1) O documento discute a noção de "monstro" na política e como ela se relaciona com eugenia e resistência.
2) A ocupação Prestes Maia em São Paulo é apresentada como um exemplo de "monstro" que resiste à gentrificação e produz cultura de forma não hierárquica.
3) Os cartazes usados pelos moradores desafiam a noção de arte através de técnicas de reprodução e movimento, questionando a lógica eugênica.
1) O documento discute a noção de "monstro" na política e como ela se relaciona com eugenia e resistência.
2) A ocupação Prestes Maia em São Paulo é apresentada como um exemplo de "monstro" que resiste à gentrificação e produz cultura de forma não hierárquica.
3) Os cartazes usados pelos moradores desafiam a noção de arte através de técnicas de reprodução e movimento, questionando a lógica eugênica.
1) O documento discute a noção de "monstro" na política e como ela se relaciona com eugenia e resistência.
2) A ocupação Prestes Maia em São Paulo é apresentada como um exemplo de "monstro" que resiste à gentrificação e produz cultura de forma não hierárquica.
3) Os cartazes usados pelos moradores desafiam a noção de arte através de técnicas de reprodução e movimento, questionando a lógica eugênica.
Me deparei com o monstro em Multido, onde Antonio Negri e Michael Hardt afirmam que a civilizao occidental garantiu a ordem do mundo por origens e finalidades dadas: quem nasce bem governa bem., Desde a Antiguidade, o monstro, ou seja, aquele que interrompe essa lgica entre eugenia e finalismo no deve irromper na polis. Contudo, no incio da Idade Moderna, surgiu atravs da filosofia do Estado, um monstro paradoxalmente dotado de Razo. Na Bblia, o Leviat smbolo do caos, smbolo da desobedincia humana ordem divina. Nas mos de Thomas Hobbes, o Leviat bblico torna-se um monstro domado, uma multiplicidade social ordenada hierarquicamente em um corpo poltico a partir de um centro de comando nico, a cabea soberana. Esse corpo monstruoso se projeta sobre o territrio urbano moderno e confirma, em pleno sc. XVII, a eugenia clssica.
o monstro reaparece no sculo XIX pelas mos de Marx que nos mostra o quo monstruosa a explorao do trabalho. Acrescento, com base em Foucault e Negri, que monstruosa a explorao capitalista porque monstruosa a resistncia da multido! Contudo, ao longo dos sculos XIX e XX, uma tradio eugnica se constitui sob as formas do imperialismo, do colonialismo, do fascismo e do nazismo. luz dessas experincias eugnicas, quis investigar a caa ao monstro nas cidades brasileiras: a eugenia brasileira se dissimula na ambiguidade de uma democracia formal, de uma mtica democracia racial, entre outras ambiguidades. Vou comentar rapidamente como se atualizou essa unio entre eugenia e finalismo no Brasil ps- colonial e recm-republicano.
Nesse periodo, uma parcela considervel de nossas cincias sociais e polticas se preocupava com a criao de uma unidade ou identidade nacional uma homogeneizao dos corpos que levasse o pas ao progresso. Em Os Sertes, por exemplo, Euclydes da Cunha, positivista e Republicano, descreve uma rigorosa campanha militar organizada para submeter um povoado sertanejo ao governo federal. E fica estarrecido ao perceber como, ao longo das campanhas, Canudos dobra a razo contratualista atravs de tticas metamorfoseantes de uma populao multiforme 2 comandada por um Antonio Conselheiro monstruoso. Enquanto Euclydes evoca o monstro e condena a atividade poltica o direito cidade por parte da populao miscigenada, Canudos resiste contra a homogeneizao dos corpos ou unidade da Nao. Canudos reivindica sua singularidade. H uma efetiva tropicalizao da eugenia europia na construo desse projeto de Estado-nao que prope uma incluso submissa que totalmente funcional Razo do Estado e organizao dos Mercados nas cidades emergentes no cenrio brasileiro.
