sua efetividade social e histórica) e um aspecto axiológico (o Direito
como valor de justiça)”. Assim, chega à “tridimensionalidade do Direito”, esquematizada em
33
BITTAR, 2002, p. 118.
34
MONTORO, André Franco. Introdução à Ciência do Direito. 25 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. 1999,
p. 30.
35
REALE, Miguel. Lições Preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 59.
36
Ibid., p. 62.
37
NADER, Paulo. Introdução ao Estudo do Direito. 18 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2000, p. 77.
7
“fatos, valores e normas”, que conjugando com a “bilateralidade atributiva” e ainda com a
“idéia de justiça”, lhe permite criar mais uma noção do Direito, segundo ele, “mais ético”,
assim formulada: “Direito é a concretização da idéia de justiça na pluridiversidade de seu
dever ser histórico, tendo a pessoa como fonte de todos os valores.”. Donde conclui que a
“compreensão integral do Direito” só é possível face à correspondência ativa de “fato”,
“valor” e “norma” inseridos na história humana38
Conforme Ferraz Júnior, a expressão ciência do Direito surgiu com a escola histórica alemã,
que foi a primeira a preocupar-se em dar às investigações do Direito um caráter científico.39
Os romanos, mesmo ante uma despreocupação em saber se suas teorizações do Direito eram
ciência ou arte, posto que estavam mais ligadas à práxis jurídica, foram os responsáveis pelas
primeiras argumentações de caráter científico de que se tem notícia, através do que chamaram
de Jurisprudência. 40
O aparecimento de uma resenha crítica dos “Digestos justinianeus”, e que foi transformada
em texto escolar do “jus civile” europeu, é o marco de nascimento da chamada Ciência
européia do Direito, surgida no século XI. 42
O tratamento metódico propiciou uma abordagem dos textos jurídicos caracterizada pela glosa
gramatical, filosófica e pela exegese. O enfrentamento dos textos postos com um tratamento
explicativo faz surgir a ciência dogmática do Direito. A forma encontrada pelos glosadores,
de explicar o direito, estende seus domínios até o século XVI.43
Nessa época, destacam-se as doutrinas de filósofos e juristas que se deve ressaltar, muito
contribuíram devido a importância das suas reflexões em torno do direito. Época em que
encontramos: Hugo Grócio (1583-1645), Thomas Hobbes (1588-1679), Baruch Spinoza
(1632-1677), John Locke (1632-1704), Cristiano Tomásio (1665-1728), com um pensamento
bastante evoluído para a época, Jean Jacques Rousseau, com o seu ideal de liberdade e
igualdade vai servir de fundamento aos “estatutos ideológicos da Revolução Francesa”, e
Emmanuel Kant (1724-1804).
38
REALE, Miguel. Lições Preliminares de direito. São Paulo: Saraiva, 1998, p. 64-66.
39
FERRAZ JÚNIOR, Tercio Sampaio. A Ciência do Direito. 2ª ed., São Paulo: Atlas, 1980, p. 18.
40
Ibid, p. 19.
41
Ibid., p. 19-20.
42
Ibid, p. 21
43
Ibid, p. 21-22.
44
Ibid, p. 26.
8
A base para o positivismo jurídico está fundada nas reflexões de Augusto Comte (1798-1857)
que, embora influenciado por Saint-Simon do qual foi discípulo, foi o sistematizador da
filosofia do Direito Positivo. Para ele o “espírito humano deve contentar-se com o mundo já
dado e se ater ao campo da experiência”, como meio de atingir autoridade científica.46
A teoria jurídica contemporânea está mais para as preocupações em torno da regra jurídica,
sua formação e ainda a validade formal e técnico-jurídica, posto os diversos aspectos sociais
dela dependentes.48
Quanto aos Princípios, segundo Espíndola: “Atualmente, entende-se que os princípios estão
inclusos tanto no conceito de lei, quanto no de princípios gerais do direito, divisando-se,
nessa forma, princípios jurídicos expressos e princípios jurídicos implícitos na ordem jurídica
[...]”. Uma tendência chamada de “pós-positivista”.49
Para Nader, a base de formação dos sistemas jurídicos se acha concentrada nos princípios que
“formam o cerne do Direito”. De função integradora e informadora da norma jurídica, os
princípios revestem-se de importância. E, embora a grande maioria não conste expresso nos
textos legais, estão inseridos no fundamento da norma.51
Para Reale: “princípios são verdades ou juízos fundamentais que servem de alicerce ou de
garantia, de certeza a um conjunto de juízos ordenados em um sistema de conceitos relativos a
dada porção da realidade”.52
Espíndola conclui que “a idéia de princípio ou sua conceituação, [...], designa a estruturação
de um sistema de idéias, pensamentos ou normas por uma idéia mestra, por um pensamento
chave, por uma baliza normativa, donde todas as demais idéias, pensamentos ou normas
derivam, se reconduzem e/ou subordinam”.53
45
FERRAZ JÚNIOR, 1980, p. 30.
