1) O documento apresenta uma introdução ao Livro de Provérbios, discutindo sua autoria, propósito e métodos de ensino.
2) O propósito de Provérbios é fornecer orientação para a vida, ensinando sabedoria para diferentes públicos como jovens e ignorantes.
3) Os provérbios usam métodos concisos como aforismos e imagens para ensinar lições sobre como agir em diferentes situações da vida.
1) O documento apresenta uma introdução ao Livro de Provérbios, discutindo sua autoria, propósito e métodos de ensino.
2) O propósito de Provérbios é fornecer orientação para a vida, ensinando sabedoria para diferentes públicos como jovens e ignorantes.
3) Os provérbios usam métodos concisos como aforismos e imagens para ensinar lições sobre como agir em diferentes situações da vida.
1) O documento apresenta uma introdução ao Livro de Provérbios, discutindo sua autoria, propósito e métodos de ensino.
2) O propósito de Provérbios é fornecer orientação para a vida, ensinando sabedoria para diferentes públicos como jovens e ignorantes.
3) Os provérbios usam métodos concisos como aforismos e imagens para ensinar lições sobre como agir em diferentes situações da vida.
Tendo em vista a grande necessidade que temos de crescer cada vez mais e entender com maior profundidade as tantas complexidades que cercam a nossa vida, torna-se apropriado darmos ateno e gastarmos tempo para entendermos melhor no somente a nossa vida, mas tambm o nosso mundo, as pessoas, a criao e, sobretudo, o Criador.
A est o grande interesse que precisamos buscar em provrbios, conhecer melhor o Criador, o homem e o mundo. Ficamos muitas vezes to presos a fazer, trabalhar e executar, que pouco temos gastamos para aprender, estudar e refletir a respeito das maiores necessidades que temos. Infelizmente vivemos numa cultura onde no somos mais educados, nem estimulados a pensar, estudar e ler. Nosso mundo s quer saber de resultados, ao invs de procurar primeiro os princpios certos para agir, para atingir os resultados certos.
Provrbios se preocupa em ensinar como agir e reagir nas variadas circunstncias em que somos surpreendidos, mas sua maior ateno no essa, conforme as palavras de Michael V. Fox diz: O livro de Provrbios no somente sobre fazer; sobre conhecer. 1
Foquemos nossa ateno nesse estudo introdutrio, para que, com propriedade, entendamos esses ensinos e apliquemos no nosso quotidiano. Isso nos garantir mudana e transformao em muitas coisas que perceberemos o quanto somos insensatos e precipitados. Assim, estaremos mais preparados a vivermos como cidados do reino de Deus, ao mesmo tempo que nos preocupamos com nossas atividades, trabalho e famlia.
2. Autoria
O principal autor apresentado logo no incio do livro: Provrbios de Salomo, filho de Davi, o rei de Israel (Pv 1.1; tambm 10.1; 25.1). Isso se comprova na histria de Israel (1Rs 3.5-14; 4.29-34; 5.7,12; 10.3,6-9,23-25; 11.41-43). Agur, filho de Jaque, escritor do cap. 30, desconhecido em qualquer outra parte da Bblia. Provavelmente ele tenha sido um oficial da corte de Salomo. O cap. 31 clama o rei Lemuel por seu autor.
1 FOX, Michael V., Ideas of Wisdom in Proverbs 1-9, Journal of Biblical Literature, 116/4, 1997, p. 613. 2 3. Propsito do Livro
O livro de Provrbios, em sua riqueza e profundidade, traz orientao para a vida interia. Sendo uma revelao de Deus, um livro que pertence ao povo de Deus, igreja. Desse modo, a mensagem dele vem direto ao encontro do que cremos e reconhecemos como verdade. Pressupondo isso, podemos destacar 1.8,9 um esquema 2 referente a todo o livro: a) Um destinatrio: a audincia Filho meu b) Uma exortao: ouvir e atentar para o ensino ouve o ensino de teu pai e no deixes a instruo de tua me c) Uma motivao: a recompensa para quem aplicar e cumprir com essas palavras porque sero diadema de graa para a tua cabea e colares, para o teu pescoo
O propsito de Provrbios declarado nos primeiros versos, em 1.2-6:
2) O alvo :
aprender a sabedoria e o ensino para entender as palavras de inteligncia para obter o ensino do bom proceder, a justia, o juzo e a eqidade
3) O pblico alvo so trs em especial:
Os ignorantes: para dar aos simples prudncia Os jovens: e aos jovens, conhecimento e bom siso Os sbios: Oua o sbio e cresa em prudncia; e o instrudo adquira habilidade para entender provrbios e parbolas, as palavras e enigmas dos sbios.