Vamos nos afastar das anlises que se mantiveram numa ambiguidade tipicamente brasileira entre o biolgico e o cultural, entre o racial e o social para apresentar uma anlise biopoltica. Hoje, o monstro que a eugenia brasileira procura afastar biopoltico. Enquanto a tecnologia disciplinar procurou o indivduo e seu corpo, o biopoder se interessa pela populao como um todo. O biopoder contemporneo nos faz viver, mas o faz mediante o controle de nossas vidas que, por sua vez, resistem inventando novas prticas de vidas, diferentes modos de produzir a cidade.
possvel produzir uma outra cidade? Eu queria ir alm da dicotomia Centro x Periferia, questionar se possvel pensar as Ocupaes contemporneas como produtoras de mltiplas centralidades pensar a cidade como uma ampla rede onde cada ocupao fosse um plo de produo de cultura e de comunicao, plos distributivos sem totalizao.
A Ocupao Prestes Maia em So Paulo
Em novembro 2002, surgiu um monstro em pleno centro da cidade de So Paulo. Na calada da noite, cerca de 2000 pessoas, 468 famlias, ocuparam o edifcio Prestes Maia, abandonado por mais de 10 anos e com dvida de IPTU de mais de cinco milhes de reais. Providenciaram os servios bsicos remoo de entulho, instalao de gua, de luz e de limpeza do prdio , fizeram inscrio das crianas nas escolas dos arredores, se empenharam na insero dos adultos (catadores, etc.) na economia local, alm de organizaram inmeras atividades socio-culturais. Apesar dessas iniciativas revitalizantes no prdio em situao tributria irregular, os governos, municipal e estadual, optaram por apoiar a reintegrao de posse solicitada pelo proprietrio. 3
Encontramo-nos diante de uma luta entre os poderes pblicos que condicionam a assistncia aos moradores desocupao e liberao do prdio para a iniciativa privada a especulao imobiliria e os moradores que insistem em dar ao prdio um destino social, ou seja, habitao digna para quem trabalha e estuda no centro da cidade. Encontramos-nos frente ao conflito entre 2 formas de revitalizao do centro de SP: a revitalizao imposta pelo Estado e pelo Mercado versus revitalizao produzida pela Multido. ZUMBI SOMOS NS proclama o monstro erguendo-se frente ao Leviat.
Mas afinal, quem esse monstro contemporneo? Como produz social e culturalmente, como se manifesta estticamente e como, enfim, o monstro sai da ambiguidade tipicamente brasileira e se constitui politicamente? Inseres na economia local, intervenes e exposies de artistas, preparao de cursos profissionalizantes para adultos e reforo escolar para crianas, exibio de videos e filmes, instalaes materiais (luz, gua, lixo) e imateriais (biblioteca, internet, etc.): os moradores so extremamente produtivos. Organizao de debates, mapeamento da cidade, levantamento das ocupaes, planejamento das manifestaes, confraternizaes e festas: os moradores so intensamente cidados.
Mas sua produo assim como sua cidadania so, sua imagem, monstruosas, pois excedem a insero no mercado e a representao no Estado. Trata-de uma produo estranha para a lgica do Mercado e trata-se de uma cidadania quase que estrangeira para o projeto de Estado-Nao. monstruosa a eugenia racial, cultural e socialmente hierarquizante, pois monstruosa a produo da multido. A monstruosidade dessa produo tem expresses estticas caractersticas: carnavalescas pois avessas hierarquia, grotescas pois hostis distncia imposta pelo espetculo do Poder, barrocas pois cientes da urgncia das lutas, desmedidas pois impossveis de serem quantificadas e inacabadas pois ansiosas por movimento. A Ocupao Prestes Maia mobilizou coletivos de artistas paulistanos que multiplicaram intervenes junto aos moradores. Essas intervenes foram importantes na medida em que apresentaram aos cidados paulistanos um ponto de vista sobre a Ocupao radicalmente diferente daquele imposto pela Mdia gentrificadora. 4
Cartazes-carimbo (cartazes do Coletivo BijaRi) so utilizados aps os despejos provocados por reintegrao de posse de imveis do centro da cidade. Gentrificado, gentrificado, gentrificado gritam cartazes colados em janelas e portas trancadas com poderosos cadeados. Vulnervel, a populao assiste ao espetculo do Estado higienista: o cartaz-carimbo burocrtico na superfcie do imvel funciona como uma abominvel tatuagem na pele dos ex-moradores. A gentrificao ps-moderna remete ao genocdo moderno.
