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Mudanças científicas e técnicas, cada vez mais concentradas nos grandes grupos
detentores do capital, impõem os seus interesses Frente às exigências socioeconômicas,
políticas e culturais impostas por uma sociedade célere em mudanças Diante dessa
realidade, inquietações sociais se manifestam buscando adequar-se às circunstâncias e
responder à sede tecnológica que tem se apresentado como base de sustentação
econômica no processo de desenvolvimento global.
O estado como agente regulamentador de políticas sociais. O contexto histórico meios
de organização e gestão do trabalho e da produção fundamentada na lógica da
racionalização Científica trouxe as especializações das profissões.
A reorganização dos Sistemas Produtivos novos desafios na inserção no mundo do
trabalho a Educação Profissional uma prática social mediadora do processo de
qualificação atendam aos desígnios da Globalização e da produção flexível. A
hegemonia vinculados ao capital subordina a educação às necessidades do setor
produtivo como interlocutor na definição dos cursos das habilidades e competências a
serem inseridas e desenvolvidas no currículo do ensino médio Profissionalizante.
Inclusão do trabalhador dar-se- a por programas pontuais pretensamente inclusivas,
sem o rompimento com a lógica da marginalização e da convivência com o trabalho
precário.
- Delimitação e Justificativa do Problema
A educação de Jovens E Adultos (EJA) historicamente de contingente
siginificativo de indivíduos expropriados da educação formal. Nesse contexto
socioeconômico e, como produto do mesmo, convém analisar o lugar que é dado ao
Educação Profissional jovem e adultos visando a uma transformação social positiva na
vida desses discentes, promovendo a emancipação.
Portanto, este estudo tem como objetivo geral compreender a implantação e como vem
sendo desenvolvido o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a
Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos com vistas às
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ABSTRACT
LISTA DE SIGLAS
BM – Banco Mundial
BIRD – Banco Interamericano de Reconstrução para o Desenvolvimento
EJA - Educação de Jovens e Adultos
MEC – Ministério da Educação
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS
1 INTRODUÇÃO
2007, p. 27).
mostra (Paiva, 2001), estão associadas a uma política de seleção da empresa e implica
transferir a responsabilidade da não contratação ou da demissão ao trabalhador, um
trabalhador “não empregável“ é um trabalhador não formado para o emprego.
A flexibilização tem sido construída num contexto de desregulação do
mercado de trabalho, de formas espúrias de terceirização, de exploração do serviço
temporário, de crescimento vultoso do mercado informal, gerando um quadro de
precariedade do emprego. Conforme (KUENZER, 2002) a flexibilização produtiva
acontecem através das relações de trabalho, da competitividade, da produtividade, e da
racionalização dos custos. Com a conseqüente precariedade do trabalho e do contrato
social.
A educação recebida tem para o trabalhador um importante peso na
possibilidade de inserir-se no mercado de trabalho formal e de progredir nele. Esta
constatação é significativa na atualidade, quando as condições de emprego formal têm
se tornado mais instável. A flexibilização do emprego vem se dando de maneira, por
meio de recente legislação trabalhista que facilita a dispensa dos trabalhadores, assim
como, efetivamente, pelo trabalho clandestino ou no setor informal. “A terceirização do
emprego contribui, também, para a instabilidade trabalhista”. (GALLART, 2002).
Entende MANFREDI (1998) que tem sido corrente no Brasil o uso de mão-
de-obra barata e descartável. Nesse caso, a elevação da escolaridade pouco contaria para
facilitar o acesso ao trabalho. As considerações dos autores citados demonstram a
heterogeneidade das expectativas do mercado quanto ao tipo de profissional esperado.
Igualmente nos fazem lembrar da expressão utilizada por KUENZER (2000), a
polarização das competências – significando que para alguns poucos trabalhadores,
necessários para as funções mais nobres, é disponibilizada uma educação carregada de
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mais precisamente no ano de 1809, pelo Decreto de D. João VI, com a criação do
Colégio das Fábricas. A Educação Profissional tem sua origem constituída com
objetivos assistencialistas. Desta forma, previa a mínima escolarização, sem oportunizar
ao aluno o conhecimento científico atrelado à técnica. Entre os séculos XIX e XX tem
início uma mobilização pública para organização da formação profissional, adicionando
ao caráter assistencialista a preparação de operários para o incipiente processo de
industrialização e de modernização do país. A respeito Moura (2007) destaca:
4.024/61). Essa lei envolveu todos os níveis e modalidades de ensino dando plena
equivalência entre todos os cursos do mesmo nível, sem necessitar de adaptação.