O destinatrio de provrbios claramente especificado em sua introduo, o que mostra a preocupao de Salomo em regulamentar a mente e a conduta do povo de Deus. A inteno primria de provrbios ensinar como agir e o que falar no contexto certo e no momento adequado. Isso no nada fcil. No simples saber agir em todas as situaes.
Tomemos como exemplo a reao que um jovem deve ter diante de uma mulher sedutora. O seu prprio corao e seus desejos ntimos tendem a lev- lo a se render tentao. As propostas de companhias fteis e tolas ajudaro a arruin-lo. Sobre todas essas questes Provrbios orienta. Primeiro, exorta ao homem a no dar ouvidos tentao da mulher adltera (6.20-7.27). Orienta a no viver, nem se deixar conduzir pelo prprio corao (5.5-8). E aconselha a no andar em ms companhias (1.10ss). Est a o que um jovem precisa saber para no entrar numa fria.
A grande inteno de provrbios dar entendimento sobre todas as reas da existncia humana e padronizar o servo de Deus numa boa e sadia
2 Ver ibid., p. 614. 3 conduta. O incio da sabedoria est no temor a Deus (1.7; 9.10). Esse temor um reflexo da obedincia e da submisso aos seus mandamentos (Dt 4.6; 6.5; 10.20; Js 24.14; Is 29.13). Assim escreve Bruce Waltke: Tem-lo [a Deus] significa, essencialmente, submeter-se sua vontade revelada. 3 O temor ao nome de Deus envolve culto e adorao.
A forma de tratamento da literatura de sabedoria a de um velho e experiente pai educando seu filho jovem e inocente a andar prudentemente. Essa a razo do tratamento: Filho meu (1.8,15; 2.1; 3.1,11,21; 4.1,10,20; 5.1,20; 6.1,20; 7.1,24; 8.32; 23.19,26; 24.13 etc.). Essa forma de tratamento no indica, necessariamente, que Salomo tenha escrito esse livro para o seu filho. Essa maneira de se dirigir aos discpulos e pupilos era comum na sabedoria oriental.
Salomo certamente se interessa em ser ntimo dos seus ouvintes e leitores, no s por causa desse pronome de tratamento, mas pelo prprio contedo do livro que salienta uma profunda identificao de f. Isto , os assuntos abordados em Provrbios revelam preocupao ao tocarem, com intimidade, em questes sensveis e complexas da existncia humana. Por essa razo a simpatia de Salomo aos seus leitores (a ns) to expressiva.
Tambm notvel a insistente exortao a ouvir, ou lembrar 4 (22.17; 23.12,19,22,23,26; 24.13,14). Da mesma forma, o ouvir e atentar s palavras de sabedoria incentivam os fiis a manterem seus ouvidos atentos a todos os desgnios de Deus. Esse aprendizado demonstrar seus resultados, mostrando que agradvel: Porque coisa agradvel os guardares no teu corao e os aplicares todos aos teus lbios (22.18).
Traz alegria aos pais: Grandemente se regozijar o pai justo, a quem gerar um sbio nele se alegrar. Alegrem-se teu pai e tua me, e regozije-se a que te deu luz (23.24,25; compare com 19.13). A sabedoria garante um futuro seguro: Ento, sabe que assim a sabedoria para a tua alma; se a achares, haver bom futuro, e no ser frustrada a tua esperana (24.14).
Salomo faz referncia ao seu pai em 4.3-9. Esse um destaque importante dado educao em Israel, que deveria ser intensa e exemplar no lar. A casa dos judeus tinha que ser uma escola de vida e de instruo para os filhos, conforme a lei de Moiss (Dt 6.7-9). Por essa razo dado um destaque to importante da mulher do lar pelo rei Lemuel em 31.10ss (ver tambm 22.6; 23.13,14, etc.).
