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18 DE DEZEMBRO
– A santa pureza na vida matrimonial e fora dela. Os frutos desta virtude. A pureza, necessária
para amar.
A renúncia ao amor humano por amor a Deus é uma graça divina que impele
a entregar o corpo e a alma ao Senhor, com todas as possibilidades que o
coração encerra. Deus passa a ser então o único destinatário desse amor que
não se compartilha. O coração encontra n’Ele a sua plenitude e perfeição, sem
que se interponha nenhum amor terreno. E o Senhor concede aos que chama
a esse caminho um coração maior para amarem n’Ele todas as criaturas.
A vocação para o celibato apostólico – por amor ao Reino dos céus2 – é uma
graça especialíssima e um dos maiores dons de Deus à sua Igreja. “A
virgindade – diz João Paulo II – mantém viva na Igreja a consciência do
mistério do matrimónio e defende-o de toda a redução ou empobrecimento.
Tornando especialmente livre o coração do homem (cfr. 1 Cor 7, 32) [...], a
virgindade dá testemunho de que o Reino de Deus e a sua justiça são a pérola
preciosa que se deve preferir a qualquer outro valor, por maior que seja; mais
ainda, que deve ser procurada como o único valor definitivo. Por isso a Igreja,
ao longo de toda a sua história, sempre sustentou a superioridade deste
carisma sobre o matrimónio, devido ao vínculo singular que o liga ao Reino de
Deus. Mesmo tendo renunciado à fecundidade física, a pessoa virgem torna-se
espiritualmente fecunda, pai e mãe de muitos, cooperando para a realização da
família segundo o desígnio de Deus”3.
Àqueles que são chamados, por uma vocação divina específica, a renunciar
ao amor humano, Deus pede-lhes todo o afecto do coração, e faz com que
encontrem n’Ele a plenitude do amor e da vida afectiva. Viver a virgindade e o
celibato apostólico significa viver a perfeição do amor, pois “dão à alma, ao
coração e à vida externa de quem os professa aquela liberdade de que o
apóstolo tanto necessita para poder dedicar-se ao bem das outras almas. Esta
virtude, que torna os homens espirituais e fortes, livres e ágeis, habitua-os ao
mesmo tempo a ver à sua volta almas e não corpos, almas que esperam luz
das suas palavras e da sua oração, bem como a caridade do seu tempo e do
seu afecto. Devemos amar muito o celibato e a castidade perfeita, porque são
provas concretas e tangíveis do nosso amor a Deus e, ao mesmo tempo,
fontes que nos fazem crescer continuamente nesse amor”4. “A virgindade e o
celibato apostólico não só não contradizem como pressupõem e confirmam a
dignidade do matrimónio”5.
O Espírito Santo exerce uma acção especial na alma que vive a castidade
com delicadeza. A santa pureza produz muitos frutos na alma: dilata o coração
e facilita o desenvolvimento normal da afectividade; gera uma alegria íntima e
profunda, mesmo no meio das contrariedades; possibilita a acção apostólica;
fortalece o carácter diante das dificuldades; torna-nos mais humanos,
aumentando a nossa capacidade de entender e compadecer-nos dos
problemas alheios.
A santa pureza exige uma conquista diária, porque não se adquire de uma
vez para sempre. E pode haver épocas em que a luta seja mais intensa e haja
que recorrer com mais frequência à Santíssima Virgem e lançar mão de algum
meio extraordinário.
(1) Santo Agostinho, Sermão 51; (2) Mt 19, 12; (3) João Paulo II, Exortação apostólica
Familiaris consortio, 16; (4) Salvador Canals, Reflexões espirituais, págs. 70-71; (5) cfr. João
Paulo II, Exortação apostólica Familiaris consortio, 16; (6) Rom 12, 2; (7) Bem-aventurado
Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 181; (8) ibid., n. 177; (9) São João Crisóstomo,
Homilias sobre São Mateus, 7, 7; (10) S. Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n. 188; (11)
Santo Cura d’Ars, Sermão sobre a penitência; (12) S. Josemaría Escrivá, Amigos de Deus, n.
185; (13) ibid., n. 189.