Expresses monstruosas
Pode parecer paradoxal a opo pelo cartaz uma forma com certa tradio de luta, mas com uma aparncia convencional diante das novas mdias e tecnologias para a aborbar a resistncia eugenia nas cidades e sobretudo, e paradoxalmente, a resistncia em redes de produo cultural. Gostaria de demonstrar que o desafio tradio eugnica no se encontra apenas no contedo, mas na prpria forma cartaz. Walter Benjamim relaciona a autoridade da obra de arte a uma autenticidade ou existncia de um original. Coloca em evidncia a relao eugnica entre origem e autenticidade que confere obra de arte uma aura, uma transcendncia. O cartaz desafia a aura o original que gera a autenticidade da Arte, de modo semelhante ao qual o monstro, segundo Negri, coloca em questo a transcendncia a origem que confere legitimidade do poder. A monstruosidade poltica encontra no cartaz uma correspondncia esttica. Vou abordar algumas das monstruosas tticas do cartaz, tticas que atualizam nas cidade contemporneas aquelas dos jagunos frente s campanhas militares enviadas contr Canudos: reproduo, movimento, transformao.
O cartaz coloca em xeque a eugenia esttico-poltica pois combina livremente uma infinidade de tcnicas de produo e reproduo: xilogravura, litografia, serigrafia, fotocpia, fotografia, colagens manuais e virtuais, tecnologias analgicas e digitais. O cartaz coloca em xeque a eugenia pois, atravs dessa multiplicao pela cidade, alcana um movimento desde sempre perseguido pela lgica massificadora do Mercado e pela fora ordenadora do Estado. E finalmente coloca em xeque a eugenia pois, destas infinitas combinaes e destes contnuos movimentos, nascem radicais transformaes da prpria forma cartaz: cartaz-bandeira, cartaz-mural, cartaz- 5 carimbo, cartaz-tatuagem, cartaz-bicho, cartaz-placa, cartaz-camiseta, cartaz-mscara, cartaz-dormitrio. Sem recato algum, o cartaz assume na rua sua vulgar reprodutibilidade, ganha fcil mobilidade e exibe suas intrigantes metamorfoses.
Em sua contra a hierarquizante gentrificao paulista, o cartaz prolifica despudoradamente como ratos, cartazes-ratos (cartazes do Drago da Gravura). Fotocpias vagabundas vagamundam pelos muros, dando visibilidade a uma potncia rapidamente proliferante, portanto dificilmente governvel.
Cartazes-urubus (cartazes do coletivo Esqueleto) xerocados e colados como uma segunda pele nas portas dos prdios destinados gentrificao, cartazes-urubus assinalam as lutas das prticas de vida contra a a especulao imobiliria e suas formas de propriedade
com a conivncia de homens que persistem em ignorar. O cartaz homens ignorando (cartaz do coletivo Esqueleto) se apropria da forma placa de trnsito. O cdigo normativo de circulao re-codificado carnavalescamente para chamar a ateno do pedestre apressado, do motorista de txi estressado, do passageiro de nibus apertado. Um burocrata engravatado, sob a forma de pictograma indiferenciado, demonstra total indiferena ao que se passa em seu entorno. A extrema indiferena de seus contornos humanos o tornaria intensamente indiferente s formas de diferenciao. Seriados, estandartizados, padronizados, homens com gravata ignoram a singularidade de homens e mulheres sem teto.
O controle dessas singularidades denunciado nos cartazes que, reproduzindo alvos, so pendurados nos corpos: mulheres-placa, homens velhos-placa, crianas-placa. Os cartazes ganham a mobilidade dos corpos em movimento. Corpos que procuram escapar, simblica e efetivamente, homogeneizao e massificao realizada pelo biopoder. Ao desfilar com seu corpo-alvo frente a um batalho militar, a potncia militante subverte carnavalescamente o poder blico soberano.