Conforme John Piper, num sermo em Provrbios: Famlia idia de Deus. Plano de Deus. Caminho de Deus. Mais frente ele afirma: A famlia o lugar onde a prxima gerao nasce e onde a prxima gerao aprendeu como viver... A famlia a escola de Deus para esse grande empreendimento
3 WALTKE, Bruce K., The Book of Proverbs: Chapter 1-15, Grand Rapids, Eerdmans, 2004, p. 65. 4 Ver FOX, p. 615. 4 ensinar a prxima gerao como viver neste mundo e estar pronto para a prxima. 5
4. Mtodo de Ensino
Os provrbios tm a sua forma peculiar de ensinar. necessrio que demos ateno a alguns mtodos encontrados nessa educao, para evitarmos compreenses erradas e interpretaes equivocadas. Provrbios so cheios de aforismos, ensinos concisos, imagens, figuras e paralelismos. 6
Vejamos o significado de cada um desses mtodos.
a. Aforismo e Conciso Aforismo uma mxima, um dito. A forma de todos os provrbios que temos so assim. So curtas frases de ensino, para memorizao rpida e compreenso objetiva sobre vrias questes da vida. Tomemos como o exemplo o conhecido provrbio: Ensina a criana no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, no se desviar dele (22.6).
Essa frase no pretende fazer uma promessa. No significa que uma criana bem educada na palavra de Deus no tem a mnima possibilidade de se desviar para os maus caminhos. O sentido desse provrbio to somente mostrar qual o meio ordinrio, isto , comum de ter sucesso na educao dos filhos. uma palavra dada aos pais, pondo como o fundamento mais seguro da pedagogia infantil, a prpria lei de Deus.
Da mesma forma um provrbio no pode ser visto como um dogma inflexvel, pois a aplicao deles varia de contexto para contexto. O que podemos dizer que todos os provrbios carregam uma doutrina e um fundamento slido e inflexvel, que a lei de Deus, mas no podemos confundir um ensino com a sua aplicao. Vejamos um exemplo: O que guarda a boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lbios a si mesmo se arruna (13.3).
Esse verso no tem a inteno de ensinar que quem sbio nunca abre a boca, ou que quem conversa imprudente. Este um exemplo em que o provrbio deve ser bem aplicado. O ensino desse verso que o dom da fala deve ser bem utilizado. uma advertncia contra o mal uso da lngua (cf. 21.23), ou uma condenao da tagarelice (cf. 12.18).
Portanto, a maneira de ensino no pode ser confundido. O provrbio exige uma forma de interpretao adequada.
b. Imagens e Figuras
Toda poesia tem imagens e figuras, que servem como canais de comunicao para o autor transmitir sua mensagem em poucas palavras. Vejamos alguns exemplos de smile, metfora, alegoria, antropopatismo,
5 PIPER, John, Do Not Forsake Your Mothers Teachings (Proverbs 1.7-9), www.soundofgrace.net/piper94/05-08-94.htm. 6 Ver WALTKE, p. 38-45. 5 antropomorfismo, sindoque, metonmia, personificao, hiprbole, litotes, ironia.
Smile: a comparao entre duas coisas de gneros diferentes que tem alguma coisa em comum. P.e. 26.18,19: Como louco que lana fogo, flechas e morte, assim o homem que engana o seu prximo e diz: Fiz isso por brincadeira.
Metfora: praticamente a mesma coisa de smile. Quando se compara duas coisas distintas com algo em comum temos uma metfora. P.e. 11.22: Como jia de ouro em focinho de porco, assim a mulher formosa que no tem discrio. A metfora, na maioria das vezes, envolve alguma figura absurda ou ridcula de se imaginar, como ouro num focinho de porco.
Alegoria: a exposio de um pensamento em uma fico, uma ilustrao ou figura. P.e. 27.23-27: Procura conhecer o estado das tuas ovelhas e cuida dos teus rebanhos, porque as riquezas no duram para sempre, nem a coroa de gerao a gerao... ento as cabras te daro as vestes, os bodes o preo do campo, e as cabras leite em abundncia para teu alimento, para alimento da tua casa, e para sustento das tuas servas. A mensagem desse provrbio ter cuidado com todos os objetos que temos em mos. Refere-se uma administrao prudente de nossas posses.
