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Autor: Ìyáwo Fernanda da Òsun

O VESTUÁRIO DOS REIS AFRICANOS

Os reis das terras yorùbá, podem reivindicar a presença direta de seus deuses
como por exemplo o precursor da dinastia yorùbá, Oduduwá, o deus do trovão,
Sàngó e o deus da agricultura, Oko, pois ambos estão unidos à antiga realeza dos
povos yorùbá em suas origens e mitos.
Oduduwá quando fundou a cidade de Ilé Ifé, fez com que seus filhos e
seguidores fundassem outros reinos em terras africanas, Oduduwá impôs que eles
seguissem seus costumes conforme os ensinamentos de sua cultura persa.
Algumas regalias só são permitidas para serem usadas em alguns ritos sagrados e
é um padrão advindo da soberania em todo tipo de cultura antiga que se expressa
na monarquia. E para tal evocação, estes reis e sua corte devem estar
paramentados de acordo para prestigiarem e ofertarem presentes para aquela
ilustre presença espiritual. Para o rei que é o responsável pelo seu povo, não basta
só estar usando uma coroa cônica de contas e manipular o Irukere feito do extenso
rabo de cavalo bordado de contas, mais sim deve estar vestido como se fosse
aquele soberano que será convidado a participar de seu povo aqui no Àiyé em suas
prerrogativas reais.
Os reis que estão associados com a ancestralidade que lhes dão o direito de
reivindicar a realeza, geralmente são os mais ricos e retêm em sua família
simbolismos que o identificam para os demais reinos vizinhos, possuem um corpo
de especialistas para bordar contas em seus artigos de vestuário reais. Estes
elementos do vestuário real também são usados pelos sacerdotes e devotos
diretos dos deuses, isto em geral acontece mais com as famílias dos antigos
grandes reinos yorùbá.
A confecção destas roupas e paramentas tem algo especial e bem curioso, existe
um entrelace de bordados de contas são típicos aos padrões da face fronteiriça com
marcas étnicas debaixo dos olhos e um pássaro minúsculo. Isto mantém o padrão
do simbolismo de liderança, autoridade real eterna ou interminável. Em alguns
reinos vizinhos é representado como duas cobras mordendo ou comendo uma a
outra.
O padrão de bordados em forma de triângulos, provê tensão visual e
movimentos reforçados alternando as cores em alguns objetos, uma colocação
assimétrica encantadora. Mas estas formas não são só por uma afinidade estética,
este desenho é semelhante ao que compõe a parte de trás da cabeça da víbora de
Gabão, uma cobra africana muito bonita mas muito venenosa que o deus do ferro e
da guerra, Ògún, pode levar entrelaçada em seus braços e seus devotos usarem
esta paramenta sem medo.
A face resumida que é bordada livremente em muitos artigos de vestuário reais
pode recorrer a Oduduwá, antepassado de todos os reis de yorùbá, para Èsù, o
mensageiro dos deuses e o inventor do artesanato de contas para simbolizar sua
riqueza. A associação dos pássaros em particular, representa algumas afinidades e
como aquele soberano deve proceder em seu reinado, um exemplo disto é o
pássaro chamado Okin, que é minúsculo e totalmente branco com um rabo longo
que o distingue como o rei de pássaros. Um outro pássaro que esta presente nas
paramentas como o Opa (cajados), é o Orere, que seu simbolismo se associa com a
adivinhação, à medicina e a feitiçaria. Sendo assim então, tanto o soberano, o
adivinho e o botânico devem poder incorporar os poderes aparentemente
contraditórios da destruição, cura e harmonia em sua ordem de controle e
manipulação do reino.

Fonte de Pesquisa:
Artigos sobre Simbolismo Africano
Indiana University Press
Bloomington - IN

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