Para alm da desabusada reprodutibilidade e da conquistada mobilidade dos cartazes colados nos corpos, as inverses e subverses carnavalesca esto presentes nas metamorfoses expressas pelas mscaras. Mscara da juza, mscara do secretrio 6 municipal de habitao, mscara do sub-prefeito da S: mscaras apontam a relatividade dos poderes desse mundo. Ao proprietrio do imvel, ao secretrio municipal de habitao, ao sub-prefeito da S, ao prefeito e ao governador, o manifestante diz eu sou potncia, produzo diferena. O mascaramento a prtica vital que permite a Ocupao revidar a asfixia imposta pela expropriao de tudo. O cartaz metamorfoseou-se em mscara que deve ser analisada dentro dos processos que a configuram: a produo de anti-Leviats ou de outros monstros possveis!
Estou procurando mostrar aqui o conflito contemporneo entre a centralizao da poltica e da produo representada pelo Leviat uma cidade imagem do Mercado que a produz e do Estado que a organiza e a produo de mltiplas centralidades, ou seja, produo de anti-Leviats ou outros monstros possveis. At o momento falei dessa produo atravs de cartazes que em sua reprodutibilidade, mobilidade e metamorfose, produzem no apenas uma outra percepo da cidade mas, atravs de sua prpria criao descentralizada, produzem efetivamente uma descentralizao da cidade.
Gostaria agora que nos afastssemos um pouco da Ocupao para ver o movimento dessas expresses culturais e mediticas no atravessamento da cidade. Alguns podem pensar que esses deslocamentos so mnimos diante da massificao da produo cultural, do bombardeio da mdia monopolista e da gentrificao da paisagem urbana. Podem pensar que essa produo muito mais simblica que efetiva. Ora, pelas suas passeatas, cortejos e procisses pela cidade, as lutas dos Sem Teto ganharam uma dimenso monstruosa pois aos que lutam contra uma especulao imobiliria injusta, se juntaram os que lutam contra uma representao poltica obsoleta, os que lutam contra uma imposio cultural unificada, os que lutam contra uma comunicao social monopolizada, etc. Estas lutas ganharam ma dimenso monstruosa pois a essa mutiplicidade de questes, se aliou uma multiplicidade de prticas sociais e uma multiplicidade de singularidades: de artistas e designers, arquitetos e urbanistas, professores e alunos, empregados e desempregados, formais e informais, produtores materiais e imateriais, catadores de papis e catadores de histrias, etc.
A grotesca mistura de corpos heterogneos produz uma grotesca expresso esttica. Passeatas, cortejos e procisses so expresso e produo do monstruoso precariado 7 urbano, das monstruosas redes de cultura e comunicao que constroem atravs de suas lutas, das infinitas novas centralidades que constituem as cidades contemporneas. Essas cidades policntricas j no so mais a triste projeo do Leviat. Propomos fazer uma rpida aproximao de algumas dessas infinitas prticas.
As passeatas dos Sem Teto saem dos imveis ocupados e se dirigem numa desordenada ordem at os lugares dos poderes constitudos: Prefeitura, Cmara Municipal, Frum de Justia ou Catedral. Para a missa de 7 dias da morte da Ocupao Plnio Ramos, por exemplo, um paradoxalmente alegre cortejo fnebre dirigiu-se Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de SP. Uma multido vestida de preto acompanhava a fogosa viva agarrada ao caixo do defunto prdio. Para alm dos visveis elementos carnavalescos, h subverso da ordem urbana que cria o centro (que tem conotao de incluso e de superioridade social) para ento poder definir a periferia (conotao de excluso e inferioridade social). Nesse incessante movimento de fora das Ocupaes para dentro para o centro da cidade e de dentro pra fora, passeatas e cortejos carnavalescos manifestam seu desejo de centralidade, para alm da dicotomia centro versus periferia.
