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Análise crítica ao Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas

Escolares

2ª. Tarefa 1ª.


Parte

O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares: problemáticas e


conceitos implicados

O Modelo de Auto-Avaliação das Bibliotecas Escolares enquadra-se na


estratégia global de desenvolvimento das bibliotecas escolares portuguesas,
com o objectivo de facultar um instrumento pedagógico e de melhoria contínua
que permite:
Recolher evidências, identificar problemas, interpretar informação
recolhida, planear para o desenvolvimento, usando boas ideias para as
transformar em boas práticas, e metas realistas, dependentes do contexto de
cada escola e da sua realidade concreta.
Ter a noção do valor que a BE representa para a escola e para o
agrupamento que serve. Os utilizadores ouvidos, os órgãos de gestão e a
equipa, são obrigados a reflectir e a questionar-se sobre as experiências que
proporcionam os espaços, os equipamentos, os recursos, as práticas. O que
«lucram» com a utilização da BE? Que diferença faz ela existir ou não? Se
tivesse outros recursos o que poderia a BE fazer por mim? Uso a BE e dou
valor aos seus recursos? Temos a BE na conta que ela merece.
Ter acesso a um referencial a nível nacional que funciona como um
orientador para as BE’s e para as escolas onde elas se inserem. Um modelo
apresenta os factores críticos de sucesso focalizando a atenção da escola e da
equipa nas áreas nucleares ao funcionamento e sucesso de uma BE.
Tomada de consciência da comunidade educativa da realidade da BE que
a serve, uma vez que ao nível da recolha de dados, a aplicação de um modelo
de auto-avaliação implica respostas a inquéritos, entrevistas, recolha de dados
estatísticos de utilização, monitorização de atitudes e comportamentos,
englobando os diversos domínios de acção de uma BE. A apresentação e
discussão do processo e dos resultados em reuniões com os órgãos de gestão
e, principalmente, no Conselho Pedagógico, onde todos estão representados, e
donde resultam decisões transversais permite uma consciencialização mais
alargada da situação presente, mas também perspectivar planos e projectos
para o desenvolvimento. Esta apresentação de resultados responsabiliza a
equipa, a gestão, mas também os alunos e a restante comunidade escolar e
educativa.
Avaliar os resultados, baseados nas evidências recolhidas, identificando
pontos fortes, pontos a melhorar, constrangimentos, oportunidades, áreas onde
somos dos melhores e partir deles para novos planos de acção, no sentido de
realizar as mudanças necessárias para um crescimento contínuo e sustentado.
Afirmar a BE como uma estrutura com valor estratégico para o
agrupamento, para a melhoria das aprendizagens, para o desenvolvimento
curricular e para o desenvolvimento pessoal e afectivo dos utilizadores.

Benjamim Sousa -1- Turma 9


Uma metodologia e práticas de pesquisa-acção. Os resultados da auto-
avaliação serão o ponto de partida para a elaboração do plano de acção do
ano seguinte.
Pertinência da existência de um modelo de auto-avalição para as BE;
A auto-avaliação envolve utilizadores, identifica impactos, permite ver o
que está a ser bem feito e o que necessita ser melhorado. A auto-avaliação
sendo um processo pedagógico e regulador, inerente à gestão e à procura de
uma melhoria contínua é, por isso mesmo, um processo pertinente e
necessário. Quando se faz auto-avalição em BE, faz-se também uma reflexão
sobre qual o valor acrescentado que a BE pode dar aos seus utilizadores
(outcomes, impactos) e ao agrupamento / escola em que se insere. Todos
estaremos de acordo que a avaliação não deve nem pode aparecer como uma
ameaça, deve ser uma oportunidade, um instrumento de regulação que
possibilita um percurso de melhoria contínua e que aponta para uma reflexão
sistemática do trabalho que se faz e da metodologia que se segue.
Organização estrutural e funcional, aplicação à realidade da escola;
adequação e constrangimentos,
O modelo de auto-avaliação em aplicação nas BE portuguesas está
organizado em quatro domínios. Estes domínios por sua vez dividem-se em
subdomínios;
A. Apoio ao desenvolvimento curricular (A1 Articulação curricular da BE
com as Estruturas Pedagógicas e A2 Desenvolvimento da Literacia da
Informação)
B. Leitura e Literacias;
C. Projectos Parcerias e Actividades Livres e de Abertura à
Comunidade (C1 Apoio as actividades livres, Extracurriculares e de
Enriquecimento Curricular e C2 Projectos e Parcerias);
D. Gestão da Biblioteca Escolar (D1 Articulação da BE com a
Escola/Agrupamento. Acesso e serviços prestados pela BE, D2 Condições
Humanas e Materiais para prestação de Serviços e D3 Gestão da Colecção).
Cada domínio inclui ainda Indicadores, Factores Críticos de Sucesso,
Recolha de Evidências e Acções de Melhoria.
Os domínios constituem as áreas nucleares do trabalho da BE e visa
constituir-se como um instrumento pedagógico e de melhoria continua que
permita aos Conselhos Executivos e aos Professores a Bibliotecários avaliar o
trabalho da biblioteca escolar e o impacto desse trabalho funcionamento global
da escola e nas aprendizagens dos aluno.
Essa organização permite, desde logo, orientar a acção da BE no sentido
de desenvolver trabalho em cada uma das áreas a ser avaliadas e, por
conseguinte, permitirá ao fim de 4 anos termos melhores práticas, mas
sobretudo, práticas avaliadas. A partir do momento em que começarmos a
aplicar o modelo a nossa prática começa a ser baseada nas evidências e isso
dá-nos «maior poder negocial» junto da gestão para desenvolvermos
mudanças.
Apresenta um conjunto de indicadores que orientam o trabalho e que
ajudam na monitorização.
Permite uma utilização flexível, com adaptação à realidade de cada
agrupamento e escola, nomeadamente no que se refere aos factores críticos
de sucesso e às acções par melhoria. Permite definir os factores críticos de
sucesso, a partir de um contexto preciso.