46
NADER, Paulo. Filosofia do Direito. 10 ed., Rio de Janeiro: Editora Forense, 2001, p. 174.
47
Ibid, p. 187.
48
CADEMARTORI, Sergio. Estado de Direito e Legitimidade: uma abordagem garantista. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1999, p. 43-45.
49
ESPÍNDOLA, Ruy Samuel. Conceito de Princípios Constitucionais: Elementos Teóricos para uma
formulação dogmática constitucionalmente adequada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1998, p. 28.
50
SOUZA, Carlos Fernando Mathias de. O Direito Instrumental Penal e os Princípios Gerais do Direito.
<http://www2.correioweb.com.br/cw/2001-05-21/mat_38897.htm>. Acesso em 13.09.2004.
51
NADER, Op. cit., p. 82-83.
52
REALE, Miguel. Filosofia do Direito. 5 ed., v. 1, São Paulo: Saraiva, 1969, p. 56.
53
ESPÍNDOLA, 1998, p. 47-48.
9
Segundo aponta Canotilho, o “sistema jurídico necessita de princípios (ou os valores que eles
exprimem) como os da liberdade, igualdade, dignidade, democracia, Estado de Direito”, que,
em face da relação com valores, ou ainda da relevância da relação com a idéia de “justiça”,
“direito”, etc., se lhes atribui função fundamental, conforme coloca o autor, “são o
fundamento de regras jurídicas e têm uma idoneidade irradiante que lhes permite ligar, ou
cimentar objetivamente todo o sistema constitucional”. 55
Com relação aos “princípios jurídicos fundamentais”, Canotilho lembra que pertencem “à
ordem jurídica positiva e constituem um importante fundamento para a interpretação,
integração, conhecimento e aplicação do direito positivo”.56
Uma abordagem do tema Justiça, se faz necessário para uma melhor compreensão. Perelman
diz que a Justiça é considerada por muitos a principal virtude, ou seja a fonte de todas as
outras. Entende que é nesse sentido que a justiça contrabalança todos os outros valores,
manifestando ainda que a noção de justiça sugere a todos a idéia de certa igualdade entre os
seres.57
No que se refere a Justiça Social, Nader afirma que esta objetiva “[...] a distribuição mais
equânime das riquezas e que, iniludivelmente, é o caminho definitivo da sociedade e das
instituições que lhe dão sustentação”. Portanto, segundo o autor cabe à “Política Jurídica”
retificar o “curso das relações sociais”, seja através de mudanças nas políticas tributária,
trabalhista ou social, em todos os âmbitos, para que efetivamente a justiça social se faça sentir
entre os povos.58
Apresentando uma distinção entre Direito, Ética e Moral pode-se afirmar que na sociedade
normas orientam a forma de vida e relacionamentos. Dentre essas normas, algumas são
acompanhadas de sanção posto serem oriundas do poder público, chamadas “Direito
Positivo”, outras apenas orientam certas regras de convívio social, porém, isentas de sanção.
Rodrigues as qualifica como “normas de ordem moral, ou de ordem costumeira”. Embora
tenham a mesma origem, a sociedade, diferem no quesito coerção.59
À luz dessa reflexão, se depreende uma diferenciação entre Direito e Moral na forma da
coercibilidade, pois embora em ambos encontre-se regramentos, na moral eles não dispõe de
força coercitiva.
54
CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 2 ed., Coimbra-
Portugal: Almedina, 1998, p. 1033.
55
Ibid, p. 1037.
56
Ibid, p. 1038.
57
PERELMAN, Chaïm. Tradução de Maria Ermantina Galvão. Ética e Direito. São Paulo: Martins Fontes,
2000, (3ª tiragem), p. 7. p. 7-15.
