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Andréa Penteado De Menezes

Arte e Educação

O QUE É MODERNISMO NO BRASIL?

Quando falamos em artes plásticas, “Modernismo” é um


movimento de Arte que se inicia na Europa, no Século XX.

Ao final do século XVIII, alguns artistas começam a romper os


cânones academicistas da Escola Barroca e já no Século XIX, Paul
Cézanne rompe definitivamente com as regras clássicas de composição e
redefine a utilização das cores nas artes plásticas.

Cézanne estuda a impressão que a luz causa à retina e como


representá-la. O jovem pintor consegue a adesão de um renomeado artista
acadêmico que apóia seus estudos, conferindo-lhes status, Renoir. A
partir daí, surge o “Impressionismo”, representado magnificamente por
Monet, entre outros.

Na virada do Século XIX para o Século XX, a nova geração de


artistas que se forma na Europa, já está influenciada pela nova escola e
investigando possibilidades de acompanhar a modernização do mundo.
Na verdade, o Impressionismo vem atender à necessidade de mudar-se o
“ponto de vista” já ultrapassado, diante de um mundo em plena mutação.

Neste período, a Europa atinge diversidade de organização política


e social, ao mesmo tempo em que o Velho Regime ressurge como
ameaça, perante a atitude Napoleônica.

Simultaneamente, o capitalismo selvagem avança principalmente


na Inglaterra e, em paralelo, o Movimento Bolchevique ganha volume na
Rússia.

Por fim, o término da Primeira Guerra Mundial encerra uma época


não só política e econômica mundial, mas também do modo de vida e das
artes, no ocidente. Velhas estruturas e cânones (definidos desde o
período barroco, nos séculos XVII e XVIII) que haviam norteado os
“gostos artísticos”, perdiam a razão de ser diante da pluralidade cultural
do mundo moderno.

Além dos diferentes sistemas políticos e econômicos que se


desenhavam; a psicologia aparecia como ciência introduzindo
fundamento à liberdade individual; as mulheres assumiam novos papéis
na sociedade e as chamadas Vanguardas surgiam nas artes plásticas, na
literatura, na música e no teatro. O cinema torna-se Primeira Arte para as
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massas. E o próprio conceito de massa torna-se amplo. Enfim: o Mundo


começava a tornar-se a “Aldeia Global” que hoje somos.

A principal característica do Século XX é provavelmente a


pluralidade. Onde, até o final do Século XIX temos tendências sociais,
culturais e políticas que se sucedem por toda a Europa; a partir do Século
XX teremos uma simultaneidade de tendências paralelas.

Surgem uma série de “escolas” que se perpetuam ao longo deste


século posicionando-se como atitudes individuais perante o mundo.
Assim temos o Futurismo, Cubismo; Expressionismo; Fovismo,
Dadaísmo; Concretivismo; Surrealismo; Realismo; etc, etc, etc.

Como que em atitude de respeito à recém descoberta possibilidade


de “individualismo”, nosso século está marcado pela resistência a
qualquer tipo de cânone imposto desde fora e pela liberdade de expressão.

1.INÍCIO DO MODERNISMO BRASILEIRO.

A intelectualidade brasileira, principalmente a geração jovem que


começava a firmar-se entre 1900/1910, sentia necessidade de
corresponder às exigências dos novos tempos, renegando os modelos
arcaicos e simultaneamente libertando, de uma vez por todas, nossa
criação artística dos padrões europeus.

Até o início do Século XX, as novas escolas que se formavam na


Europa (pós-impressionistas, expressionistas, fauves, cubistas, etc) eram
totalmente ignoradas no Brasil que seguia ainda os modelos clássicos e
ultrapassados de ateliês como os de Horace Vernet, Cabanel, Vollon, etc.
A produção artística, estabelecida principalmente no Rio de Janeiro
(então Capital), esforçava-se em atender às oligarquias conservadoras.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1914), o envio de


soldados brasileiros à Itália e o avanço do Movimento Bolchevique, na
Rússia (1917), o medo iminente das elites dominadoras (e conservadoras)
perante um regime comunista, promove uma campanha de valorização da
cultura nacional junto às massas. Além disto, o rápido crescimento
industrial durante a Guerra exige uma nova concepção de cidade, mais
moderna e que acompanhe o novo ritmo mundial. Começava-se a
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substituir em São Paulo, por exemplo, antigos casarões de fazendeiros por


ruas calçadas e pavimentadas, prédios sólidos e construções de porte.

No início do século, a arquitetura nacional inicia um movimento


que iremos chamar “Neocolonial”, apoiado nas Belas Artes que está
acontecendo na França, investido de características brasileiras como os
grandes avarandados, o uso de madeira, espaços amplos e simples. Logo
mais tarde, mesclou-se à tendência, as inovações do “Art Noveau”.

Do período temos arquitetos como Ekman, Vitor Dubugras e


Przirembel.

A Arquitetura inicia um amplo movimento de nacionalização de


nossa produção artística e irá abrir a possibilidade de destacar os novos
artistas de peso, como Victor Brecheret, Anita Malfatti, Di Cavalcanti,
Tarsila do Amaral, John Graz, Oswald e Mario de Andrade, entre outros
que reunidos na primeira década deste século formarão o “Movimento de
Arte Moderna” em nosso país.