Benjamim Sousa -2- Turma 9


Representa um desafio que nos permite tornar visível a importância e os
contributos dados pela BE para a aprendizagem e para o desenvolvimento
curricular, implicando os professores e os alunos na construção de uma melhor
biblioteca.
A aplicação do modelo, pelo menos nesta fase inicial, representa uma
sobrecarga de trabalho, sobretudo ao nível da recolha, organização e
tratamento das evidências.
O domínio respeitante à literacia da informação conforme está elaborado, é
muito difícil de avaliar. A BE não acede com facilidade aos retornos que o seu
trabalho tem nos alunos ao nível da transformação da informação em
conhecimento. O modelo exige que o contributo da BE para aprendizagem e
para o desenvolvimento de competência seja visível e «mensurável». Ora,
medir, neste domínio o impacto do trabalho da BE, separando-o de todo o
restante trabalho na sala de aula e do professor vai ser bastante difícil.
A grelha de observação não é facilmente aplicável, mesmo por
amostragem. Ela só será um bom instrumento de recolha de evidências se os
professores que acompanham os alunos colaborarem no seu preenchimento.
Pelo menos para já, falar em mais grelhas para preencher não é a melhor
solução. A existência no modelo de níveis de desempenho, com os respectivos
descritores é um dado relevante e facilitador da auto-avaliação. O problema é
que falta um nível que permita ser melhor que bom mesmo não sendo
excelente. À excelência aspira-se, mas tem-se consciência, pelos descritores
que lhe estão associados, que falta muito caminho. O Muito Bom pode ser uma
meta alcançável e a sua existência motivadora para a melhoria da melhoria.
Apresenta acções para melhoria, práticas, pragmáticas, realizáveis e
sobretudo orientadoras da acção.
Não se aplica, com facilidade, às BE do 1º ciclo
Competências do Professor Bibliotecário para a aplicação do modelo.
Comunicar e interagir – o professor bibliotecário, neste modelo, deve ser
capaz de comunicar com as estruturas de gestão intermédia, com os órgãos de
gestão, com os docentes dos diferentes graus de ensino, com os alunos, com a
equipa … sem ser visto como um intruso ou como um fiscalizador. Deve ser
considerado e respeitado pelos outros. Deve pôr a sua inteligência emocional
ao serviço da aplicação do modelo, fazendo dele um instrumento motivador e
promotor da utilização da BE e dos seus recursos e não um factor negativo de
avaliação para a punição.
Ter Iniciativa e ser proactivo na solicitação de colaborações para a
aplicação do modelo, no exercício de influência junto dos pares e da
comunidade escolar e no envolvimento de todos na construção da BE.
Ser observador para poder recolher evidências de forma informal e para
poder ver a BE e a visão que dela tem o todo que é o agrupamento e a escola
Saber gerir as evidências e a mudança – capacidade para ler resultados,
para inferir conclusões, para estabelecer focos estratégicos e prioridades
(nomeadamente no que se refere ao domínio a escolher para avaliar), para
inovar, para procurar, propor e negociar soluções, caminhos, saídas…O
relatório de auto-avaliação que deve fazer no final da aplicação do modelo (ano
a ano) deve apresentar uma abordagem construtiva da realidade e deve induzir
a mudança.
Gerir o seu desempenho e o dos outros – organizando, distribuindo e
avaliando o trabalho para que a aplicação do modelo não perturbe o restante

Benjamim Sousa -3- Turma 9


trabalho na BE e da BE e não se apresente como um constrangimento, mas
como uma oportunidade. O professor bibliotecário deve apresentar no seu
relatório de auto-avaliação, após aplicação do modelo, várias metodologias
passíveis de induzir comportamentos e posicionamentos face à BE de alunos,
professores e órgãos de gestão.
Construir relacionamentos de colaboração e partilha com as equipas de
auto-avaliação da escola, com outras escolas, nomeadamente na metodologia
de aplicação dos instrumentos de recolha de evidências, no tratamento de
resultados
Ter competências TIC (para utilizar as suas ferramentas para recolher e
tratar evidências e para divulgar resultados) e competências ao nível da
estatística para ler e interpretar dados.
Ser capaz de aprender a aprender e ser capaz de alterar práticas e atitude

Bibliografia:

Texto da Sessão

Gabinete da Rede de Bibliotecas Escolares – Modelo de Auto-Avaliação

Todd, Ross J. – School Librarian as Teachers: Learning Outcomes and


Evidence-Based Practice. ”. 68th IFLA Council and General Conference August

Todd, Ross (2008) “The Evidence-Based Manifesto for School Librarians”.


School Library Journal. 4/1/2008.

Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your
Job”, School Library Journal. 9/1/2002

Benjamim Sousa -4- Turma 9

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