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Boletim da Corrente Proletária Dos Eletrecitários do Partido Opererário Revolucionário - Nº 05 - Outubro de 2009

Editorial

Os Trabalhadores Sabem
Que é Preciso Lutar
Com o objetivo de alcançar reajustes salariais e o atendimento de suas reivindicações, várias cate-
gorias de trabalhadores decidiram entrar em greve neste segundo semestre. Dentre elas os metalúrgi-
cos da General Motors de São Caetano do Sul e São José dos Campos. Greves dos metalúrgicos
ocorreram em montadoras no ABC paulista, Taubaté e Paraná. Após várias negociações e audiências
no TRT, os metalúrgicos conseguiram reajustes salariais diferenciados. Isto ocorreu em função da po-
lítica adotada pela burocracia sindical de negociar por setor ou fábrica.
Os Bancários entraram em greve por tempo indeterminado em todo o país por causa do impasse na
campanha salarial, onde os trabalhadores recusaram a proposta da Fenaban (federação dos bancos)
de reajuste salarial de 4,5% para repor a inflação e o parcelamento da participação nos lucros e resulta-
dos. Os bancários reivindicam 10% de reajuste salarial, mais 5% de aumento real, participação nos lu-
cros de três salários, mais fixo de R$3.850,00.
Os trabalhadores dos Correios também entraram em greve por tempo indeterminado e consegui-
ram arrancar um reajuste salarial de 9%, mais R$100,00 de abono. No ano passando a categoria tam-
bém saiu vitoriosa da campanha salarial, obtendo o atendimento de várias reivindicações.
Em São Paulo, até os guardas-civis metropolitanos e os garis decidiram cruzar os braços no final de agos-
to e ameaçam entrar em greve novamente, caso não tenham suas reivindicações atendidas pelo prefeito.
Estes são apenas alguns exemplos de como os trabalhadores de todo o país estão se mobilizando
por suas reivindicações e demonstrando que a greve é o método de ação próprio dos trabalhadores.
Apesar da fragmentação do movimento o que notamos é uma vontade grande por parte dos operá-
rios em luitar pela manuternção do emprego e de condições dignas de vida para suas familias.
A divisão do movimento em uma série de centrais sindicais. E pior que isso o isolamento das lutas
por fábrica fez com que não obtivessem resultados melhores. A política da burocracia sindical encas-
telada nas várias centrais de apoío a política economica do governo Lula tem levado os sindicados a se
estatizarem, isto é, ser correia de transmição da política governamental, que não é outra coisa da polí-
tica patronal, principalmente das multinacional como é o caso da AES.

Balanço da Campanha dos


Eletricitários
A campanha salarial dos Eletricitários de São Foi colocada em regime de votação com a as-
Paulo começou em 1º de maio com a entrega da sembléia rejeitando a proposta de imediato. Aí a
pauta de reivindicações AES Eletropaulo, foram burocracia entra em ação para manobrar, separan-
feitas seis rodadas de negociação com a patronal. do a pauta das reivindicações econômicas do per-
Com a empresa impondo uma proposta final de centual de redução do quadro de trabalhadores de
reajuste de 6,35% para a correção dos salários e 10% 3,5%, após várias manobras a burocracia conse-
no vale alimentação que passou de R$ 90,00 para R$ guiu aprovar o fim da campanha salarial de 2009.
100,00 e no vale refeição de R$ 395,00 para R$ 436,00. A classe sai insatisfeita e derrotada pelas ma-
Na assembléia de 18 de agosto a burocracia do nobras. É preciso construir uma organização de
sindicato manobrou para a aprovação da propos- base setor por setor para as próximas lutas. Como
ta apresentada e defendida por eles. fazer? Esse é o desafio dos eletricitários.
Organizar todos os Eletricitários
Os trabalhadores das empresas contratadas mobilizações que ocorreram em muitas empresas
passaram recentemente a fazer parte da base ele- terceirizadas e que culminou com a assembléia
tricitária, são quase 7 mil trabalhadores, brutal- de 27/08.
mente explorados pelas empresas terceirizadas. Mas infelizmente na assembléia não se pode
Com salário extremamente baixo e sem muitas organizar formas de lutas conjuntas para resolver
das conquistas das demais empresas do setor. os problemas.
Devemos iniciar uma luta conjunta para modi- A divisão é nosso pior inimigo agora. Tanto os
ficar essa situação. trabalhadores das terceirizadas como da AES
Os companheiros já entram sabendo das difi- precisam se organizar de forma imediata para en-
culdades que teremos de enfrentar, basta ver as frentar as pressões da patronal.

