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Análise e comentário crítico a referências às BE, numa


amostra de relatórios de avaliação externa do IGE

Sessão 7: OPERACIONALIZAÇÃO DA AVALIAÇÃO – ANÁLISE CRÍTICA ÀS REFERÊNCIAS ÀS BE NO RELATÓRIOS DA IGE


Fernando M. C. Rebelo
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1. Nota Prévia – critérios de escolha dos relatórios


Dado o pouco tempo de que dispunha para a uma tarefa interessante do meu ponto de vista, pois implicava o
contacto com realidades descritivas/avaliativas no terreno, decidi escolher uma amostra de apenas quatro
relatórios do IGE (excluindo o da escola onde sou PB devido a alguma dificuldade de distanciamento no juízo crítico
por conhecer a realidade contextual do processo), tendo porém tentado combinar a

a) uniformidade – ao seleccionar apenas centros educativos cuja tipologia era equivalente àquela onde
desempenho funções, dado não conhecer as realidades de outros níveis de ensino ou das escolas agrupadas
- com a
b) diversidade – ao seleccionar escolas com algum grau de diferenciação geográfica, sociológica e de resultados
nos indicadores do IGE

2. Referências nos relatórios seleccionados


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ESCOLA REFERÊNCIAS CAPÍTULO/DOMÍNIO


(1) No piso superior existem (…) um Centro de Recursos e uma I – Caracterização da
Biblioteca escola
Escola Sec/3 Criou-se um gabinete de gestão de conflitos que, no entanto, não 1.3. Comportamento e
tem espaço próprio e funciona na Biblioteca disciplina
Sá da
É de registar que alguns dos investimentos têm sido feitos 3.3. Gestão de recursos
Bandeira – recentemente, como sejam (…) a criação de um Centro de
Santarém materiais e financeiros

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Recursos
A Biblioteca funciona num espaço exíguo para o acervo
considerável de que dispõe, sendo de sublinhar que inclui no seu
espólio obras únicas
Conservação e adaptação do edifício às exigências actuais, V. - Considerações finais
nomeadamente o espaço destinado ao funcionamento da Biblioteca – Constrangimentos
Biblioteca e Centro de Recursos são considerados serviços/espaços/funcionalidades distintas
A Biblioteca é considerada como um repositor de acervo de suporte de papel (um espólio,
incluído no património museológico da escola enfatizado largamente no relatório)
As referências à BE são de índole quase exclusivamente espacial
Síntese A escola revela níveis de desempenho Muito Bons em diversos domínios que o MAABE
atribui às BEs, nomeadamente na articulação curricular, literacia e uso das TIC, apesar das
características da mesma surgirem nos constrangimentos ao desenvolvimento da escola

(2) A escola dispõe, entre outros espaços e equipamentos (…) de uma II – Caracterização da
biblioteca/centro de recursos com um vasto acervo documental em unidade de gestão
diferentes suportes e diversos computadores ligados à internet
Escola Sec/3
2. Prestação de serviço
de Alberto Os clubes, o desporto escolar (…) a dinamização da biblioteca educativo
Sampaio – escolar (…) contam-se entre os múltiplos dispositivos para o 2. 4. Abrangência do
Braga desenvolvimento de actividades de aprendizagem e de currículo e valorização
enriquecimento curricular dos saberes e
aprendizagem

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Merecem especial relevância as parcerias e protocolos de natureza


diversa com as quais a escola matem áreas de cooperação,
4.4. Parcerias, protocolos
destacando-se (…) a ligação à Biblioteca Pública e à Biblioteca
e projectos
Municipal

A BE surge referenciada em domínios associados explicitamente a aprendizagens e gestão


curricular
É ainda referida implicitamente a sua ligação a outras bibliotecas através da existência de
Síntese protocolos
Apesar da integração das funcionalidades CRE/BE, e da referência à diversidade de suportes
e equipamentos, não lhe é atribuída um papel central na escola, sendo apenas mais um
“dispositivo” (ainda que dinâmico) entre muitos outros