58
NADER, 2001, p. 33.
59
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Parte Geral. Vol. 1, 31 ed., São Paulo: Saraiva, 2000. p. 5.
60
REALE, 1998, p. 42.
10
Isso requer uma atenção para a ética em relação a “esfera do comportamento humano”, onde
segundo Carlin: “As doutrinas éticas nascem e se desenvolvem em resposta aos problemas
básicos determinados pelas relações entre os homens em diferentes épocas e sociedades [...]”,
aportando a questão na observação dos padrões ético-sociais.61
Isso face a base histórico-cultural sob a qual as leis tem origem. Hodiernamente, o Direito
representa muito mais do que um “instrumento de disciplinamento social”, e se no passado
era ferramenta de segurança à liberdade e patrimônio do homem, hoje vai além.64
À luz dessa reflexão, a prática jurídico-legislativa, deve estar atenta e ao legislador caberá a
formulação de leis abrangentes, que garantam direitos fundamentais e os interesses da
sociedade frente ao panorama que se apresenta.
61
CARLIN, Volnei Ivo. (Org. e Co-autor). Ética & Bioética – Novo Direito e Ciências Médicas. Florianópolis:
Terceiro Milênio. 1998, p. 59.
62
REALE, Op. cit., 42.
63
NADER, 2000, p. 27.
64
Ibid, p. 27.
65
CARLIN, Op. Cit., p. 77.
66
Ibid, p. 61.
67
SANTOS, Boaventura de Souza. Pela Mão de Alice: O social e o político na pós-modernidade. 2 ed. São
Paulo: Cortez, 1996, p. 78-79.
11
Concepção que também é apresentada por Cademartori, quando lembra que a série “direitos
subjetivos”, que abrange os “direitos fundamentais ao lado dos poderes”, tem raízes nos
“direitos naturais” expostos nos séculos XVII e XVIII.71
As discussões em torno dos direitos humanos, de longa data vem despertando para a
necessidade de inclusão da ética como alternativa para “se construir uma relação mais
saudável entre os governantes e os governados: a construção de um novo ser humano. Ético.
Solidário. Consciente. Justo. Feliz.”, colocação que é feita por Chalita ao abordar a construção
da ética em se tratando dos compromissos do homem no âmbito do “núcleo básico de
convivência social, que é o Município”.75
68
Ibid, p. 236.
69
CARLIN, 1998, 80-81.
70
ALVES, José Augusto Lindgren. Cidadania, direitos humanos e globalização. Revista Cidadania e Justiça.
Rio de Janeiro: Publicação da AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros, Ano 3, nº 7, 2º sem./1999, p.
93.
71
CADEMARTORI, 1999, p. 38.
72
Ibid, p. 39.
73
ALVES, Op. cit., p. 93-94.
74
CADEMARTORI, Op. cit., p. 33.
75
CHALITA, Gabriel. Ética dos Governantes e dos Governados. São Paulo: Max Limonad, 1999, p. 22-23.
12
Tavares aponta para a necessidade de “proteção efetiva dos direitos humanos”, como meio
garantidor da democracia, elencando o avanço que se deu em vista do “reconhecimento
jurídico conferido pela maior parte dos Estados, aos direitos humanos”.76
A educação em direitos humanos, deve se dar de forma que os princípios éticos fundamentais
que os cercam sejam assimilados, passando a orientar as ações das gerações presentes e
futuras, possibilitando a reconstrução dos direitos humanos e da cidadania.77
De acordo com o autor a “evolução histórica e sucessiva dos direitos”, em períodos, forma
apresentada por Bobbio, obedece uma classificação em gerações de direitos, considerando-se
como primeira geração de direitos, os “[...] direitos individuais, que pressupõem a igualdade
formal perante a lei e consideram o sujeito abstratamente[...]”.79
Como segunda geração são colocados os “[...] direitos sociais, nos quais o sujeito de direito é
visto enquanto inserido no contexto social. [...] passagem das liberdades negativas, de religião
e opinião, p. ex., para os direitos políticos e sociais[...]”.80
Cademartori lembra que os direitos de primeira geração estão estampados nas “liberdades
clássicas das primeiras Declarações”, os de segunda geração com os “direitos sociais”,
enquanto que os de terceira geração, constituem-se nos direitos “[...] cujos titulares não são
mais os homens tomados isoladamente, mas os grupos humanos[...]”, citando como exemplo
o “direito a um meio ambiente sadio”, ou o direito à “paz internacional”. Evidenciando-se no
autor, uma exposição resumida de gerações de direito.82
76
TAVARES, André Ramos. Proteção Real dos Direitos Humanos só por um Tribunal Mundial com Amplos
Poderes. In: BASTOS, Celso Ribeiro; TAVARES, André Ramos. As Tendências do Direito Público no limiar
de um novo milênio. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 392.
