O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização
(conclusão – 2ª parte)
Análise dos relatórios da avaliação
externa das escolas Dezembro 2009
A formanda: Fátima Carreira
1 DREC – Turma 4 Formanda: Fátima Carreira
O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização (conclusão – 2ª parte)
Para a reflexão deste trabalho, seleccionei os relatórios de avaliação externa de três
escolas: Escola Básica Integrada da Charneca da Caparica – Junho de 2006; Escola Secundária/3 de Alberto Sampaio – Abril de 2007; Agrupamento de Escolas de Lamaçães – Janeiro de 2008.
Fiz esta escolha, tendo em conta três aspectos:
- as escolas acima referidas tiveram todas uma avaliação de muito bom e bom nos campos avaliados; - são escolas de tipologia diferente; - foram avaliadas em anos diferentes.
O relatório de avaliação externa respeitante à Escola Básica Integrada da Charneca da
Caparica faz algumas referências ao papel da biblioteca em todo o processo de avaliação, embora não dê grande relevo à sua importância. Por exemplo, o documento em análise, aponta o abandono escolar como uma das metas do Projecto Educativo a alcançar, e para tal, devem ser criadas «condições para a aquisição de competências nas literacias da informação» e definir como prioridades «trabalhar o gosto pela leitura». O dito documento refere ainda que «em áreas específicas, como a leitura, …, ou as tecnologias da informação a escola conta com um trabalho diversificado, coerente e inovador». Não se refere directamente à biblioteca, no entanto considero que este trabalho deve ser realizado em conjunto com os departamentos, áreas disciplinares implicadas e a biblioteca escolar. O mesmo relatório refere-se à biblioteca como Centro de Recursos Educativos, para o qual são conduzidos «alunos mais velhos em situação de tutoria de mais novos, …acompanhando-os em actividades no Centro de Recursos Educativos (CRE)». Acrescenta que «deve ser relevada a acção do CRE na promoção da articulação entre as diferentes componentes do currículo e na criação de elementos de transversalidade entre saberes e competências, quer no âmbito da língua portuguesa, quer no campo das ciências experimentais, por exemplo.» Aponta também que «em termos de apoios, o CRE demonstra-se um pólo de dinamização e inovação, ao contar com uma área de promoção da leitura, outra da facilitação do estudo e outra ainda de apoios personalizados». É no item respeitante à organização e gestão escolar que o papel da biblioteca se encontra mais visível, embora vista sempre como centro de recursos educativos apenas. O relatório refere-se ao «Plano de Actividades do Centro de Recursos Educativos, concebido como um eixo central na disponibilização e coordenação de um conjunto de serviços e de recursos de
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O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização (conclusão – 2ª parte) aprendizagem, organizados de acordo com os objectivos e finalidades da reorganização curricular, destinados a estimular o prazer de ler e de escrever e a desenvolver a autonomia dos alunos e outros utilizadores na consulta e produção de informação, em diferentes suportes. O seu papel na construção e consolidação de um ideário de cultura de escola assente na transversalidade e articulação das aprendizagens, e a sua abertura às ideias e aos recursos culturais exteriores, locais ou outros, são recheados de evidências». Finalmente, no mesmo item, o documento refere-se à biblioteca nestes termos: «O Centro de Recursos Educativos constitui o espaço por excelência da acessibilidade dos recursos educativos existentes, dos livros, aos jogos, aos vídeos e CDrom adquiridos ou construídos pelos alunos, ou à Internet, aberto a todos, funcionando como biblioteca, ludoteca ou estudoteca, ou como centro para apoios a necessidades específicas, para estudo acompanhado, ou para realização de projectos de pesquisa ou de trabalhos de aula. Funcionando como um eixo fundamental da actividade educativa para todos os níveis de ensino, articulando actividades específicas, ligadas ao desenvolvimento das competências de leitura e de expressão oral e escrita, com outras áreas artísticas e culturais, a sua acessibilidade decorre de uma criteriosa e criativa gestão do espaço e do tempo de utilização, bem como dos recursos humanos que apoiam esta área de serviços aberta a toda a comunidade educativa». Neste Centro de Recursos Educativos, de facto, o papel da biblioteca escolar está bem definido, ou seja, trata-se um espaço recheado de recursos úteis para os seus