Formalmente coloca um fim à dualidade do ensino, entretanto, na prática, a legitima.
A equivalência entre o ensino secundário e técnico veio a ser estabelecida primeiro, nos
anos de 1950, com as Leis de Equivalência. Segundo (SINGER, 1989), enquanto o país
viveu um período de recuperação da “recessão calculada" de 1962 a 1967, à oferta do
ensino secundário não apresentou problemas para a burocracia estatal. Mas já a partir de
1964 e especialmente no período do chamado “milagre econômico” (1968 a 1973), a
formação profissional passa a assumir um importante papel no campo das mediações da
prática educativa, no sentido de responder às condições gerais da produção capitalista.
No âmbito dos setores produtivos a regulamentação da profissão de técnico de nível
médio, em 1968, configurou seu papel político como porta-voz e intermediário entre os
operários não qualificados e o escalão superior, como representante dos que controlam o
poder político e econômico.
Acordos assinados pelo governo brasileiro com a USAID (United States
Aid International Development), demonstravam a intenção de se ampliar ao máximo às
matrículas nos cursos técnicos e de promover uma formação de mão-de-obra acelerada
e, nos moldes exigidos pela divisão internacional do trabalho. Com o aumento da
procura de empregos, acarretada, inclusive, pela rápida urbanização, os empregadores
passaram a exigir o nível de escolaridade cada vez maior como modo de seleção
preliminar. Com isso, cresceu também a demanda pelo ensino superior, cuja pressão
levou à reforma universitária realizada em 1968.
Em 1971, foi aprovada a reforma da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, pela lei n° 5.692. Por um lado, esta lei reestruturou a organização escolar
apresentada na lei n° 4.024/61, por outro lado, desencadeou a ruptura da estrutura
escolar vigente, promovendo uma formação técnico-profissionalizante no 2° grau, tendo
como metas: amenizar a defasagem entre educação e trabalho; aumentar a oferta de
profissionais técnicos e conter o ingresso em cursos superiores. Pois, a formação
profissional desobrigaria os jovens a se candidatarem aos cursos superiores.
A Lei n. 5.692/71 surgiu, então, com um duplo propósito: o de atender à
demanda por técnicos de nível médio e o de conter a pressão sobre o ensino superior. O
discurso utilizado para sustentar o caráter e manifesto na formação de técnicos,
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Nele se observam os estreitos vínculos entre as estratégias traçadas pelo Banco para
suas ações financeiras no Brasil e as políticas públicas empreendidas pelo Estado
brasileiro tanto na esfera central, como nos estados e municípios.
Enquanto a capacidade do Ministério da Educação se restringe a
financiar a manutenção e o desenvolvimento das instituições federais, prolifera um
conjunto de programas, projetos e atividades de formação e qualificação profissionais
geralmente desarticulados e fragmentados. Sendo assim, a educação profissional no
Brasil está sendo financiada por três grandes fontes e programas: 1) Os recursos do
Fundo do Amparo do Trabalhador (FAT aproximadamente R$ 146,9 milhões), através
do desenvolvimento do Plano Nacional de Qualificação (PNQ), contemplando uma
experiência de representação e gestão tripartite através da participação do governo, dos
empresários e dos trabalhadores; 2) Com recursos do MEC/BID/BM, para a aplicação
no Programa de Expansão da Educação Profissional (PROEP – aproximadamente R$
64,8 milhões), gerenciado pela SETEC/MEC, através de Comitês e sem a representação
dos segmentos financiados e interessados; 3) Com os recursos recolhidos e repassados
ao Sistema “S” (aproximadamente R$ 3,04 bilhões, entretanto, este é o valor que sofre
maior variação anual), o de maior volume de todos, gerenciados exclusivamente pelo
setor empregador. Fontes: (MEC/SETEC – Fontes de Financiamento da Educação
Profissional, nov. 2004).