Em outra ocasio, em 2005, moradores da Ocupaco partiram do centro da Cidade para o bairro nobre do Morumbi onde manifestaram em frente casa do sub-prefeito da S, um dos responsveis pela limpeza do centro. A alegrssima comitiva trouxe, alm de mscaras, culos, bons, chapus, bolas, bias, guarda-sis multicoloridos, um enorme plstico azul que, esticado em frente poderosa residncia, evocou um quilomtrico e divertido piscino. Nesse caminhar, o escracho no representa a mera possibilidade do pobre virar nobre por 4 dias de folia, mas constitui a luta efetiva das 468 famlias da Ocupao pelo direito cidade que produzem todos os 365 dias do ano. Passeatas, cortejos e escrachos percorrem carnavalescamente a distncia que separa: as ocupaes provisrias dos poderes constituintes ao espao permanente dos poderes constitudos, reivindicando a centralidade de sua produo material e imaterial.
Retornemos ento Ocupao: A luta continua! Enquanto a Ocupao Prestes Maia resiste, outras so violentamente despejadas aps reintegrao de posse. Da casa 8 pra rua, da noite pro dia, os antigos moradores acampam na rua. Vemos placas de madeira, pedaos de papelo, km de plstico preto e at anncio de 4 dormitrios (2 sutes) terrao com churrasqueira darem abrigo aos neo-Sem Teto. Anncios caractersticos da especulao imobiliria so convertidos em curiosos abrigos.
Antes de concluir, queria mostrar uma outra prtica de des-hierarquizao do espao urbano: uma interveno urbana do Coletivo BijaRi. O que uma interveno urbana? interveno sobre o qu exatamente? interveno sobre territrios que conhecem por um lado processos de desterritorializao que os mantm em contato com metrpoles globais e, por outro, processos de reterritorializao que estabelecem conflitos entre espaos contguos. O Largo do Batata em So Paulo palco de um violento conflito entre interesses de luxuosos shoppings centers e prticas de ambulantes e nmades em geral.
Uma esperta galinha foi solta em pleno Largo da Batata. Correndo o risco de virar canja ou frango assado, ela foi acolhida, fotografada e abraada calorosamente como uma prima querida que acaba de chegar da roa. Essa mesma galinha, solta dessa vez na entrada de um elegante shopping center foi rpida e violentamente expulsa por agentes de segurana! Afinal de contas, a galinha no pertence aquele lugar onde poderia ser aceita unicamente sob a forma de galinha-bibel em porcelana nobre, de chique tailleur em pied-de-poule ou ainda de sofisticado coq au vin. Ao transgredir o limite do Shopping, a Galinha BijaRi apontou o conflito entre o ordenamento imposto pela Razo de Estado ou lgica do Mercado e as prticas de espaos configuradas por monstruosos desejos. A Galinha BijaRi um galiforme artefacto de design, um efmero projtil arquitetnico, um errante dispositivo de urbanismo de produo de outros monstros possveis.
Concluses
Partimos da hierarquia hobbesiana, percorremos os paradoxos carnavalescos, para enfim apreender o monstro na sua constituio do comum: social, esttica e poltica biopoltica. Segundo Negri, necessrio recusar a dialtica entre: um sujeito (Estado ou capital) e um objeto: um cidado expropriado de seus poderes, um 9 trabalhador explorado na sua fora, um consumidor despojado de seus direitos, ou seja, um Sem: Sem Teto, Sem Trabalho, Sem Direitos, Sem Cultura, Sem Comunicao. necessrio afirmar a potente luta entre Sujeito e Sujeito. Pois na luta contra aquilo que reconhece como forma de desvitalizao que os sujeitos se tornam potncia. Foi na luta contra o Leviat paulista, que a Ocupao Prestes Maia o monstro biopoltico e sua potncia produtiva rompeu o nexo lgico entre eugenia e finalismo.
preciso reverter/subverter o discurso e a realidade da falta, em produo e valorizao do excesso desses sujeitos polticos em constituio (Negri) ou desses agenciamentos expressivos em devir (Lazzarato) que, constituindo o comum no compartilhamento material, na cooperao intelectual e na colaborao afetiva constituem a si-mesmos, Multido. Poderemos ento vislumbrar, a emergncia de uma cidade de mltiplas centralidades, uma cidade que desdenha o fundamento eugnico par se abrir num rizoma democrtico. Frente ao Leviat neo-positivista que insiste em proclamar a ordem e o progresso da Nao, o monstro contemporneo resiste na produo e na democracia da Multido.