Você está na página 1de 11

LAJES MISTAS AÇO-BETÃO COMPORTAMENTO

AO FOGO
João Gambóias , Linete Afonso
FCT/UNL

Resumo

Neste artigo trata-se do comportamento ao fogo de lajes mistas aço-betão. Começa-se por
apresentar as suas características e elementos constituintes, frisando as suas vantagens.
Considerando os estudos efectuados relativamente ao efeito do fogo na estrutura mista, bem
como o seu comportamento em condições de incêndio, analisa-se as desvantagens consequentes.
São ainda apresentados os vários sistemas de protecção contra incêndio em estrutura do tipo e
como a sua utilização pode mitigar os riscos.

Palavras-chave: laje mistas aço betão, incêndio, efeito de membrana, protecção passiva

1 INTRODUÇÃO
As lajes mistas de aço-betão surgem da necessidade de racionalizar os processos construtivos,
vencer prazos curtos de obra e exigências arquitectónicas impostas.
São painéis de pavimento ou cobertura constituídos por chapas de aço perfiladas, previamente
galvanizadas e depois enformadas a frio, sobre a qual é aplicado betão “in-situ” conjuntamente
com uma armadura ordinária cuja função limita-se ao controlo de fendilhação no betão [5].
Após a cura do betão, a estrutura aço-betão funciona como um elemento estrutural único.
A combinação da chapa perfilada, armadura e betão tornam as lajes mistas num elemento com
vantagens económicas e estruturais. Quando aplicada na construção de edifícios as chapas
perfiladas funcionam, na fase construtiva, como plataforma de trabalho e cofragem permanente.
A forma trapezoidal das chapas perfiladas proporciona uma boa aderência entre elementos
evitando deslizamento o que possibilita a transferência do esforço de corte longitudinal
garantindo assim grande rigidez e resistência para pequenas alturas úteis. O betão proporciona
bom isolamento ao fogo e acústico. A chapa perfilada de aço proporciona boa resistência a aço
dado que o betão estará comprimido nas suas nervuras permitindo o aproveitamento de grande
área do betão sem que esse fendilhe.

2 ELEMENTOS METÁLICOS CONSTRUTIVOS

2.1 Chapas perfiladas

As chapas perfiladas possuem espessuras entre 0,7 mm e 4,0 mm, alturas das nervuras de 45,0
mm a 80,0 mm e espaçamentos entre as mesmas de 150,0 mm a 300,0 mm. Excepção feita às
chapas utilizadas em pavimentos de “Slim Floor”, em que as dimensões referidas são
superiores. A tensão de cedência nominal das chapas perfiladas é dada pela tensão de cedência
da chapa plana utilizada para o seu fabrico; devido ao endurecimento do aço, nas zonas das
dobras a tensão de cedência tende a ser maior. A resistência ao esforço de corte longitudinal, por
impossibilidade de soldar conectores a chapas de espessuras reduzidas, é obtida por processos
de interligação mecânica proporcionada por saliências ou reentrâncias e amarração de
extremidade proporcionada por conectores soldados nas vigas de apoio.

2.2 Conectores

Os conectores são os elementos aplicados nas vigas de suporte que possibilitam a ligação
eficiente entre o aço e o betão na laje mista. Podem ser rígidos ou flexíveis. Neste artigo apenas
serão frisados os conectores flexíveis dado que, por serem dúcteis, acompanham as deformações
da laje mista aço-betão sem ceder previamente garantindo um bom comportamento em situação
de incêndio.