Campanha Salarial Metalúrgica.


Lições a Serem Aprendidas
No início de setembro, os metalúrgicos da Volk- acordo de 6,55%. Assim, retirou as montadoras da
swagen-Audi e Renault-Nissan, de São José dos Pi- greve e isolou os operários das autopeças. Por outro
nhais, Paraná, deram início as greves operárias. lado, enfraqueceu a resistência dos metalúrgicos do
Depois do brutal ataque dos capitalistas, que apro- Paraná, interior de São Paulo e São Caetano que não
veitaram a crise econômica para demitir e impor re- aceitavam apenas 2% de aumento salarial. Em José
dução salarial, os trabalhadores saíram à luta dos Campos, a Conlutas fechou o acordo de 8,3%, ar-
demonstrando que esse é o único caminho de defe- bitrado pela Justiça do Trabalho. No Paraná, a Rena-
sa contra a exploração e o desemprego. ult concebeu 8,62%. No ABC, os trabalhadores da
Em seguida, o sindicato metalúrgico do ABC não indústria de autopeças mantiveram a greve, mas a
teve outra alternativa senão convocar assembléias. Os burocracia sindical a foi esvaziando com acordos em
patrões se mostraram inflexíveis em aplicar apenas o separado, aceitos por grandes empresas, como a
índice inflacionário. Mais de 5 mil metalúrgicos reu- Mahle-Metal Leve, Sachs, Detroit e Faparmas.
nidos rechaçaram a proposta salarial das montadoras A Força Sindical e a Conlutas defenderam o índi-
e das autopeças. No dia 10 de setembro, começaram ce de 14,65%, frente a inflação oficial de 4,65%. A
as paralisações na Mercedes, Scania, Ford, Mah- CUT não apresentou índice, com o argumento de
le-Metal e outras fábricas. Em José dos Campos, a Ge- que este sairia da mesa de negociação. Tornou-se
neral Motors foi paralisada por 24 horas. uma prática comum não mostrar aos operários o
O movimento não se limitou a capital e a Grande São quanto tem perdido no acumulado dos últimos
Paulo. Além da região do Vale do Paraíba, a Honda foi anos. O reajuste máximo de 8,62% ficou longe da re-
paralisada em Sumaré e a Toyota em Indaiatuba. ivindicação e muito mais ainda os 6,55%, obtidos
As greves e manifestações convocadas pela pelo movimento do ABC.
Força Sindical, CUT e Conlutas foram acatadas A unidade grevista dos metalúrgicos daria força
pelos metalúrgicos num sinal de que estavam para arrancar do patronato uma parte da brutal ex-
dispostos a defender os salários. Os capitalistas ploração a que os metalúrgicos vêm sendo submeti-
viram que não se tratava de reivindicações isola- dos. A divisão imposta pela burocracia sindical
das. Bastou os sindicatos acenarem com as mobi- impossibilitou não só potenciar a luta para maior
lizações para que os operários aderissem. conquista como também limitou a capacidade da
Evidenciou-se uma tendência geral de luta. greve de influenciar a classe operária em todo o
Tratava-se de dar unidade às greves. No entanto, país a sair em defesa de sua existência. É preciso
os patrões puderam manobrar o movimento, uma ainda denunciar o fato de não se ter colocado a rei-
vez que os dirigentes sindicais da CUT e da Força não vindicação de fim do desemprego, reconquista dos
estavam dispostos a travar o mesmo combate. O sin- postos de trabalho destruídos e emprego a todos
dicato metalúrgico do ABC se apressou em fechar um por meio da escala móvel das horas de trabalho.

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