77
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Direitos humanos, cidadania e educação. Uma nova concepção
introduzida pela Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?
id=2074>, Acesso em: 20 set. 2004
78
OLIVEIRA JUNIOR, José Alcebíades de. ( Org. ). O Novo em Direito e Política. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 1997 p. 192.
79
Ibid,p. 192.
80
Ibid, p. 193.
81
Ibid, p. 193.
82
CADEMARTORI, 1999, p. 34-35.
13
A justificativa para a multiplicação dos direitos está pontuada em três razões, conforme
coloca Oliveira Júnior observando Bobbio: “primeiro, porque teria havido um aumento de
bens a serem tutelados; em segundo, porque teria aumentado o número de sujeitos de direito
e, enfim, por terceiro, porque teria havido também uma ampliação do tipo de status dos
sujeitos”.83
Uma necessidade que se apresenta diz respeito à degradação ambiental atinge o planeta em
níveis assustadores. Situação que avaliza a crescente preocupação da sociedade com o meio
ambiente.
Não se apresenta como recente, uma vez que a atividade poluidora gradativa e a exploração
sem limites, vêm de longa data, fazendo-se sentir na atualidade devido aos níveis de
destruição e degradação atingidos.85
Para Singer, as atitudes ocidentais frente às questões da natureza têm como base a da
“concessão de domínio” que os hebreus atribuem a uma “ordem divina”, concedida ao
homem na criação. Concepção que faz do homem o “centro do universo moral”.86
Todavia, o aumento das preocupações ecológicas fez nascer uma nova postura ética
preservacionista, “de dimensão planetária”, fundamentada em “novas atitudes em relação à
natureza, constituindo a racionalidade ambiental”.88
Não é possível tratar da questão do desenvolvimento das sociedades e Justiça social sem ater-
se aos questionamentos em torno da Bioética. A revolução provocada pelo desenvolvimento
da Ciência no campo da Biotecnologia e da Biomedicina trouxe à luz fatos e questionamentos
jamais pensados. Questionamentos que inevitavelmente vão adentrar ao campo do Direito, em
vista da necessidade de proteção da pessoa humana. O progresso científico precisa ser
83
OLIVEIRA JÚNIOR, 1997, p. 193.
84
Ibid, p. 194.
85
WOLF, Paul. A Irresponsabilidade Organizada? Comentários sobre a função simbólica do Direito
Ambiental. In: OLIVEIRA JÚNIOR.(Org.), 1997, p. 177-178.
86
SINGER, 1998, p. 281-282.
87
WOLF, Paul. Op. cit., p. 178-179.
88
LORENZETTI, Alexandra Melek. Direito Ambiental na Prática Judiciária. Monografia de Conclusão do
Curso de Direito. UnC – Caçador/2003, p. 35.
89
WOLF, Op. cit., p. 184-187.
14
Segundo Fernández, o cancerólogo Rensselaer Van Potter foi quem primeiro utilizou o termo
bioética, que aparece no título do seu livro: Bioethics: Bridge to the Future, publicado em
1971. Citando Potter, traz a definição que o mesmo apresenta como: “Puede definirse como el
estudio sistemático de la conducta humana en el área de las ciencias humanas y de la atención
sanitaria, en cuanto se examina esta conducta a la luz de valores y princípios morales”. 91
Segundo Rocha, num trabalho conjunto do filósofo Tom Beauchamp e do teólogo, James
Childress, em 1979 foram divulgados os princípios morais de bioética, destinando-se a
profissionais das áreas médicas e biológicas para reflexões sobre questões morais, compondo-
se em “respeito pela autonomia, beneficência, não-maleficência e justiça.”, contudo, a
aceitação de tais princípios não descarta a possibilidade de “discordâncias radicais quanto ao
objeto da aplicação”, isso, em vista da “problemática da abrangência”.92
São perguntas que exigem uma reconsideração das definições de morte e de indivíduo, pois
embora pareçam simples, abrangem além da ciência o direito, e toda a formação ético-moral e
religiosa do indivíduo.94
Para Garcia, o Biodireito, como ramo específico, “se desenvolverá com fundamento no direito
à vida, ampliando-se necessariamente para uma biologização do direito, algo além do
90
BARBOZA, Heloísa Helena; BARRETO, Vicente de Paulo. (Org.). Temas de Biodireito e Bioética. Rio de
Janeiro: Renovar, 2001, p. 1-3.