Figura. 1 – Esquema representativo de uma laje mista aço-betão e respectiva malha sol.
(Fonte: www.geradordeprecos.info/imagenes/CYA8B78.jpg , acesso em: 24/11/09 )

3 ELEMENTOS DE PESQUISA

Neste estudo foram consultados, entre outros:

 O livro do Prof. Paulo Vila Real, da Universidade de Aveiro “Incêndio em Estruturas


metálicas – “Cálculo Estrutural”, onde se obteve informação sobre métodos de
mitigação de risco em estruturas mistas [5]
 Documentação referente aos ensaios de Cardington, da Corus Construction & Industrial,
onde se estudou a influência da protecção na estrutura[3]
 Tese da Drª Susan Lamont, onde são estudados os resultados dos ensaios efectuados em
Cardington sobre o comportamento global de um edifício quando submetido a incêndio
em diferentes condições e zonas.[7]
 Livro de Y. C. Wang, onde é desenvolvido o dimensionamento de estruturas mistas,
nomeadamente o comportamento de membrana numa laje mista aço-betão.[6]

1
Os dados mais recentes de comportamento de estruturas mistas sob acção do fogo foram
desenvolvidos na sua grande parte com base nos ensaios realizados em Cardington, por parte da
BRE (Building Research Establishment, mais tarde conhecida como Corus) e da British Steel.
Estes ensaios foram realizados numa estrutura com 8 pisos, de construção mista aço-betão. Os
dados resultantes destes ensaios foram estudados por vários investigadores europeus. Estes
ensaios tiveram como motivação os incêndios de Broadgate e de Churchill Plaza [6].
Em Broadgate, em Junho de 1990, ocorreu um incêndio num edifício de 14 andares ainda em
construção [6]. A estrutura do edifício era metálica com lajes mistas e aquando do incêndio, a
estrutura encontrava-se apenas parcialmente protegida e os sistemas de detecção e de extinção
automática ainda não se encontravam activos. O incêndio durou 4,5 horas, incluindo 2 horas em
que as temperaturas ultrapassaram os 1000ºC. Apesar das grandes deformações, não se deu o
colapso de nenhuma laje, viga ou pilar e os custos de reparação da estrutura representaram
apenas uma fracção dos custos totais de reparação do edifício e ficaram concluídos em 30 dias.
Em Churchill Plaza, em 1991, deu-se um incêndio no edifício da Mercantile Credit Insurance
composto por 12 andares, construído em 1988, com uma estrutura mista. Os pilares e as lajes
tinham protecção contra fogo e o edifício estava preparado para resistir ao fogo durante 90
minutos. Depois do incêndio não houve necessidade de reparar quaisquer elementos metálicos
protegidos. Apesar das deformações e do descolamento dos painéis metálicos em algumas
partes da laje, esta apresentava resistência suficiente para continuar em uso sem reparação[6].
Estes estudos deram origem a uma nova abordagem, baseada no desempenho da estrutura como
um todo [6].

A abordagem baseada no desempenho tem vindo a ser cada vez mais utilizada,
principalmente devido á utilização de programas de elementos finitos, permitindo simular o
comportamento da estrutura em situação de incêndio. Nesta abordagem são tidos também em
conta os aspectos que influenciam a segurança de pessoas e bens, por exemplo, sistemas de
extinção automática, sistemas de detecção e alarme, meios de primeira intervenção ou de vias de
acesso.
Num caso real de incêndio numa estrutura mista a resistência é maior do que seria de
esperar tendo em conta a resistência de cada elemento separadamente. Isto deve-se ao
aparecimento de novos mecanismos como o comportamento de membrana de uma laje mista.
Quando sujeita a altas temperaturas, uma laje mista sofre grandes deformações, passando a
comportar-se como uma membrana. Como tal, passa a funcionar principalmente á tracção, ao
contrário da situação de projecto, em que é dimensionada principalmente á flexão. Os
aparecimentos destes novos mecanismos fazem com que a abordagem mais tradicional, em que
cada elemento é ensaiado em fornalha, conduza a um sobredimensionamento da estrutura.

