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4ª Sessão – O Modelo de auto-avaliação das Bibliotecas Escolares: Metodologias de

operacionalização (Parte I)

MODELO DE AUTO-AVALIAÇÃO DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES

Metodologias de Operacionalização

1. O domínio escolhido é o B – Leitura e literacia - porque é aquele em


que a nossa Biblioteca Escolar mais tem investido. A leitura está na
base do desenvolvimento de todas as competências que se pretende
que os alunos desenvolvam. Para tal, a equipa da BE em conjunto com o
Departamento de Línguas e a Coordenadora do PNL, está a
implementar um Projecto de Leitura “Pelo Livro é que vamos”.
Temos consciência de que um projecto desta natureza tem de ser
ancorada numa rede de interacções contextuais. Nesse sentido, procuramos
sensibilizar e implicar as famílias neste projecto de promoção do livro e da
leitura. Sabemos as dificuldades que enfrentamos nesta vertente do
envolvimento de toda a comunidade educativa, desde logo pela baixa
escolarização dos encarregados de educação, o que condiciona
substancialmente a rede de compromissos e cumplicidades entre a escola e
o meio familiar. Esta deve ser, portanto, uma frente de acção prioritária
para os próximos anos.
No eixo aluno-escola-família-comunidade, cabe, naturalmente, à
escola o papel dinamizador. E, neste quadro, a Biblioteca será um espaço
físico, simbólico e actancial fundamental de onde partirão todos os
caminhos possíveis. Depois, de mãos dadas com o sonho e a certeza de que é
possível reduzir a iliteracia investindo na formação inicial, daremos
particular atenção à promoção da leitura no pré-escolar e no primeiro ciclo,
continuando a apostar, porém, na continuidade dos hábitos e práticas de
leitura.
A era da comunicação hipertextual, que tem na internet a matriz de
todos os hipertextos, não tornou o livro obsoleto. No entanto, torna-se
premente repensar a função da escola na promoção das competências
linguísticas, intensificando práticas diversificadas de leitura e em múltiplos
suportes ou de equipamentos multimédia, pois temos de contar com as
potencialidades das novas ferramentas tecnológicas. Assim, incluiremos
estas ferramentas como estratégias de leitura alternativas ou
complementares.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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operacionalização (Parte I)

2. Relativamente ao domínio B, selecciono os indicadores:

B1 – Trabalho da Biblioteca ao serviço da promoção da leitura no


Agrupamento (Indicador do processo).
B3 – Trabalho da BE nas atitudes e competências dos alunos, no âmbito
da Leitura e da Literacia (Indicador de impacto).

Indicador B.1 – Trabalho da BE ao serviço da promoção da leitura.


Tendo presente que um indicador “aponta para uma zona nuclear de
intervenção de um determinado domínio ou subdomínio e permite a aplicação
de elementos de medição que irão possibilitar uma apreciação sobre a
qualidade da BE”; que este indicador é um indicador de processo, isto é, em
que a avaliação pretende saber qual é o trabalho realizado e como, é
fundamental começar por analisar os exemplos de factores críticos de
sucesso, apresentados no Modelo, sendo que os factores críticos de sucesso
“pretendem ser exemplos de situações, ocorrências e acções que
operacionalizam o respectivo indicador”. Em forma de listagem, que pode
ser sempre enriquecida, sendo não exaustiva, eles permitem compreender
melhor as formas de concretização deste, ou de outro, indicador, tendo
simultaneamente um valor informativo/formativo e constituindo um guia
orientador para a recolha de evidências, dando pistas importantes para se
avaliar e mesmo perspectivar o trabalho, nomeadamente:
-
Apoio aos alunos nas suas escolhas das novidades literárias que melhor
se adequam aos seus gostos;
-
Actividades no âmbito da promoção da leitura (clubes de leitura, fóruns,
blogue ou outras), em diferentes ambientes e suportes;
-
Disponibilização de uma colecção variada e adequada aos gostos,
interesses e necessidades dos utilizadores;
-
Identificação das problemáticas e dificuldades neste domínio e criação
de programas que melhorem as situações identificadas;
-
Leitura em ambientes digitais, explorando as possibilidades facultadas
pela WEB, como o hipertexto, o e-mail, blogue, youtube, por exemplo;
-
Leitura informativa, articulando com os Departamentos Curriculares no
desenvolvimento de actividades de ensino e aprendizagem ou em
projectos e acções que incentivem a leitura;
-
Incentivo ao empréstimo domiciliário;