Antropopatismo: atribuio de sentimentos, motivaes ou comportamentos humanos a Deus. P.e. 24.18: para que o SENHOR no veja isso e lhe desagrade, e desvie dele a sua ira.
Antropomorfismo: atribuio de partes do corpo humano a Deus. P.e. 15.3: Os olhos do SENHOR esto em todo lugar, contemplando os maus e os bons.
Sindoque: quando uma pequena parte representa um todo. P.e. 16.31: Coroa de honra so as cs, quando se acham no caminho da justia. Cs, que significa cabelos grisalhos, representam todos os idosos.
Metonmia: refere-se ao uso de alguma coisa que tenha associao outra. P.e. 6.17: Olhos altivos, lngua mentirosa, mos que derramam sangue inocente.... Mos e lngua referem-se fala e aes das pessoas.
Personificao: atribuio de qualidades humanas ao que no humano. P.e. 9.1ss: A sabedoria edificou a sua casa, lavrou as suas sete colunas.... A sabedoria no tem vida em si mesma. Ela citada aqui como se fosse uma pessoa.
Hiprbole: a linguagem de exagero. P.e. 17.10: Mais fundo entra a repreenso no prudente, do que cem aoites no insensato. 6
Litotes: dizer pouco e fazer entender muito. p.e. 10.19: No muito falar no falta transgresso, mas o que modera os seus lbios prudente. Em certo sentido todos os provrbios so litotes, porque so curtas frases que do muito a entender.
Ironia: quando se diz algo bizarro para ser entendido o contrrio: P.e. 31.6,7: Dai bebida forte aos que perecem, e vinho aos amargurados de esprito; para que bebam e se esqueam da sua pobreza e de suas fadigas no se lembrem mais. Certamente no somos aconselhados a embriagar as pessoas quando esto sofrendo, mas a buscar todos os meios possveis para ajudar as pessoas.
c. Paralelismos
Paralelismo a colocao de duas ou mais frases em paralelo para trazer um mesmo ensino muito comum em Salmos, Provrbios e J. Este um recurso literrio muito comum em poesia, prosa e sabedoria que tem por intento uma memorizao mais fcil. Dentre os paralelismo principais podemos destacar alguns que nos ajudam na interpretao:
Paralelismo sinnimo: quando a segunda frase confirma o que foi dito na primeira em termos diferentes. Tomemos como exemplo 23.20:
Na vereda da justia, est a vida, e no caminho da sua carreira no h morte.
Paralelismo antittico: quando a segunda frase refora o ensino da primeira no sentido contrrio. Geralmente nessas frases usam-se advrbios adversativos como: mas, antes, porm, todavia, contudo, etc. p.e. 14.1.
A mulher sbia edifica a sua casa, mas a insensata, com as prprias mos, a derruba.
Paralelismo sinttico: nesse mtodo a segunda linha complementa a primeira, isto , sintetiza, p.e. 15.33:
O temor do SENHOR a instruo da sabedoria, e a humildade precede a honra.
d. A Lei em Forma de Sabedoria
O livro de Provrbios uma coleo de ditos que reportam a nossa mente lei de Moiss. Especialmente no livro de Deuteronmio podemos identificar algumas semelhanas de assuntos e temas, que revelam a 7 preocupao em tornar os mandamentos de Deus mais claros e incontestveis. Vejamos alguns destaques dados pelo Waltke com respeito s obras de Deus: 7
Deus o Criador do cosmos Dt 10.14; Pv 3.19,20 Ele o Criador de toda humanidade Dt 4.32; Pv 14.31; 29.13 Ele o vingador do mal Dt 32.35; Pv 5.21,22 Ele o abenoador, que conforta os fiis Dt 23.14; Pv 15.3 Ele quem governa a histria Dt 4.19; Pv 16.1-9,33 Do Senhor vem o sustento dos homens Dt 11.13-17; Pv 3.9,10 Deus disciplina seus filhos Dt 8.5; Pv 3.11,12 Ele ouve a orao dos justos Dt 4.29-31; Pv 15.8,29 Ele misericordioso Dt 4.31; Pv 28.13 Deus odeia a injustia Dt 10.17; Pv 11.1; 17.15
e. Como ler Provrbios
A maneira como devemos nos aproximar de Provrbios sempre nos lembrar, antes de tudo, que estamos diante da Palavra de Deus, da revelao que ele deu ao seu povo, Israel e igreja hoje. Portanto, tudo o que l est escrito do nosso interesse e faz parte da nossa necessidade de aprender. Mas tambm necessrio que respeitemos os moldes em que esse livro foi escrito. Foi feito em forma potica e, se realmente do nosso interesse aprender a palavra de Deus, precisamos dar ateno maneira como ele se revelou.
