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pt/ruivo)
O processo de avaliação, assim entendido, terá que merecer uma aceitação indiscutível
por parte de avaliadores e de avaliados. Até porque o professor, em determinadas
situações avaliador de si próprio, deve contribuir para que progressivamente sinta que é
dispensável a ajuda externa dos seus supervisores, já que a avaliação deve encaminhá-lo
para estádios de mestria, e para progressivos níveis de excelência, conferidos pelo auto-
controle e pela auto-formação. Nestes contextos a classificação pode até ser um
prescindível elemento da avaliação… Daí que se diga que o principal objectivo do
supervisor é… tornar-se dispensável.
Em Portugal vivemos momentos de pura cegueira sobre esta matéria. Há quem entenda
que a implementação séria de um modelo de avaliação dos professores é tarefa
administrativa, resultando apenas de progressivos consensos gerados à mesa de
negociações.
Um sistema destes também requer tempo para ser testado e validado, antes de ser
generalizado. Impõe uma escolha criteriosa das escolas que irão constituir a amostra,
bem como dos instrumentos e dos agentes que vão avaliar esse pré-teste. Obriga a uma
escolha prudente dos futuros avaliadores, após se ter procedido ao estabelecimento de
um perfil desses supervisores. Impõe a rápida formação dos professores e dos seus
avaliadores… Isto é, a implementação de um tal sistema requer tempo e a afectação
generosa de recursos humanos e financeiros.
Não me parece ser este o caminho escolhido pela tutela. Esta está mais apostada em
proceder a um rápido remendo administrativo, ou a uma reforma semântica, de um
sistema de avaliação, burocrático e siadapiano, que até hoje apenas provou que nada
vale.
Á mesa das negociações traçam-se cenários que tudo têm a ver com a busca de uma
solução política que ultrapasse o quadro de guerrilha que se apoderou das nossas
escolas. Mas, reconheça-se que, se nessa fotografia ninguém quiser ficar mal, esses
cenários pouco terão que ver com as merecidas vitórias por que tanto e tão dignamente
lutaram os professores.
João Ruivo
(ruivo@ipcb.pt)