3. COMO CHEGAMOS À ANTROPOFAGIA

A este clima de ebulição cultural, vem unir-se um fator de


importância, particularmente às Artes Plásticas: a primeira exposição de
Anita Malfatti, em 1914, de fortes tendências expressionistas; após
retornar de sua viagem de estudos à Alemanha, onde conheceu as novas
vanguardas européias. Mais tarde, em 1917, em sua segunda exposição
causou imenso escândalo pela modernidade de sua obra; sendo
violentamente atacada por uma crítica de Monteiro Lobato no Jornal O
Estado de São Paulo; intitulada: “Paranóia ou Mistificação?”. Este
incidente iria afetar, em definitivo, a carreira da artista, que não
conseguiu superar as críticas a seu trabalho.

Tal ofensiva, por parte das elites intelectualmente conservadoras,


levou os jovens artistas a uma união. Mario e Oswald de Andrade
aproximam-se de Anita, e também Guilherme de Almeida, Di Cavalcanti,
Brecheret, John Graz, Menotti del Picchia.

Em 1922, o grupo, chamados Futuristas pela crítica, unidos de


outros artistas, montaram a Semana de Arte Moderna de São Paulo; no
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Teatro Municipal que firmou as novas vanguardas em nosso país, além de


fixar em São Paulo tendências artísticas, até então, oriundas apenas do
Rio.
Em 26, Tarsila casou-se com Oswald de Andrade. A artista tinha já
quase quarenta anos e uma carreira iniciada na Europa quando, segundo
seus próprios relatos, quis realizar uma obra que impressionasse a
Oswald. Pintou, então, o Abaporu tendo por única intenção algo que fosse
estranho e monstruoso. Num dicionário tupi-guarany, tirou o nome que
significava “antropófago”; afirmando ainda mais sua intenção de chocar.

Oswald, ficou encantado com o trabalho e chamou Raul Bopp,


marchand conhecido da época; a sua casa. Ambos concordavam em que o
trabalho era uma nova vanguarda e Oswald lança o conceito de
Antropofagia na revista de mesmo nome, em sua primeira edição, de
1928.

O escritor tinha a intenção de que o “Antropofagismo” viesse a


tornar-se um movimento de amplitude nacional, o que nunca chegou a
acontecer. De qualquer modo, quando observamos o “movimento” sob a
ótica do modernismo que aceita a pluralidade de manifestações e
conceitos; podemos admitir a idéia de “antropofagia” como algo amplo e
simbólico “comer outro ser humano”, e aplicá-la a diversos artistas, da
época, antecessores e contemporâneos.
Andréa Penteado De Menezes
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4. ARTISTAS SIGNIFICATIVOS

TARSILA DO AMARAL (1886-1973)


Estudou pintura com Lerger, na França, onde iniciou sua carreira.
A pedido de Oswald de Andrade, retorna ao Brasil e acaba por casar-se
com o escritor de Macunaíma em 26.
Após realizar a tela Abaporu, desenvolve uma série de trabalhos de
sucesso internacional que resultam no Antropofagismo. Conceituando a
obra, junto ao marido, antropofagia é a possibilidade de mesclarem-se
diversas culturas num só miscigenação, típica no Brasil. Há também a
crítica, embutida, que vê o brasileiro desvalorizar sua própria cultura em
benefício de assimilar culturas estrangeiras.
Seu trabalho, extremamente simbólico e sensual faz várias
referências imagéticas à energia da libido, trabalhando sempre em cima
de tradições brasileiras facilmente reconhecíveis em sua obra.

ALFREDO VOLPI (1896-1988)

Nascido na Itália, em Lucca, veio para o Brasil com a família aos


dezoito meses e é reconhecido como grande artista brasileiro do século
XX. Volpi tem origem popular e é possível reconhecer em seu trabalho
origens caipiras e tipicamente regionalistas de nosso país, como as vistas
de morros e, principalmente as bandeirinhas.
Seu trabalho segue paulatinamente a trilha que o leva à total
abstração geométrica, onde resume visualmente o país às cores e
triângulos.

HÉLIO OITICICA (1937-1980)

“O q eu faço é música”.
Hélio Oiticica trabalha sobre tudo os ritmos. Através da
composição fortemente influenciada pela arte construtivista, através da
cor que se repete de modo, igualmente, rítmico.
Seu trabalho de Parangolés é internacionalmente reconhecido; são
instalações-ambiente de onde pendem tecidos que revestem corpos com
cores.
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CILDO MEIRELES (n. 1948)

Dos mais importantes artistas brasileiros contemporâneos. Trabalha


intensamente dimensões da cor, seja em pinturas ou em suas instalações.
A instalação Desvio para o Vermelho, exposta na Bienal, permite
explorar a violência e o drama; além de demonstrar a franca habilidade do
artista em trabalhar com o monocromático.
A obra foi projetada em 1960 e exposta uma vez no Rio e outra em
São Paulo, mantendo-se, praticamente inédita, até então.

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