91
FERNÁNDEZ, Javier Gafo. 10 Palabras clave en Bioética. 2 ed., Estella (Navarra-Espanha): Editorial Verbo
Divino, 1993, p. 11.
92
ROCHA, Fernando José da. Questões Genéticas. Soluções. São Paulo: Revista USP: Dossiê – Genética e
Ética. Nº 24, Dez/Jan/Fev., 1994-1995, p. 62.
93
REINACH, Fernando. Como separar o preto do branco num gradiente de cinzas. Revista USP: Dossiê –
Genética e Ética. Nº 24, Dez/Jan/Fev., 1994-1995, p. 6-8.
94
Ibid., p. 8.
95
HIRONAKA, Giselda Maria Fernandes Novaes. Bioética e Biodireito: revolução biotecnológica,
perplexidade humana e prospectiva jurídica inquietante. Jus Navigandi, Teresina, a. 7, n. 66, jun.
2003.Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4193> Acesso em: 19 out. 2004.
96
BARBOZA; BARRETTO, 2001, p. 93.
15
meramente biológico – o direito da vida – como algo em si, suscetível de proteção por si
mesma, onde quer que se encontre”. 97
Portanto, conclui-se que em nome da proteção ao direito à vida, necessário é impor “limites
para o avanço da ciência, no campo genético, que se traduzem no respeito à vida, à dignidade,
à integridade e à individualidade de cada ser humano e este avanço deverá estar acima de
interesses mesquinhos, econômicos e científicos, porque assim estarão assegurados os valores
da pessoa humana”.99
Em artigo intitulado “O Direito como sistema de garantias”, Ferrajoli trata da crise do direito
destacando três aspectos. Aponta como primeiro aspecto a “crise da legalidade”; como
segundo, a “inadequação estrutural das formas do Estado de Direito às funções do Welfare
State, agravada pela acentuação do seu caráter seletivo e desigual, em conseqüência da crise
do Estado Social”, e, ligado à crise do Estado Social aponta o terceiro aspecto que coloca
como a “deslocação dos lugares de soberania, na alteração do sistema das fontes e, portanto,
num enfraquecimento do constitucionalismo”.108
Alerta o autor para o fato da possibilidade dessa crise do Direito “transmutar-se em crise da
democracia”, posto tratar-se, sob os aspectos que aponta, de uma crise nos princípios sob os
quais se fundamenta a soberania popular e o paradigma do Estado de Direito. A fragilização
destes possibilitaria o aparecimento de “formas neo-absolutistas de poder público, isentas de
limites”. 109
À luz dessas reflexões, garantir que sejam observados os direitos fundamentais, frente à
problemática das pesquisas na área da Biotecnologia, mais propriamente do Projeto Genoma,
consiste observar o que o indivíduo vem conquistando ao longo da história.
A afirmação de Nader apontando que “o direito está em função da vida social”, dá como norte
o direito como “fenômeno de adaptação social”, mostrando a condição de importância que se
lhe atribui, abrangente ao operador jurídico na manutenção dos direitos fundamentais do
indivíduo.110
Um direito que tem como meta promover o “bem comum”, aí implicando “justiça, segurança,
bem estar e progresso”, se vê hodiernamente envolto em questões controversas e de difícil
104
GARCIA, 2004, p. 90-91.
105
TEIXEIRA, Op. cit., p. 94-95.
106
GARCIA, Op. cit., p. 39-40.
107
Ibid., p. 40.
108
FERRAJOLI, Luigi. O Direito como sistema de garantias. In: OLIVEIRA JÚNIOR, José Alcebíades de.
(Org.). O Novo em Direito e Política. Porto Alegre: Livraria do Advogado. 1997, p. 89-90.
109
Ibid, p. 91.
110
NADER, 2000, p. 25.