4 ACÇÃO DO FOGO

Segundo os estudos efectuados, a principal desvantagem relativamente ao sistema de laje de


betão armado consiste na perda significativa de resistência em caso de incêndio consequente da
exposição directa dos elementos metálicos a altas temperaturas.
Logo a maior preocupação em relação ao fogo numa laje mista é garantir que esta não entre em
colapso quando submetida a altas temperaturas. Num incêndio a resistência mecânica do aço
diminui drasticamente quando se atingem temperaturas iguais ou superiores a 550ºC, segundo
as normas europeias. Raramente a resistência ao fogo das estruturas metálicas não protegidas é

2
superior a meia hora, sendo assim difícil que satisfaçam as exigências regulamentares de
resistência ao fogo se não se adoptarem medidas adequadas [5].
Segundo os ensaios do fogo efectuados nos laboratórios de Cardington verificou-se que em
situação de incêndio num compartimento, a laje inferior encontra-se protegida pelas camadas
que existem sobre o betão (camada de regularização, isolamento térmico, revestimento final,
etc.). Estas camadas oferecem um isolamento térmico suficiente para evitar perdas de resistência
da chapa perfilada na face inferior da laje [5].

Torna-se necessário proteger a


superfície da laje superior dado que
as chapas perfiladas estarão
expostas ao fogo, levando a
diminuição da sua resistência e
possível aparecimento de um novo
mecanismo denominado efeito de
membrana que será explicado no
Capítulo 5.
No entanto verificou-se no ensaio
(Figura 3.) que a eficácia da laje
mistas, relativamente a resistência
ao fogo, depende principalmente
do comportamento das vigas e
suportes metálicos existentes, dado Figura 2 - Simulação de uma situação normal de incêndio.
(Fonte: Y.C.Wang (2002))
que normalmente estes são os
primeiros a ceder por se encontrarem totalmente expostos ao fogo. Estes ensaios em fornalha,
quando efectuados com os vários elementos estruturais sujeitos a curvas de incêendio padrão,
deram origem a uma abordagem prescritiva. Estes ensaios, apesar de serem cada vez menos
utilizados pelos projectistas, são os únicos disponíveisl para que os fabricantes possam definir
as espessuras dos materiais de protecção contra incêndio[2].

These furnace tests, when applied to the various structural elements, subjected to the standard
fire curve, originated a prescriptive approach. Although less used by designers, these tests are
the only ones available to manufacturers to determine the thickness of protection materials

3
Figura 3. Mecanismo a meio vão da viga (dir) e nas ligações viga e pilar
(esq) obtido pelo ensaio em fornalha [1].

5 MECANISMO APÓS GRANDES DEFORMAÇÕES

O efeito de membrana de uma laje mista deve-se ao aparecimento de forças no plano da laje.
Dependendo das condiçoes de apoio horizontais ao longo do perimetro da laje, o
comportamento de membrana porde ocorrer para grandes deformações. Durante um incêndio
são aceitáveis grandes deformações, desde que não se dê o colapso estrutural, tanto a nivel
global como parcial. Estas grandes deformações levam ao aparecimento do efeito de membrana,
o que é benéfico para a integridade estrutural do edificio [2].
Para as lajes mistas, em que
não são permitidos
deslocamentos horizontais ao
longo do seu perímetro e
sujeitas a grandes
deformações verticais, a acção
da membrana desenvolve-se
e, em conjunto com a
armadura, utiliza toda a sua
resistência a tracção,
suportando a carga ao
comportar-se como uma rede.
Figura 4. A laje suporta a carga por acção de membrana traccionada no centro [6]
As lajes que não têm nenhum
constrangimento horizontal em torno de seu perímetro, a acção da membrana pode desenvolver-
se desde que esta esteja armada nos dois sentidos. A laje suporta a carga por acção de membrana
traccionada no centro e por acção de membrana comprimida em torno do seu perímetro
formando um “anel” comprimido (Figura 3). A acção de membrana traccionada, que se
desenvolve para grandes deformações, é dependente da geometria da laje, fazendo com que o
aumento dos deslocamentos verticais provoque um aumento da resistência mecânica [6,2].