O PROEP foi criado para ser desenvolvido no Brasil no período de 1997 a 2003. Visava implementar a
reforma no ensino profissionalizante, em consonância com o modelo proposto pelo BIRD. A adesão rápida a
tal modelo era uma condição para que as escolas obtivessem recursos financeiros para melhorar a infra-
estrutura, equipamentos, bem como para a capacitação de pessoal, adequação e atualização de currículos.
O financiamento da educação profissional e tecnológica tem como
conseqüência à oferta desarticulada e insuficiente da modalidade de ensino. No âmbito
federal, a oferta se manteve através da rede federal de educação tecnológica, que, não
obstante a sua qualidade e tradição centenária passaram por um longo período de
estagnação. No âmbito estadual, a oferta é reduzida, comparada à demanda. No âmbito
municipal, são poucos os municípios que destinam recursos orçamentários à
manutenção da educação profissional e tecnológica, pois essa não pode ser financiada
com a parcela mínima que, por lei, é dedicada a educação fundamental. No sentido de
solucionar as questões relativas às fontes financiadoras da educação profissional e
tecnológica, e coesão das ações, foi criado o Fundo de Desenvolvimento do Ensino
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III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico.
§ 1º A articulação entre a educação profissional técnica de nível médio e o ensino médio
dar-se-á de forma:
I - Integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental, sendo
o curso planejado de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional técnica de nível
médio, na mesma instituição de ensino, contando com matrícula única para cada aluno;
II - Concomitante oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino fundamental
ou esteja cursando o ensino médio, na qual a complementaridade entre a educação
profissional técnica de nível médio, e o ensino médio pressupõe a existência de
matrículas distintas para cada curso, podendo ocorrer: a) na mesma instituição de
ensino, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; b) em instituições
de ensino distintas, aproveitando-se as oportunidades educacionais disponíveis; c) em
instituições de ensino distintas, mediante convênios de intercomplementaridade,
visando o planejamento e o desenvolvimento de projetos pedagógicos unificados;
III - Subsequente oferecida somente a quem já tenha concluído o ensino médio.
§ 2º Na hipótese prevista no inciso I do § 1º, a instituição de ensino deverá, observado o
inciso I do art. 24 da Lei nº9394, de 1996, e as diretrizes curriculares nacionais para a
educação profissional técnica de nível médio, ampliar a carga horária total do curso, a
fim de assegurar, simultaneamente, o cumprimento das finalidades estabelecidas para a
formação geral e as condições de preparação para o exercício de profissões técnicas.
Pode-se constatar que o novo decreto contempla o relacionamento entre
o ensino médio e a educação profissional de nível técnico já existente na reforma
anterior. Nas formas subseqüente e concomitante, inclui mais uma possibilidade: a
forma integrada (Inciso 1º do Artigo 4º).
Art. 5º Os cursos de educação profissional tecnológica de graduação e pós-
graduação organizar-se-ão, no que concerne aos objetivos, características e duração, de
acordo com as diretrizes curriculares nacionais definidas pelo Conselho Nacional de
Educação.
No entendimento de RODRIGUES (2005), o artigo 5º, mais uma vez, ratifica
uma indeterminação conceitual, o que para ele representa um aspecto grave já que se
trata de um decreto que tem por finalidade prover regulamentos a Lei Diretrizes e Bases
da Educação Nacional.
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Nacionais definidas pelo Conselho Nacional de Educação não deverão ser substituídas.
Elas não perderam sua validade e eficácia, uma vez que regulamentam dispositivos da LDB.
Em plena vigência. (Brasil. CEB/CNE. Parecer nº39/04, p. 3).
Tal como ocorre no Parecer nº. 39/2004 e na Resolução CNE nº. 01/2005, na
modalidade EJA o princípio que desarticula e/ou articula à formação geral e específica
também não é, a integração, mas sim, à independência entre elas. Em síntese,
lamentavelmente, como constatamos anteriormente, essas medidas se constituem, na
verdade, em falsos avanços, os quais, no meio de "uma ou outra alteração", mantêm
tudo como estava antes. Assim, estabelece-se uma contradição que fere a concepção de
integração concebida como indissociabilidade entre teoria e prática. Por determinação
do Conselho Nacional de Educação, com a concordância do Ministério da Educação. A
integração deve ser orientada a partir da concepção de currículo presente no Parecer nº.