Os provrbios so escritos em forma de poesia, so sempre curtos e concisos. O propsito sempre expressar a verdade em frases objetivas. Conforme Longman, um provrbio expressa uma perspiccia, observao, ou conselho que tem sido popularmente aceito como uma verdade geral. De fato, um provrbio pode ser to universalmente aceito como verdade, que simplesmente a citao suficiente para finalizar uma conversa. 8
Para quem busca a sabedoria infalvel que s pode vir de Deus, o livro de Provrbios um prato cheio que est nossa frente, basta que devoremos essas palavras e apliquemos em nossa vida. Todavia, esse estudo ser incompleto se no for feito em constante orao, afinal, Tiago mesmo mostra que a sabedoria s vem se a pedirmos Fonte: Se algum de vocs tem falta de sabedoria, pea-a a Deus, que a todos d livremente, de boa vontade; e lhe ser concedida. Pea-a, porm, com f, sem duvidar, pois aquele que duvida semelhante onda do mar, levada e agitada pelo vento. (Tg 1.4,5).
5. Andando no Caminho da Vida
O que necessrio conhecer para ter uma vida correta e satisfatria? Onde encontramos orientao nas tantas dvidas que surgem no decorrer dos dias? Algum talvez tenha dificuldade de se relacionar, talvez por timidez,
7 Ver WALTKE, p. 65. 8 LONGMAN, Tremper, III, How to Read Proverbs?, Illinois, InterVarsity, 2002, p. 38. 8 orgulho ou prepotncia. Ou algumas pessoas so incapazes de admitir seus erros e sempre esto se dando mal em suas tentativas frustradas.
necessrio que encontremos uma fonte segura, com as respostas certas, pois, afinal, a vida est cheia de armadilhas e surpresas. Como reagir diante de uma mulher que tenta me desviar do bom caminho? Como me relacionar com o meu patro, quando ele grosseiro e injusto? Como ensinar para o meu filho a no andar em ms companhias? Como saber a hora certa de dizer alguma verdade difcil para quem amamos?
H muitas perguntas em que no temos muitas respostas e quando chegamos na hora de tomarmos alguma deciso, muito facilmente erramos e tomamos decises precipitadas e imprudentes. Muitas vezes respondemos na mesma altura a alguma grosseria e nos indispomos com algum de quem gostamos muito, ou ento somos muito suaves e condescendentes com os erros de algum e depois pagamos um preo alto pela falta de pulso. Como saber como agir, e agir no momento certo?
Para isso Deus ensina a sabedoria. E faz parte dos seus desgnios para o seu povo formar uma nao que tome decises corretas, mesmo quando so difceis e complicadas. A sabedoria capaz de transformar um enigma difcil numa brincadeira de criana. Mas, para isso, precisamos sujeitar o nosso entendimento e a nossa vida ao que Deus quer que aprendamos.
Nesse sentido devemos nos empenhar em buscar a sabedoria 9 : se buscares a sabedoria como a prata e como os tesouros escondidos a procurares, ento, entenders o temor do SENHOR e achars o conhecimento de Deus (2.4,5). Devemos dar ouvidos aos ensinamentos dela: para fazeres atento sabedoria o teu ouvido e para inclinares o teu corao ao entendimento (2.2; ver tambm 4.20). Com esse empenho ela se deixar descobrir: Feliz o homem que acha a sabedoria, e o homem que adquire conhecimento (3.13); Porque so vida para quem os acha e sade, para o seu corpo (4.22). A conseqncia de quem despreza a sabedoria drstico, cf. 5.12-14:
e digas: Como aborreci o ensino! E desprezou o meu corao a disciplina! E no escutei a voz dos que me ensinavam, nem a meus mestres inclinei os ouvidos! Quase que me achei em todo o mal que sucedeu no meio da assemblia e da congregao.