4
6 MITIGAÇÃO DA ACÇÃO DO FOGO

A fim de mitigar o tempo de deformação e colapso da estrutura, torna-se necessário criar meios
de protecção passiva contra o incêndio, dimensionar a laje colocando armadura segundo o EC4,
ter em conta disposições construtivas para menor vulnerabilidade do efeito de membrana ou
aumentar a massa de aço dos elementos metálicos para limitar o aquecimento dos elementos
estruturais e consequentemente aumentar a sua resistência ao fogo, sendo esta última opção
economicamente menos viável.
A utilização de materiais de protecção térmica revela-se mais económica e permite obter-se
resistências ao fogo que podem ir desde 30 minutos às 4 horas variando segundo a espessura
do material de protecção aplicado [5].
Para além de serem bons isolantes térmicos, é importante que os materiais de protecção tenham
boa resistência mecânica aos choques e aos impactos, bem como boa aderência aos elementos a
proteger, para evitar separação precoce provocada pelo aumento da temperatura ou pela
deformação da estrutura [5].
Os sistemas de protecção de elementos metálicos estruturais agrupam-se então nos seguintes
tipos [5]:

 Envolvimento total ou parcial ou enchimento com betão armado ou não, obtendo-se


uma secção mista aço-betão;
 Protecção no contorno efectuado com a aplicação de pintura intumescente ou com
reboco de argamassa especial;
 Protecção em caixa que consiste na aplicação de placas rígidas pré-fabricadas de betão
celular, cimento vermiculite, gesso;
 Protecção por mantas de fibra cerâmica, lã rocha aplicados no contorno através de pinos
de aço previamente soldados ao perfil;
 Protecção por resguardo ou ecrãs, constituída por placas rígidas aplicadas sob forma de
tecto falso suspensa ou painéis de parede;
 Estruturas irrigadas, processo aplicado nos perfis tubulares cheios de água que, devido
ao calor do incêndio é posta em circulação, arrefecendo a estrutura.

6.1 Materiais de protecção

6.1.1 Betão

O betão, normal ou celular, é utilizado para envolver total ou parcialmente o elemento metálico
criando assim uma camada que reduz a difusidade térmica retardando o aquecimento do
elemento metálico protegido. Tem como vantagem em caso de incêndio a durabilidade em
ambientes agressivos e como desvantagem o custo de aplicação, tornando-se menos económico
quando comparado com outros processos de protecção térmica existentes. O betão leve, devido
ao menor peso volúmico dos seus agregados, oferece um maior isolamento que o betão normal,
Pode-se considerar que a temperatura dos elementos metálicos envolvidos por este tipo de betão
é aproximadamente 10% inferior quando comparada com o betão normal [5].

5
Figura 5. Esquema de protecção de elemento metálico com betão normal ou celular
(Fonte: http://www.google.pt/perfil+metalico+protegido+por+bet%C3%A3o&start=10&sa=N , ecesso em: 30/11/09 )

6.1.2 Gesso
No seu estado seco, o gesso contém cerca de 20% de água cristalizada e, ao ser exposto a altas
temperaturas, passa de um sulfato de cálcio a um sulfato de cálcio anidro, com grande
capacidade de absorção de calor. Isto porque a água existente no gesso absorve calor para passar
ao estado gasoso. Deste modo o gesso atrasa a passagem de fluxo térmico [5]. A sua aplicação é
feita com o suporte de uma rede metálica ou em fibra de vidro de modo a evitar a sua
degradação.

6.1.3 Tintas intumescentes


São tintas de características especiais constituídas de derivados
celulósicos que, por conterem ligantes orgânicos especiais e
agentes dilatadores na sua composição, aumentam de volume
quando expostos e temperaturas na ordem de 100 a 300ºC.
Quando isto acontece estas formam uma camada protectora que
pode atingir até 40 vezes mais a espessura de aplicação inicial
podendo retardar até cerca de 2 horas o momento em que se
atinge a temperatura crítica do elemento a proteger [5]. Antes da
sua aplicação é necessária a decapagem do aço e aplicação de um
sistema anti-corrosão. Devido a degradação natural com o tempo
é necessário renovar periodicamente parte ou a totalidade do Figura 6. Inibição da acção do
material, dependendo do estado de conservação da tinta. fogo sobre a placa
consequente do aumento do
volume da tinta [5]

6.1.4 Vermiculite e perlite


A vermiculite e perlite são agregadas minerais que se expandem sob a acção do calor.

