As mudanças na organização escolar introduzidas a partir das reformas educacionais,
desde 1990, desencadearam uma série de novas situações no cotidiano escolar. Tais mudanças afetaram inclusive o exercício da profissão docente. As exigências são maiores, os papéis mais difusos, mais diversificadas as estratégias de ensino e de avaliação. Manifesta-se a preocupação dos profissionais docentes com relação à qualidade da educação, com o reconhecimento da intensificação do trabalho e da precariedade financeira e, ainda, com a própria formação continuada. Os professores encontram-se acumulados de atribuições, excedente em hora e jornada de trabalho e, se vêem obrigados a dedicar mais tempo do que aquele pelo qual recebem os seus salários. As condições de trabalho alteram-se pouco, deixando-os cada vez mais expostos à crítica e, ao mesmo tempo, responsabilizando-se pelos males que atingem a escola. Existem grandes lacunas que estão cada vez mais precisando ser revistas e inovadas, mas um dos problemas que se faz relevante é uma reflexão sobre as práticas dos educadores.
Palavras-chave: Formação continuada, prática docente, gestão escolar.
Estamos num período de transição da identidade social devido a diversas
transformações que o mundo contemporâneo vem sofrendo ao longo do tempo. No entanto, o conceito de educação, suas teorias e suas práticas pedagógicas parecem estar estagnadas ou perdidas em meio a este processo. Nesse sentido, se faz necessário que os atores deste processo se mobilizem e comecem uma reflexão profunda em diversos setores da educação. __________________ ¹Graduanda do Curso de Pedagogia da FAPE2 ²Graduanda do Curso de Pedagogia da FAPE2 Atualmente, alguns professores encontram-se perdidos, sem um norte adequado para direcionar suas práticas. A função da educação perdeu o sentido, não se estabelece uma formação do profissional docente, crítica e construtiva para as novas competências, daí o risco do caos. Outro agravante diz respeito à desorganização da escola atual. Rompeu-se a hierarquia rígida presente na escola de dez anos atrás, porém, gerou-se um sentimento de perda em relação à identificação dos papéis ora desempenhados. Os professores atualmente desconhecem a quem recorrer em determinadas situações, isso gera um sentimento de relativa autonomia e auto-responsabilização, ao mesmo tempo, desconforto e abandono por se sentirem sozinhos. Gera-se a insatisfação no que se refere às normas e ordens emanadas dos gestores dos sistemas de ensino, que são consideradas distantes do contexto escolares e restritivas ao exercício da autonomia. Com isso, muitos profissionais docentes não procuram mudar suas práticas e permanecem desempenhando um papel de autoritarista e transmissores, reprodutores da cultura, sem reflexão e atitude suficiente para fazer de seus alunos, pessoas críticas, reflexivas e ativas para atuar na sociedade. No que diz respeito à formação inicial, os cursos são demasiadamente teóricos, e muitos professores não fazem uso da teoria em suas práticas. Improvisam diante de situações que deveriam ser planejadas com o uso do seu conhecimento teórico, mas, não é o que acontece na grande maioria. O professor geralmente se sente incapaz e frustrado diante de certos problemas em sala de aula. Assim, de acordo com seus ideais, valores e afetividade eles conduzem a situação, colocam todo o conhecimento já adquirido na sua formação inicial em cheque, prevalecendo o senso comum para solução de problemas dentro de sala. A capacitação não é feita de maneira suficiente para ampliar seus conhecimentos, não levam em consideração a rapidez com que as coisas estão mudando e, permanecem em suas convicções, conceitos que muitas vezes estão ultrapassados. A valorização e as condições de trabalho não facilitam este processo. Os professores são desunidos e procuram se isentar de problemas que só unidos poderiam ser solucionados, como por exemplo, as péssimas condições de trabalho e de remuneração, que desanima a procura e o engajamento nesta profissão e, os que já são profissionais, não se valorizam para cobrar da sociedade mais respeito. Frente estas situações, a saúde do trabalhador docente fica debilitada, é alto o índice de afastamento por estresse, uma vez que esses profissionais estão se auto-responsabilizando pelas falhas ocorridas na escolarização de seus alunos e por outros problemas que surgem na escola. O tempo destinado ao lazer e descanso e o espaço para criação ficam comprometidos, o que reforça cada vez mais a ideia de "homem-máquina". Os professores estão enfrentando individualmente problemas referentes à indisciplina, uso de drogas, problemas sociais, violência dos alunos, dificuldade de aprendizagem e não estão preparados para lidar com estas situações. Nessa perspectiva, algumas questões que Luckesi trata em seu artigo “Subsídios para a Organização do trabalho Docente” se faz presente e necessária para um trabalho docente inovador, competente e comprometido com as novas exigências da sociedade atual. Uma ação organizada precisa ter clareza e objetivos, portanto devem ser resgatados alguns sentidos da ação educativa, como os fins políticos e educativos da docência. O fim político da prática do educador significa assumir um trabalho que implica a construção do processo democrático da sociedade, trabalhando para que, não só, o sujeito tenha acesso à educação, mas que também permaneça no processo. No que se refere aos fins educativos, a atuação do docente deve ter como objetivo o desenvolvimento e independência do educando, para que ele possa viver democraticamente em sociedade. Para que o processo de independência ocorra, é preciso que a assimilação do conteúdo sócio-cultural produzido pela humanidade seja ativa, dessa forma, o sujeito desenvolve e faz uso social do aprendizado. Diante desses objetivos, para que o processo de ensino-aprendizagem ocorra, faz-se necessário que a relação professor/aluno, permeada pela interação, seja coerente com a posição que cada um ocupa no contexto histórico e social, sem extremismos das partes, ou seja, uma relação amistosa e permeada de respeito entre os atores. O professor deverá ter como objetivo principal investir na sua formação docente de maneira contínua e trabalhar de acordo com os princípios delineados para sua profissão, sem fugas e sem neutralidade no seu ato educativo. As práticas devem ser repensadas e reconstruídas de acordo com as novas mudanças, encolhendo aos poucos a distância que foi criada entre a realidade social e a escola. A escola deve ser lugar de diálogo, aproximação e compreensão de uma realidade onde se fala em inclusão e exclusão de diferentes, que se deve sempre respeitar a identidade e a subjetividade de cada indivíduo. Finalizando, emerge colocar em prática novas experiências para que possamos organizar tudo que conhecemos e adaptarmos às novas exigências requeridas. Mudando o rumo das perspectivas educacionais, compreendendo o processo das mudanças históricas e aderindo as transformações como parte do processo. Bibliografia
LUCKESI, Cipriano Carlos. Subsídios para a organização do trabalho docente.
DUARTE, Adriana; AUGUSTO, Maria Helena. O trabalho docente e a mudança organizacional da escola: O potencial do professor CARDOSO, Evandra. A sociedade contemporânea e as práticas educativas: Uma análise da subjetividade docente.