Tudo comea do conhecimento correto que alimenta a nossa mente. Conforme Tremper Longman III: Verdadeiro conhecimento sempre para um propsito e relacionamento com outras pessoas, Deus, ou a criao. 10 A sabedoria tambm reforma o carter de uma pessoa, tornando-a hbil diante dos problemas e dvidas, sem alardes e escndalos:
9 Ver FOX, p. 618. 10 LONGMAN, Tremper, III, How to Read Proverbs?, Illinois, InterVarsity, 2002, p. 17. 9 Discrio outra parte do arsenal da sabedoria. A palavra tambm pode ser entendida como discernimento, a habilidade de diferenciar o caminho certo de controlar a vida no caminho errado. Prudncia est proximamente relacionada. descrita alguma habilidade para o uso da razo ao navegar nos problemas da vida. Prudncia considera cuidadosamente a situao antes de se apressar. Implica em esfriar a cabea. 11
A pessoa sbia tambm tem habilidade para interpretar palavras e situaes. Isso envolve a interpretao de escritos.: O livro de Provrbio cheio de ditos difceis e enigmas ocasionais. 12 Envolve tambm a interpretao da circunstncia: A pessoa sbia a que sabe quando e como aplicar um provrbio particular (ver Pv 26.7,9). 13 Ser sbio no ter a cabea cheia de frases de efeito, ou ter uma resposta sempre na ponta da lngua, ou ser rpido para dar respostas e contra-argumentar com quem pensa diferente.
A sabedoria no envolve apenas um exerccio mental, embora isso faa parte. A sabedoria est em interpretar as pessoas e os momentos em que elas vivem tanto quanto os escritos. O crente dedicado e esforado sabe quando falar e quando se calar, quando responder e quando agentar uma afronta. O crente sbio tem o discernimento para saber quando ele deve agir com dureza e rigor e quando ele deve ser tolerante e esperar. Ele sabe fazer a coisa certa na hora certa. Fox explica da seguinte maneira:
No erudio, sapincia, ou intelecto comum. Requer pureza de corao, lngua, e olhos, refletindo respectivamente o pensamento, a fala e o desejo. Esta sabedoria identificada com o temor de Deus, que tanto o ponto de partida para a indagao da sabedoria (1.7) como a sua culminao (2.5). Tal sabedoria a habilidade para discernir o certo do errado e tambm o desejo inclinado para o certo, porque uma sabedoria inerte no proveria proteo. 14
Assim expressou Longman: Pessoas sbias no somente sabem interpretar palavras numa pgina ou palavras faladas por outras pessoas, mas tambm como interpretar as prprias pessoas e, mais amplamente, a situao em que elas se encontram. 15 Portanto, para ser sbio no basta ter o livro de Provrbios inteiramente decorado e comear a aplic-lo de forma absoluta e mecnica, por isso a necessidade de se conhecer mais do que palavras.
6. Concluso
Com essa introduo, podemos estudar o livro de Provrbios com mais conscincia do que sabedoria e com maior solidez. Creio que esse estudo , por hora, apropriado para que comecemos a mudar alguns conceitos e pensamentos que sustentamos para ns mesmos, como de auto-suficincia e autocontrole.
Podemos aprender a humildade e tambm a mantermos a nossa mente aberta para tudo o que proveitoso e til. Essas mximas devem regulamentar
11 Ibid. 12 Ibid., p. 18. 13 Ibid. 14 FOX, p. 620. 15 LONGMAN, p. 19 10 e orientar a nossa vida em tudo, pois quando agimos mal, falamos precipitadamente e nos atrapalhamos nos nossos relacionamentos, certamente foi por ignorncia e tolice. Para evitarmos cairmos nas armadilhas da estupidez, precisamos nos sujeitar para o que verdadeiramente bom, e darmos muito pouca ateno aos nossos prprios conceitos e pensamentos.
Que cresamos e amadureamos cada vez mais com o melhor proveito possvel. Isso acontecer se buscarmos a melhor fonte de saber, que revelao de Deus. No livro de Provrbios est uma pequena parcela do que se passa na mente insondvel e poderosa do nosso Criador, no h nenhuma investigao ou pesquisa que merea mais empenho do que isso: conhecer a Deus e o propsito que ele tem para ns.