17
À garantia de direitos inerentes ao indivíduo, conforme Perelman, “[...] impõe-se, [...] que não
somente textos os proclamem, mas que instituições, regras de procedimento e homens,
animados pelas mesmas tradições e pelas mesmas culturas, sejam incumbidos de aplicá-los e
de protegê-los”. 112
Perelman, ao considerar que cabe ao Estado a garantia efetiva desses direitos e que isso de
certa forma aumenta o poder do Estado, constituindo um risco em vista da possibilidade de
que abusos aconteçam, pondera a necessidade de “dar preeminência a um poder judiciário
independente”, afirmando ainda que estabelecer e garantir os “direitos do homem” presume
“um sistema de direito positivo, com suas regras e seus juízes”.113
Nesse norte, busque-se o que Ferrajoli considera como “papel de garantia do Direito”,
segundo coloca, possível em vista da “complexidade da sua estrutura formal”, que tem base
positivista e também sujeita-se ao direito, “característica específica do Estado Constitucional
de Direito, onde a própria produção jurídica é disciplinada por normas, já não apenas formais,
como também substanciais, de Direito positivo”.114
O que foi observado ao longo da história da humanidade nas sociedades, enfrenta novos
padrões ético-morais, impostos por conta do desenvolvimento da atividade científica em
proporções inimagináveis. Impõe-se à sociedade a necessidade premente de um novo modelo
de regulamentação.116
Portanto, uma ética de responsabilidade, se impõe como meio quando se pretende a defesa de
direitos fundamentais como o direito à vida, à liberdade.118
111
Ibid, p. 27.
112
PERELMAN, 2000, p. 403.
113
Ibid, p. 404.
114
FERRAJOLI, In: OLIVEIRA JÚNIOR. (Org.), 1997, p. 93.
115
GARCIA, 2004, p. 218-219.
116
Ibid, p. 244-246.
117
TEIXEIRA, 2000, p. 73.
118
GARCIA, 2004, p. 260.
18
Contudo, para que mudanças sejam efetivadas, é preciso a conscientização do cidadão, com
vistas a participar, a exercer plenamente sua cidadania. No caso da sociedade brasileira, a
“ausência da noção de cidadania” se mostra perceptível na grande massa da população, o que
demonstra a necessidade de atuação do Poder Público no sentido de informar ou seja,
demonstrar à população a “concepção pedagógica da noção de cidadania”.122
Com efeito, observa Fernandes: “Se os direitos humanos não se restringem à proteção da
integridade física, mas envolvem toda a condição de sobrevivência digna do ser humano,
forçoso é concluir que o despertar da cidadania eleva o indivíduo à condição de partícipe da
defesa de seus próprios direitos, e os informará, também, dos limites de seus deveres e
responsabilidade”.123
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A evolução da sociedade propiciou uma evolução dos direitos, que Bobbio apresenta em
gerações. Idéia também seguida por alguns dos autores pesquisados.
119
BITTAR, 2002, p. 379.
120
TAVARES, 2000, p. 164-166.
121
Ibid, p. 165-166.
122
FERNANDES, Eliseu. Ética, globalização e direitos humanos. Cidadania e Justiça,. Revista da Associação
dos Magistrados Brasileiros: AMB. Ano 5/ nº 12- 2º semestre/2002, p. 16.
123
Ibid., p. 16.
19
Repensar certas práticas até então adotadas, ou adotar outras, talvez simples como a
reciclagem, são soluções apontadas por Peter Singer como meios de solução. Constituem-se
em uma ética nova.
Contudo, garantir direitos quando a discussão está em torno de temas como fertilização in
vitro e reprodução assistida, morte encefálica, transplante de órgãos, redesignação do estado
sexual, clonagem, etc., não se mostra tarefa fácil e nem de consenso, estando a humanidade
longe de normas que de forma geral assegurem os seus direitos.
Na conclusão deste trabalho permanece a convicção de que Ética e Direito estão entrelaçados
e são a base na construção da justiça social. Uma ética de responsabilidade se faz necessária.
Amparada na convicção de que cabe a cada ser humano, e em especial, aos operadores do
direito e poderes estatuídos, a luta por uma vida em que o respeito pela dignidade da pessoa
humana é garantida, nisso estando inclusos o direito ao trabalho, alimentação, moradia, saúde
e meio ambiente conservado e saudável.
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