16/1999 e na Resolução nº. 04/1999, os quais defendem, entre seus princípios
norteadores, à independência entre o ensino médio e a educação profissional.
FRIGOTTO, CIAVATTA e RAMOS (2005) “alertam que a manutenção da validade
das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e para a Educação
Profissional, após a edição do novo Decreto, dá continuidade à política curricular do
governo anterior, marcada pela ênfase no individualismo e na formação por
competências voltadas para a empregabilidade”. Reforça-se ainda, o viés adequacionista
da educação aos princípios neoliberais.
Segundo FRIGOTTO : “Há aqui pelo menos dois obstáculos estruturais a serem
enfrentados pela sociedade e governo. Primeiramente, modificar as diretrizes promulgadas pelo Conselho
Federal de Educação que induzem a compreensão do ensino médio a simples arranjos do Decreto n.
2.208/97, na perspectiva da articular e não do integrar e, em última instância, ao retorno do
profissionalizante da reforma, da Lei n. 5.692/71, modificada pela Lei n. 7.044/82, um adestramento
rápido com vistas ao mercado de trabalho. O segundo é quebrar a barreira de resistências das políticas
estaduais, sob as quais está a prerrogativa da oferta do ensino médio.” (FRIGOTTO, 2007, p. 1145).
Outra semelhança que se pode observar nas políticas dos Governos Fernando
Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva encontra-se na convergência das medidas,
adotadas com as estratégias traçadas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID)
e o Banco Mundial. Entre os quais se inserem à economia, à educação e, particularmente, à
educação profissional.
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Conclusão Parcial.
Para (KUENZER, 2006) “Não devemos cair numa leitura ideológica da realidade. O
desafio que se coloca é o rompimento deste círculo. Não há como professar uma crença mecânica no
poder das contradições, como se fosse possível resolver o problema da inclusão por meio da qualificação
precarizada, para uma inserção consentida que apenas atende às demandas da acumulação flexível”. O
que demanda novas leituras, propostas e práticas a partir da ampliação da participação
dos trabalhadores na formulação das políticas e na gestão dos processos, dessa forma,
para serem capazes de interferir positivamente no atendimento às necessidades dos que
vivem do trabalho. De fato o Governo Luiz Inácio Lula da Silva, representa um avanço
especificamente nesta política, mas não devemos esquecer que não há uma ruptura com
o modelo socioeconômico em que o trabalho é alienado, à vida é alienada; em que
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muitas vezes o homem é visto como máquina e sua força de trabalho como mercadoria,
sendo o trabalhador apenas um apêndice das máquinas.
As propostas de políticas públicas não se propõem efetivamente a superar as
desigualdades sociais, através de uma concepção de formação humana aliada a
mudanças estruturais, mas opta por se manter no campo de ações pontuais na tentativa
de diminuir as desigualdades sociais.
Nessa perspectiva, surge a proposição de programas que possam superar os
modelos excludentes, e que, com tal política, possa ocorrer à possibilidade de acesso e
permanência dos Jovens e Adultos no sistema escolar brasileiro. Dessa forma, espera-se
que a educação profissional não atenda unicamente às demandas do mercado de
trabalho, mas que aconteça a mediação entre, o conhecimento, o ser humano e o
trabalho.
REFE-RÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SILVA, Tomaz Tadeu da. Linhas de Escrita. 1ed, 206p. Belo Horizonte. Autêntica,
2004.
WOMACK, James; JONES, Daniel T.; ROOS, Daniel. A máquina que mudou o mundo. 4
ed. São Paulo: Campus, 1992.
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DECRETO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL. TRABALHO NECESSÁRIO, ANO 03, Nº. 03, 2005.
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HOBSBAWN, Eric. Era dos extremos: o breve Século XX: 1914-1991. São Paulo.
Companhia das Letras, 1995.