utilizadores, é dinâmico, faz as devidas articulações com outros profissionais da educação e apresenta-se como um eixo fundamental da actividade educativa para todos os níveis de ensino. Porém, temos consciência hoje que a biblioteca escolar é «muito mais do que isso». Analisando o relatório da avaliação externa da Escola Secundária /3 de Alberto Sampaio, verificamos que esta escola foi avaliada de muito bom em todos os parâmetros. Mas, as referências à biblioteca escolar resumem-se nas transcrições seguintes: «…a ESAS garante o funcionamento contínuo entre as 08:30 e as 24:00 horas, das diferentes valências de apoio aos alunos, tais como a biblioteca/centro de recursos»; «A escola está bem cuidada e dispõe…de uma biblioteca/centro de recursos educativos com um vasto acervo documental em diferentes suportes e equipada com vários computadores ligados à Internet»; «…a dinamização da biblioteca escolar, …a aposta firme nas tecnologias de informação (TIC), contam-se entre os múltiplos dispositivos de que a escola dispõe para o desenvolvimento de oportunidades de aprendizagem e valorização das actividades de enriquecimento curricular»; «…destacam-se alguns projectos de grande tradição que transportam a escola para lá da fronteira da sala de aula, tais como as actividades da biblioteca Manuel Monteiro» (suponho que se trata da biblioteca da escola); a biblioteca ainda aparece numa lista de clubes e projectos da escola - «Os clubes, o desporto escolar, as oficinas, a dinamização da biblioteca escolar, a inserção de projectos de valorização dos espaços verdes, a aposta firme
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O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: metodologias de operacionalização (conclusão – 2ª parte) nas TIC, contam-se entre os múltiplos dispositivos que a escola mobiliza para o desenvolvimento de oportunidades de aprendizagem e valorização das actividades de enriquecimento curricular. Salientam-se, neste âmbito, alguns projectos de grande tradição como as actividades da biblioteca Manuel Monteiro». Mais um exemplo de avaliação externa de escolas, em que a importância do papel da Biblioteca Escolar não está visível. Esta escola teve uma boa avaliação, e provavelmente o trabalho da biblioteca também se verificou muito bom, e no entanto não transparece neste documento. Quanto ao último relatório, referente ao Agrupamento de Escolas de Lamaçães – Braga, a escola sede dispõe de «uma biblioteca/centro de recurso (pequena para as necessidades da escola)», «o Agrupamento desenvolve actividades de enriquecimento curricular …um conjunto de outras actividades, designadamente através dos Clubes de Teatro/Expressão Dramática, da Biblioteca/Centro de Recursos Educativos…», «os recursos, espaços e equipamentos, designadamente, entre outros, o refeitório, os laboratórios e a biblioteca encontram-se limpos e bem organizados» e «manifestando grande abertura à inovação, o AEL procura permanentemente novas oportunidades que lhe permitam melhorar a qualidade do serviço prestado…Plano Nacional de Leitura, Rede de Bibliotecas Escolares…». Esta escola também teve uma avaliação de muito bom em todos os parâmetros, mas no que diz respeito às referências sobre a biblioteca, estas revelam-se quase nulas, e quando existem vêm sempre numa lista de enumeração de outros projectos da escola. Resumindo, nesta amostra de relatórios, a biblioteca escolar não vem, em nenhum deles, destacada de outros projectos. Sabendo que a biblioteca escolar é um pólo dinamizador da escola, devem ser-lhe dadas, como tal, a devida importância e valorização de todo o trabalho colaborativo que desenvolve não só com todas as estruturas de gestão/gestão pedagógica, como com a comunidade exterior; a biblioteca escolar participa activamente na concretização do Projecto Educativo, do Projecto Curricular de Escola e na implementação do Regulamento Interno da Escola, no sentido de levar a cabo, dentro das suas possibilidades, todos os pontos que neles se encontram, nomeadamente combater o abandono escolar, melhorar os resultados académicos, desenvolver as novas literacias e a utilização das novas tecnologias da comunicação e desenvolver nos alunos aptidões para se tornarem cidadãos responsáveis ao longo da vida.. Considero de grande importância a integração da auto-avaliação da biblioteca escolar na auto-avaliação da escola, bem como a sua avaliação na avaliação externa da mesma, tendo em conta os diferentes domínios, subdomínios e indicadores do Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas escolares.