Existem contudo locais bem equipados como a Biblioteca/Centro de 3. Organização e gestão


Recursos, acessível à comunidade local e aos alunos do ensino escolar
Nocturno V. - Considerações finais
– Pontos Fortes
(3) 2. 4. Abrangência do
São (…) dinamizados pela Biblioteca concursos de desenho, texto currículo e valorização
(prosa e poesia) uma feira do livro e exposições temáticas dos saberes e
Escola Sec/3 aprendizagem
de Sacavém Biblioteca/Centro de Recursos é um espaço de promoção das 3.3. Gestão dos recursos
aprendizagens bem equipado materiais e financeiros
[a escola] também aderiu a alguns projectos nacionais (…) entre os 4.4. Parcerias, protocolos
quais a Rede de Bibliotecas Escolares e o Plano Nacional de Leitura e projectos
Tratando-se de uma escola com diversos indicadores insuficientes e com recomendação de
Síntese

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intervenção no final do relatório, a BE surge como um dos Pontos Forte salientados


Como Ponto Forte, há a referir a qualidade e acessibilidade do espaço e do equipamento, a
realização de actividades de estímulo à produção dos alunos e à promoção de
aprendizagens, a adesão a programas nacionais e a ligação à comunidade local
No entanto, não há nenhuma menção ao impacto da gestão da BEs nas
aprendizagens/resultados dos alunos (que são fracos neste caso), percebendo-se pelo
contexto que tal facto pode decorrer de um processo ineficaz/incipiente de autoavaliação da
própria escola

Para além das salas de aula, laboratórios (…), salas de informática II – Caracterização da
(4) e de artes, existem outros espaços de apoio: auditório, BE/CRE, unidade de gestão
Centro de Aprendizagem
Escola Sec. O Clube de Teatro (…) e as actividades desenvolvidas, com a 2. 4. Abrangência do
Poeta António comunidade no âmbito da Rede de Bibliotecas Escolares (concursos currículo e valorização
Aleixo - de poesia e fotografia, feira do livro, sessões de sensibilização para dos saberes e
a Música, entre outras), são também contributos para tornar a aprendizagem
Portimão escola um espaço cultural e formativo
Referências muito reduzidas à BE, apenas como um serviço marginal entre outros, sendo
atribuídos ao Centro de Aprendizagem a melhoria dos resultados das aprendizagens
Síntese Apesar da escola revelar bons indicadores em muitos domínios, a sua BE não parece ser
uma peça fundamental, motor e núcleo desse dinamismo

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3. Algumas conclusões gerais


As referências às BEs nos relatórios analisados são escassas e centram-se essencialmente nos campos de
descrição/caracterização da escola, gestão de recursos e equipamentos e actividades culturais, sendo mais
marginal a referência aos domínios das aprendizagens, gestão curricular e ligação à comunidade.
Não parecem assim constituir um núcleo da escola, um centro de gestão dos seus recursos ou até ter impacto
(percepcionável) nas aprendizagens, sendo, à luz das expectativas/representações da entidade avaliadora, mais
vistas como um equipamento ou um centro de animação cultural, que como um elemento de articulação/gestão
transcurricular (cf. por exemplo, a falta de rigor na utilização de conceitos como CRE/BE na escola 1).
Curiosamente, na amostra analisada, a BE surge como Ponto Forte na escola mais fraca, sendo de facto a única
onde poderá constituir-se como um pólo de desenvolvimento, dado que as outras encontraram outras formas
de cumprir (com algum sucesso) muitas das funções que o MAABE preconiza, constituindo a BE apenas mais
um recurso entre outros.
No entanto, em prol do rigor, e pela leitura de alguns trabalhos de outros formandos (com conclusões
semelhantes em alguns casos e díspares noutros), creio que estas apreciações se circunscrevem à exiguidade
da amostra analisada e ao exercício a que se destinava.

O Formando: Fernando C. Rebelo

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