6
É uma rocha mineral que se apresenta sob a forma de lâminas finas separadas umas das outras
por partículas microscópicas de água,
apresentado um aspecto esfoliado. Quando
sujeita a altas temperaturas na ordem dos
700 a 1000ºC, as partículas transformam-
se em vapor e afastam as lamelas, através
de um mecanismo semelhante a um
acordeão. A dimensão das partículas de
vermiculite aumenta 20 a 30 vezes,
confinando o ar desidratado entre as sua
paredes. A este processo chama-se
esfoliação, e consequentemente obtém-se
vermiculite expandida [5]. Figura 7. Argamassa pastosa projectada acompanhando com o
contorno do perfil. (Fonte:
A perlite é uma rocha densa, vítrea http://www.arq.ufsc.br/arq5661/trabalhos_2004-
formada por acção vulcânica que contém 1/incendios/MATERIAIS.htm acesso em :3/12/2009 )
3% de água cristalizada. Quando sujeita a
altas temperaturas comporta-se como a vermiculite, vaporizando instantaneamente a água
comportando-se como o “efeito de pipoca” expandindo-se até 20 vezes o seu volume original. É
um material leve com baixa densidade. Deste modo, quando aplicado como inerte obtém-se
estrutura leve e com boa propriedade de isolamento térmico [5].

6.1.5 Fibras minerais


As fibras minerais, de lã de
rocha ou de lã de vidro, são
obtidas artificialmente fazendo
passar uma corrente de vapor
através de um líquido
constituído por rocha ou
escórias vulcânicas fundidas.
Este material é aplicado por
projecção pneumática ou em
placas rígidas ou semi rígidas
sobre a estrutura [5].
Figura 8. Protecção com mantas de lã de rocha. (Fonte: Paulo Vila Real)

6.1.6 Argila expandida ou betão leve


A argila expandida apresenta uma massa volúmica bastante baixa sendo, por isso, um bom
isolante térmico. Os blocos de enchimento de argila expandida colocados entre as faces
interiores dos banzos não contribuem para a resistência do elemento, sendo a sua função
meramente de isolamento térmico. Ao isolar a alma e as faces interiores dos banzos aumenta-se
o factor de massividade da secção retardando o seu aquecimento.

7
Figura 9. Protecção com bloco envolvendo o Figura 10. Protecção com bloco na parte interior dos banzos.
pilar. ( Fonte: Paulo Vila Real)

6.2 Disposição
construtiva para menor
vulnerabilidade

O comportamento de
membrana numa laje mista
ocorre para grandes
deformações se houver um
constrangimento horizontal
ou se esta for armada nos
dois sentidos. Isto permite
que se forme um anel
comprimido ao longo do
perímetro da laje. Por
exemplo, se a estrutura
mostrada na Figura 11a, que
consiste numa laje suportada
por uma malha de vigas e
colunas, for carregada com
uma carga vertical uniforme,
são possíveis dois
mecanismos de falha
estrutural: Figura 11. Disposições construtivas para a menor vulnerabilidade da laje aço-
betão. [6]
 Se as vigas permitirem
a formação de rótulas plásticas, como mostrado na Figura 11b, dá-se o aparecimento linhas
de fractura ao longo de toda a laje. A acção da membrana não pode ocorrer neste
mecanismo pois não existe constrangimento horizontal.
 Por outro lado, se as vigas forem projectadas de tal forma que não se dê a formação de
rótulas plásticas, a resistência á flexão final será governada pelo comportamento individual
do painel de laje (Figura 11c). Neste mecanismo, assumindo que cada painel é suportado
verticalmente em torno do seu perímetro pelos pilares, o comportamento de membrana
pode ocorrer independentemente da existência de constrangimento horizontal ao longo do
seu perímetro.
Se a acção de membrana for tida em conta no projecto, as vigas em torno do perímetro das lajes
devem ser capazes de suportar a carga vertical. Se der a formação de rótulas plásticas depois do