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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-
Promoção de encontros com escritores ou outros eventos culturais que
aproximem os alunos dos livros ou de outros materiais/ambientes e
incentivem o gosto pela leitura.
O Modelo preconiza que a avaliação da BE se deve apoiar em evidências,
“cuja leitura nos mostra os aspectos positivos que devemos realçar e fazer
sobressair, comunicando os resultados, ou os aspectos menos positivos, que
nos podem obrigar a repensar formas de gestão e maneiras de
funcionamento”. Por outro lado, são esses elementos, ou outros que
possamos criar, que nos ajudarão a organizar todo o processo de avaliação,
não esquecendo que as informações recolhidas deverão ser de diferentes
tipos e relevantes em função do indicador, que essa recolha de dados se
deve fazer de forma sistemática, ao longo do ano lectivo, e não apenas num
momento determinado, que deve incidir sobre o conjunto do público-alvo
definido à partida, e que esses elementos deverão pautar-se pela
pertinência, não esquecendo, no entanto, o fim a que se destinam.
No caso deste indicador, objecto desta análise, o Modelo aponta-nos as
seguintes sugestões de evidências:
- Estatísticas de requisição e uso de recursos relacionados com a leitura;
- Estatísticas de utilização informal da BE;

- Estatísticas de utilização da BE para actividades de leitura


programada/articulada com outros docentes;
- Registos de actividades/projectos;
- Questionário aos docentes (QD2);
- Questionário aos alunos (QA2).
O Modelo elenca ainda para cada indicador exemplos de acções para a
melhoria, ou seja, sugestões de acções a implementar nas áreas específicas
em que se considera ser necessário melhorar o desempenho da BE. No caso
deste indicador, serão eventuais acções para a melhoria:
- Alargar o horário de abertura da BE fazendo-o coincidir com a
permanência de alunos na escola.
- Consolidar o trabalho articulado com departamentos, docentes e a
abertura a projectos externos.
- Criar grupos ou comunidades de leitores para partilhar gostos e leituras.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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- Definir um plano integrado de actividades que melhorem os índices de


leitura, apresentando sugestões que envolvam a colaboração dos
docentes.
- Desenvolver uma acção sistemática na promoção de obras literárias ou
de divulgação, na realização de exposições, de debates, na criação de
grupos de leitura, ou outros.
- Inventariar as necessidades em termos de livros e outros recursos.
- Promover actividades de leitura em voz alta, de leitura partilhada ou
animações, que cativem os jovens e induzam comportamentos de leitura.
- Promover o diálogo informal com as crianças e os jovens utilizadores da
BE, incentivando-os à leitura.
- Realizar avaliações periódicas da colecção, no sentido de identificar
eventuais limitações.
- Realizar uma gestão integrada da documentação e de trabalho no âmbito
dos serviços de biblioteca.
- Utilizar a WEB e outras fontes de informação na prospecção e
identificação de materiais do interesse dos jovens e dos adultos.

Indicador B.3 – Impacto do trabalho da BE nas atitudes e competências


dos alunos, no âmbito da Leitura e da Literacia.
Este é um indicador de impacto, isto é, pretende-se avaliar como trabalha a
biblioteca escolar, que impacto tem na escola e no sucesso educativo dos
alunos, quais as mais-valias acrescentadas. Neste caso, no âmbito da Leitura
e da Literacia, o Modelo aponta factores críticos de sucesso centrados nos
Alunos:
- Os alunos desenvolvem trabalhos onde interagem com equipamentos e
ambientes informacionais variados, manifestando progressos nas suas
competências no âmbito da leitura e da literacia;
- Os alunos participam activamente em diferentes actividades associadas
à promoção da leitura: clubes de leitura, fóruns de discussão, jornais,
blogue, outros.
- Os alunos usam o livro e a BE para ler de forma recreativa, para se
informar ou para realizar trabalhos escolares;
- Os alunos, de acordo com o seu ano/ciclo de escolaridade, manifestam
progressos nas competências de leitura, lendo mais e com maior
profundidade.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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Relativamente às evidências, o Modelo aponta-nos as seguintes sugestões:


-
Análise diacrónica das avaliações dos alunos;
-
Estatísticas de requisição domiciliária;
-
Estatísticas de utilização da BE para actividades de leitura;
-
Trabalhos realizados pelos alunos.
-
Observação da utilização da BE (O3; O4);
-
Questionário aos alunos (QA2);
-
Questionário aos docentes (QD2);
No caso deste indicador, serão eventuais acções para a melhoria:
- Dialogar com os alunos com vista à identificação de interesses e
necessidades no campo da leitura e da literacia;
- Encorajar a participação dos alunos em actividades livres no âmbito da
leitura: clubes de leitura, fóruns de discussão, jornais, blogue…
- Melhorar a oferta de actividades de promoção da leitura e de apoio ao
desenvolvimento de competências no âmbito da leitura, da escrita e das
literacias;
- Promover o diálogo com os docentes no sentido de garantir um esforço
conjunto para que o desenvolvimento de competências de leitura, estudo
e investigação seja adequadamente inserido nos diferentes currículos e
actividades;

3. Avaliação

Segundo Carter McNamara, deveremos considerar os seguintes


propósitos:

• Os motivos que levam ao implemento dessa avaliação;


• A quem interessam os resultados dessa avaliação;
• O que devo avaliar em termos de processo;
• Fontes de informação;
• Métodos de recolha de evidências;
• Calendarização para a recolha da informação;
• A análise crítica e o tratamento dos dados;
• A divulgação dos mesmos;
• Acções para a melhoria.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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operacionalização (Parte I)

“Planear a avaliação implica tomar em consideração vários procedimentos


que têm como propósito, em primeiro lugar, permitir a realização de uma
escolha ponderada e participada do domínio que vai ser avaliado. Essa
situação tem também implicada a consciencialização dos elementos que vão
estar envolvidos no processo de avaliação.
Em primeiro lugar, devemos registar que “ a avaliação não constitui um fim,
devendo ser entendida como um processo que deverá conduzir à reflexão e
deverá originar mudanças concretas na prática. Os exemplos de acções para
a melhoria e os próprios factores críticos de sucesso apontam pistas
importantes, mas em cada caso a auto-avaliação, através da recolha de
evidências, ajudará cada escola/ BE a traçar o rumo que deve seguir com
vista à melhoria do seu desempenho. A auto-avaliação deverá contribuir
para a elaboração do novo plano de desenvolvimento, ao possibilitar a
identificação mais clara dos pontos fracos e fortes, o que orientará o
estabelecimento de objectivos e prioridades, de acordo com uma
perspectiva realista face à BE e ao contexto em que esta se insere. Esse
plano deve instituir-se como um compromisso da escola, na sua globalidade,
já que um melhor desempenho da biblioteca irá beneficiar o trabalho de
todos, docentes e alunos” – Modelo AA RBE, versão 12 Nov.2009
Em segundo lugar, podemos desde já salientar que neste Domínio, como nos
outros três, o trabalho da BE processa-se envolvendo dinâmicas de vária
ordem, como apoio, desenvolvimento, disponibilização de recursos,
identificação de problemas e dificuldades, incentivo, organização e
promoção, entre outras.
Como foi referido anteriormente a escolha do domínio B prende-se com o
facto de estarmos a fazer um grande investimento quer na actualização da
colecção, quer nas actividades de promoção da leitura. Por outro lado,
considerando que investimos na prática de um trabalho articulado com os
docentes de Língua Portuguesa e com o exterior, pretende-se saber se este
investimento se traduz numa melhoria no processo de aprendizagem dos
alunos.

A avaliação da BE será destinada a caracterizar o seu perfil de desempenho


junto dos órgãos de gestão, do Conselho Pedagógico, de toda a comunidade
educativa, da autarquia e dos órgãos de decisão e coordenação a nível
nacional, como a RBE.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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O que se pretende avaliar

No domínio B.1:

• A actualização permanente da colecção.


• O carácter sistemático de actividades de promoção da leitura.
• A existência de actividades e de acções quotidianas que desenvolvam
a leitura informativa em articulação com as actividades formativas ou
curriculares.
• A Vinda de escritores à escola, como forma de promoção da leitura.
• A Aquisição de obras do PNL.
• A dinamização de um Clube de Leitura.

No domínio B.3:
• A leitura recreativa e informativa.
• Progressos dos alunos nas competências da leitura
• Progressos dos alunos nas competências da literacia.
• Participação activa em diferentes actividades promotoras de leitura.
• A articulação do PNL entre a Biblioteca Escolar e os docentes de
Língua Portuguesa.
• O envolvimento da comunidade em actividades de promoção da
leitura.

Fontes de informação/Métodos de recolha de evidências

Estatística da BE: frequência dos utilizadores, quantidade de empréstimos


em situação de aula ou domiciliários, Actas de reuniões, questionários,
Projecto Educativo, Plano Anual de Actividades e relatórios.

Recursos para a recolha de informação

Será da responsabilidade da equipa, assim como da auxiliar de acção


educativa a recolha de evidências.
Os recursos materiais serão as folhas de questionário ou questionários
online, as fichas de inscrição nas várias actividades usadas pelos alunos e
professores, as grelhas de observação de cada actividade.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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A análise crítica e o tratamento dos dados:

Os momentos de tratamento e análise dos dados decorrerão no final de


cada período lectivo.

Divulgação dos mesmos:

Será elaborado um relatório no final do ano sendo apresentadas as


conclusões no último Conselho Pedagógico do ano. Os dados serão também
divulgadas através do placard de informações da BE, da plataforma moodle
e do blog da BE.

Acções para a melhoria:

As acções a introduzir constarão do Plano Anual de Actividades para o ano


seguinte.

Bibliografia:
• Texto da sessão
• Basic Guide to Program Evaluation,
• Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares,
• Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares: instrumentos de recolha de
dados.

A formanda: Teresa Maria Gonçalves Pires


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