8
aparecimento do comportamento de membrana, então o mecanismo mostrado na Figura 11c
dará lugar ao da Figura 11b, seguido de colapso estrutural.

6.3 Disposição construtiva e protecção térmica passiva

Uma vez que as vigas protegidas fornecem suporte vertical aos painéis da laje, durante um
incêndio, o comportamento de membrana formar-se-á dentro de cada painel. Os painéis podem
somente ser quadrados (Figura 12) ou rectangulares (Figura 13) e as vigas dentro de cada painel
são deixados desprotegidos. Durante um incêndio, a carga é suportada pela laje, fazendo uso do
comportamento de membrana, sendo depois transferida para as vigas protegidas e depois para as
colunas, também protegidas [2].
O constrangimento horizontal é benéfico para a resistência final da laje, aumentando assim a
capacidade de carga. No entanto, se o bordo do painel da laje coincidir com a bordo do edifício
então não há constrangimento horizontal ao longo desse bordo. Se o painel estiver posicionado no
centro da laje, poder-se-ia considerar que existe constrangimento horizontal dado que a armadura é
contínua ao longo de toda a laje. No entanto, os momentos negativos que ocorrem sobre as vigas
protegidos, juntamente com a força provocada pelo comportamento de membrana conduzem
geralmente a fracturas nesta área, como se mostra na fig.14. Logo, pode-se assumir
conservadoramente que cada painel não tem nenhum constrangimento horizontal. Esta suposição
conservadora simplifica também o método de projecto uma vez que todos os painéis são
considerados ser não constrangidos independentemente da sua posição na laje [2].

Figura 12. Painéis


quadrados. (Fonte:
Wang, Y. C)

Figura 13. Painéis


rectangulares. (Fonte: Wang,
Y. C)

9
7 Conclusão
Considerando os estudos efectuados relativamente ao efeito do fogo na estrutura mista, bem
como o seu comportamento em condições de incêndio, concluiu-se que as desvantagens
consequentes podem ser mitigadas através da proteção térmica passiva. A protecção térmica em
vigas e pilares torna-se deciciva dado que são os elemnetos de apoio da laje mista que
demostram maior perda de resistência após disposição ao fogo. Pode-se ainda dispor a estrutura
de modo a reduzir a sua vulnerabilidade ao fogo e obter melhor estabilidade estrutural.

8 REFERÊNCIAS

[1] Aldina Santiago, Luís Simões da Silva, P. V. R. G. V. & Lopes, A.


Experimental evaluation of the influence of connection typology on the behaviour of steel structures under fire
Engineering Journal AISC, 2008

[2] Bailey, C. Structural fire design of unprotected steel beams supporting composite floor slabs
II International Conference on Steel Construction – II CICOM, 2002

[3] Corus Construction & Industrial, C. C.Fire resistance of steel-framed buildings


Corus Construction & Industrial, 2006

[4] Real, P. M. M. V.
A Influência das Medidas de Protecção Activas no Cálculo da Resistência ao Fogo das Estruturas Metálicas
Construção Magazine, 2007

[5] Real, P. V.
Orion, E. (ed.)
Incêndio em Estruturas metálicas - Cálculo Estrutural
2003

[6] Wang, Y. C.
Steel and composite structures - Behaviour and design for fire safety
Spon Press, 2002

[7] Mastersthesis
Lamont, S.
The behaviour of Multi-Storey Composite Steel Framed Structures in Response to Compartment Fires
University of Edinburgh, 2001

10

Você também pode gostar